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1 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira Febre, Inflamação e Infecção. QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E SEMIOLOGIA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS PULMONARES AGUDAS E CRÔNICAS EXAME PULMONAR NORMAL O exame pulmonar é dividido em inspeção (estática e dinâmica), palpação, percussão e ausculta. Inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho respiratório, como alterações da coloração da pele e mucosas, baqueteamento digital (anteriormente conhecido como hipocratismo digital, é caracterizado pelo inchaço da ponta dos dedos e alterações na unha, como alargamento da unha, aumento do ângulo entre as cutículas e a unha, curvatura para baixo da unha e amolecimento das unhas), formato do tórax, tipo de respiração, ritmo e amplitude da respiração, tiragem e utilização de musculatura acessória, expansibilidade, palpação, percussão e ausculta do tórax. INSPEÇÃO A inspeção pode ser dividida em duas partes: estática e dinâmica. ESTÁTICA Basicamente devemos olhar a aparência do tórax. Se o paciente possui desvios da coluna (escoliose – uma espécie de S; cifose – uma espécie de corcunda; e lordose – uma entrada aprofundada na coluna lombar). Além disso, no exame estático, deve-se observar a estrutura do esterno, das costelas e das vértebras, pois isso pode ser indicativo de certas alterações estruturais como: o pectus excavatum (tórax escavado ou “tórax de sapateiro”), no qual há a inversão da concavidade do esterno, ou o tórax em barril, que apresenta uma retificação das colunas vertebrais e elevação do esterno (tórax comum em enfisematosos). É importante observar também a presença de cicatrizes, de abaulamento, além de observar se há a presença de erupções cutâneas, presença de gânglios hipertrofiados, circulação colateral. DINÂMICO 2 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira A inspeção dinâmica visa a definir o padrão respiratório do paciente, podendo apresentar os seguintes padrões: → Eupneico: respiração normal sem dificuldades e com frequência normal. → Taquipnéia: respiração com frequência aumentada. → Bradipnéia: respiração com frequência diminuída. É na inspeção dinâmica que deve se observar a frequência respiratória, os ritmos respiratórios, a simetria, já que o padrão normal respiratório deve ser simétrico, e os tipos respiratórios, que são divididos em abdominal (o qual é predominante no sexo masculino e em crianças), torácico (o qual predomina no sexo feminino) e toracoabdominal. Nesse caso, para que haja o reconhecimento do tipo respiratório, deve se observar a movimentação do tórax e do abdômen de maneira atenta, com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos. Recomenda verificar a frequência respiratória do paciente em repouso, de preferência em decúbito dorsal, da forma mais discreta possível para que não haja alteração em sua frequência respiratória devido à percepção, pelo próprio paciente, de que está sendo observado (por exemplo, alguns pacientes, ao perceberem o examinador olhando fixamente para eles podem se sentir constrangidos ou nervosos, o que é capaz de causar uma elevação momentânea da frequência respiratória). Em geral, o método usado é contar os movimentos respiratórios enquanto se estima a contagem da frequência do pulso. PALPAÇÃO A realização da palpação pode ser dividida em duas fases, sendo elas: EXPANSIBILIDADE A expansibilidade pode ser normal ou diminuída (unilateral ou bilateralmente). É o exame das vibrações percebidas pela mão do examinador, encostada na parede torácica, quando o paciente emite algum som e quando inspira e expira. Deve ser realizada no ápice, na base e entre elas. Para ser realizada no ápice, deve-se colocar as mãos na base do pescoço, com os polegares juntos na região da proeminência das vértebras cervicais na pele (processo espinhoso) e os dedos sobre a região acima da escápula de cada lado. Peça para o paciente realizar movimentos inspiratórios e expiratórios profundos, devendo ambos lados estarem com expansibilidade simétrica (as duas mãos devem fazer a mesma amplitude de movimento). 3 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira Deve-se repetir o processo mais duas vezes até a base (aproximadamente até a vértebra T12). Procura-se com isso encontrar assimetrias entre os campos pulmonares (direito ou esquerdo) e entre os terços pulmonares (superior, médio e inferior). FRÊMITO TORACOVOCAL (FTV) É como se define a vibração sentida quando o paciente emite um som estridente, como quando fala “33”. Isso é importante, pois auxilia diagnóstico de processos patológicos, tais como derrame pleural ou consolidações pulmonares. Nos derrames, o frêmito se encontra diminuído devido ao fato de haver líquido entre a pleura e o pulmão, dificultando a propagação do som até a parede torácica, enquanto que, nas consolidações (uma espécie de “massa”), ex.: pneumonia ou tumor, o som se encontra aumentado, porque o meio sólido da consolidação permite maior transmissibilidade por meio da árvore brônquica. PERCUSSÃO A percussão deve ser realizada com a mão dominante, usando-se a falange distal (ponta do dedo) do terceiro dedo sobre o segundo ou terceiro dedo da outra mão, que deve estar inteiramente em contato com a pele e com os dedos bem separados. Você irá prosseguir batendo a falange contra os outros dedos realizando- se sempre a comparação entre os sons produzidos na porção de um hemitórax com a do outro hemitórax. OBS: É possível identificar quatro sons pulmonares, que só são mais fáceis de diferenciar com clareza quando tiver ouvido um som alterado e comparado com o normal. ▪ Som claro pulmonar: som da percussão do pulmão normal. Entre a macicez e o timpanismo ▪ Som timpânico: som de característico de estruturas mais "ocas", ou seja, com grande quantidade de ar no parênquima pulmonar ou na cavidade torácica, é encontrado em casos de enfisema pulmonar e de pneumotórax. ▪ Som submaciço: ocorre quando há líquido interposto entre o parênquima pulmonar e a parede torácica, como em derrames pleurais (uma espécie de líquido na camada que reveste o pulmão). ▪ Som maciço: obtido quando se percute regiões mais "densas", ou seja, quando há uma diminuição da quantidade de ar no pulmão ou em suas proximidades. Isto está presente em tumores periféricos e em pneumonias (consolidação). Você irá sentir que está percutindo algo sólido. A percussão pode apresentar certas alterações que não determinam estados patológicos. É importante ressaltar que abaixo do sexto espaço intercostal direito é possível encontrar um som maciço que corresponde ao fígado (principalmente quando a percussão é executada na porção anterior do tórax). AUSCULTA Para a ausculta, devemos pedir ao paciente que realize inspirações e expirações profundas com a boca entreaberta, sem realizar barulho, uma vez que isso pode gerar alguns ruídos adventícios 4 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira (sons anormais e não esperados num exame normal). Assim como na percussão, deve-se realizar uma comparação entre duas regiões simétricas do hemitórax, indo do ápice até a base, em pelo menos 4 pontos. Os sons respiratórios normais podem ser classificados como: som traqueal, respiração brônquica e murmúrios vesiculares. Os murmúrios vesiculares são o som normal escutado no pulmão. Representa o som causado pela entrada e saída de ar dos pulmões. Pode estar ausente ou diminuído (se houver algo que obstrua seu caminho, ou ainda impeça que o ar entre e saia do pulmão). Em situações patológicas é possível auscultar ruídos adventícios (sons anormais), indicativos,cada um deles, de certas alterações. Os principais podem ser classificados em: → Estertores finos (crepitações): são tipos de sons nítidos e descontínuos semelhantes ao friccionar dos cabelos (Faça o teste: friccione os cabelos uns nos outros, próximo à orelha e use sua imaginação. Parece o som do abrir de um “velcro”). São gerados quando o ar entra em um alvéolo pulmonar que contenha líquido (Ex.: pneumonia, edema pulmonar). Ocorrem no final da inspiração. → Estertores grossos: são menos agudos e duram mais do que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Têm origem na abertura e fechamento de vias aéreas contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas, sendo comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. → Roncos: são ruídos longos, graves, gerados pelo turbilhão aéreo que se forma com a movimentação de muco e de líquido dentro da luz das vias aéreas (geralmente brônquios de grosso calibre). Indicam asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Aparecem na inspiração e, com maior frequência, na expiração. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curtos períodos de tempo. → Sibilos: Um assobio agudo durante a respiração. Os sibilos acompanham as doenças que levam à obstrução de fluxo aéreo. Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, 5 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica toda como acontece na asma e na bronquite (DPOC). O sibilo apresentase como uma espécie de “miado de gato” ou “apito de chaleira”. → Estridor: o estridor pode ser considerado como um tipo especial de sibilo, com maior intensidade na inspiração, audível à distância, e que acontece nas obstruções altas da laringe ou da traquéia, fato que pode ser provocado por laringites agudas, câncer da laringe e estenose da traquéia. doença pulmonar aguda (DRA). EXAMES COMPLEMENTARES NA AVALIAÇÃO DE VIAS AEREAS Os objetivos dos exames são diagnosticar doenças pulmonares, determinar as causas e avaliar a gravidade. Com frequência, são pedidos gasometria arterial, para avaliar os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue, teste de função pulmonar e radiografias ou tomografia computadorizada para examinar a estrutura dos pulmões. O raio X O exame procura fraturas nos ossos e também ajuda a identificar males como a pneumonia, por meio do raio-x de tórax. Mas há outras indicações, como a avaliação de doenças agudas na região do abdômen, de inflamações a infecções, e do comprometimento do pulmão e das vias aéreas superiores. Uma radiografia do tórax ou Raio X (RX) do tórax é um exame que serve para auxiliar o médico no diagnóstico ou avaliação da reposta aos tratamentos em várias patologias (doenças), como por exemplo a pneumonia, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), fraturas, entre outros. O tórax é a região anatómica situada entre a região do pescoço (cervical) e o abdómen, sendo separada desta última pelo diafragma (músculo interno) e vulgarmente conhecida como a região do “peito”. Na radiografia do tórax, os ossos (costelas, vértebras da coluna, …) surgem a branco (os ossos são mais densos), por sua vez os pulmões, como estão preenchidos essencialmente por ar, aparecem mais escuros. LEMBRETE: • Radiografia do tórax – Para avaliar a estrutura dos pulmões e a cavidade torácica. • Tomografia computadorizada – Para uma avaliação mais detalhada da estrutura pulmonar. • Ressonância magnética – Visão detalhada dos órgãos e dos vasos do tórax. • Ultrassonografia – Para detectar líquido na cavidade pleural • Cintilografia pulmonar – Para detectar embolia pulmonar e, raramente, para avaliar a eficácia do tratamento de câncer de pulmão. • Tomografia por emissão de pósitrons – Para diagnosticar câncer de pulmão. EXAMES LABORATORIAIS • Gasometria arterial - Uma amostra de sangue arterial é colhida para avaliar o pH, o oxigênio e o dióxido de carbono. • Hemograma - Para pesquisar anemia. https://labtestsonline.org.br/glossary/pleura https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/gasometria https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/cbc https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/anemia 6 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira • Exames para fibrose cística (pesquisa de genes da fibrose cística , cloreto no suor, tripsinogênio no sangue, tripsina nas fezes) – Para pesquisar mutações e diagnosticar fibrose cística • Alfa-1 antitripsina – Para verificar se há deficiência. • Cultura de escarro – Para diagnosticar infecções bacterianas pulmonares. • Pesquisa e cultura de bacilos álcool-ácido resistentes – Para diagnosticar tuberculose e micobacterioses atípicas • Hemocultura – Para diagnosticar disseminação no sangue de infecções por bactérias ou fungos. • Influenza – Para diagnóstico de gripe. • Biópsia pulmonar – Para avaliar lesões e pesquisar câncer de pulmão. • Citologia do escarro – Para pesquisar alterações e células cancerosas. • Testes de maturidade pulmonar fetal – Podem incluir relação lecitina/esfingomielina, fosfatidilglicerol, índice de estabilidade da espuma do líquido amniótico, contagem de corpos lamelares no líquido amniótico. São usados para verificar a maturidade fetal e o risco de sofrimento respiratório do recém-nascido antes de um parto cesariano ou um trabalho de parto prematuro. • Dosagens de drogas – Para avaliar abuso de drogas, que pode causar sofrimento respiratório em adultos. TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR Os testes mais comuns são: • Espirometria – Mede a quantidade de ar expirado enquanto o paciente sopra em um tubo. Útil para avaliar vias aéreas estreitadas. • Medidor de pico de fluxo expiratório – Mede a velocidade da expiração. Pode ser usado em casa para monitorar pacientes com asma. • Volumes pulmonares – Medem o volume máximo de ar nos pulmões e o volume restante após a expiração. Avaliam a elasticidade dos pulmões, os movimentos da caixa torácica e a força dos músculos respiratórios. • Capacidade de difusão do monóxido de carbono – Mede a transferência de uma pequena quantidade de monóxido de carbono dos alvéolos para o sangue. OUTROS EXAMES • Eletrocardiograma – Para examinar o ritmo cardíaco e determinar se uma doença cardíaca está afetando a respiração. • Estudos do sono – Realizados em centros especiais para determinar se uma pessoa respira normalmente durante o sono (polissonografia). DOENÇAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS (DRA) E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÔNICAS (DRC) As doenças respiratórias são condições que acometem desde as vias aéreas superiores até as inferiores. O quadro pode ser agudo ou crônico, mas, independentemente da duração, essas doenças causam grande incômodo ao paciente, visto que a respiração é uma função vital para a sobrevivência. https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/cf-gene https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/sweat-chloride https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/sweat-chloride https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/trypsinogen https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/trypsin https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/cystic-fibrosis https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/alpha1-antitrypsin https://labtestsonline.org.br/glossary/bacterium https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/afb-culture https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/tuberculosis https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/ntm https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/blood-culture https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/fluhttps://labtestsonline.org.br/glossary/biopsia https://labtestsonline.org.br/glossary/cytology https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/drug-abuse https://labtestsonline.org.br/glossary/ekg https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/heart https://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/heart 7 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira Doenças respiratórias agudas (DRA): abrangem amplo espectro de eventos mórbidos de diferentes etiologias e de distinta gravidade que comprometem o trato respiratório. Suas principais manifestações clínicas são tosse, dificuldade respiratória, dor de garganta, corrimento nasal e dor de ouvido. As DRA podem ser doenças infecciosas (resfriado comum e pneumonias, por exemplo) ou não infecciosas, cuja origem nem sempre é possível distinguir. Doenças respiratórias crônicas (DRC): são doenças crônicas tanto das vias aéreas superiores como das inferiores. A asma, a rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são as DRC mais comuns. A definição clássica de sintomático respiratório é o indivíduo que apresenta tosse, associada ou não a outra alteração respiratória, por algumas semanas. Esse conceito se aplica tanto a adolescentes quanto a adultos. Recomenda-se a realização de baciloscopia direta do escarro para confirmar ou excluir tuberculose pulmonar nas pessoas que tossem por mais de três semanas, se não têm justificativa clara para o sintoma. Nas crianças, para as quais não há consenso sobre a definição de sintomático respiratório, a presença de tosse por três meses e/ou sibilância (uma semana/mês) e/ou com radiografia de tórax com alteração persistente é sugestiva de doença respiratória crônica. ASMA Condição em que as vias aéreas de uma pessoa ficam inflamadas, estreitas e inchadas, além de produzirem muco extra, o que dificulta a respiração. A asma pode ser leve ou interferir nas atividades diárias. Em alguns casos, pode levar a um ataque com risco de vida. A asma pode causar dificuldade para respirar, dor no peito, tosse e respiração ofegante. Às vezes, os sintomas podem aparecer repentinamente. Geralmente pode ser controlada com inaladores de resgate, que tratam os sintomas, e inaladores de controle (esteroides), que os previnem. Os casos graves podem exigir inaladores de ação prolongada que mantêm as vias aéreas abertas, bem como esteroides orais. É caracterizada por três componentes distintos: 1. episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas, que regridem espontaneamente ou como resultado do tratamento; 2. resposta broncoconstritora exagerada a estímulos que têm pouco ou nenhum efeito nos indivíduos não asmáticos, um fenômeno conhecido como hiper-responsividade das vias aéreas; 3. inflamação das vias aéreas, definida por uma variedade de critérios. Embora a obstrução das vias aéreas seja quase sempre reversível, atualmente acredita-se que, em algumas situações, as alterações nas vias aéreas asmáticas podem se tornar irreversíveis. EPIDEMIOLOGIA 8 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira A asma é um transtorno extremamente comum, que afeta meninos mais comumente que meninas e, após a puberdade, mulheres com uma frequência discretamente maior que os homens. Embora na maioria dos casos tenha início antes dos 25 anos de idade, a asma pode se desenvolver em qualquer época durante toda a vida. A prevalência mundial de asma aumentou mais de 45% desde 1970. Os maiores aumentos na prevalência da asma ocorreram em países que recentemente adotaram um estilo de vida “industrializado”. Dados de muitas fontes agora mostram que crianças criadas em um ambiente de agricultura tem um risco muito menor de asma do que as criados em um ambiente urbano; as exposições específicas responsáveis pela diminuição da doença não são conhecidas. A asma é uma das razões mais comuns para buscar tratamento médico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A crise asmática pode ser desencadeada por vários fatores. O doente ou quem cuida dele deve observar o que costuma desencadear a crise, para melhorar a eficácia das medidas preventivas. Entre os fatores desencadeantes mais comuns estão: a poeira doméstica – que contém ácaros (minúsculos aracnídeos capazes de liberar substâncias prejudiciais ao organismo humano), pelos e penas de animais, alérgenos (qualquer agente que cause alergia), alimentos, fumaça de cigarro, cheiros fortes, infecções provocadas por vírus, mudanças bruscas de temperatura e fatores emocionais. A exposição constante a agentes desencadeantes pode levar a surtos asmáticos progressivamente mais intensos e frequentes. Isso pode ocorrer, por exemplo, com os portadores da chamada asma ocupacional, provocada pela inalação sistemática de determinadas substâncias presentes no ambiente de trabalho. Os sintomas mais comuns são: falta de ar (dispnéia), tosse persistente e chiado no peito. A sensação de aperto no peito, ao acordar, pode significar uma manifestação da chamada asma noturna. A intensidade e a freqüência dos sintomas variam de pessoa para pessoa. A tosse – às vezes, o único sintoma da asma, principalmente em crianças, geralmente piora à noite. Ela também pode se agravar e, nesse caso, até ser seguida de vômito, após atividades físicas mais intensas ou no caso de alguma infecção. Há fases em que os sintomas da doença se intensificam: são as chamadas crises asmáticas. RINITE ALÉRGICA RINITE A rinite alérgica é uma inflamação das mucosas do nariz, caracterizada pela reação imunológica do corpo a partículas inaladas que são consideradas estranhas (chamadas de alérgenos). Os principais sintomas são obstrução nasal, coriza, espirros e coceira no nariz. É a inflamação aguda ou crônica, infecciosa, alérgica ou irritativa da mucosa nasal, sendo os casos agudos, em sua maioria, causada por vírus, ao passo que os casos crônicos ou recidivantes são geralmente determinados pela rinite alérgica, induzida pela exposição a alérgenos, que, após sensibilização, desencadeiam resposta inflamatória mediada por imunoglobulina E (IgE). Como toda afecção alérgica, ela pode apresentar duas fases. A primeira, chamada imediata, 9 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira ocorre minutos após o estímulo antigênico e a segunda, denominada fase tardia ou inflamatória, ocorre quatro a oito horas após o estímulo. Os sintomas mais comuns são rinorreia aquosa, obstrução ou prurido nasal e espirros em salvas. Muitas vezes acompanham sintomas oculares como prurido, hiperemia conjuntival e lacrimejamento. Esses sintomas podem melhorar espontaneamente. Nos casos crônicos, pode ocorrer perda do paladar e do olfato. Os principais alérgenos ambientais desencadeantes e/ou agravantes da rinite são os ácaros da poeira domiciliar, barata, os fungos, epitélio, urina e saliva de animais (cão e gato). Os principais irritantes inespecíficos são a fumaça do cigarro e compostos voláteis utilizados em produtos de limpeza e construção, desencadeando os sintomas por mecanismos não imunológicos. PNEUMONIA Constitui uma distinção útil separar as pneumonias, que são infecções do parênquima pulmonar e assim distintas de infecções limitadas à traqueia ou grandes brônquios, entre aquelas adquiridas na comunidade (pneumonia adquirida na comunidade) e aquelas originadas em contextos de instituições, sendo este grupo composto da pneumonia hospitalar, pneumonia associada ao ventilador e pneumonia associada ao tratamento de saúde. Por si só, o termo pneumonia inclui outras causas de inflamação dos espaços aéreos das vias respiratórias inferiores, particularmente dos alvéolos como a pneumonia eosinofílica aguda ou crônica, a pneumonia em organização criptogênica e a pneumonia intersticial usual. As variedadesde pneumonia existem porque a doença pode ser causada por diferentes tipos de bactéria. Diferente de outras infecções ou doenças causadas por vírus e bactérias, não se pega a pneumonia de forma fácil, sendo que o contágio é um pouco mais complicado. EPIDEMIOLOGIA A pneumonia é uma das principais causas de morte em todo o mundo e a mais comum doença infecciosa letal. A taxa de mortalidade associada à pneumonia adquirida na comunidade varia de menos de 5% em pacientes ambulatoriais com acometimento leve a algo mais que 12% em pacientes que são admitidos em um hospital. A mortalidade é ainda maior em pacientes que têm doença invasiva grave, que, muitas vezes, é associada à bacteremia, e em pacientes idosos institucionalizados. A mortalidade da pneumonia pode exceder 40% em pacientes que necessitam de tratamento na unidade de terapia intensiva (UTI). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A possibilidade de pneumonia deve ser considerada em qualquer paciente com novos sintomas respiratórios, incluindo tosse, expectoração ou dispneia, particularmente quando esses sintomas são acompanhados de febre ou anormalidades no exame físico do tórax, como roncos e estertores. 10 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira A apresentação inicial é frequentemente mais sutil em pacientes idosos ou que tenham um estado imune alterado; nesses pacientes, sintomas inespecíficos, como perda de apetite, confusão mental, desidratação, agravamento dos sintomas ou sinais de outras enfermidades crônicas, podem ser as manifestações iniciais da pneumonia. A pneumonia é cada vez mais prevalente em pacientes com comorbidades específicas, que incluem tabagismo, doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes melito, malignidade, insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, uso de substâncias narcóticas e bebidas alcoólicas e doença hepática crônica. Os sintomas e os sinais na apresentação frequentemente variam de paciente para paciente e não podem ser confiavelmente usados para estabelecer um diagnóstico específico (microbiológico). O médico precisa ter em mente os diagnósticos diferenciais que podem mimetizar a apresentação de pneumonia, como a embolia pulmonar, carcinoma broncogênico e bronquioloalveolar, doenças pulmonares induzidas por drogas e doenças pulmonares intersticiais idiopáticas. 11 Semiologia, Exames complementares, Epidemiologia, etiologia de doenças pulmonares | Larissa Gomes de Oliveira REFERÊNCIAS BARROS, A. L. B. L, ET al. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. 2º Ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 440p.
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