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1 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos 1) Tipos de Reatores Simples Os reatores ideais tem três modos de contato ou de escoamento ideal: batelada, escoamento pistonado e escoamento com mistura perfeita. O modo em batelada é tipo que possui a composição uniforme em todo o interior do reator, mas que varia com o tempo (Processo Transiente). No escoamento pistonado o fluido passa através do reator, sem haver mistura entre o fluido recém- alimentado e aquele já existente no reator. É como se o fluido se movesse em um fila única através do reator. O escoamento com mistura perfeita é aquele que é considerado uniformemente misturado, isto é, possui a mesma composição em todo o reator e na saída do mesmo. Os escoamentos mistura perfeita e pistonado são escoamentos que acontecem em Estado Estacionário (E.E.) Esses três tipos de escoamentos são os mais simples de tratar e de encontrar suas equações de desempenho. Mais tarde iremos tratar de reatores com reciclo, com estágios e combinações de modos de escoamentos, além dos reatores reais na disciplina de cálculo de reatores II. 2) Reatores em Batelada – Introdução Uma equação de taxa pode ser obtida através de considerações teóricas ou empiricamente. Em qualquer dos casos, os valores das constantes da equação somente podem ser determinados experimentalmente. A determinação da equação de taxa de reação é geralmente feita em duas etapas primeiro determina-se a dependência da reação em função da concentração a uma temperatura fixa e em seguida, determina-se a dependência da reação com a temperatura. Essas informações podem ser obtidas em dois tipos de equipamentos: os reatores contínuos ou reatores descontínuos (batelada). Neste último, tudo o que precisa ser determinada é a extensão (ou grau de avanço) da reação em vários tempos. Isso pode ser feito de diversas maneiras, como por exemplo: 1. Acompanhando a concentração de um dado componente: reagente consumido ou produto formado. 2. Acompanhando a variação de alguma propriedade física do sistema, tal como a condutividade elétrica, a turbidez ou o índice de refração. 3. Acompanhando a variação da pressão total do sistema a volume constante (caso de gases). 4. Acompanhando a variação do volume do sistema a pressão constante (caso de gases). O reator descontínuo é geralmente operado isotermicamente e a volume constante, para facilitar a interpretação dos resultados. Esse tipo de reator é o mais usado em escala de laboratório por ser relativamente simples. Os reatores contínuos são mais utilizados no estudo da cinética de reatores heterogêneos. Há dois procedimentos para se analisar dados cinéticos: o MÉTODO INTEGRAL e o MÉTODO DIFERENCIAL. No método integral, é suposta uma forma particular de equação de taxa e, depois da integração e manipulação matemática, deve-se obter um modelo matemático que represente o gráfico de uma reta tendo como coordenadas um expressão que envolva a concentração versus o tempo. 2 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Os dados experimentais devem ajustar-se razoavelmente a reta obtida, neste caso, a equação de taxa suposta é considerada satisfatória. Se os dados experimentais não forem bem ajustados pela reta obtida, uma nova equação de taxa deve ser testada. No método diferencial, o ajuste da equação de taxa aos dados experimentais é feito de forma direta. No entanto, é necessário primeiro calcular valores de dC/dt a partir dos dados, antes de tentar o ajuste por uma das equações de taxa, já que a expressão de taxa é uma equação diferencial. Há vantagens e desvantagens em cada método: Método Vantagens Desvantagens Integral Fácil de usar Só serve para testar equações de taxa simples ou quando não podemos calcular dC/dt no método diferencial (dados muitos dispersos) Diferencial Útil em situações mais complicadas. Pode ser usado para construir uma equação de taxa e para ajustar dados Requer dados em maior quantidade e mais acurados 3) Reator em batelada com volume de mistura reacional constante. Neste tipo de sistema tem-se a densidade da mistura reacional constante. A maioria das reações em fase líquida, assim como todas as reações em fase gasosa que ocorre em uma bomba com volume constante situam-se nessa classe. Neste tipo de sistema, a taxa de reação do componente A torna-se: Para gases ideais em sistemas isotérmicos: 3.1) Encontrando uma relação entre Pressão Total (π) e contração do componente Para reações gasosas com quantidade molar variando, pode-se desenvolver uma expressão geral que relaciona a variação da pressão total do sistema com a concentração ou pressão parcial de um dos componentes. Isso é feito da seguinte forma: Conhecendo-se a estequiomentria da reação : aA+bB rR + sS + Inertes No tempo 0, temos: No tempo t, temos: Relacionando em termos de mol total da reação. Temos que a quantidade de mols no sistema é: 3 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos No tempo 0: No tempo t: Com esta relação encontrada e considerando a lei dos gases ideias (sistema isotérmico e volume constante) podemos escrever uma relação entre pressão total do sistema e contração da espécie química. Essa equação não podem ser utilizadas se a estequiometria do sistema não for conhecida com precisão ou se a reação for múltipla. Logo, com esta equação podemos plotar um gráfico concentração versus tempo (C vs t) e determina a constante cinética da taxa. Obs.: A pressão parcial inicial do sistema é facilmente encontrada pela fração molar do componente e a pressão total inicial. (PAo= Po*YA); 3.2 O conceito de conversão (XA): É a fração consumida de qualquer reagente, por exemplo A, conhecida como fração de conversão ou simplesmente conversão de A: Dado o sistema de reação conhecido no item 1, define-se a conversão de A no sistema com volume constante como: 4) Método Integral de Análise de Dados 4.1 Reações Unimoleculares Irreversíveis. Aprodutos Supondo que se deseja testar, para esta reação uma equação de taxa de primeira ordem do tipo: 4 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Desta forma o método da integral é utilizado para encontrar o modelo, e assim verificar se a equação de taxa encontrado no laboratório. Em termos de conversão temos: Os modelos matemáticos (I) e (II) mostram que se plotarmos um gráfico de –ln(CA/CAo) ou –ln(1-XA) versus tempo (t) obteremos uma reta passando pela origem com coeficiente angular igual a k (figura abaixo). Se os dados experimentais não se ajustarem bem à reta outra equação deve ser testada. 4.2 Reações Bimoleculares Irrevesíveis A+B produtos Deseja-se testar a seguinte equaçãode taxa Após desmembramento em frações parciais, integrando e rearranjando, o resultado final apresentado sob varias formas é: 5 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Observando esse resultado é possível obter várias maneiras equivalentes de se plotar um gráfico linear entre alguma forma de concentração e o tempo, como por exemplo: Verifica-se então se os dados experimentais se ajustam a uma dessas equações. Cuidado1: Repare que o caso estudado anteriormente é válido somente se M≠1, portanto se os reagentes forem introduzidos na sua relação esquiométrica, a expressão integrada da taxa se torna indeterminada. Esta dificuldade é evitada, se considerarmos para reações de segunda ordem com concentrações iguais de A e B a seguinte reação: A+B produtos A+A produtos 2A produtos Neste caso, a expressão de taxa se transforma em: Cujas integrais são respectivamente: Após a separação das variáveis e integração resultam em: E cujos gráficos lineares são: 6 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Cuidado 2: A expressão final integrada depende tanto da estequiometria como da cinética. Veja o exemplo a seguir: Se a reação: A+2B produtos em uma reação de primeira ordem em relação aos dois componentes A e B e consequentemente de segunda ordem global (ou seja reação não elementar), logo: Cuja forma integrada será: Para reagente colocados em proporções estequiométricas (CBo= 2CAo) a forma integrada é: Em termos de XA: 7 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos 4.3 Reações trimoleculares irreversíveis Seja a reação: A+B+D produtos Considerando a equação de taxa como sendo: E tendo CA, CB e CD iguais a: Tem-se em termo de XA: Separando as variáveis, desmembrando em frações parciais e integrando, nós obtemos após manipulações matemáticas: 4.4 Reações de ordem zero Uma reação de ordem zero quando a taxa de reação independe da concentração dos reagentes. Logo: Integrando: Já que : 8 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Graficamente: 4.5 Ordem global de reações irreversíveis a partir do tempo de meia vida (t1/2) Dada a reação: Podemos escrever a equação de taxa igual a: Se os reagentes estiverem inicialmente em proporções estequiométricas, eles permanecerão assim durante toda a reação. Deste modo em qualquer tempo temos: Definido o tempo de meia-vida t1/2, como o tempo necessário para a concentração dos reagentes cair a metade do valor original, obtemos: Dessa equação tem-se que: Que é a equação de uma reta com coeficiente angular igual a (1-n) e linear igual a log (A/B). Graficamente: 9 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos O método do tempo de meia-vida requer a realização de experimentos com concentração inicial diferente. 4.6 Método do tempo de meia-vida fracionário É o método em que a concentração do reagente cai a qualquer valor fracionário, F= CA/CAo em um tempo tF. A dedução é uma extensão direta do método do tempo de meia-vida. Deste modo um gráfico log tF versus logCAo dará a ordem da reação como no caso anterior (meia-vida). 5) Método diferencial de análise de dados O método diferencial de análise de dados lida diretamente com a equação diferencial de taxa a ser testada, avaliando todos os termos na equação, inclusive a derivada dCA/dt e testando a qualidade do ajuste da equação com os dados experimentais. O procedimento é o seguinte: 1 Faça um gráfico dos dados CA x t e então desenhe a olho, cuidadosamente, uma curva suave para representar os dados. Essa curva muito provavelmente não passará por todos os pontos experimentais. 2 Determine a inclinação dessa curva nos valores de concentração adequadamente selecionados. Estas inclinações, dCA/dt =ra são as taxas nessas composições. 3 Agora, procure por uma expressão de taxa que represente os dados de ra em função de CA mediante uma das maneiras abaixo: a) Escolhendo e testando uma forma particular de taxa: -ra= kf(CA) b) Testando uma forma de ordem n, -ra= k e aplicando logaritmos 10 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos c) Através de manipulação matemática da equação de taxa que se deseja testar, de modo a se obter um modelo linear. Ex.: Deseja-se testar a equação de taxa: Para dados de CA vs t Da forma que a equação se encontra não é possível obter um modelo linear plotando –rA versus CA. Propõe-se a seguinte manipulação matemática: Inverta a equação Plotando-se: Exemplo: livro pag 54 6) Reator em batelada com volume variável Mais complexo do que a volume constante; Uso principal: Microprocessamento – tubo capilar com esfera móvel representa o reator; O movimento da esfera com o tempo é que é acompanhado; Este tipo de reator é usado para reações com estequiometria simples, operações isotérmicas e a pressão constante. Nesses sistemas, o volume é linearmente relacionado à conversão da seguinte maneira: V=Vo +Vo ԐAXA (experimental) ou V= Vo (1+ ԐAXA) sendo ԐA- fração da variação do volume do sistema XA = Ex.: Dada a reação A+B R ԐA= 11 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Por definição: XA= Logo: NA= E portanto, CA= Que são relações entre a concentração e a conversão para sistemas isotérmicos com volume variável. Sendo a taxa de consumo de A: -rA= Sendo NA= dNA= e V= logo:Em termos de volume, sendo: 12 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos Substituindo (II) e (III) em (I) 6.1 Método diferencial de análise É o mesmo usado para análise de dados a volume constante, trocando: Para obter as inclinações, faça um gráfico de ln(V) versus t no lugar de CA versus t. 5.2 Método integral de análise Neste caso, o método integral só pode ser usado para formas de taxa com ordem de reação igual a zero, um ou dois. A) Reações de ordem zero B) Reações de primeira ordem 13 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DANIELLY CRISTINA GRIPA DE PAULA DISCIPLINA: CINÉTICO Capitulo 2: Interpretação de dados em Reatores Descontínuos C) Reações de segunda ordem Reações bimoleculares de segunda ordem A taxa é dada por: Sendo XA = Integrando e manipulando algebricamente temos: Graficamente:
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