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Resenha Raul- teorias do estado

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Resenha Temática – Teorias do Estado
DIREITO – 1° PERIODO 2020
Discentes: Julia Sabrina Peixoto De Souza 
 Manoel Corrêa da Silva Neto 
 Pedro Henrique Lima Nunes 
Docente: Marina Monica de Freitas 
Betim, MG 
2020
UM MALUCO TOTAL, NA LOUCURA GERAL
Ao analisarmos a obra “A república no Brasil”, Grangeia (2019), retrata a trajetória do cantor, produtor e compositor Raul Seixas nascido em 29 de junho de 1945, ídolo consagrado da sociedade brasileira. Assim, o autor – de forma detalha- aborda da infância à fama desse “maluco beleza” e a um dos momentos mais marcantes não só da vida de Seixas, mas também da sociedade brasileira: A ditadura militar. O grande objetivo de Grangeia, além de nos contar um pouco da bibliografia de Raul, é nos mostrar a dificuldade que tinha um artista em se expressar e ser livre para compartilhar seus pensamentos durante o período da Ditadura militar brasileira (1964-1985). Raul Seixas foi o exemplo perfeito, por que além de ter sido um cantor-compositor original, que tentava expor sua opinião abertamente ou nas entrelinhas, foi um artista que viveu do início dos “anos de chumbo”, até o final desse período tão caótico da história brasileira.
Com uma infância marcada pelo fim do Estado Novo, Raul, cresceu moldado pela paixão ao Rock, o que fez com ele não fosse um jovem muito exemplar, reprovando na escola e matando aulas para ouvir músicas, começando desde cedo a escrever suas ideias, como um verdadeiro aspirante a escritor. Foi quando, em sua juventude, integrou a um grupo de Rock, que mais tarde seria reconhecido como “The Panthers”. Nesse período o regime militar no Brasil mal se iniciava e Raul como um louco jovem apaixonado pelo Rock in Roll, aprofundou-se de cabeça no sonho de ser uma estrela, como seu ídolo Elvis Presley. Com a jovem guarda em alta no país, Raul banhou-se nesse estilo, mas “Os dias de desilusão, psiquiatra e leituras de filosofia por diletantismo foram deixados para trás quando Raul conheceu, por intermédio de Jerry Adriani, um executivo de gravadora que se impressionou com seu conhecimento musical”. (GRANGEIA apoud ADRIANI, 1997, p. 59-66). Para a infelicidade de Raul, naquela época a censura não permitia diversos versos, evitando o confronto com a autoridade imposta pelo governo, assim eram reescritos, contornando as partes “improprias”. Porém nem sempre Raul conseguira esquivar-se dos olhares fervorosos que a ditadura impunha. Em meio a isso, Raul, cometendo desobediência produziu uma gravação clandestina, o que custou seu emprego. 
Em um período de alta tensão pelo assassinato do guerrilheiro comunista Carlos Marighella, as escritas autorais do autor já apresentavam o temor do que mais tarde seria a “Ditadura Militar brasileira”. Foi nesse período caótico que Raul conhece uma figura – autor de várias de suas canções- Paulo Coelho, com características diferentes de Raul, mas com interesses semelhantes em discutir e ir bater a frente de paradigmas da sociedade, como o atual sistema político vigente e, não menos importante, padrões sociais, como o consumo exagerado, por exemplo. Em 1973 o nome de Raul Seixas foi tido como ícone do rock nacional.
 Foi nesse contexto que Raul conseguiu dialogar com a sociedade, o que foi algo fundamental, porque devido a censura era proibido ir contra os mecanismos do sistema político, assim:
 “A censura não captou a crítica ao regime no jogo de palavras do título de “Dentadura postiça” e em seus versos, iniciados com “vai cair”, “vai sair” ou “vai subir” e completados por um coro gospel enumerando sujeitos como uma estrela no céu e o preço do horror” (GRANGEIA, 2019, p.17). 
Partindo desse ponto, Raul através de sua arte e talento, buscou resistir e denunciar os males da ditadura, por meio do diálogo com outros artistas da época, como Chico Buarque e Gal Costa. Entretanto, em razão dessa oposição direta ao governo, o que não era aceitável, que Raul se viu obrigado a deixar o país, após forte repressão do governo. Grangeia deixara isso claro em sua obra: 
“Raul foi liberado, mas depois de apanhar muito, entendeu? Ele chegou em casa, eu lavei a camisa dele e lavei as costas dele, botei iodo, todo, todo, todo, todo lapeado, as costas toda [...] botaram ele para os Estados Unidos, obrigaram ele a ir, disseram que ele não podia ficar, ‘aconselharam’, ‘aconselharam’ como eles dizem: ‘aí ele sai do país’. Essas coisas todas marcam a cabeça de Raul (GRANGEIA apoud SEIXAS, M., 2014, p. 135-136)”.
Raul usava suas músicas, seus versos, como uma ferramenta de contracultura, ou seja, “fazendo da música um meio para atingir o fim” (GRANGEIA, 2019, p. 25). Sim, o fim de um regime em nada democrático. Desse modo, Raul foi tido como um perigo para o governo militar, por instigar a população e ter sua resistência com a censura, podemos afirmar, sem sombra de dúvida que ele foi um pensador de sua época, que defendia seus ideais, independente do que poderia lhe acontecer.
Com a crise do sistema ditatorial brasileiro, houve rumores sobre a possível integração de Raul à política, mas esse não era o anseio do “Maluco Beleza”. Raul, já não era mais o mesmo, devido à alguns problemas de saúde desenvolvidos pelo consumo de drogas. Além disso, como não é mais uma surpresa, Raul ainda se mantinha censurado, sua canção “Rock das aranhas” chegou ao público com um grave aviso nas capas: Censurado.
“Antes de colocar no papel um grande achado poético, consulte se existe uma palavra que não pode entre as outras da frase. Se não puder tente substituir por um sinônimo, embora o que você queria expressar fosse aquela primeira [...] Eu canto para o meu povo, porque do povo é a minha voz, se eu pertenço ao povo, somente do povo será a minha canção” (GRANGEIA apoud SEIXAS, R., 2005, p. 163).
O cantor, mesmo com tantos altos e baixos em sua carreira, todas as dificuldades impostas na época em que viveu, conseguiu deixar sua marca e que usou de seus recursos para conscientizar e lutar, do seu jeito, contra o governo que até então estava no poder e que esta marca, ainda, que está enraizada até nos dias atuais, com suas grandes composições e sua história que tiveram importantes personagens para seu desfecho. Raul faleceu em 1989, aos 44 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco, um ano que como ele foi comemorável, a queda do muro de Berlim, a eleição do presidente Collor no país (enfim, a sonhada volta da democracia), são símbolos de uma nova esperança, pelo retorno de uma sociedade marcada pelos ideais tão buscados e defendidos por Raul – a liberdade, os direitos sociais, por fim, a democracia. 
REFERÊNCIAS
GRANGEIA, Mario Luís. O roqueiro e os monstros: Raul Seixas, esoterismo e ditadura. Em: FERREIRA, Jorge; CARLONI, Karla (orgs.). A República no Brasil: trajetórias de vida entre a democracia e a ditadura. Niterói: Eduff, 2019. p. 509. Disponível em: file:///C:/Users/LINDALVA/Downloads/O_roqueiro_e_os_monstros_Raul_Seixas_eso.pdf
	
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