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Arte egípcia, grega e romana APRESENTAÇÃO Os egípcios são muito conhecidos por suas famosas pirâmides, que serviam de túmulos para os faraós, pelas múmias e pela beleza de suas obras de arte. As pirâmides revelam uma sociedade organizada e com um forte poder centralizador, além de um domínio tecnológico. Até hoje, as obras de Filosofia, poesia, peças de teatro e esculturas gregas são apreciadas pelo mundo todo. A maneira contemporânea de pensar e de apreciar o que é belo tem suas raízes na civilização grega, pois a Matemática e outras descobertas científicas dos gregos constituem as bases dos conhecimentos atuais. O grego e o romano são os povos antigos que mais influenciaram o mundo ocidental contemporâneo. A cultura romana, por sua vez, foi muito influenciada pelos etruscos e pelos gregos. Os romanos são conhecidos por serem realistas e práticos, além disso, suas obras nos espaços públicos têm grande destaque. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer um pouco mais sobre as artes egípcia, grega e romana, as características de cada uma delas, bem como a importância dessas artes para a sociedade contemporânea. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as artes egípcia, grega e romana.• Reconhecer as características dessas artes.• Avaliar a importância delas.• DESAFIO A civilização egípcia, conhecida por suas pirâmides, múmias e pela beleza de suas obras de arte, teve uma duração impressionante de milhares de anos no meio do deserto, localizado no norte da África. O antigo historiador grego Heródoto disse certa vez “O Egito é uma dádiva do Nilo” (SCHMIDT, 1999). Veja a seguinte situação: Seu desafio é responder às seguintes questões: a) Qual a ligação da civilização egípcia com o Rio Nilo? b) Qual a importância desse rio para os egípcios? c) Como a imagem sugere essa relação? d) Explique por que se diz “O Egito é uma dádiva do Nilo”? INFOGRÁFICO Os povos grego e romano têm grandes obras artísticas, apreciadas até os tempos atuais. Além das heranças greco-romanas culturais e artísticas, esses povos deixaram grandes descobertas científicas e a Matemática, base do conhecimento de cientistas e de engenheiros. Esses povos antigos têm uma história interessante, cercada de mitos e de lendas. No Infográfico a seguir, veja alguns detalhes da história das civilizações grega e romana em uma linha do tempo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Entre as civilizações da Antiguidade, e em termos de produção cultural, as que têm mais destaque são a egípcia, a grega e a romana. Junto ao grego, o romano foi o povo antigo que mais influenciou o mundo ocidental contemporâneo. Os egípcios são conhecidos por suas famosas pirâmides e por sua arte funerária, cujas principais representações plásticas eram voltadas para a vida após a morte. A arte egípcia celebrava a grandeza do reino e a majestade do faraó. Enquanto a arte grega é conhecida por suas belas proporções, harmonia, equilíbrio e idealização do belo, a arte romana, muito influenciada pelas tradições etruscas e gregas, é reconhecida pelas grandes obras nos espaços públicos, sendo elas arquitetônicas, esculturais ou pictóricas. Na obra História da arte e do design, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo Arte egípcia, grega e romana e saiba mais sobre as artes egípcia, grega e romana, reconhecendo suas características e produções culturais, bem como a importância dessas artes. Boa leitura. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Jana Cândida Castro dos Santos Arte egípcia, grega e romana Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a arte egípcia, a arte grega e a arte romana. � Reconhecer as características dessas artes. � Avaliar a importância dessas artes. Introdução A civilização que se desenvolveu no Egito possuía organização social complexa e produção cultural extensa. A religião era um dos aspectos mais significativos da cultura egípcia, orientando toda a sua produção artística. Por sua vez, os gregos não se submetiam às imposições de sa- cerdotes ou reis autoritários. Para a cultura grega, o homem era a criatura mais importante do universo. Dessa maneira, o conhecimento racional permanecia acima da fé em divindades. Já a arte romana é marcada por duas fortes influências: a da arte etrusca — voltada para a expressão da realidade vivida — e a da arte greco-helenística — orientada para a expressão de um ideal de beleza. Neste capítulo, você vai estudar a arte egípcia, a grega e a romana, reconhecendo as suas características e os principais traços da produção cultural de cada uma. A arte no Egito Antigo Desenvolvida às margens do rio Nilo, a civilização egípcia é uma das mais importantes da Antiguidade. A expressão artística dessa civilização reflete profundamente a sua história. Tal história é comumente dividida em três períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. No decorrer desses períodos, o Egito conheceu um significativo desenvolvimento, tendo a arte um papel de destaque. A arte desenvolvida no Egito reflete as crenças fundamentais da cultura egípcia. A religião é um dos aspectos mais relevantes. Para os egípcios, a vida humana poderia sofrer interferência dos deuses. Além disso, a vida após a morte tinha mais valor do que a própria existência terrena, ou seja, ligava-se à ideia de eternidade (OLIVEIRA; GARCEZ, 2001). Dessa maneira, a arte egípcia voltou-se para túmulos e objetos, estatuetas e vasos para os mortos. Já a sua arquitetura voltou-se para tumbas e construções mortuárias para os faraós, que acreditavam que deveriam entrar na outra vida acompanhados de suas riquezas. A imponência do poder político e religioso Do Antigo Império egípcio restaram importantes monumentos artísticos, erguidos para demonstrar a grandiosidade e a imponência do poder político e religioso de seu faraó, Djoser. A pirâmide de Djoser (Figura 1) é um exemplo claro. Ela talvez seja a primeira construção de grandes proporções dos egípcios. Geralmente, é identificada como a estrutura monumental substancial mais antiga do mundo a ser construída com pedra acabada. Figura 1. Pirâmide de degraus de Djoser, Sacará, Egito. Fonte: Pyramid of Djoser (2012, document on-line). Arte egípcia, grega e romana2 Entre as obras arquitetônicas mais famosas estão as pirâmides do deserto de Gizé (Figura 2), que foram construídas devido às ordens de três importantes faraós do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior delas, a de Quéops, possui 146 m de altura e ocupa uma área de 54.300 m2. Figura 2. Pirâmides de Gizé, Cairo, Egito. Visão geral das pirâmides na planície de Gizé e as três pirâmides conhecidas como Pirâmides das Rainhas na parte da frente. Em seguida, as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos. Fonte: David McEachan/Pexels.com. A pirâmide de Quéops revela o domínio técnico da arquitetura egípcia. Entre os blocos de pedra que formam suas imensas paredes, não foi utilizada nenhuma espécie de argamassa. Ou seja, não se utilizou nenhuma mistura de areia e água com aglutinante, como se utiliza hoje no assentamento de tijolos e outros blocos de construção. 3Arte egípcia, grega e romana Uma arte de convenções Entre as principais características da arte egípcia está sua ligação com a religião, como você já viu. Assim, para os egípcios, a arte servia para a difusão de suas crenças religiosas, obedecendo a uma série de regras. O artista deveria criar uma obra anônima. Tal obra deveria revelar o perfeito domínio das técnicas de execução e não o estilo, a criatividade ou a imaginação de quem a produzia. Nas pinturas e nos baixos-relevos, era utilizada a lei da frontalidade. De acordo com essa regra, grande marca egípcia, a arte não deveria apresentar uma reprodução naturalista. Ela deveria deixar claro ao observadorque se tratava de uma representação. A figura humana era retratada com o tronco para a frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil (Figura 3). Figura 3. Gravuras do Vale dos Reis, Egito. Fonte: Proença (2009, p. 20). O apogeu da arte e do poder O Egito viveu o seu ponto alto de poderio e cultura no Novo Império (1580–1085 a.C.). Nesse período, os faraós reiniciaram as grandes construções, interrom- pidas pelas sucessivas crises políticas. Dessas construções, os templos de Luxor e Carnac são os mais conservados, ambos dedicados ao deus Amon. Arte egípcia, grega e romana4 O templo de Amon em Luxor foi construído por determinação de Amenófis III, por volta de 1380 a.C. Nele, há sete pares de colunas com cerca de 16 m de altura. O aspecto mais relevante desse templo, em termos estéticos, é a coluna com capitel. O capitel, arremate superior da coluna, era trabalhado com motivos da natureza, como o papiro e a flor de lótus. Observe a Figura 4. Figura 4. Colunas do templo de Amon em Luxor, Egito (séculos XIV–XII a.C.). No detalhe, capitel com representação de flor de papiro. Fonte: Proença (2009, p. 21). 5Arte egípcia, grega e romana Desse período também se destaca o templo da rainha Hatshepsut, que reinou de 1511 a 1480 a.C. (Figura 5). O grande monumento funerário foi concebido a partir da ligação com a montanha rochosa que lhe serve de fundo, exibindo imponência e beleza. A construção mostra a profunda integração da arquitetura com o ambiente natural. Figura 5. Templo da rainha Hatshepsut, perto de Luxor, Egito. Fonte: 4 Hatshepsut temple (2008, documento on-line). Na pintura do Novo Império, abandonou-se a rigidez da postura das figu- ras. Assim, surgiram criações artísticas mais leves, com cores mais variadas e sensação de movimento. As alterações ocorridas na expressão artística resultaram de mudanças políticas promovidas por Amenófis IV. Porém, com sua morte, os sacerdotes retomaram o antigo poder, dirigindo o Egito ao lado de Tutancâmon, o novo faraó. Tutancâmon, no entanto, morreu aos 18 anos. Sua tumba foi encontrada em 1922 pelo pesquisador inglês Howard Carter, no Vale dos Reis, com seus tesouros ainda intactos. Arte egípcia, grega e romana6 O Vale dos Reis localiza-se na margem ocidental do rio Nilo, próximo a Luxor, e é conhecido como uma grande necrópole. Sua tradição teve início no Novo Império, quando o faraó Tutmés I decidiu que seu túmulo seria construído secretamente no local. A sua ideia era que os objetos de valor ficassem a salvo dos saqueadores. As tumbas eram construídas no interior da montanha, muitas vezes até 200 m abaixo da superfície, o que ainda não era suficiente para se evitarem os grandes saques e roubos. Por isso é que a descoberta da tumba de Tutancâmon e de seus tesouros ainda intactos surpreendeu os arqueólogos. Também data dessa época o uso dos hieróglifos, unidade do sistema de escrita egípcio, como elemento estético. Os hieróglifos começaram a ser esculpidos nas fachadas e colunas dos templos como uma forma de os egíp- cios documentarem sua cultura para a posteridade, ornamentando as obras arquitetônicas. A escrita evidenciava o controle do reino e era composta por meio dos hieróglifos (cada sinal representava um objeto). Essa escrita aparecia principalmente em folhas de papiro, mas também em paredes e blocos de concreto, em que os pictogramas eram pintados ou escavados. Denominava-se escriba a pessoa responsável por produzir a escrita. Os escribas sabiam fazer contas, ler e escrever. Assim, costumavam fazer a contabilidade do palácio real. Também registravam nos papiros os grandes feitos do faraó. Após a morte de Ramisés II, o poder real tornou-se fraco, já que o Império passou a ser comandado pelos sacerdotes. Isso provocou instabilidade e o Egito se tornou alvo de sucessivas invasões. Aos poucos, as invasões — por etíopes, persas, gregos, romanos — foram desordenando a sociedade egípcia. A crise política do Império refletiu-se diretamente na arte, que passou a ser influenciada pela cultura dos invasores e foi perdendo as suas caraterísticas anteriores. 7Arte egípcia, grega e romana A arte na Grécia Os gregos, ao estabelecerem relações com o Egito e o Oriente Próximo, admi- raram a produção artística desses povos. Se inicialmente imitaram os egípcios, com o passar do tempo criaram suas próprias arquitetura, escultura e pintura. Para isso, utilizaram concepções muito diferentes das egípcias, que eram mais ligadas à religiosidade. Os gregos acreditavam que o ser humano ocupava um lugar de destaque no universo e não se submeteram às imposições dos reis e sacerdotes. Acreditavam que “[...] o conhecimento, expressado pela razão, estava acima da crença em qualquer divindade” (PROENÇA, 2009, p. 30). Do ponto de vista da produção artística grega, segundo Proença (2009), podem-se destacar alguns períodos históricos. Veja a seguir. � Período arcaico: formação das cidades-estados, de meados do século VII a.C. até a época das Guerras Greco-Pérsicas, no século V a.C. Nesse período, houve predomínio das linhas geométricas rígidas. � Período clássico: das Guerras Greco-Pérsicas até o fim da Guerra do Peloponeso, no século IV a.C. Esse período foi marcado pela idealização da beleza e pela busca da perfeição formal. � Período helenístico: do século IV a.C. até o século II a.C. (em 146 a.C., a Grécia foi dominada por Roma). Esse período foi caracterizado por formas com aspectos exagerados de movimentação, em que se ressaltava a qualidade expressiva dos elementos. A arte nos períodos arcaico e clássico Do período clássico, se destaca o século V a.C., também conhecido como século de Péricles e idade de ouro da sociedade grega. Nessa época, as atividades artísticas, intelectuais e políticas refletiram o esplendor da cultura helênica. O termo helênico se refere aos povos que ocupavam a região da Hé- lade (denominação grega) ou Grécia (denominação latina, hoje consagrada). A arquitetura Os templos são as construções que mais despertam interesse na arquitetura grega. Eram construídos para proteger do sol e da chuva as esculturas das divindades. Entre suas características, a mais evidente é a simetria entre o pórtico da entrada — o pronau — e o dos fundos — o opistódomo (Figura 6). Arte egípcia, grega e romana8 Figura 6. Plano de um templo grego típico. Fonte: Proença (2009, p. 33). O templo grego era formado pelo pronau, como você viu na Figura 6, pelo naus — onde ficava a imagem da divindade — e pelo opistódomo. Esse núcleo era cercado pelo peristilo — colunata ou série de colunas. Em algumas cidades mais ricas, o peristilo era configurado por duas séries de colunas em torno do núcleo do templo. Destacavam-se nos templos a simetria, a modulação, o ritmo e a proporção. Segundo Mattos (2003), em torno deles desenvolveu-se uma literatura muito rica, marcada pela mitologia. Construíam-se os templos sobre uma base de três degraus. As colunas do templo sustentavam o entablamento horizontal, formado pela arquitrave, pelo friso e pela cornija, como você pode ver na Figura 7. As colunas, assim como os entablamentos, seguiam duas ordens: a dórica (Figura 7a) e a jônica (Figura 7b). A dórica era uma ordem mais simples e maciça, enquanto a jônica sugeria mais leveza e mais ornamentação. Em geral, a ordem jônica, segundo Proença (2009), tinha um tratamento mais livre do que a dórica. 9Arte egípcia, grega e romana Figura 7. (a) Ordem dórica, (b) ordem jônica e (c) capitel coríntio. Fonte: Proença (2009, p. 33). A pintura em cerâmica A pintura na Grécia, assim como em outras civilizações, surgiu como um elemento decorativo da arquitetura. Porém, encontrou também sua realização na arte da cerâmica. Os vasos gregos são conhecidos tanto pelo equilíbrio de suas formas como pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, os vasos eram utilizados para armazenamento de água, vinho,azeite e mantimentos. E aos poucos foram tornando-se também objetos artísticos. As pinturas nos vasos buscavam representar as atividades diárias e as cenas da mitologia grega. Veja a Figura 8. Arte egípcia, grega e romana10 Figura 8. Ânfora com figuras negras pintadas por Exéquias (esquerda) por volta de 540 a.C. (Museu Gregoriano-Etrusco, Roma) e ânfora com figuras vermelhas (direita) de cerca de 360–350 a.C. (Museu do Louvre, Paris). Fonte: Proença (2009, p. 37). A arte no período helenístico O termo helenístico designa a cultura que se iniciou sob o poder de Alexandre e que seguiu até o domínio da Grécia pelos romanos. As transformações históricas desse período, inclusive o desaparecimento da cidade-estado — a pólis grega —, levaram à configuração de reinos imensos, o que interferiu na arte grega. A arquitetura Os gregos do período helenístico deixaram de viver em comunidades constituídas por cidades-estados e passaram a habitar vastos reinos. A mudança também se refletiu na arquitetura das moradias e dos teatros. De modo geral, nesse período, os gregos substituíram o senso de cidadania pelo individualismo. As casas passaram a ter maior importância na cidade, ganhando mais espaço e conforto. O teatro, por sua vez, foi afetado na sua configuração. A ideia era valorizar cada vez mais os atores. Um exemplo disso é a remodelação pela qual passou o Teatro de Priene no século II a.C. (Figura 9). A orquestra do teatro deixou de ser um espaço circular completo, o que tornou o local destinado aos espectadores mais concentrado. Essa concepção de teatro mais compacto ganhou força e foi se desenvolvendo com os romanos (PROENÇA, 2009, p. 41). 11Arte egípcia, grega e romana Figura 9. Teatro de Priene. Fonte: Theater at Priene (2010, documento on-line). A arte em Roma Presume-se que a cidade de Roma tenha aparecido por volta de 753 a.C. No entanto, seu surgimento ainda é envolto em lendas e mitos. Sua formação cultural sofreu influência principalmente de gregos e etruscos. Esses povos, que ocuparam diferentes regiões da península itálica entre os séculos XII e VI a.C., contribuíram para a formação de Roma como o centro de um vasto império. A arte romana, assim, assimilou a expressão de um ideal de beleza da arte greco-helenística. Além disso, incorporou a preocupação de representar a realidade vivida da arte etrusca. A história desse império se divide em três grandes períodos, como você pode ver a seguir. � Monárquico: 753–509 a.C. � Republicano: 509–27 a.C. � Imperial: 27 a.C.–476 d.C. Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império em duas partes — Império Romano do Ocidente (cuja capital era Roma) e Império Romano do Oriente (cuja capital era Constantinopla). Arte egípcia, grega e romana12 A arquitetura Entre os legados culturais deixados pelos etruscos aos romanos, se destacam: o uso do arco (Figura 10) e o uso da abóbada nas construções, permitindo vãos maiores e espaços internos livres de colunas. O arco permitiu a ampliação do vão entre uma coluna e outra. Nele, as tensões são divididas de forma homogênea. Além disso, se construídos com blocos de pedra, os arcos têm ainda mais estabilidade. No final do século I d.C., os romanos já haviam superado as influências dos gregos e etruscos. Assim, estavam prontos para desenvolver suas próprias criações artísticas, independentes e originais. Figura 10. Passagem sob arco etrusco em Voltera, Itália. Fonte: Proença (2009, p. 44). 13Arte egípcia, grega e romana Você sabe o que é uma abóbada? É uma cobertura arqueada e côncava internamente. Em geral, era construída com pedras e tijolos apoiados uns nos outros, de modo a suportar o próprio peso, assim como os pesos externos. As abóbadas podem se apoiar sobre colunas, paredes e/ou pilares. A morada romana A morada romana tinha uma planta rigorosa e invariavelmente desenhada de forma retangular, como você pode ver na Figura 11. A porta da entrada conduzia ao espaço central, chamado átrio. O átrio era descoberto exatamente na direção do implúvio, um tanque para coletar a água da chuva. Além disso, a abertura no telhado permitia a entrada de luz natural e ventilação. Os demais cômodos da casa também se voltavam para esse espaço central. Ao fundo da casa havia um peristilo, solução que os romanos encontraram para incorporar o conjunto de colunas que tanto admiravam nas construções gregas. Figura 11. Peristilo da Casa dos Vettii, Pompeia, Itália. Fonte: Proença (2009, p. 45). Arte egípcia, grega e romana14 A arquitetura dos templos Os templos romanos eram erigidos num plano mais elevado, de modo que a entrada fosse acessível por meio de uma escadaria. Os elementos como o pórtico e a escadaria tornavam a fachada principal distinta das demais, diferenciando os templos romanos dos gregos. Assim como em suas mora- dias, os romanos incorporaram os peristilos externos ao modelo tradicional de seus templos. Diferentemente dos gregos, os romanos se preocupavam muito mais com os espaços interiores do que com os exteriores. O melhor exemplo dessa diferença talvez seja o Panteão, construído em Roma, que você pode ver na Figura 12. Figura 12. Vista externa do Panteão (século II), Roma. Fonte: Rome Pantheon front (2006, documento on-line). A concepção arquitetônica do teatro Os arcos e abóbadas, herdados dos etruscos, permitiram que os romanos construíssem edifícios, sobretudo anfiteatros, bastante amplos. Assim, não era 15Arte egípcia, grega e romana mais necessário assentar o auditório nas encostas das colinas, como faziam os gregos. Os romanos podiam construir esses edifícios em qualquer terreno e com qualquer topografia. Essa solução estrutural favoreceu um tipo de espetáculo muito apreciado pelos romanos: as lutas de gladiadores, que então podiam ser vistas de qualquer ângulo. O anfiteatro constituía-se, enfim, de um espaço central elíptico em que se dava o espetáculo. Esse espaço era circundado pelo auditório, composto de inúmeras fileiras, formando uma arquibancada. Externamente, o edifí- cio era ornamentado por esculturas e colunas gregas das três ordens. Um grande exemplo disso é o Coliseu, um dos mais belos anfiteatros romanos (Figura 13). Figura 13. Coliseu (século I), Roma. Fonte: Colosseum (2012, documento on-line). Arte egípcia, grega e romana16 As obras públicas A arte romana também se revela em obras como termas, aquedutos, mercados e edifícios governamentais. Entre as obras de construção civil dos romanos, a que tem maior destaque é o aqueduto, conhecido até hoje como Le Pont du Gard (Figura 14). Figura 14. Le Pont du Gard, França. Fonte: Pont du Gard (2017, documento on-line). O aqueduto Le Pont du Gard, de 50 km de extensão, conduzia a água até Nîmes, cidade que hoje pertence à França. Um aspecto de grande beleza nessa construção são seus arcos. Eles criam áreas vazadas que dão leveza à ponte, contrastando com a solidez e a imponência de uma obra de enge- nharia romana. 17Arte egípcia, grega e romana A pintura e o mosaico Grande parte das pinturas romanas que você conhece hoje vem das cidades de Pompeia e Herculano. As pinturas faziam parte da decoração interna dos edifícios e eram expostas em painéis que recobriam as paredes das casas. Ne- les, podia-se criar a ilusão de janelas abertas, mostrando paisagens e pessoas. Os romanos também dominavam a arte do mosaico. Tanto a pintura como o mosaico eram elementos que enriqueciam as obras arquitetônicas. Observe a Figura 15, a seguir. Figura 15. Afrescos na parede de uma casa na Vila dos Mistérios, Pompeia (meados do século I a.C.). As figuras têm aproximadamente 1,5 m. Fonte: Proença (2009, p. 49). Herança egípcia, grega e romana Como você viu, a arte egípcia pode ser considerada uma arte funerária. Afinal, as suas principais representações plásticas eram voltadas para a vida após a morte. A arte dos egípcios celebrava a grandeza do reino e a majestade do faraó. Arte egípcia, grega e romana18 1. Os egípcios são muitoconhecidos por suas famosas pirâmides — que serviam de túmulos para os faraós —, pelas múmias e pela beleza de suas obras de artes. Assinale a alternativa correta sobre a arte egípcia. a) A pintura egípcia apresentava uma reprodução naturalista, sem deixar claro ao observador que se tratava de uma representação. A figura humana era retratada com o tronco, a cabeça, as pernas e os pés para frente. b) As esculturas egípcias representavam uma imagem dinâmica e fiel ao modelo. c) Os baixos-relevos presentes nas estruturas arquitetônicas representavam aspectos das guerras. d) A arte egípcia pode ser considerada funerária, pois representava os aspectos da vida terrena. e) A arte desenvolvida no Egito reflete as crenças fundamentais da cultura egípcia, sendo a religião um dos aspectos mais relevantes. 2. A sociedade egípcia se organizava hierarquicamente. Os grupos sociais iam dos mais pobres aos mais ricos. O faraó era o rei incontestável, depois dele vinham os nobres e os escribas. Sobre a função dos escribas, assinale a alternativa correta. a) Os escribas eram pessoas importantes e ricas, que ajudavam o faraó a governar, ocupando altos cargos no Estado. Por sua vez, a arte grega é caracterizada pela proporção, pela harmonia, pelo equilíbrio e pela idealização. Do período grego, resistiram elementos relevantes até hoje, como as Olimpíadas e a busca pela beleza idealizada. Além disso, as cidades-estados (ou pólis, como eram chamadas) representam a base do conceito de cidade que você conhece hoje. A palavra política deriva de pólis, já que este era o lugar onde os cidadãos se reuniam para tomar as decisões que afetavam toda a comunidade. A arte romana, por fim, oscilou entre a tradição etrusca e a influência grega, sendo esta predominante. Os principais aspectos desse período podem ser verificados nas obras localizadas no espaço público, sejam elas arquitetônicas, esculturais ou pictóricas. O caráter funcional, civil e público era a marca da arquitetura romana, ou seja, o urbanismo tinha papel fundamental para essa civilização. Como você pode notar, as civilizações egípcia, grega e romana deixaram importantes heranças culturais e artísticas, cujos elementos, técnicas e descobertas científicas influenciam o mundo todo até hoje. 19Arte egípcia, grega e romana b) Os escribas eram responsáveis somente pela contabilidade do palácio real, calculando ganhos e gastos do governo. c) A principal função dos escribas era trabalhar nas oficinas do rei fazendo roupas, joias e vasos. d) Os escribas eram alguns dos poucos que sabiam ler e escrever. e) Os escribas eram pessoas humildes e analfabetas que viviam nas aldeias. 3. Até hoje, as obras de filosofia e poesia, as peças de teatro e as esculturas gregas são apreciadas no mundo todo. Os gregos acreditavam que o ser humano ocupava um lugar de destaque no universo e que o conhecimento expresso pela razão estava acima da crença em qualquer divindade. Com base nas características da arte grega, assinale a alternativa correta. a) Os templos gregos eram colossais para reunir em seu interior o maior número de pessoas. b) Podem-se evidenciar as representações pictóricas gregas por meio da cerâmica, que apresentava uma decoração organizada e narrativa. c) A grande conquista e o grande desafio da escultura grega foram as representações de grupos de figuras humanas estáticas, que deveriam ser belas de todos os ângulos. d) Os teatros gregos podiam ser construídos em qualquer terreno e com qualquer topografia. e) Os gregos faziam suas esculturas de modo a representar as pessoas, e não em busca de um ideal de beleza humana. 4. A cultura greco-romana é a mistura entre as culturas grega e romana. Ela chegou até o mundo contemporâneo como modelo estético clássico. Sobre as diferenças e semelhanças entre os gregos e romanos, é correto afirmar que: a) tanto os teatros gregos como os romanos eram construídos somente em encostas de colinas, para assentar os seus auditórios. b) assim como os gregos, os romanos utilizavam o arco e a abóbada nas construções, criando vãos maiores e espaços internos livres de colunas. c) diferentemente dos gregos, os romanos se preocupavam muito mais com os espaços interiores do que com os exteriores dos edifícios. O melhor exemplo dessa diferença é o Panteão, construído em Roma. d) A preocupação romana com a busca de um ideal de beleza humana pode ser vista tanto nas estátuas de imperadores como nos relevos esculpidos em monumentos que celebravam feitos importantes no Império Grego. e) A arte romana assimilou a expressão de um ideal de beleza da arte etrusca e incorporou a preocupação de representar a realidade vivida da arte greco-helenística. 5. Entre as civilizações da Antiguidade, em termos de produção cultural, as que têm mais destaque são a Arte egípcia, grega e romana20 egípcia, a grega e a romana. Sobre a herança cultural e artística e as descobertas científicas desses povos antigos, é possível afirmar que: a) os egípcios ficaram conhecidos por suas pirâmides, que eram construções gigantescas de tijolo e pedra feitas para abrigar o tesouro dos nobres. b) a mumificação, para os gregos, era uma forma de homenagear os deuses e conquistar mais riquezas. c) a visão de mundo contemporânea, o modo de pensar, de enxergar beleza e de procurar a justiça tem muito a ver com o que os egípcios faziam. d) a lógica, que estuda como raciocinar corretamente, foi criada pelos romanos, assim como a filosofia. e) a arte romana também se revela nas grandes obras, como termas, aquedutos, mercados e edifícios governamentais. 4 HATSHEPSUT Temple.jpg. Wikimedia Commons, the free media repository, jun. 2008. 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Na Dica do Professor de hoje, veja as principais características das esculturas egípcias, gregas e romanas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Os egípcios são muito conhecidos por suas famosas pirâmides, que serviam de túmulos para os faraós, pelas múmias e pela beleza de suas obras de arte. Sobre a arte egípcia é possível afirmar que: A) a pintura egípcia apresentava uma reprodução naturalista, sem deixar claro ao observador que se tratava de uma representação. A figura humana era retratada com o tronco, a cabeça, as pernas e os pés para frente. B) as esculturas egípcias representavam uma imagem dinâmica fiel ao modelo. C) os baixos relevos, presentes nas estruturas arquitetônicas, representavam aspectos de guerras. D) a arte egípcia pode ser considerada funerária, pois representava os aspectos da vida terrena. E) a arte desenvolvida no Egito reflete as crenças fundamentais da cultura egípcia, sendo a religião um dos aspectos mais relevantes. 2) A sociedade egípcia se organizava hierarquicamente: dos grupos sociais mais pobres aos mais ricos. O faraó era o rei incontestável; depois dele estavam os nobres e os escribas. Sobre a função dos escribas, assinale a alternativa correta: A) Os escribas eram pessoas importantes e ricas, que ajudavam o faraó a governar, ocupando altos cargos no Estado. B) Eram responsáveis somente pela contabilidade do palácio real, calculando receitas e gastos do governo. C) A principal função dos escribas era trabalhar nas oficinas do rei fazendo roupas, joias e vasos. D) Os escribas eram umas das poucas pessoas que sabiam ler e escrever. E) Os escribas eram pessoas humildes e analfabetas que viviam nas aldeias. 3) Até hoje, as obras de Filosofia, poesia, peças de teatro e esculturas gregas são apreciadas pelo mundo todo. Os gregos acreditavam que o ser humano ocupava um lugar de destaque no Universo, e não se submetiam às imposições dos reis e dos sacerdotes. Acreditavam que o conhecimento expresso pela razão estava acima da crença em qualquer divindade. Com base nas características da arte grega, assinale a alternativa correta: A) Os templos gregos eram colossais para reunirem em seu interior o maior número de pessoas para o culto religioso. Podem-se evidenciar as representações pictóricas gregas por meio da cerâmica, que B) apresentava uma decoração organizada e narrativa. C) A grande conquista e o grande desafio da escultura grega foram as representações de grupos de figuras humanas estáticas, que fossem belas de todos os ângulos. D) Os teatros gregos podiam ser construídos em qualquer terreno e com qualquer topografia. E) Os gregos faziam suas esculturas para representar as pessoas como elas realmente eram, demonstrando sua beleza e feiura, e não em busca de um ideal de beleza humana. 4) Hoje se fala em cultura greco-romana, pois foi a mistura entre as duas culturas que chegou até os dias atuais como modelo estético clássico. Sobre as diferenças e as semelhanças entre os gregos e os romanos, é correto afirmar que: A) tanto os teatros gregos como os romanos eram construídos somente em encostas de colinas para assentar os seus auditórios. B) assim como os gregos, os romanos utilizavam o arco e a abóboda nas construções, permitindo vãos maiores e espaços internos livres de colunas. C) diferentemente dos gregos, os romanos se preocupavam muito mais com os espaços interiores do que com os exteriores dos edifícios e, certamente, o melhor exemplo dessa diferença é o Panteão, construído em Roma. D) a preocupação romana com a busca de um ideal de beleza humana pode ser vista tanto nas estátuas de imperadores, como nos relevos esculpidos em monumentos que celebravam feitos importantes do império grego. E) a arte romana assimilou a expressão de um ideal de beleza da arte etrusca, bem como a preocupação de representar a realidade vivida, da arte greco-helenística. 5) Entre as civilizações da Antiguidade, e em termos de produção cultural, as que têm mais destaque são a egípcia, a grega e a romana. Sobre as heranças culturais e artísticas, além das descobertas científicas desses povos antigos, é possível afirmar que: A) os egípcios ficaram conhecidos por suas pirâmides, que eram construções gigantescas de tijolo e de pedra feitas para abrigar o tesouro dos nobres. B) a mumificação, para os gregos, era uma forma de homenagear os deuses e de conquistar mais riquezas. C) nossa visão de mundo, nosso modo de pensar, de enxergar beleza e de procurar a justiça têm muito a ver com que os egípcios faziam. D) a ciência da Lógica, que estuda como raciocinar corretamente, foi criada pelos romanos, assim como a Filosofia. E) a arte romana se revela, também, nas grandes obras; por onde passavam foram construídas: termas, aquedutos, mercados e edifícios governamentais. NA PRÁTICA Você já parou para pensar na herança cultural que os egípcios, gregos e romanos deixaram? Além dos objetos artísticos, deixaram uma série de elementos que ainda hoje influenciam o modo de pensar e a vida cotidiana das pessoas. Do período grego, ficaram diversos elementos que continuam a influenciar a vida atual, como é o caso das Olimpíadas e da busca da beleza idealizada. A história das Olimpíadas remonta à Antiguidade, apesar de tais jogos terem se popularizado na Idade Contemporânea, constituindo, nos dias de hoje, um dos eventos mais populares e prestigiados em todo o mundo. Jorge é professor de Educação Física e, juntamente, com a professora de História da escola em que trabalha, desenvolveram um material muito rico contendo a história das Olimpíadas, uma influência grega que tem impacto no dia a dia das pessoas. Confira. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Os espaços no Egito Antigo Veja, neste artigo, uma discussão sobre o papiro, considerado um artefato histórico que pode fornecer várias informações sobre a sociedade que o criou. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Império Romano Neste site o Império Romano é considerado o maior civilização da história ocidental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estéticas no design de joias contemporâneas O artigo refere-se à ação de produzir joias, na contemporaneidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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