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Análise crítica do Conto: Como Morrem os Pobres (Now, n° 6, novembro de 1946) A humanização da relação médico-paciente, como um dos principais temas da medicina é também essencial para analisar o conteúdo apresentado no Conto “Como Morrem dos Pobres”, de George Orwell, uma vez que assim como afirma Gadamer (1994), como uma referência ao pensamento humanístico, é necessária uma maior sensibilidade diante do sofrimento do paciente. Esta proposta aspira pelo nascimento de uma nova imagem profissional, responsável pela efetiva promoção da saúde, ao considerar o paciente em sua integridade física, psíquica e social, e não somente de um ponto de vista biológico. (Caprara, 1999) O Conto é ambientado em um cenário do ano de 1929, no qual um homem, aparentemente com febre e diagnosticado com pneumonia, conta suas experiências no ambiente hostil e conturbado que era um hospital público de Paris na época. Em um primeiro momento, ao se submeter ao hospital, passou por um interrogatório e um banho, no qual levaram suas roupas e o acomodaram em um espaço com diversos outros enfermos. É extremamente interessante a contextualização desse cenário, pois caracteriza o local como sendo bem precário e cujo tratamento era desumanizado, assim como é representado no trecho: “Durante minha primeira hora no Hôpital X, eu sofrera toda uma série de tratamentos diferentes e contraditórios, mas isso era enganador, pois em geral você recebe muito pouco tratamento, seja bom ou ruim, exceto se estiver doente de um jeito interessante e instrutivo. ” Assim, é possível inferir que a relação médico-paciente sofreu diversas transformações ao longo da história da medicina, sendo que no período retratado, os enfermos eram tratados sobretudo como um espécime a ser estudado, como exemplificado no trecho: “era uma sensação muito esquisita porque ao lado do interesse deles em aprender a profissão havia uma aparente falta de qualquer percepção de que os pacientes eram seres humanos. ” Nesse viés, o Conto nos mostra que em momentos delicados em que era necessário o manuseio no paciente, muitas vezes, ele era tratado com indiferença, sem ao menos uma fala direcionada a ele e nem um olhar diretamente nos olhos. Ainda, ele poderia ser colocado em frente a diversos estudantes, ao se realizar o procedimento, tornando o momento ainda mais constrangedor. Assim, faltava, portanto, a empatia e a visão holística daquele indivíduo. Outrossim, de acordo com Caprara (2006), o médico teria que adequar sua intervenção clínica, considerando o paciente como sujeito singular ativo de sua história, levando em conta a experiência da doença, as percepções e representações do paciente de forma a desenvolver sensibilidade e capacidade de escuta que vão além da dimensão biológica. Nessa perspectiva, “ Como Morrem os Pobres” nos mostra como a relação médico-paciente precisou ser aprimorada e a importância do cuidado biopsicossocial do indivíduo, como forma de melhoria do atendimento e uma recuperação mais efetiva, pois na realidade retratada no conto, o hospital público era um local inóspito em que só aqueles que não tinham condições de se tratar em casa, submetiam-se. Fato este que não deve fazer parte da realidade atual, no qual a equidade e igualdade do cuidado devem ser para todos. Por fim, ressalta a necessidade de mudanças na formação dos profissionais, com a incorporação das humanidades na sua formação, permitindo ampliação da visão, da sensibilidade e da compreensão do objeto de seu trabalho (Caprara, 2006) Referências Bibliográficas: GADAMER, H. G., 1994. Dove si Nasconde la Salute. Milano: Raffaelo Cortina Editore CAPRARA, A. & FRANCO, A. L. S. A relação paciente-médico: para uma humanização da prática médica. Cadernos de Saúde Pública, 15(3):647- 654, 1999. CAPRARA, Andrea; FRANCO, Anamélia Lins e Silva. Relação Médico-paciente e Humanização dos Cuidados em Saúde: limites, possibilidades, falácias. Humanização dos Cuidados em Saúde: Conceitos, Dilemas e Práticas, Rio de Janeiro, p. 85-108, jan. 2006. Fiocruz.
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