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Daniel Dantas – Exame da Cabeça e Pescoço EXAME DA CABEÇA E PESCOÇO 1. INTRODUÇÃO · Existem centenas de patologias associadas a cabeça e pescoço e reconhecer a semiotécnica desse exame físico é imprescindível para qualquer médico. Veremos a seguir como realizar um exame físico estruturado. 2. SEMIOTÉCNICA DA CABEÇA · O exame físico da cabeça contempla as seguintes estruturas: · Crânio · Couro cabeludo · Face · Olhos · Nariz e cavidades paranasais · Orelha e pavilhão auricular · Boca 2.1 CRÂNIO · Na parte do crânio, você deve se atentar a forma, volume, postura, movimentos involuntários, abaulamentos, retrações e deformidades. · Realize a inspeção e palpação. Exemplo: Crânio simétrico sem deformidades, abaulamentos ou retrações. 2.2 COURO CABELUDO · Na parte do couro cabeludo, você deve se atentar a sensibilidade, temperatura, alterações de cor e textura, presença de lesões e cicatrizes. · Realiza a inspeção e palpação. Exemplo: Couro cabeludo sem alterações de sensibilidade, temperatura, cor e textura. Ausência de cicatrizes. 2.3 FACE · Na parte da face, você deve se atentar a pele, simetria, deformidades e sensibilidade. Exemplo: Fácies atípica sem alterações de sensibilidade, cor, textura e forma. 2.4 OLHOS · Os olhos não devem ser examinados como órgãos isolados, como se nada tivessem a ver com o restante do organismo. Doenças oculares podem refletir no restante do organismo e vice-versa. · Avalie a quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras, cílios, fenda palpebral, aparelho lacrimal, globos oculares, conjuntivas, acuidade visual, campo visual, reflexos oculomotores e fundo de olho. Exemplo: Quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras e cílios dentro da normalidade. Ausência de hiperemia ou lesões oculares. Acuidade visual e campo visual preservados, pupilas isocóricas, reflexo fotomotor direto, consensual e de acomodação presentes. Fundo de olho: nervo óptico róseo, de limites bem definidos, área macular brilhante, fina, de coloração homogênea e vasos de limites nítidos, com calibre homogêneo. 2.5 NARIZ E CAVIDADES PARANASAIS · Avalie o tamanho, forma, cor, mucosa, aspecto do vestíbulo, secreções e sensibilidade. Exemplo: Nariz e cavidades paranasais sem alterações da forma, cor, mucosa. Ausência de lesões. 2.6 ORELHA EXTERNA E PAVILHÃO AURICULAR · Avalie o tamanho, forma, integridade e implantação. Exemplo: Sem alterações da forma, integridade e implantação. 2.7 BOCA · Avalie a mucosa, palato, assoalho, orofaringe, tonsilas, umidade, coloração, presença de lesões e dentição. Exemplo: Boca sem alterações da forma e com integridade mucosa, língua, palato, assoalho, orofaringe e tonsilas. Dentição completa em bom estado de higiene e conservação. 3. SEMIOTÉCNICA DO PESCOÇO · O exame físico do pescoço contempla a avaliação geral (musculatura, postura, movimentação, batimentos ectópicos, volume, forma, simetria, tumores, avaliação da coluna cervical), além da avaliação específica das seguintes estruturas: · Linfonodos · Tireoide · Vasos cervicais 3.1 LINFONODOS · Realizar a palpação e inspeção, avaliando tamanho, aderência a planos profundos e superficiais, localização, simetria, consistência, coalescência, sensibilidade e alterações da pele ao redor. Exemplo: Adenomegalia única palpável em região cervical anterior com cerca de 1 cm no seu maior diâmetro, móvel, fibroelástica, não aderida a planos profundos, indolor e sem alterações da pele circunjacente. 3.2 TIREOIDE · Realize a inspeção, palpação e ausculta. Exemplo: Tireoide não visível, não palpável e sem sopros. 3.3 VASOS CERVICAIS · Realizar a palpação e ausculta das carótidas. Avaliar a presença de turgência jugular. Exemplo: Carótidas palpáveis bilateralmente, simétricas e sem sopros. Ausência de turgência jugular aos 45 graus. 3.4 EXAME DAS CADEIAS LINFONODAIS Anatomia das cadeias linfáticas: · Ao longo da região cervical existem diversas cadeias de linfonodos · Cada órgão cervicofacial possui sua drenagem para um grupamento específico de linfonodos, de acordo com sua anatomia · Existe uma classificação padrão para as cadeias linfonodais. Nessa classificação, os linfonodos são subdivididos em grupos, que são nomeados e numerados: · Submentonianos – Nível I · Submandibulares – Nível I · Jugular alto – Nível II · Jugular médio – Nível III · Jugular baixo – Nível IV · Trígono posterior – Nível V · Compartimento anterior – Nível IV Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 Irrigação dos gânglios linfáticos: · Occipital e auricular: couro cabeludo, pavilhão da orelha e ouvido interno · Submaxilares, amigdalianos e submentonianos: orofaringe, língua, lábios, dentes e glândulas salivares · Cervicais profundos e supraclaviculares: órgãos intratorácicos e intra-abdominais Semiotécnica da palpação de linfonodos e cadeias linfáticas a serem palpadas: · Cadeias a serem palpadas: · Pré-auricular Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Retroauricular Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Subocciptal · Submentoniana Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Submaxilar Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Cervical anterior Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Cervical posterior Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 · Supraclavicular · Semiotécnica da palpação de linfonodos: · Paciente sentando e examinador posicionado atrás dele · Não existe uma ordem específica para avaliar as regiões. Padronize com o seu gosto · Pode-se palpar os lados simultaneamente ou separadamente · Utilize as polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e anelar · Apoie os polegares sobre o trapézio do paciente · Para palpar as cadeias cervicais, mobiliza a cabeça do paciente para o lado que deseja avaliar · As palpar os linfonodos submandibulares, não os confunda com as glândulas salivares Avaliação dos linfonodos e descrição: Durante a palpação dos linfonodos, avalie as seguintes características: · Localização: descrever conforme as regiões ou níveis cervicais e faciais conhecidos Exemplo: Linfonodo retroauricular, linfonodo localizado no nível cervical V a aproximadamente 2 cm do músculo do trapézio. · Número: especificar a quantidade, sempre que possível. Quando não o for, especificar se é único ou múltiplos Exemplo: Linfadenopatia generalizada em região cervical. · Dimensões: preferencialmente, registrar as 3 dimensões. Quando não o for, registrar ao menos o maior diâmetro Exemplo: Linfonodo medindo 2 cm. · Superfície: especificar se os contornos são regulares ou irregulares · Consistência: especificar se encontra-se fibroelástica (normal), amolecida, endurecida, pétrea, etc · Mobilidade: especificar se são móveis ou fixos (aderidos a planos profundos) · Sensibilidade: avaliar se durante a manipulação o paciente manifesta dor. Sempre questionar a presença de dor antes da manipulação · Coalescência: quando fores múltiplos, especificar se os linfonodos se encontram independentes ou coalescentes · Relação com a pele adjacente: especificar se existe comprometimento da pele ao redor, como hiperemia, hipertermia, ulceras, fistulas, etc 3.5 EXAME DA TIREOIDE · O exame físico da tireoide compreende a inspeção, palpação e ausculta. Inspeção: Com exceção de paciente muito emagrecidos, a tireoide normalmente não é visível. Para que você consiga ver melhor, o paciente deve está sentado, estendendo a cabeça para trás e solicitando que o mesmo degluta. É esperado que ela se desloque para cima no momento em que você o pede para deglutir. No aumento difuso da glândula, as duas faces laterais e a anterior do pescoço ficam uniformemente abauladas. Palpação: A glândula tireoide é palpável em muitos indivíduos normais, com cerca de 3 a 5 cm no sentindo vertical e com istmo com aproximadamente 0,5 cm. · Passo 1 – Localização da glândula: · Para localizar a tireoide, use como referencial anatômico as cartilagens tireoide e cricoide, tenho em vista que o istmo encontra-se anatomicamente abaixo da cartilagem cricoide · Passo 2 – Palpação da tireoide: · Paciente sentado · Examinador em pé atrás do paciente· Solicita-se que o paciente fleta a cabeça para o lado a ser examinado a fim de relaxar o musculo esternocleidomastóideo · Posicione os dedos indicador e médio homolaterais ao lobo examinado para explorá-lo · Posicione o polegar homolateral atrás do pescoço · Para sensibilizar a manobra, pode-se pressionar um dos lobos da tireoide enquanto se examina o lobo contralateral. Essa manobra impulsiona o lobo para frente, facilitando a palpação · Repita a manobra no outro lobo · Solicita-se que o paciente degluta Fonte: Manual de Semiologia Médica, 2020 Ausculta: A ausculta da tireoide ficará restrita a paciente com tireotoxicose, já que o aumento de fluxo sanguíneo na região poderá determina a ocorrência de sopros sobre a glândula, associados ou não a presença de frêmitos.
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