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AV2 CIENCIA POLITICA E TEORIA DO ESTADO

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CONCLUSÃO
Existe uma tendência a excluir a relação direta entre política e cidadania, criando uma rejeição curiosa à política e valorizando a cidadania, como se fossem termos diversos. Há um vínculo inclusive de natureza semântica entre as duas palavras, que, objetivamente, significam a mesma coisa. A noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade), e “cidadania” se baseia em um vocábulo latino correspondente, Civitatem. Embora a origem etimológica seja diferente, os dois termos propõem que pensemos na ação da vida em sociedade (ou seja, em cidade). Isso significa que não é possível apartar ou separar os conceitos.
Hoje encontramos uma série de discursos, lemas e planos pedagógicos e governamentais que falam em cidadania como se ela fosse uma dimensão superior à política. Muito se diz que a tarefa da escola é a promoção da cidadania, sem a interferência da política. Não se menciona o conceito de política, como se ele fosse estranho ao trabalho educacional, com isso, pretende-se dar à cidadania um ar de ideia nobre, honesta, de valor positivo. Sob essa ótica, política é sinônimo de sujeira, patifaria, corrupção. Claro que não é assim.
Ambas as palavras e ações se identificam. É preciso recusar a recusa do termo “política” no espaço educacional! Ainda temos essa rejeição ao conceito, como se ele pertencesse a uma área menos significativa e menos decente que a cidadania. Ora, não se deve temer a identidade dos conceitos, pois só assim é possível construir cidadania no sentido político do termo: bem comum, igualdade social e dignidade coletiva.
Assim, é necessário debater a política, e isso é debater a cidadania. Falar em política envolve também os partidos, mas não se esgota neles. É toda e qualquer ação em sociedade, portanto, toda e qualquer ação em família, em instituições religiosas e sociais, no mundo das relações de trabalho. Num momento em que nosso país caminha para um revigoramento do processo democrático, não é aceitável, porque poderá ganhar um ar conservador e até reacionário admitir que é princípio da escola “não se meter em política”. Ao contrário, é porque se meterá em política que a cidadania se reinventa. Porém, não é tarefa da escola a promoção da política partidária, porque partido ou é uma questão de foro íntimo ou deve se dar nos seus espaços próprios. É imprescindível levar esse tema para o debate no projeto pedagógico da escola, sem porém, invisibilizar o conhecimento das múltiplas posturas. Há uma diferença entre partidarizar e politizar. Mas a política, no sentido amplo de cuidar da vida coletiva e da sociedade, é, sim, obrigação escolar e componente essencial do currículo. Não pode a escola se furtar ao mundo da política, porque isso implicaria diretamente na impossibilidade da cidadania.
Entender o poder e a política não é importante somente em tempos de eleições. Nós somos seres coletivos e, portanto, políticos. O tempo todo exercemos relações de poder e as negociamos, isso chama-se política. Para explicar isso aos meus alunos, produzi a tempos atrás um texto didático. É um texto simples, voltado para a compreensão da História, mas penso que é capaz de provocar uma reflexão muito interessante sobre nosso quotidiano e nossa vida pessoal.
Se formos capazes de entender os conceitos de “poder”,  “legitimidade” e “punição”, podemos refletir sobre qual é a legitimidade de nossos governantes. Também podemos reavaliar nosso próprio papel dentro da sociedade e na nossa vida familiar, na nossa vida no trabalho e assim por diante. Por este motivo, decidi postar este texto no Blog. Será dividido para ficar em tópicos mais curtos e um tanto readaptado com observações mais amplas. Espero que seja útil a todos.
Segue a primeira parte desmembrada. Para entender a História e também o mundo em que vivemos, precisamos entender primeiro alguns conceitos básicos. Conceitos que traduzem fenômenos sociais e que, por sua vez, compõem a Historia e norteiam o funcionamento do nosso mundo.
Um dos conceitos mais importantes é o de PODER. Este conceito é estudado pela ciência política, pela sociologia, pela antropologia e também pela filosofia e psicologia. Ou seja, é estudado por diversas ciências com enfoques distintos, o que significa, em última análise, que não é um conceito simples. Mas, para efeito dos nossos estudos, mesmo não sendo um conceito muito simples vamos tentar estabelecer algumas definições menores, que sejam capazes de dar conta das nossas necessidades no momento e provocar uma reflexão mais ampla que pode ser continuada. O que seria então, de uma forma muito resumida, o poder? Poderíamos defini-lo como sendo “a capacidade que um indivíduo ou grupo de indivíduos, têm de dirigir e/ou influenciar outros indivíduos ou grupos de indivíduos”.
Alguém ou um grupo, portanto, que dirija e/ou influencie outras pessoas ou grupos, é alguém que detém poder. Por esta definição, podemos ver que o poder está em todos os lugares, em todas as instituições e em todas as esferas de nossa vida. Desde o Estado organizado até o seio de nossas famílias, passando pelas salas de aula, igrejas e clubes. Toda relação que o ser humano constrói envolve, em algum grau e de algum tipo, relações de poder. E está em todo lugar porque somos seres coletivos, vivemos em grupo e dependemos deste grupo. O ser humano não vive sozinho e tudo o que construímos até agora foi de maneira grupal.
No entanto, se temos grupos, temos uma soma de personalidades, vontades, concepções, desejos e anseios de cada indivíduo que os compõem. Para que o grupo funcione é preciso que estas características não se sobreponham aos interesses coletivos como um todo. Ou seja, é preciso que as pessoas possam agir em conjunto e em relativa concordância, caso contrário a coletividade quebra, o grupo de desfaz e os indivíduos regridem ao estado individual, o que não favorece sua sobrevivência.
É por isso, por dependermos uns dos outros e por ser necessário organizar as relações entre nós, que existem as relações de poder. Isso não quer dizer que todo poder ou toda forma de poder é boa. Muitas vezes temos relações negativas, complicadas e que geram conflitos. Via de regra, formas de poder conflituosas não se sustentam eternamente. Mas podem se manter por bastante tempo gerando uma opressão permanente. É o caso do machismo, por exemplo, que mais do que um preconceito ou um conjunto de ideias que desvaloriza a mulher, é uma relação de poder opressivo no interior da sociedade. Por milhares de anos as mulheres estiveram sujeitas e esta relação e foram e são oprimidas. Curiosamente elas acabam por reproduzir estes mesmos padrões. Interessante, não? Mas retornaremos a isso mais tarde.
Voltando a questão central, formas de poder harmônicas tendem a ser mais estáveis e satisfatórias, articulando interesses e visões de mundo diferentes. Mas a organização de formas de poder harmônicas é um desafio constante e ao mesmo tempo um processo que tem nos acompanhado no desenvolver da nossa História. Se você prestar a atenção, verá que em muitos momentos da História da humanidade, formas diferentes de organização do poder surgem. Em outros as que já existiam se reformam, transformam. As relações de poder são, portanto, mutáveis ao longo do tempo e de sociedade para sociedade.
Da mesma maneira, na esfera mais pessoal de nossas vidas, as relações de poder também são mutáveis e dinâmicas. Pode-se dizer, por exemplo, que antigamente a relação entre pais e filhos concentrava quase todo o poder nos pais. Hoje vemos um fenômeno inverso cada vez mais comum. Filhos que controlam os pais, são hoje uma realidade mais numerosa do que imaginamos. Será que isso é harmônico? Será equilibrado? Da mesma maneira, se poder também é a capacidade de influenciar, vemos uma alteração. Hoje o Estado e as Igrejas ainda influenciam, portanto exercem forma de poder. Mas existem outras instituições, como as Empresas e grandes corporações, que passam a exercer o poder de maneira cada vez mais intensa, nos influenciando em nossa maneira de pensar, através de seus valores e interessesexpressos na propaganda, e até de forma direta, alterando leis e ajudando a eleger políticos para cargos chave.
Por sua vez, isso é harmônico? Respeita os interesses e a individualidade de todos? Vamos discutir isso ao longo do texto, mas antes precisamos entender um pouco melhor o conceito de poder. Precisamos ver antes, que o poder, ou as relações de poder, só se sustentam e só se tornam duráveis se houverem duas “bases”, dois componentes que mantém a relação e a capacidade de dirigir e influenciar dos que detém o poder.

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