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RESENHA CRÍTICA SANÇÕES APLICADAS NA NORMA ANTICORRUPÇÃO O Brasil e a Convenção Internacional da ONU firmaram compromisso para criar medidas contra a corrupção e, em meio dessa transição, o projeto da Lei Anticorrupção entrou em vigor no ano de 2014. A Lei nº 12.846/2013, em seu Capítulo II, considera como atos lesivos à Administração Pública Nacional ou Estrangeira, todos os atos praticados por pessoas jurídicas que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. A administração pública nacional subdivide-se em direta e indireta. A administração pública direta é composta pelos órgãos que estão diretamente ligados ao chefe do Poder Executivo, enquanto, a indireta é composta por entidades criadas para desempenhar papéis nos mais variados setores da sociedade e prestar serviços à população, de maneira descentralizada. Segundo a Lei Anticorrupção, a administração pública são os órgãos, entidades, representações diplomáticas ou até as organizações públicas do país de origem e as pessoas jurídicas controladas pelo poder público deste país. Os agentes públicos estrangeiros são pessoas que exercem qualquer tipo de cargo dentro da administração pública. O artigo 1º da Lei nº 12.846/2013 explica as responsabilidades das pessoas físicas e jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, responsabilizando objetivamente as pessoas jurídicas nos âmbitos administrativo e civil e as pessoas físicas, caso sejam autoras, coautoras ou partícipes do ato ilícito, na medida de sua culpabilidade. As sanções advindas desta lei são aplicadas as pessoas jurídicas consideradas culpadas, devendo estas pagarem multa e publicarem de maneira extraordinária a decisão condenatória em meios de comunicação de grande circulação na área em que ocorreu a prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na falta desta, haverá de publicar em comunicação de circulação nacional. Além disso, deverá, por meio de edital, publicar e afixar a sentença em local público e visível dentro da empresa condenada e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores, se houver. A empresa Telefônica Brasil foi sancionada administrativamente pela Controladoria Geral da União (CGU) a pagar a importância de R$ 45,7 milhões (quarenta e cinco milhões e setecentos mil reais), bem como devendo publicar em seu sítio eletrônico na rede mundial de computadores a decisão que levou o pagamento desta multa, tendo em vista a doação de ingressos para jogos da Copa do Mundo de 2014, evento ocorrido em nosso país, a agentes públicos. A CGU interpretou as doações, que continham contexto de marketing e promoção institucional, como incompatíveis com os termos da Lei Anticorrupção. Frisa-se que a CGU instaurou ação após haver repercussão sobre um acordo no montante de US$ 4 milhões (quatro milhões de dólares) firmado entre a Telefônica e as autoridades americanas, com intuito de adquirir benefício próprio por meio de pagamento de hospedagens e distribuição de ingressos a representantes do governo americano em cargos estratégicos para alavancar os negócios empresariais. Além da Telefônica, a rede de restaurante Madero foi punida por diversas oportunidades em razão de vantagens indevidas em dinheiro e em alimentos a servidores públicos federais, os quais fiscalizavam as instalações em Balsa Nova e Ponta Grossa, no estado do Paraná, no Brasil. O Madero foi sancionado a efetuar o pagamento da multa correspondente a 0,1% (um por cento) do faturamento bruto de 2017, bem como de publicar extraordinariamente a sanção em jornal de grande circulação nacional, no site da própria empresa, em edital nas entradas principais de pedestres da sede e nos estabelecimentos da empresa das duas cidades paranaenses onde ocorreram os atos lesivos. A comprovação da ausência do nexo de causalidade entre a conduta e o dano é a maneira que a pessoa jurídica tem de provar que não cometeu tais atos que levam a sua responsabilização. O método que comprova essa ausência é o Programa de Integridade (Compliance) implementado e bem-sucedido. Ademais, insta mencionar que ao contribuírem com as investigações do Processo Administrativo, há uma redução da multa em até 2/3 (dois terços), sendo as multas administrativas em torno de 0,1% (um décimo de um por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo ou, caso não seja possível utilizar esse critério, a multa passa a ser de R$ 6 mil (seis mil reais) a R$ 60 milhões (sessenta milhões de reais). Independentemente do acordo de leniência e consequente redução da multa, a publicação extraordinária deverá ser realizada, gerando impacto na reputação da empresa. A obediência às normas anticorrupção são essenciais, não só pelo risco jurídico envolvido e pelas multas aplicadas, mas também por uma questão de permanência no mercado, haja vista que a publicação extraordinária impacta na reputação empresarial. Atualmente, é sabido que as empresas envolvidas com a administração pública já exigem que seus parceiros e fornecedores tenham programas de integridade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acesso em 25 de fevereiro de 2021. _______.CGU multa Madero e Vivo com base em lei anticorrupção. Seu Dinheiro, Estadão Conteúdo, publicado em 17 de outubro de 2020. Disponível em: <https://www.seudinheiro.com/2020/vivo/cgu-multa-madero-vivo-corrupcao/>.Acesso em 25 de fevereiro de 2021. COELHO, Claudio Carneiro Bezerra Pinto; JUNIOR, Milton de Castro Santos. Compliance. Apostila online. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas – FGV. ________. Telefônica é condenada a pagar R$ 45,7 milhões por dar ingressos a agentes públicos. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/16/telefonica-e- condenada-a-pagar-r-457-milhoes-por-dar-ingressos-a-agentes-publicos.ghtml>. Acesso em 25 de fevereiro de 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm https://www.seudinheiro.com/2020/vivo/cgu-multa-madero-vivo-corrupcao/ https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/16/telefonica-e-condenada-a-pagar-r-457-milhoes-por-dar-ingressos-a-agentes-publicos.ghtml https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/16/telefonica-e-condenada-a-pagar-r-457-milhoes-por-dar-ingressos-a-agentes-publicos.ghtml
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