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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO DO CAMPO 
 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
 
2 
 
1. QUESTÃO AGRÁRIA E A EDUCAÇÃO DO CAMPO 
 
A discussão sobre a questão agrária no Brasil é muito recente - se comparada 
ao debate internacional - e somente aconteceu em sua forma diversa (ideias e teses 
contrastantes que interpretavam a origem e a posse da terra) na década de 1960. 
Essa discussão surgiu, segundo Stédile (2005), devido à necessidade política e 
sociológica dos partidos e não ao devido desenvolvimento científico e acadêmico, que 
sempre foi fruto da submissão colonial e que se encontrava impedido de desenvolver 
pesquisas e um consolidado pensamento nacional. 
Para o autor o conceito “questão agrária” é um conjunto de interpretações e 
análises da realidade agrária, que procura explicar como se organiza a posse, a 
propriedade, o uso e a utilização das terras na sociedade brasileira. Para a corrente 
hegemônica de interpretação da evolução da questão agrária no Brasil, no período de 
50.000 a.C. a 1.500 d.C., a ocupação do nosso território se deu através das correntes 
migratórias que vieram da Ásia, cruzando o estreito do Alasca e ocupando todo o 
continente americano, essa interpretação se consolida pelos vestígios humanos e 
instrumentos localizados no Estado do Piauí que datam deste período. A historiografia 
brasileira registra que as populações que habitavam nosso território viviam em 
agrupamentos sociais, famílias, tribos, clãs, de maioria nômade, dedicando-se 
basicamente à caça, à pesca, à extração de frutas, sendo que os bens naturais 
presentes no território eram de uso coletivo e atendiam às necessidades de 
sobrevivência do grupo. É de comum acordo nos debates da corrente hegemônica 
que a posse o uso do território nesse contexto era coletivo e que se vivia no 
comunismo primitivo. 
Sobre o período que vai de 1500 d.C. a 1850 d.C. existem, segundo Stédile 
(2005), teses e registros históricos de que missões de outros povos, seja dos fenícios, 
dos árabes, dos africanos e até mesmo de europeus, que chegaram ao nosso 
continente antes de 1500, informações para além do registro oficial da descoberta e 
empoderamento realizado por Cristóvão Colombo, em 1492. Com a invasão europeia 
e com a dominação e aculturação dos povos originais os bens naturais aqui presentes 
foram submetidos à lógica e às leis do capitalismo mercantil (período histórico já 
dominante na Europa), bem como a força de trabalho se tornou a escrava. Todos os 
bens foram transformados em mercadoria e enviados à metrópole, em pouco tempo 
os europeus perceberam que a alta fertilidade de nossas terras era a principal fonte 
http://faculdadefutura.com.br/
 
3 
 
de exploração de produtos que antes eram obtidos em territórios que não estavam 
sob seu domínio e pelos quais pagavam-se altos valores; 2 surgiram então os ciclos 
de exploração da cana de açúcar, do algodão, do gado, do café, da pimenta do reino 
e do cacau, inundando o mercado europeu através de um modelo agroexportador. 
Quanto à organização da produção, para Stédile (2005), apesar das polêmicas 
sobre o assunto, existe um consenso de que o modelo adotado para organizar as 
unidades de produção agrícola foi o da plantation, que se caracteriza pela organização 
da produção agrícola em grandes fazendas de áreas contínuas, priorizando as 
monoculturas como as citadas acimas e de boa localização no território para facilitar 
a exportação pelos portos. Apesar da utilização da mão de obra escrava, em termos 
de tecnologia os engenhos utilizavam o que havia me mais avançado para aumentar 
a produção/lucros e diminuir os custos; a propriedade da terra era da Monarquia e 
gerenciada pela coroa, o que não caracterizava a propriedade da terra como 
capitalista, pois não havia propriedade privada. Para Stédile (2005) a relação desse 
sistema com o capitalismo residia no modelo agroexportador que para estimular o 
investimento do capital na produção das mercadorias, concedeu o uso de enormes 
extensões de terra para a produção de mercadorias para exportação. 
Para o autor, a “concessão de uso” era dada por direito hereditário, sendo que 
os herdeiros do fazendeiro poderiam continuar com a posse das terras e com a sua 
exploração, ao mesmo tempo não lhes era garantido o direito de vender as terras, ou 
mesmo de comprar terras vizinhas, em suma não havia propriedade privada das terras 
e as terras ainda não eram mercadorias (Stédile, 2005). Podemos notadamente 
afirmar como demonstra Stédile (2005), que a adoção do modelo agroexportador sob 
a lógica da plantation foi um genocídio do povo brasileiro, o autor mostra que em 1500 
existiam aproximadamente 5 milhões de pessoas em nosso território, ou seja, um 
grande massacre da população indígena, da população negra trazida da África, pelo 
colonizador europeu. Devido às pressões inglesas para a substituição do trabalho 
escravo por trabalho assalariado e com a abolição da escravidão, surge em 1850 a 
primeira lei de terras no país que garantia a propriedade privada, não permitindo que 
os negros libertos se apossassem das mesmas, nem que se tornassem pequenos 
camponeses, pois para a compra de propriedades no Brasil era necessário que se 
pagasse uma parcela para a coroa. 
Essa conjuntura refletia a crise do trabalho escravo e inaugurava o período que 
vai de 1850 a 1930, no qual os escravos continuaram sob o domínio dos fazendeiros 
http://faculdadefutura.com.br/
 
4 
 
só que agora como assalariados. Após a promulgação da Lei Áurea de 1888 estima-
se que quase dois milhões de ex-escravos (Stédile, 2005) abandonaram o trabalho 
agrícola e migraram 3 para as cidades em busca de alternativas para vender a força 
de trabalho, ao mesmo tempo que buscavam territórios nas cidades, os ex-escravos 
eram proibidos pela lei de terras de se apossarem de terrenos que já eram propriedade 
privada dos capitalistas, surgindo assim, as primeiras favelas presentes nas grandes 
cidades e suas comunidades. Como estratégia para repor a mão de obra escrava, as 
elites realizaram uma forte propaganda na Europa no período de 1875 a 1914 atraindo 
cerca de 1,6 milhões de camponeses renegados pelo avanço do capitalismo para o 
trabalho agrícola das grandes propriedades, para Stédile (2005) o número de 
imigrantes europeus coincide com as últimas estatísticas de trabalhadores 
escravizados. Parte desses imigrantes foram para a região sul do país e outra parte 
para São Paulo e Rio de Janeiro, estabelecendo o regime de produção sob a forma 
de colonato, no qual recebiam as lavouras de café prontas, casa, direito de moradia e 
direito de plantar outros produtos para sua subsistência, recebendo o pagamento em 
forma de café que poderia ser vendido. 
 
 
Fonte:www.redebrasilatual.com.br/ 
 
O campesinato brasileiro teve então sua origem em duas formações, a primeira 
mencionada acima, inseriu milhares de camponeses pobres europeus no trabalho 
agrícola nas regiões Sudeste e Sul, já a segunda formação é relativa à miscigenação 
das populações branca, indígena, e negra presentes no processo de colonização. A 
crise do modelo agroexportador e a migração de camponeses europeus seguiu até a 
primeira guerra mundial, e foi nesse contexto que surgiu o campesinato brasileiro. No 
http://faculdadefutura.com.br/
http://www.redebrasilatual.com.br/
http://www.redebrasilatual.com.br/
 
5 
 
período subsequente ocorreram mudanças significativas para a questão agrária no 
Brasil, a crise da República Velha havia se prolongado ao longo da década de 1920, 
os seus expoentes políticos vinham perdendo força com a mobilização do trabalhador 
industrial e com as dissidências políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias. 
Esses acontecimentos ameaçaram a estabilidade da tradicional aliança rural entre os 
estados de São Paulo e Minas Gerais (a política do café com leite) e no ano de 1930 
setores daelite da nascente burguesia industrial fizeram uma "revolução" política 
provocando a queda da republica velha e tomando o poder da oligarquia rural 
exportadora e impondo um novo modelo econômico para o país. 
 
1.1 A Educação No Brasil E A Sua Relação Com A Questão Agrária 
 
No contexto de transição da república no Brasil, a república velha se 
encarregou de inserir o país no processo de modernidade do século XX, 
“escolarizando” o povo brasileiro e criando uma alavanca para o progresso; esse 
movimento tinha como intenção inserir o Brasil na disputa econômica junto às grandes 
potências da época. 
Neste contexto “escolarizar” significava abrir mão da escolaridade formal que 
era exclusividade das classes elevadas e leva-la às classes médias e inferiores do 
meio urbano. Para Leite (1999), essa transição já dava sinais desde antes do final do 
império quando um número significativo de congregações religiosas instalou escolas 
de ensino médio nas principais províncias. Apesar das inspirações positivistas da 
república, não se desenvolveram políticas educacionais destinadas à escolarização 
rural devido ao maior interesse das elites na formação do operariado e de experiências 
urbanas. 
Para Florestan Fernandes (1973) surge nesse contexto de criação de um novo 
modelo econômico, a industrialização dependente, que se explica pela condição de 
não romper política e economicamente a dependência com países desenvolvidos, 
nem romper o vínculo com a oligarquia rural brasileira, mas criando-se um novo 
cenário, de subordinação da agricultura à lógica da indústria. Stédile (2005) aponta 
que alguns estudiosos chamaram esse período de “projeto nacional 
desenvolvimentista” e de “Era Vargas”, pois a coordenação política foi executada por 
Getúlio Vargas, que governou o país de 1930 a 1945. 
 
http://faculdadefutura.com.br/
 
6 
 
 
Fonte:www.slideplayer.comr 
 
Ao o mesmo tempo em que se modificou a correlação de forças entre a 
burguesia nascente e a oligarquia, a posse das terras e a produção para a exportação 
ainda era das oligarquias, perdendo somente a força política que antes detinham, isso 
se deve ao fato de que a burguesia industrial brasileira se originou das oligarquias e 
possuía origem vinculada à acumulação das exportações do período colonial. Para a 
consolidação do processo industrial no Brasil necessitava-se importar máquinas, 
tecnologia e mão de obra operária o que, segundo Stédile (2005), gerava dividas 
justificava a consequente dependência, nesse contexto surge também a necessidade 
de uma indústria para a agricultura que importasse insumos, ferramentas, máquinas, 
adubos, venenos, criando- se então a agroindústria e consequentemente uma 
burguesia agrária. 
A agroindústria dinamizou e criou também um mercado interno incorporando 
os camponeses à indústria e ao mercado. Nesse contexto os camponeses passaram 
a fornecer mão de obra barata para as indústrias, passaram pelo processo de êxodo 
rural e de proletarização, consequência da lógica capitalista que desestimulou os 
filhos de camponeses a sonharem em se reproduzir socialmente enquanto classe 
camponesa e se desestimulassem com a sua permanência no campo. A educação 
brasileira só deu sinais de preocupação com o rural neste momento, face ao grande 
movimento migratório dos rurícolas (nos anos de 1910-1920) para as grandes cidades 
em busca de emprego e está representada pela corrente do Ruralismo Pedagógico 
que defendia as virtudes do campo e da vida campesina, mascarando a sua maior 
preocupação, o esvaziamento populacional das áreas rurais e a possível oposição à 
movimentação progressista urbana (Maia, 1982). 
http://faculdadefutura.com.br/
http://www.slideplayer.comr/
 
7 
 
Essa corrente permaneceu até a década de 1930 ainda fortemente ligada às 
origens coloniais e somente após as transformações mais profundas do modelo 
agroexportador é que a educação no Brasil deu alguns sinais de mudanças. Frente as 
forças liberais da década de 1930 algumas mudanças são incorporadas na sociedade 
brasileira seguindo os moldes do estado de bem-estar social, onde o estado é o 
promotor da vida social e organizador da economia, implementando a noção de 
direitos e participação da população. Essas mudanças estão fortemente presentes na 
constituição de 1934 e foram “incrementadas” de forma nacionalista no período 
Vargas, reforçando a consolidação de um processo de industrialização de base, 
possibilitando o equilíbrio social e sustentando a condução do Estado Novo. 
Nesse contexto a escolarização ganha nova função, passa a ser suporte para 
a industrialização, mas não tem olhares voltados para o processo de educação rural, 
ainda está ligada ao desenvolvimento de sujeitos para o trabalho urbano (capacitação 
profissional) e sujeitos que permaneçam no campo, ou seja, ainda era de caráter 
ruralista pedagógica. Apesar da pouca atenção para a educação rural nesse período 
existem dois momentos marcantes, foi criada em 1937 a Sociedade Brasileira de 
Educação Rural que tinha como meta a preservação da cultura, da arte e do folclore 
rural e em 1942 durante o VIII Congresso Brasileiro de Educação, foram reforçadas 
as tendências ruralistas pedagógicas e as tendências nacionalistas-burguesas do 
Estado Novo. Com o fim da II Guerra e do Estado Novo e com surgimento da tendência 
de redemocratização, solidificou-se ainda mais a influência da política externa norte 
americana e criou-se no Brasil a CBAR – Comissão Brasileiro-Americana de 
Educação das Populações Rurais que tinha como programa a implantação de projetos 
na zona rural brasileira para o desenvolvimento de comunidades camponesas, 
trazendo através de centros de ensino, conhecimentos técnicos aos camponeses, 
criando conselhos, clubes e representações camponesas. Esse tipo de ação tinha por 
finalidade organizar o campesinato brasileiro de acordo com os padrões norte-
americanos - nesse caso o padrão Farmer - no 6 qual os camponeses passariam a 
produzir em grandes propriedades voltadas para a exportação. 
O governo brasileiro possuía fortes alianças com os Estados Unidos, 
emblematicamente representadas pela Inter American Foundation Inc. que propunha 
a criação de missões rurais, que segundo Ammann (1991) funcionavam como 
missões que realizavam o adestramento de brasileiros naquele país e pela 
Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR) a qual se transformou em EMATER 
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8 
 
após alguns anos, famosa pelos programas de extensão rural. Observamos que a 
criação do novo modelo econômico brasileiro ocorreu necessariamente segundo as 
coordenações políticas e influencias intelectuais do modelo norte-americano, ligadas 
ao ideal de bem-estar social e desenvolvimento assegurados pelo Estado, com o 
propósito de ensinar a “ajudar” as famílias camponesas a “ajudarem” a si mesmas 
usando tecnologia para conseguir uma maior produtividade e atingirem os padrões de 
bem-estar, incorporando consequentemente o modelo liberal no Brasil. 
A extensão rural tinha como princípio o combate à carência, às doenças, à 
subnutrição e à ignorância dos classificados como desprovidos de valores, trabalho e 
de integração à sociedade, assistindo e protegendo a população rural. Ampliar e 
melhorar as condições de vida do campo é uma questão política e ideológica na 
medida em que ela silencia as possíveis forças camponesas revolucionárias que 
nesse contexto poderiam se rebelar frente ao imperialismo no Brasil. A partir dos anos 
1950 crescem no Brasil as atividades educacionais voltadas para a população rural, 
temos a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER) e o Serviço Social Rural 
(SSR) que continuam seguindo o modelo extensionista visando construir um 
desenvolvimento comunitário no campo e desconsiderando as contradições naturais 
dos grupos campesinos. 
Para Leite (1999) apesar dos esforços dessas organizações para manter o 
homemno campo, intensificaram-se os fluxos migratórios para as grandes cidades 
nos anos subsequentes. Com a criação das Leis de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional nos anos 1960, reforçou-se ainda mais as contradições da educação no 
Brasil, para Freitas (1980) apesar da lei possuir elementos populistas ela não deixava 
seu caráter elitista de lado e explicitava claramente a relação de dependência e 
subordina 7 populares que se organizavam e se solidificavam enquanto grupos que 
lutavam por seus interesses. Em todos os momentos em que surgia na sociedade 
brasileira uma nova força resistente no campo ou na cidade, em contraposição, era 
criado e executado mais um programa norte americano; nesse momento criou-se a 
Aliança para o Progresso que tinha como objetivo reajustar a estrutura econômica da 
américa latina através de um programa assistencial que não modificava nem um 
pouco a relação de dependência em relação aos Estados Unidos. 
O programa servia como ferramenta de controle para que o presidente norte 
americano em exercício John F. Kennedy, conseguisse manter o nível de bem-estar 
social no país e diminuísse as possíveis contradições sociais que impulsionavam as 
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9 
 
ideologias comunistas. Nesse momento criou-se as superintendências para o 
desenvolvimento do Nordeste e do Sul, SUDENE, SUDESUL, INBRA, INDA e o 
INCRA e outros subprogramas que estavam preocupados com o desenvolvimento 
territorial das áreas agrícolas, trabalhando questões políticas (como a educação e a 
organização de camponeses) e questões econômicas (como o aumento da produção) 
que fundamentalmente serviam para controlar os movimentos migratórios e as 
rebeliões camponesas. A partir dos anos 1960 consolida-se então no Brasil uma 
agricultura capitalista moderna e um setor camponês completamente subordinado aos 
interesses do capital industrial. Esse período é marcado pelo caráter monopolista ou 
imperialista do capital, no qual se desenvolveu de forma abrangente a tecnologia e a 
ciência, construindo novos polos de concentração de renda e conhecimento, grandes 
indústrias ligadas a grandes centros de estudo e pesquisa. 
Com a formação de grandes conglomerados financeiros e industriais, 
aumentou- se ainda mais a dependência dos países pobres através da dívida externa 
e o endividamento gerado pela lógica da industrialização dependente, como 
mencionado acima, para Florestan Fernandes (1973), a implantação de uma política 
neocolonial. Nos anos subsequentes no Brasil temos a entrada do governo militar que 
solidificou ainda mais a dependência e a aproximação brasileira ao fundo monetário 
internacional, temos a agravação das ondas de migração e o desenvolvimento do 
milagre econômico, fatores que coordenaram as ações voltadas para a construção do 
rural neste momento. A extensão rural consolidou a sua ideologia e substituiu os 
professores do ensino formal no campo, pelo técnico e pelo extensionista - 
subsidiados pela organização norte americana Inter-American Foundation; esse 
cenário, tanto no campo quanto na cidade, demonstra a 8 preocupação com a 
educação de sujeitos para minimamente operarem máquinas e executarem tarefas 
técnicas para se inserirem no mercado de trabalho, retirando o conteúdo de reflexão 
crítica e uma pedagogia na qual poderiam se criar sujeitos para construir e modificar 
a sua sociedade. 
Podemos dizer então que a nova estruturação curricular partiu das mesmas 
premissas tanto para o campo quanto para a cidade, buscando educar os sujeitos 
para o trabalho capitalista. A lei 5.692 elaborada pelos governos militares, conferia 
poderes municipais para cuidar das escolas rurais e acentuava a profissionalização 
pelo ensino, ou seja, considerava a formação de um exército de reserva para o 
processo produtivo cada vez mais sofisticado e elaborado. Os movimentos sociais 
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10 
 
percebendo os problemas da educação no Brasil buscaram outras formas de 
educação, utilizando-se da metodologia de Paulo Freire o Movimento de Educação de 
Base (MEB) popularizou a alfabetização de diversos sujeitos nas comunidades rurais 
utilizando seu próprio repertório cultural e simbólico. Essa metodologia possuía 
também um forte caráter combatente, conscientizando os sujeitos das pressões 
advindas do capitalismo exploratório. Para a manutenção de um estado de bem-estar 
social o estado brasileiro continuou criando programas para vincular capital, trabalho 
e educação. 
 
 
Fonte: www.jornalistaslivres.org 
 
 Programa nacional de Ações Socioeducativas e Culturais para o meio rural 
(Pronasec) instituído pelo governo militar trabalhava com a participação da 
comunidade, com a ampliação das oportunidades de renda, de suas manifestações 
culturais e visava a inclusão dessas pessoas na previdência social e no ensino formal. 
Porém, na prática, o programa não se preocupava com a formação urbana dos 
professores que lecionavam no campo, não se preocupava com a inadequação do 
material didático e com as precárias instalações da escola no campo. O programa 
nada mais foi do que um agravante da precarização das relações entre trabalho e 
educação. Nesse momento a política educacional teve seu discurso mudado, 
vinculado a participação e à redistribuição de renda, elementos chaves na tentativa 
de o Estado garantir a sua legitimidade, mas que foram inúteis, já que não foram 
cumpridas em decorrência do quadro de crise que impulsionava cada vez mais o 
governo. 
Em 1975 o ensino sofreu uma municipalização, ou seja, os encargos 
educacionais do 1º grau como previa a lei 5692/71 foram transferidos aos municípios, 
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http://www.jornalistaslivres.org/
http://www.jornalistaslivres.org/
 
11 
 
com a justificativa de que somente o governo municipal tinha condições de identificar 
as necessidades de sua população, e assim transpor a educação tradicional e criasse 
uma que equalizasse as oportunidades, promovesse a 9 ascensão social e 
proporcionasse um planejamento participativo que permitisse o desenvolvimento de 
suas ações. O governo militar para manter sua hegemonia perante a sociedade 
brasileira, criou políticas de redistribuição de renda e de participação da população na 
formulação de uma sociedade democrática com acesso livre a oportunidades, isso 
ocorreu pela necessidade de legitimidade por parte do Estado frente às manifestações 
das elites contra a ditadura. 
A educação, neste quadro, foi colocada pelo governo como a “salvadora da 
pátria” aquela que teria o poder de modificar a vida social brasileira, já que era vista 
como a propulsora de ascensão social, mas que era enfatizada que dependia da força 
de vontade de cada indivíduo. 
Sobre a educação durante o regime militar é claro, segundo Leite (1999), que 
o sistema escolar controlado pela ideologia de caserna limitou-se aos ensinamentos 
mínimos e necessários para a garantia do modelo capitalista-dependente e dos 
elementos básicos de segurança nacional. No período subsequente, com o término 
do regime militar, são importantes as mudanças trazidas pela LDB de 1996 para a 
educação, que em partes, descolou o ensino rural do ensino urbano, tornando o 
calendário escolar rural mais adequado às peculiaridades locais, climáticas, 
econômicas, respeitando o sistema de ensino sem reduzir o número de horas previsto 
nessa lei e favorecendo a escolaridade rural com base no tempo do plantio/colheita 
com as dimensões sócio culturais do campo. 
Para Leite (1999) essa nova concepção difere consubstancialmente do modelo 
militar pela sua consciência ecológica, pelo seu interesse na preservação dos valores 
culturais e da práxis rural juntamente à ação política dos rurícolas. Para o autor, 
apesar da legitimação através da lei de novos parâmetros para a educação rural, ainda 
existem diversos problemas na escola rural até os dias de hoje, problemas que 
surgiram eque permanecem desde o início do modelo urbano/industrial de educação, 
dentre esses fatores estão as condições estruturais da escola no campo, a formação 
urbana dos professores que não estão preparados para lidar com outras práticas 
culturais e temporais, as distâncias percorridas pelos alunos para se locomoverem até 
as escolas, a não participação dos rurícolas na elaboração do currículo das escolas – 
http://faculdadefutura.com.br/
 
12 
 
o que consequentemente gera um currículo inadequado e inadaptado para essas 
realidades e a ausência de recursos financeiros para a escola rural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://faculdadefutura.com.br/
 
13 
 
REFERÊNCIAS 
 
PINHEIRO. M.S.D. A concepção de educação do campo no cenário das políticas 
públicas da sociedade brasileira. ANPAE. Disponível em 
http://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2007/289.pdf - Acesso em 
07/07/2018. 
 
COUTINHO. A.F. Do direito à educação do campo: A luta continua! Disponível em 
http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Aurora/COUTINHO.pdf - 
Acesso em 07/07/2018. 
 
BARROS. J. Educação no campo. Disponível em 
https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/educacao-no-campo.htm 
Acesso em 07/07/2018 
 
MACHADO. C. Educação do campo. A cultura e o trabalho no contexto escolar. 
Disponível em http://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/6456_3956.pdf - Acesso em 
10/07/2018 
 
RIBAS. J. R. ANTUNES. H.S. Olhares para a educação do campo: em busca da 
construção do projeto político-pedagógico. Disponível em 
file:///C:/Users/Colaborador/Downloads/14603-64306-1-PB.pdf - Acesso em 
10/07/2018 
 
LIMA. E.S, SILVA. M.S.P. Educação do campo e desenvolvimento sustentável. 
Disponível em 
http://www.educacaonosemiarido.xpg.com.br/Educa%C3%A7%C3%A3o%20do%20c
a mpo%20e%20desenvolvimento%20sustent%C3%A1vel.pdf – Acesso em 
10/07/2018. 
 
NASCIMENTO. C.G. Políticas “Públicas” e educação do campo: Em busca da 
cidadania possível? Disponível em file:///C:/Users/Colaborador/Downloads/3450- 
12685-1-PB.pdf Acesso em 10/07/2018. 
 
http://faculdadefutura.com.br/
http://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2007/289.pdf%20-%20Acesso%20em%2007/07/2018
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