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Manual do Exame físico

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0 
 
 
2019 
GABRIEL VELOSO CUNHA 
KARINA CRISTINA SANTOS LOPES DE MORAES 
ROSALVO STREIT JÚNIOR 
CAMILA DE OLIVEIRA PARREIRA 
 
 
 
Universidade Católica de 
Brasília - UCB 
Manual de Exame Físico para o 
Estudante de Medicina 
ISBN 978-85-60485-91-8 
 
 
GABRIEL VELOSO CUNHA 
KARINA CRISTINA SANTOS LOPES DE MORAES 
ROSALVO STREIT JÚNIOR 
CAMILA DE OLIVEIRA PARREIRA 
 
 
 
 
 
 
Manual de Exame Físico para 
o Estudante de Medicina 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
Universidade Católica de Brasília – UCB 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB) 
Bibliotecária Sara Mesquita Ribeiro CRB1/2814 
 
 
 
 
 
M294 Manual de exame físico para o estudante de medicina [recurso 
eletrônico] / Gabriel Veloso Cunha ... [et al.]. – 1. ed. – Brasília : 
Universidade Católica de Brasília, 2019. 
 
Ao alto do título: Gabriel Veloso Cunha, Karina Cristina Santos 
Lopes de Moraes, Rosalvo Streit Júnior, Camila de Oliveira Parreira. 
Disponível em: <https://ucb.catolica.edu.br>. 
ISBN 978-85-60485-91-8 
 
1. Manual. 2. Exame físico. 3. Medicina. I. Cunha, Gabriel Veloso. 
 
CDU 616(035) 
 
 
AUTORES 
 
Gabriel Veloso Cunha 
Aluno do décimo semestre da graduação em Medicina na Universidade Católica de Brasília (UCB), atuando 
como Representante de Turma por 3 semestres consecutivos. Autor de 15 artigos publicados em revistas 
nacionais e internacionais, tais como International Journal of Exercise Science, Sports, Clinical & 
Biomedical Research, MEDICINA (FMUSP-RP), Brasília Médica, dentre outras. Possui 5 premiações em 
congressos da área médica, 2 na categoria “melhor apresentação oral” e 3 na categoria “melhor banner”. 
Indicado ao “Prêmio de Melhor Iniciação Científica da área de Ciências da Vida no Distrito Federal” em 
2017, recebendo menção honrosa pela indicação. Autor do tópico sobre Rabdomiólise no primeiro 
capítulo do livro "Programas de condicionamento extremo: riscos versus benefícios" (Tibana RA et al. 
Editora Manole, 2017). Quarto ano de iniciação científica em andamento no Programa de Pós-Graduação 
em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, com financiamento do CNPq, sob orientação do 
Prof. Dr. Ramires Tibana e Prof. Dr. Jonato Prestes. Revisor de periódico, convidado pelos comitês 
editoriais, da “Revista Brasileira de Ciência e Movimento” (RBCM) e da “Revista Brasileira de Fisiologia do 
Exercício” (RBFE). Participou de 3 ligas acadêmicas, como: “diretor de pesquisa e extensão” e “diretor de 
ensino”. Atuou como monitor das disciplinas de Bioquímica, Fisiologia Básica, Fisiologia Clínica, 
Semiologia, Neuroanatomia e Oftalmologia. 
 
Karina Cristina Santos Lopes de Moraes 
Aluna do nono semestre da graduação em Medicina na Universidade Católica de Brasília (UCB). Diretora 
de Ensino da Liga do Coração da Universidade Católica de Brasília (LiCor-UCB). Foi membro da Liga de 
Saúde Vascular do Distrito Federal (LSV-DF) e da Liga de Hematologia da Universidade Católica de Brasília 
(LiHema-UCB). Foi também monitora das disciplinas de Anatomia, Microbiologia, Semiologia e Clínica 
Médica. 
 
Rosalvo Streit Júnior 
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pós-graduado em Gestão 
da Comunicação nas Organizações pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Atualmente, é 
acadêmico do décimo semestre da graduação em Medicina na Universidade Católica de Brasília (UCB) e 
diretor de Ensino da Liga de Otorrinolaringologia do Distrito Federal (LiorL), filiada à Associação Brasileira 
de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Também é membro de um Programa de Educação 
Tutorial (PET) sobre rastreamento de doenças crônicas entre moradores do Areal, bairro de Brasília (DF). 
Foi monitor das disciplinas de Bioquímica, Fisiologia Clínica e Semiologia. 
 
Camila de Oliveira Parreira 
Aluna do nono semestre da graduação em Medicina na Universidade Católica de Brasília (UCB). Graduada 
em Enfermagem pela Universidade de Brasília (UnB), trabalhando como Enfermeira no box de emergência 
do Centro de Pronto Atendimento do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2013. Presidente da Liga 
do Coração da Universidade Católica de Brasília (LiCor-UCB) e membro da Liga de Emergência e Trauma 
da Universidade Católica de Brasília (LET-UCB). Membro-fundador da Liga de Cirurgia Geral da 
Universidade Católica de Brasília (LACIRG-UCB). Participou dos projetos de extensão "Cuidando dos Idosos 
e de seus cuidadores no Centro de Medicina do Idoso no HUB" e "Sala de Acolhimento ao Idoso no Centro 
de Saúde do Paranoá" e "Hiperdia". Participou do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-
Saúde/GraduaSus UCB) por 1 ano, atualmente como voluntária do PET/Saúde Interprofissionalidade (ciclo 
2019-2020). Participante do projeto de pesquisa "Avaliação do risco de morte súbita de etiologia 
cardiovascular em estudantes de Medicina". Possui 2 artigos publicados em revistas científicas, mais de 
10 trabalhos apresentados em congressos, sendo 3 premiados com menção honrosa. Foi monitora das 
disciplinas de Parasitologia, Tópicos Avançados em Promoção da Saúde, Histologia Sistêmica, Fisiologia 
Clínica, Semiologia e Práticas em Cardiologia. 
 
 
 
 
 
COLABORADORES 
 
Carlos Bernardo Tauil 
Professor da Universidade Católica de Brasília (UCB). Mestrado em Neurologia pela Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Mestrado em Neuroimunologia pela Universidade 
Autónoma de Barcelona, Espanha. Residência Médica em Neurologia pelo Hospital do Servidor Estadual 
de São Paulo. Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de Brasília (UnB). 
 
Liana Lauria Pires 
Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia. Especialização e Residência médica pela 
Universidade Federal da Bahia. Mestrado em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília e doutorado 
em Patologia Molecular também pela Universidade de Brasília. Professora Adjunta IV, aposentada, no 
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Tem experiência 
nas áreas de Medicina geral, com ênfase em Semiologia Médica, Clínica Médica, Doenças Infecciosas e 
Parasitárias, atuando principalmente nos seguintes temas: Doença de Chagas e Parasitoses (Protozoários 
e Helmintos). Professora do Curso de Medicina da Universidade Católica de Brasília nas disciplinas de 
Semiologia e Doenças Infecciosas e Parasitárias. 
 
Igor Alexandre Protzner Morbeck 
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (1997). Residência Médica em 
Oncologia Clínica pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte-MG (2001). Mestre em Ciências pela 
Fundação Antônio Prudente - São Paulo - SP. Título de Especialista em Cancerologia pela Associação 
Médica Brasileira (AMB). Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica - Regional do Distrito 
Federal (2011-2013). Professor da disciplina de Semiologia da Universidade Católica de Brasília. 
Oncologista Clínico Titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês - Unidade Brasília Membro 
Titular da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica 
(SBOC). Membro Titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Européia de 
Oncologia (ESMO). Membro Titular da Associação Internacional de Estudo do Câncer de Pulmão (IASLC). 
 
Nadja Nobrega de Queiroz 
Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília. Residência Médica em Cirurgia Geral e 
Coloproctologia, ambas no Hospital Universitáriode Brasília. Mestrado em Ciências Médicas pela 
Universidade de Brasília. Professora do curso de Medicina da Universidade Católica de Brasília e Médica 
da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. 
 
Suzete Mendes 
Professora de Clínica Médica da Universidade Católica de Brasília (UCB). Especialista em Clínica Médica e 
Pneumologia. Preceptora do Programa de Residência em Clínica Médica do Hospital Regional de 
Taguatinga-DF de 1985 a 2009. Responsável pela Enfermaria de Pneumologia do Hospital Regional de 
Taguatinga até 2009. 
 
Denise Nogueira da Gama Cordeiro 
Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília (1975). Residência Médica em Pediatria no Hospital 
de Base de Brasília (1977). Mestrado em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (2007). Medica 
do Ministério da Saúde (1977-1998). Médica da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (1978-
2008). Atualmente é Professora da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília (UCB). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução .................................................................................................. Página 07 
Gabriel Veloso Cunha 
Ectoscopia ................................................................................................... Página 08 
Gabriel Veloso Cunha 
Denise Nogueira da Gama Cordeiro 
Cabeça e Pescoço ....................................................................................... Página 16 
Karina Cristina Lopes de Moraes 
Igor Alexandre Protzner Morbeck 
Tórax ........................................................................................................... Página 23 
Rosalvo Streit Júnior 
Suzete Mendes 
Abdome ...................................................................................................... Página 34 
Gabriel Veloso Cunha 
Nadja Nobrega de Queiroz 
Cardiovascular ............................................................................................ Página 42 
Camila de Oliveira Parreira 
Liana Lauria Pires 
Neurológico Geral ....................................................................................... Página 57 
Gabriel Veloso Cunha 
Carlos Bernardo Tauil 
Neurológico Pares Cranianos ..................................................................... Página 72 
Karina Cristina Lopes de Moraes 
Carlos Bernardo Tauil 
 
 
 
 
 
 
7 
INTRODUÇÃO 
 
É comum que estudantes de medicina apresentem receio e apreensão no seu primeiro contato 
com a semiologia. Além de ser uma das primeiras oportunidades de interação direta com 
pacientes, há uma demanda de que sejam dominados conteúdos extensos como epônimos, 
termos clínicos e técnicas de exame físico. Apesar das características heterodoxas da semiologia 
médica, esta ciência é fascinante e essencial para o bom exercício da profissão. Afinal, dentre os 
grandes clichês que cerceiam a insatisfação de pacientes está o clássico “o médico sequer me 
examinou”. 
O exame físico é um importante recurso a ser utilizado pelo médico, uma forma de 
complementar a anamnese, direcionar hipóteses diagnósticas e avaliar a necessidade de exames 
complementares. A presença de um sinal característico pode ser um estímulo para o profissional 
considerar uma doença específica e permitir o diagnóstico precoce, muitas vezes fundamental 
para um bom prognóstico. 
Este livro foi escrito por ex-monitores da Disciplina de Semiologia da Universidade Católica de 
Brasília (UCB), sob supervisão de professores especialistas das disciplinas de Semiologia e Clínica 
Médica. Neste material buscamos simplificar os conceitos e manobras mais importantes para 
aqueles que estão iniciando seus estudos no tema ou que desejam revisar os princípios mais 
importantes de cada etapa do exame físico. Este é um material escrito em sua maioria por 
estudantes, para estudantes, suprimindo técnicas e conceitos sem aplicação prática cotidiana 
para o generalista. 
O objetivo deste livro não é substituir os clássicos tratados de semiologia, mas sim 
complementar o estudo do componente prático do exame físico. Desta forma, foram omitidas 
explicações extensas e detalhadas sobre a interpretação de sinais específicos e achados 
incomuns na prática clínica. 
Cada capítulo deste material aborda uma parte específica do exame físico segmentar, sendo 
direcionados para provas teóricas e práticas que abordem a semiologia médica, com uma vasta 
gama de exemplos para facilitar o aprendizado. Afinal, um médico saber como avaliar seu 
paciente de forma adequada é mais que uma necessidade, é um dever. 
 
Gabriel Veloso Cunha 
 
 
 
 
 
8 
 
Ectoscopia 
Gabriel Veloso Cunha 
Denise Nogueira da Gama Cordeiro 
 
 A ectoscopia se refere à avaliação inicial do paciente, fornecendo um panorama geral 
do status do indivíduo um direcionamento para o exame segmentar. Em muitos casos, o 
examinador é capaz de formular hipóteses diagnósticas somente com essa análise, reforçando 
ou descartando possibilidades à medida que as demais etapas do exame físico são realizadas. 
 Nesta parte do exame estão incluídas análises de caráter subjetivo baseadas na 
observação e que demandam criticismo e método por parte do avaliador. Não se deve inferir 
que a ectoscopia seja apenas “correr o olho no paciente”, pois a sistematização da observação é 
obrigatória para que não passem despercebidos sinais que poderiam ser fundamentais para a 
elucidação diagnóstica. Neste capítulo será descrita uma estrutura básica para o exame 
ectoscópico, com itens que não podem deixar de serem avaliados e descritos na história clínica. 
Avaliação do Estado Geral 
 O estado geral descreve a impressão que o paciente passa para o avaliador, sendo 
subjetiva e muitas vezes dependente das comparações que o examinador utiliza. Para se estimar 
o estado geral sugerimos que sejam levados em consideração os seguintes itens: 
 Estado Nutricional 
 Condições de higiene 
 Sinais evidentes de enfermidades 
 Movimentação 
 Capacidade de comunicação 
Caso seja pertinente na história clínica, os quesitos acima devem ser pormenorizados 
isoladamente. No estado nutricional deve-se apontar desnutrição, bom estado nutricional, 
sobrepeso ou obesidade. As condições de higiene precárias são mais prevalentes em portadores 
de doença psiquiátrica ou crianças/idosos sem cuidados adequados. Exemplos de sinais de 
enfermidades são achados físicos relacionados a traumas, movimentos anormais e alterações 
mentais evidentes. A presença de movimentação ativa e capacidade de comunicação adequada 
são compatíveis com uma função neurológica adequada. 
Entretanto, é mais comum se encontrar em prontuários apenas a quantificação do estado global 
do paciente, normalmente expressa como “bom estado geral” (BEG), “regular estado geral 
“(REG) ou “mau estado geral” (MEG). Discrepâncias entre avaliadores são frequentes, sendo 
minimizadas quando se tem em mente um exemplo claro de cada categoria (Tabela 2.1) e 
tentamos estimar com qual deles o paciente que está sendo avaliado mais se assemelha. 
 
 
 
 
 
9 
 
Descrição Sigla Exemplos 
Bom Estado Geral BEG 1) Paciente assintomático 
que se dirige ao posto de 
saúde para renovar a receita 
do fármaco em uso para 
diabetes mellitus; 
2) O leitor deste livro quando 
procura um dermatologista 
para um tratamento estético; 
3) Um portador de ASMA 
compensada, que apresenta 
sibilos esparsos. 
Regular Estado Geral REG 1) Portador de insuficiência 
cardíaca com dispneia 
moderada; 
2) Paciente com Dengue 
apresentando prostração, 
desidratação não-grave e 
febre; 
3) Portador de 
hipertireoidismo com 
tremores, insônia e sudorese, 
mas com capacidade 
funcional preservada. 
Mau Estado Geral MEG 1) Paciente séptico internado 
em Unidade de Terapia 
Intensiva, em suporte 
ventilatório e com 
instabilidade hemodinâmica. 
2) Paciente oncológico, 
deteriorado por repetidas 
sessões de quimioterapia e 
radioterapia; 
3) Portador de apendicite 
que,após dias de evolução, 
evolui com rotura e 
peritonite difusa. 
 
Tabela 2.1: Exemplos de quantificação do estado geral para serem utilizados como parâmetros 
de comparação 
 
Epidemiologia 
A adequada identificação do paciente, apesar de presente na anamnese, deve ser reforçada no 
exame ectoscópico para evitar autodeclarações equivocadas. O processo diagnóstico é 
extremamente dependente desta parte do exame, devido ao fato de algumas doenças serem 
mais prevalentes em determinados grupos. A título de exemplificação pode-se citar o Lúpus 
Eritematoso Sistêmico, típico de mulheres jovens; a Doença de Parkinson, que raramente se 
manifesta fora da população idosa; além da Hipertensão Arterial Sistêmica, mais grave e 
frequente na população afrodescendente. 
10 
 
Devido à alta miscigenação da população brasileira, a cor da pele nem sempre é um indicativo 
fiel da prevalência de doenças comuns àquela etnia, mas ainda assim deve ser descrita. Não se 
deve esquecer de mencionar caso o paciente apresente características orientais, pois existem 
doenças com maior prevalência no grupo (ex.: a Arterite de Takayasu) e, segundo as publicações 
mais recentes, classificações diferentes para sobrepeso e obesidade. 
É fundamental que seja descrito se a idade aparente é compatível com a referida, pois existem 
situações clínicas que cursam com infantilismo (ex.: síndrome de Turner e hipopituitarismo) ou 
com aparência desproporcionalmente envelhecida (ex.: alta exposição solar e tabagismo). Em 
tempos de frequentes discussões sobre padrões de sexualidade, deve-se reiterar que a 
descrição deste trecho se refere ao sexo biológico, não ao gênero do paciente. Dessa forma, 
devem ser descritos de forma clara e explícita na ectoscopia o sexo, etnia e compatibilidade 
entre a idade aparente e a idade referida. 
Estado de consciência 
 Apesar dessa avaliação fazer parte do exame neurológico, ainda na ectoscopia deve-se 
tomar nota do nível de consciência e orientação do paciente. Normalmente o examinador é 
capaz de avaliar tais parâmetros ainda durante a anamnese. Para a descrição ectoscópica é 
suficiente descrever conforme a frase clássica encontrada na maioria dos prontuários quando o 
indivíduo é capaz de contar adequadamente a sua história: “lúcido e orientado no tempo e 
espaço”, frequentemente encontrada em prontuários como a abreviação “L.O.T.E.”. Caso 
existam dúvidas referentes à orientação do paciente, pode-se proceder perguntas específicas 
como “Em que mês estamos?” ou “Onde você está?”. Movimentos anormais involuntários 
também devem ser descritos nesta parte do exame. Para as definições e técnicas de avaliação 
mais específicas do sistema neurológico, veja o capítulo 7. 
Deformidades grosseiras 
 Devem ser descritas alterações evidentes que eventualmente podem estar presentes, 
sendo estas normalmente ortopédicas. É inadmissível que um paciente com um membro 
amputado não tenha esta informação clara no seu prontuário. Outros exemplos importantes 
são os desvios da coluna vertebral como cifose, lordose ou escoliose. Caso o paciente não possua 
nenhuma dessas alterações, normalmente não se faz necessário negar tais achados na história 
clínica. 
Posição preferencial 
Algumas afecções apresentam redução da dor ou melhora da sintomatologia quando se adota 
uma posição específica, por isso deve-se atentar à postura que o paciente adota no leito ou fora 
dele. Essas posições preferenciais podem ser voluntárias ou involuntárias, estando as mais 
comuns descritas na tabela 2.2. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Posições voluntárias Posições involuntárias 
Ortopneica: O paciente 
permanece de pé ou sentado 
para obter alívio respiratório. 
Exemplificado pela insuficiência 
cardíaca e asma. 
 
Ortótono: O paciente apresenta os membros 
estendidos, rigidez muscular generalizada que mantém 
o paciente sem se curvar, assumindo uma posição 
retilínea no leito. Exemplificado por miopatias crônicas. 
 
Genupeitoral: O paciente se 
apoia sobre uma superfície com 
os joelhos e anterioriza o tórax a 
ponto deste fazer contato com o 
a mesma. Esta manobra reduz a 
resistência de enchimento 
cardíaco. Exemplificada pelo 
derrame pericárdico 
 
Opistótono: O paciente assume decúbito dorsal, com 
contratura lombar, apenas com a cabeça e os pés em 
contato com o leito, formando uma convexidade 
anterior. Exemplificado classicamente pelo tétano 
 
Cócoras: O paciente permanece 
agachado, pela facilidade do 
retorno venoso propiciada pela 
posição. Exemplificado pelas 
cardiopatias congênitas 
cianóticas 
Emprostótono: O paciente apresenta contratura 
muscular que culmina em posição contrária ao 
opistótono, com concavidade anterior. Exemplificado 
pela raiva ou tétano. 
 
Decúbito lateral: O paciente se 
deita de lado, estando o ventre 
lateralizado. Exemplificado pela 
trepopneia, característica no 
derrame pleural unilateral 
 
Pleurostótono: curvatura lateral no leito. Exmplificada 
pelo tétano, raiva e meningite. 
Antálgica: Típica de quadros de 
apendicite aguda, o paciente 
assume o decúbito dorsal, coloca 
a mão sobre a fossa ilíaca direita 
e flexiona o membro inferior 
direito. 
 
Descerebração e decorticação: associadas a lesões de 
mesencéfalo e tálamo, respectivamente. Uma dica útil 
para diferenciação é relacionar a posição com a 
neuroanatomia: como o tálamo está acima do 
mesencéfalo, o paciente estará com os cotovelos 
flexionados na decorticação, mantendo os braços junto 
ao peito, ao passo que na descerebração há flexão, com 
os membros superiores ao longo do corpo. Em ambas as 
posições haverá extensão de membros inferiores 
Tabela 2.2: Posições preferenciais voluntárias e involuntárias mais comuns. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Pele 
Ainda durante a ectoscopia deve ser realizado o exame dermatológico, que apesar de muitas 
vezes feito de forma inadequadamente abreviada, é um recurso que possibilita o 
reconhecimento de desordens locais e sistêmicas. É baseado na inspeção e palpação de 
superfícies, bem como o reconhecimento de lesões características. Abaixo será descrita uma 
sistematização do exame, recomendada para evitar descuidos na prática clínica. Os 
procedimentos para o exame de sensibilidade superficial serão descritos no Capítulo 7. 
Reiteramos que o objetivo deste livro é fornecer um roteiro prático de exame físico, não sendo 
detalhadas aqui todas as possíveis lesões de pele e anexos ou suas etiologias, temática que já 
foi amplamente abordada por tratados de semiologia médica e dermatologia. 
Coloração 
Uma avaliação de caráter subjetivo deve ser realizada para determinar se a coloração da pele é 
compatível com a normalidade. Alterações de cor podem ser focais ou globais. As alterações 
focais normalmente tendem ao tom vermelho associado à inflamação ou preto associado à 
necrose. As mudanças globais estão associadas a uma miríade de achados, exemplificados na 
Tabela 2.3, devendo se classificar em cruzes de acordo com a intensidade da alteração: +/++++ 
(baixa intensidade), ++/++++ (moderada intensidade), +++/++++ (alta intensidade) e ++++/++++ 
(muito alta intensidade). 
 
Coloração da pele Condições normalmente associadas 
Amarelo ou alaranjado Icterícia ou hipercarotenemia 
Azul Cianose 
Branco Desidratação 
Vermelho Infecções e alergias 
Tabela 2.3: Alterações da coloração da pele e suas respectivas causas mais frequentes. 
Elasticidade e Turgidez 
Para avaliar esta característica, o examinador deve avaliar a capacidade de distensão da pele 
das mãos ou do abdome do paciente, conforme ilustrado na figura 2.1. A turgidez está 
fisiologicamente reduzida na senilidade, e patologicamente reduzida em situações como a 
desidratação, esclerodermia e edema. A saber, a elasticidade é uma característica da pele, ao 
passo que a turgidez engloba o tecido subcutâneo. 
 
Figura 2.1: (A) Avaliação da elasticidade da pele. (B) Avaliação da turgidez, avaliação mais 
profunda para englobar também o tecido subcutâneo. 
13Temperatura 
A temperatura está classicamente aumentada em processos inflamatórios e reduzida na oclusão 
arterial periférica. Para identificar essas alterações o examinador deve encostar o doso das suas 
mãos na pele das extremidades do paciente, conforme ilustrado na figura 2.2, devendo realizar 
uma comparação da temperatura entre os membros. Apesar de comumente visto em serviços 
de saúde, determinar ao toque se o paciente se encontra febril ou afebril é um método de baixa 
sensibilidade, devendo optar pela aferição com termômetro. 
 
Figura 2.2: Avaliação da temperatura de extremidades. Notar que o parâmetro é avaliado em 
diferentes alturas, com o dorso das mãos, comparando ambos os lados. 
Unhas e pelos 
É obrigatória a avaliação sistemática dos anexos da pele, pois podem apresentar repercussões 
de afecções sistêmicas como a desnutrição, cardiopatias, pneumopatias ou cirrose hepática. Até 
mesmo suspeitas diagnósticas de doenças psiquiátricas podem ser levantadas pela avaliação 
extremidades, como a ansiedade (presença de onicofagia) ou bulimia (sinal de Russel). 
Mucosas 
Devem ser inspecionadas obrigatoriamente na cavidade oral e na face interna das pálpebras, 
pois normalmente a falta de umidade é o primeiro achado em quadros de desidratação. Outros 
sinais que sugerem desidratação são a palidez cutânea, enoftalmia, retração de fontanelas (em 
lactentes) e, em casos extremos, redução do débito urinário e alteração do nível de consciência. 
Linfonodos 
Normalmente impalpáveis, quando perceptíveis devem suscitar as hipóteses inflamatória e 
neoplásica. Características que falam a favor de adenomegalia inflamatória/infecciosa são: 
consistência fibroelástica, dolorosa, bilateral e não aderência a planos profundos. Na 
14 
 
adenomegalia neoplásica, relacionada com metástases linfáticas de tumores sólidos e 
malignidades hematológicas, percebe-se a característica endurecida (“pétrea”), pouca 
mobilidade. 
Dessa forma, deve-se palpar sistematicamente a topografia das principais cadeias linfáticas 
superficiais, ilustradas na figura 2.3. Quando houver adenomegalia, deve-se descrever a sua 
localização, número de linfonodos palpáveis, consistência, mobilidade se é dolorosa à palpação 
e afirmar se há presença de fistulização para a pele. 
 
Figura 2.3: topografia de palpação das cadeias linfonodais. (A) pré-auriculares, (B) suboccipitais, 
(C) mandibulares, (D) submentonianos (E) poplíteos, (F) supraclaviculares, (G) infraclaviculares, 
(H) axilares, (I) epitrocleanos. Deve-se palpar também as cadeias linfonodais retro-auriculares, 
localizadas imediatamente posteriores ao lóbulo da orelha. Deve-se atentar para palpar todas 
as cadeias linfonodais bilateralmente. 
Sugestões Bibliográficas 
Campana, Álvaro Oscar. 2010. Exame Clínico: Sintomas e Sinais Em Clínica Médica. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan. 
Goldman, Lee, Dennis Arthur Ausiello, and Andrew I. Schafer. 2016. “Goldman-Cecil. Tratado de 
Medicina Interna.” In Cecil Tratado de Medicina, ed. Elsevier. 
Longo, Dan . Fauci , Anthony . Kasper , Dennis . Hauser, Stephen .Jamenson Larry. Loscalzo 
Joseph. 2012. Harrison Principios de medicina interna Harrison Principios de Medicina Interna. 
López, Mario, and José Laurentys Medeiros. 2009. Semiologia Médica: As Bases Do Diagnóstico 
Clínico. 5a. ed. Editora Atheneu. 
Martinez, José Baddini, Marcio Dantas, and Julio Cesar Voltarelli. 2013. Semiologia Geral e 
Especializada. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 
Porto, Celmo Celeno. 2010. Vademecum de Clínica Médica. 3a. ed. Rio de Janeiro - Guanabara 
Koogan. 
15 
 
Porto, Celmo Celeno. 2013. Semiologia Médica. 7a. ed. Editora Guanabara Koogan. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Cabeça e pescoço 
Karina Cristina Lopes de Moraes 
Igor Alexandre Protzner Morbeck 
 
 O exame de cabeça e pescoço é composto pela análise de estruturas fundamentais, tais 
como os olhos, o nariz, a boca e a glândula tireoide. Neste capítulo serão descritas as principais 
técnicas e pontos a serem abordados no exame físico da cabeça e do pescoço. É sugerido, por 
questões didáticas, uma sequência no sentido crânio-caudal, a fim de facilitar a técnica e evitar 
esquecimentos. O paciente deve estar sentado na altura do examinador, de frente para este. 
Crânio 
Deve-se iniciar com a inspeção e palpação do crânio. Com as duas mãos, palpa-se o crânio em 
toda a sua extensão, em busca do reconhecimento de seu tamanho e forma, presença de 
deformidades, dor à palpação, retrações e abaulamentos. O local da alteração deve ser 
topografado: região occipital, parietal, temporal, malar, etc. Doenças como a Toxoplasmose 
congênita e a infecção materna por Zika-vírus, podem cursar com microcefalia. Condições 
congênitas também podem interferir no formato do crânio: quando há aumento do diâmetro 
anteroposterior, que se torna maior que o transverso, a condição é chamada dolicocefalia. 
Outros formatos que podem ser encontrados são a acrocefalia (crânio em torre), escafocefalia 
(aspecto de casco de navio invertido), entre outras. Abaulamentos podem sugerir traumas, e 
tumorações podem ser benignas ou malignas, devendo ser investigadas com maior atenção. 
Fontanelas hipertensas e salientes nos bebês indicam hipertensão intracraniana, enquanto 
fontanelas hipotensas e abauladas sugerem desidratação. 
Posição da cabeça e movimentos anormais 
São avaliados pela inspeção. A cabeça pode estar mais inclinada a um lado do que a outro em 
condições como o torcicolo e, na posição de opistótono, da irritação meníngea, há 
hiperextensão da cabeça e do pescoço. Movimentos anormais que podem ser encontrados 
nessa avaliação são movimentos coreicos, tiques e tremores. Na insuficiência da valva aórtica 
podem ser encontrados movimentos rítmicos da cabeça em sincronia com os batimentos 
cardíacos (sinal de Musset); podendo também ser visualizada, no pescoço, a “dança das 
carótidas”, referente à pulsação acentuada dessas artérias devido a uma diferença considerável 
entre a pressão arterial sistólica e a diastólica. Outros movimentos anormais que indicam 
insuficiência aórtica são a pulsação das artérias retinianas e pupilas (sinal de Becker) e a pulsação 
da úvula (sinal de Muller). Deve ser inspecionada a fim de detectar lesões diversas como aquelas 
superficiais, na acne; mancha em formato de asa borboleta na região malar, como no LES etc. A 
palpação de face é realizada em contextos específicos para afastar tumorações e dor à palpação. 
Cabelos e couro cabeludo 
Avaliados pela inspeção e palpação. São palpadas lesões, tumorações e cicatrizes, sendo 
inspecionada também a implantação dos cabelos, a distribuição e a quantidade destes. A 
implantação normal dos cabelos do homem é alta, havendo a presença das “entradas 
androgênicas”, enquanto a da mulher é mais baixa. Cabelos finos podem indicar desnutrição ou 
hipertireoidismo, enquanto cabelos mais espessos e ressecados podem ser encontrados no 
hipotireoidismo. Rubor e descamação podem indicar dermatite seborreica ou psoríase. A 
presença de cabelos fracos e quebradiços costuma acompanhar o curso clínico da Leishmaniose 
visceral. 
17 
 
Supercílios 
Devem ser inspecionados. Condições como a Hanseníase, o Mixedema e a Esclerodermia podem 
cursar com madarose, que é a perda de cílios e/ou supercílios. 
Simetria da face e mímica facial 
É avaliada pela inspeção, devendo ser orientada pela comparação da simetria dos dimídios. 
Alterações da simetria ocorrem nas paralisias faciais periféricas e centrais, principalmente, e na 
presença de tumores. A mímica facial é a movimentação dos músculos da face e deve ser 
pesquisada pedindo ao paciente que fale algumas palavras e faça caretas, sorrisos e expressões, 
que serão avaliadas como normais ou anormais. Pode estar diminuída na doença de Parkinson 
e na Esclerodermia, por exemplo, e aumentada nas coreias e tiques. Esta etapa do exameé 
detalhadamente descrita no Capítulo 7. 
Olhos 
Mais uma vez, utiliza-se da inspeção das estruturas. Pode ser notada a presença de exoftalmia 
(protusão do globo ocular característica da doença de Graves) ou enoftalmia (retração anormal 
do olho em relação à pálpebra). Nas pálpebras deve-se pesquisar simetria, edema, inflamações 
e lacrimejamentos. Uma pálpebra caída, também conhecida como ptose, pode ser um sinal de 
Miastenia gravis; edemas palpebrais podem indicar síndrome nefrótica, por exemplo. Outras 
alterações que podem ser encontradas são: epicanto (prega palpebral comum nos pacientes 
com Síndrome de Down), ectrópio e entrópio (eversão e inversão da pálpebra, 
respectivamente), equimose, xantelasmas (placas de gordura acumulada no citoplasma dos 
histiócitos superficiais; costumam ser marcadores de dislipidemias). As conjuntivas devem ser 
inspecionadas à procura de alterações da coloração (ictéricia e palidez, por exemplo), 
hemorragias, inflamações, ulcerações e cicatrizes. As escleróticas podem apresentar pterígio 
(membrana de tecido fibroso que se estende do ângulo interno do olho em direção à córnea) e 
pinguécula (degeneração que se expressa como um depósito amarelado na esclera), entre 
outras afecções. 
Devem ser observados, ainda, movimentos anormais dos olhos como o sinal de Becker, já 
descrito anteriormente, e nistagmos, que são movimentos rápidos, involuntários e repetitivos 
dos olhos, que podem acontecer nas doenças do labirinto e nos traumas crânio-encefálicos. Para 
a pesquisa de estrabismo utiliza-se um objeto (caneta, lanterna) e pede-se para o paciente seguir 
os movimentos desse objeto apenas com o olho, sem mover a cabeça. Faz-se então, no ar, um 
“H” com o objeto para observar todos os movimentos possíveis do globo ocular. As pupilas são 
analisadas conforme o seu aspecto: se estão isocóricas (mesmo tamanho e formato), se há 
discoria (alteração do formato da pupila), midríase (dilatação) ou miose (contração) anormais. 
Os reflexos pupilares são pesquisados com o auxílio de uma lanterna. É testado o reflexo 
fotomotor com a projeção da luz da lanterna na pupila que está a ser avaliada, devendo esta se 
contrair (miose). Já o reflexo consensual é pesquisado direcionando a luz na pupila e avaliar se 
há presença de miose contralateral. Para avaliar o reflexo de acomodação, deve-se aproximar o 
objeto (caneta, lanterna desligada etc.) do canto interno dos olhos do paciente e o afastar 
lentamente enquanto se avalia a pupila. Todos esses reflexos foram descritos e ilustrados no 
Capítulo 7. 
Nariz 
O exame do nariz deve ser feito pedindo-se ao paciente que incline ligeiramente a sua cabeça 
para traz, a fim de analisar melhor as estruturas nasais. Deve ser utilizada uma lanterna para 
melhor visualização da cavidade, conforme exemplificado na figura 3.1. 
18 
 
 
Figura 3.1: Inspeção do nariz. 
 Devem ser buscadas deformidades, corrimentos e palpados pontos dolorosos à palpação do 
nariz, bem como o septo nasal (se há desvios, ulcerações). Algumas doenças são acompanhadas 
por alterações características do nariz, como é o caso da sífilis congênita e o “nariz em sela”, 
bem como na Leishmaniose mucocutânea o denominado “nariz de tapir”, em que o septo nasal 
encontra-se destruído e o nariz em tamanho aumentado. 
Seios paranasais 
A palpação dos seios paranasais deve ser feita utilizando os dois primeiros dedos. Os seios 
frontais estão mediais aos supercílios; deve ser feita uma leve pressão com o polegar, em cada 
um deles, seguida da indagação ao paciente acerca de dor. Os seios etmoidais se encontram um 
pouco acima do canto interno dos olhos; com o dedo indicador e polegar, pode-se palpar os dois 
seios paranasais ao mesmo tempo. Já os seios maxilares encontram-se na altura das maxilas, 
entre o final do nariz e o lábio superior. Podem ser palpados com o dedo indicador e o polegar, 
novamente, ao mesmo tempo. Na sinusite, por exemplo, o paciente se queixa de dor à palpação 
em topografia de seios paranasais. 
Orelhas 
Para permitir a adequada inspeção da orelha externa deve-se tracionar levemente o pavilhão 
auricular posteriormente e para cima, conforme ilustrado na figura 3.2. A lanterna também pode 
ser utilizada para facilitar a visualização. É analisada a forma e a implantação da orelha, bem 
como a presença de nódulos a saída de secreções ou hemorragia. Em pacientes com trauma de 
base do crânio, muitas vezes, a saída de líquido (otorreia) ou de sangue (otorragia) pelos ouvidos 
são sinais presentes. 
19 
 
 
Figura 3.2: Inspeção da orelha externa. 
Lábios 
Devem ser inspecionados quanto à simetria, coloração, deformidades, fissuras, edema, 
erupções, dentre outros. Nos pacientes com paralisia facial periférica, por exemplo, há desvio 
da rima labial para o lado são quando se pede ao paciente para sorrir. Na anemia ferropriva 
pode ser observada a queilite angular. 
Cavidade bucal 
Deve-se pedir ao paciente que usa prótese para que a retire para melhor avaliação da boca. As 
gengivas devem ser inspecionadas quanto a tumefações, hemorragias e ulcerações. Pacientes 
com Pênfigo vulgar, por exemplo, podem apresentar gengivite descamativa e marginal. Na 
inspeção dos dentes, deve-se analisar o estado de conservação, as raízes dentárias, a presença 
de cáries e outras afecções. Na paciente com sífilis congênita são encontrados os “dentes de 
Hutchinson”, que possuem o aspecto em chave de fenda. As alterações encontradas devem ser 
descritas (por exemplo: “presença de cavitação cariogênica no primeiro molar esquerdo 
superior”). 
A mucosa oral tem coloração normal avermelhada; deve ser avaliada quanto à presença de 
palidez e icterícia, especialmente abaixo da língua, no frênulo lingual, onde também pode ser 
visualizada a falta de saliva na desidratação. Na escarlatina e em outras condições, podem ser 
visualizadas manchas petequiais no palato duro, chamadas de enantema (exantema em 
mucosas); no sarampo, podem ser vistas as manchas de Koplik, minúsculas manchas 
esbranquiçadas na mucosa bucal. 
A língua deve ser avaliada quanto a seu tipo, cor, presença de ulcerações, desvios, movimentos 
anormais (como fasciculações nas síndromes piramidais), estase venosa, etc. Alguns cânceres 
de pele e lesões pré-cancerígenas se manifestam na língua; assim, esta deve ser inspecionada, 
com o auxílio de um abaixador de língua, em toda a sua extensão. Os tipos mais comuns de 
língua são descritos na tabela abaixo. 
20 
 
ALTERAÇÃO DA 
MORFOLOGIA DA LÍNGUA 
DESCRIÇÃO INTERPRETAÇÕES CLÍNICAS 
MAIS COMUNS 
Língua saburrosa Acúmulo de substância 
branco-amarelada na 
superfície da língua 
Higiene bucal precária, 
candidíase ou tabagismo 
 
Língua lisa Atrofia das papilas 
linguais que dão o aspecto 
rugoso característico 
fisiológico 
Desnutrição e anemias 
carenciais 
Língua pilosa Papilas filiformes 
hipertrofiadas e marrons 
Tabagismo 
Língua em framboesa Acentuadamente 
avermelhada, com pontos 
mais escuros focais 
Escarlatina 
Língua escrotal Sulcos irregulares em toda 
a extensão lingual 
Deficiências vitamínicas 
Tabela 3.1: Alterações mais comuns da língua e suas interpretações 
Faringe 
A espátula deve ser colocada sobre a língua e deve-se pedir ao paciente que fale “aaaaah” 
continuamente. Não é necessária a colocação da língua para fora da boca. A lanterna deve ser 
utilizada para melhor visualização das estruturas, o que é ilustrado na figura 3.3. Devem ser 
descritas lesões, exsudatos ou deformidades nos pilares. As tonsilas palatinas devem ser 
inspecionadas quanto ao seu tamanho e a presença de congestão, exsudato, membranas e 
abscessos. Na faringoamigdalite estreptocócica, classicamente, há a presença de pústulas nas 
tonsilas. A mononucleose infecciosa também pode se apresentar dessa forma. 
 
Figura 3.3: Inspeção da orofaringe. 
Parótidas 
Devem ser palpadas com os dedos indicador, médio e anular justapostos abaixo e ligeiramente 
à frenteda orelha externa, com a compressão da área. A presença de dor à palpação pode 
indicar parotidite, por exemplo. 
21 
 
Pescoço 
Deve ser inspecionado quanto à forma geral, deformidades e mobilidade muscular. No torcicolo, 
por exemplo, há contração do músculo esternocleidomastoideo, diminuindo a movimentação 
do pescoço. Os vasos arteriais e venosos devem ser observados; na Síndrome da veia cava 
superior e em outras afecções que prejudiquem o retorno venoso ao coração, pode haver estase 
jugular venosa. Com a região lateral das mãos deve ser feita a pesquisa de frêmitos na base do 
pescoço (região das carótidas). Um frêmito é a sensação tátil de um sopro, descritos e ilustrados 
no Capítulo 6. 
Traqueia 
Fisiologicamente localizada no centro do pescoço, afecções pulmonares como atelectasias e 
tumores no parênquima podem desviar a traqueia. Com os dedos indicador e polegar a estrutura 
deve ser movimentada levemente; processos infiltrativos e neoplásicos locais podem diminuir a 
sua mobilidade. 
Tireoide 
Existem algumas técnicas para a palpação da tireoide, sendo esta normalmente não-visível e 
não-palpável. Se palpável, devem ser descritos o volume, consistência, mobilidade e superfície. 
O istmo pode eventualmente ser palpável com a colocação do polegar horizontalmente abaixo 
da cartilagem cricoide, pedindo para o paciente deglutir. 
O examinador deve se posicionar de frente para o paciente. Após a localização do istmo, os 
dedos polegar e indicador são colocados lateralmente a ele e pede-se ao paciente para deglutir, 
conforme ilustrado na figura 3.4. Alternativamente o examinador pode se posicionar de pé, atrás 
do paciente e realizar a palpação com os dedos indicadores e médio. 
 
Figura 3.4: Técnica para palpação de tireoide. O examinador deve solicitar que o paciente realize 
deglutição para facilitar a localização da glândula. 
Sugestões Bibliográficas 
Bailey, Byron J., Jonas T. Johnson, Ronaldo Pontes, and Carlos E. R. Santos. 2014. 
Otorrinolaringologia: Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 4a. ed. Thieme Revinter. 
Flint, Paul. 2017. Cummings Otorrinolaringologia. 1a. ed. Elsevier. 
22 
 
Goldman, Lee, Dennis Arthur Ausiello, and Andrew I. Schafer. 2016. “Goldman-Cecil. Tratado de 
Medicina Interna.” In Cecil Tratado de Medicina, ed. Elsevier. 
Martinez, José Baddini, Marcio Dantas, and Julio Cesar Voltarelli. 2013. Semiologia Geral e 
Especializada. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 
Porto, Celmo Celeno. 2013. Semiologia Médica. 7a. ed. Editora Guanabara Koogan. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Tórax 
O exame físico do tórax é fundamental para o estudante de medicina porque envolve órgãos 
vitais e regiões como os pulmões e o mediastino. Saber avaliar essas estruturas e interpretar 
seus achados é imprescindível para fazer uma boa correlação dos achados semiológicos com o 
diagnóstico, por exemplo, de síndromes pulmonares ou pleurais. Dessa forma, o capítulo será 
direcionado para os principais pontos a serem abordados no exame físico do aparelho 
respiratório e parede torácica. 
Um detalhe deve ser lembrado sempre: o exame não pode ser feito com o tórax coberto, ou 
seja, sempre será necessário pedir ao paciente que retire a camisa ou blusa. Se for paciente 
feminina, a situação exige ainda mais atenção, devendo ser demonstrado respeito e cuidado 
para evitar exposições desnecessárias. É recomendado que se ofereça à paciente um lençol ou 
toalha para cobrir os seios enquanto é examinada, seja em ambulatório, enfermaria ou pronto-
socorro. 
Posicionamento do paciente 
Antes de começar, é preciso posicionar o paciente sentado em uma banqueta ou no próprio 
leito. O examinador precisa escolher uma posição que possibilite o movimento ao redor do 
paciente, a fim de permitir o exame adequado das regiões anterior, posterior e lateral do tórax. 
(Figura 4.1). Quatro componentes fazem parte dessa etapa do exame físico, respeitando a 
seguinte ordem: 
1º - Inspeção; 
2º – Palpação; 
3º – Percussão; 
4º – Ausculta. 
 
Figura 4.1: Posicionar o paciente de forma que o examinador tenha espaço adequado para realizar 
todas as etapas do exame físico na (A) face anterior e (B) face posterior do tórax. 
 
 
 
 
24 
 
INSPEÇÃO 
A inspeção é dividida em duas etapas: a estática e a dinâmica. 
Inspeção estática 
Nesta etapa do exame, não é necessário que o examinador toque no paciente, devendo apenas 
observar de forma atenta e sistemática a configuração do tórax e outros achados da ectoscopia, 
que podem ser importantes para revelar patologias do trato respiratório. 
Nessa etapa, devem ser avaliados os seguintes itens: 
Formato do tórax: chato, tonel ou em barril, infundibuliforme, cariniforme, em sino ou 
piriforme, cifótico ou escoliótico; e o biotipo: normolíneo, brevilíneo ou longilíneo; 
Presença de abaulamentos, retrações, cicatrizes ou circulação colateral 
Presença de possíveis achados como cianose ou baqueteamento digital; 
Inspeção dinâmica 
 Atenção para esses itens: 
1) Frequência respiratória - valor de referência, segundo o livro ‘Exame Clínico’, de Celmo 
Porto, de 16 irpm a 20 irpm. Nesse ponto, é importante conhecer outros dois conceitos 
importantes, estabelecidos pelo autor José Baddini Martinez, no livro ‘Semiologia 
Médica Geral e Especializada’: bradipneia (menos de 8 irpm) e taquipneia (mais de 24 
irpm). 
2) Amplitude respiratória: Também há o conceito de hipopneia (diminuição da amplitude 
respiratória) e hiperpneia (aumento da amplitude respiratória). 
3) Tipo respiratório: costal superior ou toracoabdominal; 
4) Ritmo respiratório: Cheyne-Stokes, Biot, Kussmaul e suspirosa; Aqui vale acrescentar 
que Porto, no livro ‘Exame Clínico’ inclui, ainda, outros ritmos: platipneia, trepopneia e 
ortopneia. 
5) Expansibilidade dos pulmões: observar atentamente se está simétrica. 
6) Tempo inspiratório e tempo expiratório: verificar se estão alterados. 
7) Presença de sinais de insuficiência respiratória: tiragem, sinal de Hoover, respiração 
frenolabial, respiração paradoxal e outros sinais que indicam utilização de musculatura 
acessória: batimento de asa do nariz,a retração dos espaços supraclaviculares e fúrcula 
esternal. 
 
25 
 
Palpação 
Na palpação, o examinador deve se atentar a um item fundamental: a simetria. Isso significa que 
as manobras serão comparativas entre os dois hemitóraces, ou seja, não se deve palpar todo o 
lado direito e somente depois todo o lado esquerdo. Essa técnica é importante pois permite 
comparações à mesma altura com o hemitórax contralateral, permitindo identificar mais 
facilmente a presença de achados patológicos unilaterais. O exame se dará com a pesquisa de 
áreas de sensibilidade, análise da expansibilidade e do Frêmito Toracovocal (FTV). 
Um artifício útil é dividir visualmente o tórax do paciente em partes iguais, a fim de uniformizar 
os locais para palpação. Sugere-se palpar, em cada hemitórax, dois locais na face anterior e, na 
porção posterior, três para a expansibilidade (terço superior, médio e base) e cinco para o FTV, 
permitindo uma avaliação completa do ápice à base torácica. Mas os cinco pontos são apenas 
uma referência para o exame. O mais importante é lembrar que um exame cuidadoso mantém 
uma distância de aproximadamente 2 cm entre os pontos, ou seja, todo o tórax deve ser avaliado. 
Não se deve esquecer, ainda de palpar a porção lateral da base do tórax, que também pode fornecer 
achados semiológicos importantes. 
 
 
 
Figura 4.2: Examinador deve inspecionar cuidadosamente a porção anterior (A) do tórax, posterior (B) 
e laterais. Inspeção estática e dinâmica pode revelar achados semiológicos. 
26 
 
Figura 4.3: Sítios de palpação para a pesquisa de áreas de hipersensibilidade, expansibilidade e 
FTV. (A) Na face anterior do tórax deve-se realizar a palpação em dois pontos de cada lado, 
próximo ao esterno, no centro do tórax. (B) Nodorso, a palpação fica no meio, entre a coluna e 
a escápula.) 
Conforme mencionado anteriormente, três parâmetros serão investigados na palpação: 
1) Presença de áreas de hipersensibilidade: explicar ao paciente as manobras que serão 
feitas e pedir que ele informe se sentir algum desconforto ou dor. 
2) Expansibilidade: realiza-se uma avaliação complementar à inspeção dinâmica, 
posicionando as mãos no tórax do paciente, conforme a figura 4.4, e solicitando que 
este realize incursões respiratórias profundas. A técnica deve ser feita repousando as 
duas mãos sobre o tórax, levemente inclinadas e com os polegares se tocando 
levemente ou na mesma altura. Avaliar dois pontos na porção anterior e três na 
posterior (terço superior, médio e base). 
3) Frêmito toracovocal (FTV): o examinador deve posicionar sua mão nos focos de 
palpação e solicitar que o paciente diga em voz alta a expressão “trinta e três”. Sempre 
comparando a bilateralidade dos achados. O padrão de resposta pode ser normal, 
aumentado ou reduzido em algumas patologias. 
27 
 
 
 
Figura 4.4: Na etapa da palpação do exame de tórax deve-se ter atenção especial à simetria. (A 
e B) Comparação de possíveis áreas de hipersensibilidade. (C e D) Análise da expansibilidade 
de cada hemitórax - superior, médio e inferiormente. (E e F) Avaliação do FTV de forma 
comparativa entre o lado direito e esquerdo, na mesma altura. 
 
Percussão 
Na percussão deve-se manter o critério de simetria. O examinador deve posicionar uma das 
mãos próxima ao tórax com o dedo médio encostado na pele, que será percutido pelo dedo 
médio da outra mão do profissional. O dedo deve ser posicionado, preferencialmente, nos 
espaços intercostais. 
28 
 
O examinador deve estar atento ao ruído produzido pela percussão. O som fisiologicamente 
encontrado é denominado “som claro pulmonar”, e as alterações são diversas, como macicez, 
submacicez, timpanismo ou hipersonoridade. Esta etapa do exame é ilustrada na figura 4.5 
Figura 4.5: Percussão de tórax. (A) Atentar-se ao posicionamento adequado dos dedos para 
realizar os movimentos. (B e C). A avaliação também deve ser feita de forma simétrica, 
comparando lado direito e esquerdo. 
A percussão do tórax revela-se fundamental à medida que pode auxiliar no diagnóstico 
diferencial de algumas situações clínicas como processos consolidativos como pneumonia, 
presença de derrame pleural (som maciço ou submaciço) ou pneumotórax e (timpanismo ou 
hipersonoridade). 
Ausculta 
Apesar de ser a última etapa, a ausculta é um método que merece especial atenção do 
examinador, pois pode revelar achados fundamentais para a elucidação diagnóstica. Um erro 
frequente, que deve ser evitado, é realizar a ausculta por cima da roupa do paciente. O atrito 
do tecido com a membrana do estetoscópio pode simular achados patológicos à ausculta, 
levando a inaceitáveis erros diagnósticos. Como já foi citado no início do capítulo, nessa etapa é 
ainda mais importante pedir para o paciente tirar a camiseta ou blusa, mantendo-se os mesmos 
cuidados em relação à intimidade do paciente, principalmente as mulheres. 
O paciente deve permanecer sentado, assim como nos demais momentos do exame de tórax. 
Deve-se orientar que faça uma respiração mais profunda e com os lábios entreabertos, mas 
evitando emitir ruídos desnecessários tanto na inspiração quando na expiração, para não gerar 
ruídos que induzam o examinar ao erro. 
Neste ponto, também é importante respeitar a simetria e comparar primeiro as regiões do ápice 
na parte anterior e, em seguida, do ápice à base na porção posterior, sem se esquecer da porção 
basolateral do tórax, conforme ilustrado previamente na figura 4.3. A regra é a mesma já 
comentada: avaliar todo o tórax – simetricamente – com uma distância de aproximadamente 2 
cm de altura entre os pontos. 
 
 
29 
 
Os principais achados que podem ser encontrados na ausculta pulmonar são: múrmurio 
vesicular, que poderá estar normal, diminuído (pneumotórax ou espessamento pleural, por 
exemplo) ou aumentado (em portadores de síndromes pulmonares unilaterais – mecanismo 
vicariante), creptos finos, creptos grossos, roncos ou sibilos. Há, ainda, os estridores que, na 
verdade, são escutados sem o uso do estetoscópio, podendo ser observados já na inspeção 
dinâmica acompanhados de visível dificuldade inspiratória. Mais detalhes na tabela 4.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.6: A ausculta é um dos momentos mais importantes do exame. Posicionar o estetoscópio nas porções 
anterior e posterior do tórax e fazer a comparação simetria, do ápice para a base (A e B). Muito importante 
auscultar a lateral dos de cada hemitórax (C). 
 
30 
 
 
Alteração Descrição Possíveis significados clínicos comuns 
Inspeção 
estática 
Tórax em tonel ou 
barril 
Aumento do diâmetro 
anteroposterior 
Enfisema pulmonar 
Tórax 
infundibuliforme 
Depressão no esterno Anormalidade congênita ou raquitismo 
Tórax cariniforme Convexidade do esterno Raquitismo 
Tórax 
cifótico/escoliótico 
Encurvamento da 
coluna 
Lesão vertebral ou anormalidade congênita 
Inspeção 
dinâmica 
Platipneia Dificuldade para respirar 
em posição ortostática 
Síndrome hepatopulmonar 
Ortopneia Dificuldade para respirar 
na posição deitada 
Insuficiência cardíaca 
Trepopneia Paciente respira melhor 
em decúbito lateral 
Derrame pleural 
Hipopneia Diminuição da 
amplitude da respiração 
Apneia do sono 
Hiperpneia Aumento da amplitude 
da respiração 
Estresse emocional, esforço físico, septicemia, abuso de álcool 
Respiração de 
Cheyne-Stokes 
Incursões respiratórias 
profundas até amplitude 
máxima e diminuição 
gradativa 
Insuficiência cardíaca grave, traumatismo cranioencefálico 
Respiração de Biot Episódios de apneia, 
com frequência 
irregular, que 
interrompem as 
incursões respiratórias 
Meningite ou hematoma extradural 
Respiração de 
Kussmaul 
Incursões respiratórias 
amplas e rápidas, 
Cetoacidose diabética ou insuficiência renal 
31 
 
interrompidas por 
apneias 
Taquipneia Frequência respiratória 
aumentada 
Estresse, ansiedade, asma, pneumonia, DPOC 
 
Bradipneia Frequência respiratória 
diminuída 
Lesões cerebrais com hipertensão intracraniana ou intoxicações por barbitúricos 
Tiragem Espaços intercostais 
com depressão na 
inspiração 
 
Obstrução mecânica, asma brônquica, insuficiência respiratória, fibrose cística 
 
Palpação Expansibilidade 
diminuída 
Diminuição perceptível 
da mobilidade de um ou 
dos dois hemitóraces. 
Derrame pleural, pneumotórax, atelectasia ou pneumonia. 
Aumento do FTV Aumento na intensidade 
das vibrações 
percebidas pelo 
examinador 
Pneumonias e infarto pulmonar 
Diminuição do FTV Diminuição na 
intensidade das 
vibrações percebidas 
pelo examinador 
Derrame pleural, pneumotórax ou enfisema pulmonar 
Percussão Submacicez e 
macicez 
Diminuição da 
sonoridade pulmonar 
Derrame pleural, pneumonia, tuberculose ou neoplasias pulmonares 
Timpanismo ou 
Hipersonoridade 
 
Aumento da sonoridade 
pulmonar 
Pneumotórax ou caverna tuberculosa 
Ausculta Murmúrio vesicular 
diminuído 
Som fisiológico 
diminuído 
Pneumotórax, enfisema pulmonar ou oclusão mecânica das vias aéreas 
Murmúrio vesicular 
aumentado 
Som fisiológico 
aumentado 
Significa aumento do trabalho respiratório do pulmão contralateral (pulmão 
vicariante) 
32 
 
Tabela 4.1: Alterações mais comuns ao exame torácico, suas descrições e significados clínicos mais comuns. 
Creptos finos Sons agudos, com 
duração curta e não se 
modificam com a tosse. 
O som lembra a 
abertura de um velcro. 
Estão presentes no final 
da inspiração 
Pneumonias, congestão pulmonar ou doenças intersticiais 
Creptos grossos Sons de frequência 
menor e duração maior 
que os finos, são mais 
rudes e mais altos. 
Mudam de posição com 
a tosse 
Bronquites ou bronquiectasias 
Roncos Mais altos que os 
creptos. Mobilizam-se 
com a respiração e a 
tosse.Asma brônquica, bronquites ou bronquiectasias 
Sibilos Sons agudos, de alta 
frequência. Deve-se 
observar se estão 
presentes na inspiração, 
expiração ou ambos 
Asma, neoplasia pulmonar ou corpo estranho 
Estridor Ruído inspiratório 
produzido por obstrução 
da laringe ou traqueia 
Difteria, laringite ou câncer de laringe 
Atrito pleural Ruído irregular, 
descontínuo, 
semelhante ao ranger 
de couro atritado 
Pleurite 
33 
 
Sugestões Bibliográficas 
Broaddus, V. Courtney. 2017. Murray & Nadel. Tratado de Medicina Respiratória. 1a. ed. Elsevier. 
Campana, Álvaro Oscar. 2010. Exame Clínico: Sintomas e Sinais Em Clínica Médica. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan. 
Faresin, Sonia Maria et al. 2013. Pneumologia. 2a. ed. Manole. 
Martinez, José Baddini, Marcio Dantas, and Julio Cesar Voltarelli. 2013. Semiologia Geral e 
Especializada. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 
Porto, Celmo Celeno. 2013. Semiologia Médica. 7a. ed. Editora Guanabara Koogan. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
Abdome 
Gabriel Veloso Cunha 
Nadja Nobrega de Queiroz 
 
 O exame físico de abdome é fundamental para o diagnóstico de afecções do aparelho 
digestivo, genitourinário ou até mesmo da parede abdominal. O exame é feito com o paciente 
em decúbito dorsal, com exceção para a manobra de Giordano (descrita adiante), feita em 
ortostatismo. Idealmente deve-se seguir uma ordem na qual a investigação seja iniciada da 
forma menos invasiva possível, a fim de evitar que um quadro álgico desencadeado pela 
palpação interfira nos resultados das demais etapas do exame. Dessa forma, recomendamos a 
seguinte ordem para avaliação do abdome: 
1º - Inspeção 
2º - Ausculta 
3º - Percussão 
4º - Palpação 
Inspeção do abdome 
Em decúbito dorsal, procede-se a inspeção estática, na qual devem ser avaliados os itens 
descritos abaixo e ilustrados na Figura 5.1. 
 Morfologia do abdome (plano, globoso, gravídico, em avental, pendular etc.) 
 Status da cicatriz umbilical (intrusa ou protrusa) 
 Presença de lesões superficiais do abdome (manchas, cicatrizes, estrias e circulação 
colateral) 
 Presença de hérnias da parede abdominal (Quadro 5.1) 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 5.1: Manobras utilizadas para avaliação da presença de hérnias abdominais. 
 
Como avaliar a presença de hérnias da parede abdominal? 
1. Manobra de Valsalva 
O paciente deve ser orientado a soprar contra a resistência (ex. o 
dorso de sua própria mão). O aumento da pressão intra-abdominal 
secundário ao esforço torna herniações mais evidentes, fazendo-as 
protruir pela parede abdominal. 
2. Manobra de Smith-Bates 
Útil para avaliar a presença de diátase do músculo reto abdominal, o 
paciente é orientado a tentar encostar o queixo no manúbrio do osso 
esterno, enquanto o avaliador quantifica a distância entre os 
hemicomponentes da musculatura. 
35 
 
 
Figura 5.1: A descrição da inspeção estática do abdome da imagem (A) poderia ser feita como: 
“abdome plano, sem abaulamentos ou retrações, cicatriz umbilical intrusa. Presença de mácula 
hipocrômica, formato ovoide, em topografia de quadrante inferior direito, com bordas 
irregulares, medindo cerca de 5 cm no seu maior eixo. Ausência de cicatrizes, estrias, circulação 
colateral ou herniações em parede abdominal”. Estão ilustrados também as manobras de Valsava 
(B) e Smith-Bates (C), descritas detalhadamente no Quadro 5.1. 
Durante a inspeção dinâmica deve-se atentar à presença de pulsações proeminentes, as quais 
devem levantar a suspeita de aneurismas de vasos abdominais. A presença de ondas 
peristálticas visíveis, denominadas como “ondas de Kussmaul”, normalmente se associa a 
quadros de peristalse aumentada (ex.: fase inicial de uma obstrução intestinal ou pilórica). 
Ausculta do Abdome 
A ausculta de abdome é feita com o objetivo de avaliar a presença de ondas peristálticas. 
Idealmente se deve auscultar o abdome por 3 minutos para constatar a ausência de 
peristaltismo. Entretanto, caso sejam localizadas nos primeiros segundos de ausculta, é 
desnecessário prolongar esta parte do exame. 
Considerando que uma onda peristáltica segue por todo o intestino, não há obrigatoriedade de 
se realizar a ausculta em todos os quadrantes do abdome. Uma vez constatada a presença em 
um quadrante, pode-se deduzir que estará presente nos demais. Entretanto, para caracterizar a 
ausência de ondas peristálticas. Entretanto, caso haja suspeita de alterações, é aconselhável que 
se ausculte o abdome por um tempo mais prolongado com o objetivo de se confirmar 
diminuição ou ausência de ruídos hidroaéreos. 
Percussão do Abdome 
Nesta fase são realizadas duas avaliações importantíssimas do exame físico: a hepatimetria e 
percussão do espaço de Traube, além da percussão global do abdome. 
36 
 
A hepatimetria diz respeito à estimativa das dimensões do fígado no sentido crânio-caudal. 
Deve-se iniciar a percussão a nível do segundo espaço intercostal, na linha hemiclavicular, e 
percutir progressivamente para baixo, com intervalos aproximados de 1 a 2 cm. Inicialmente o 
examinador irá perceber o “som claro pulmonar”, que logo se tornará maciço. Quando isto 
ocorrer, o examinador pede que o paciente coloque seu dedo no local de transição e continua 
percutindo para baixo até que o som de caráter maciço se torne timpânico. A distância entre os 
pontos de transição, medida por fita métrica, fornece o valor da hepatimetria, que deve se situar 
entre 8 a 12 cm. A dor à percussão do hipocôndrio direito é denominada Sinal de Torres-Homem, 
e classicamente está associada a abscessos do parênquima hepático. 
O espaço de Traube corresponde ao hipocôndrio esquerdo, topografia típica do baço. 
Fisiologicamente a percussão local fornece um som timpânico, que se adquire caráter maciço 
em casos de esplenomegalia. Deve-se lembrar que o hipocôndrio direito apresenta um som 
maciço fisiologicamente, devido ao parênquima hepático. A percussão do espaço de Traube é 
mais sensível para esplenomegalia que as manobras de palpação do baço, portanto, é possível 
que haja macicez à percussão do espaço de Traube na ausência de esplenomegalia palpável. Na 
figura 5.2 são ilustradas topografias e especificidades da avaliação do espaço de Traube e da 
hepatimetria, 
 
Figura 5.2: (A) A seta à direita do abdome indica o sentido e topografia na qual deve ser realizada 
a hepatimetria. Na mesma imagem há uma linha mais fina à esquerda, indicando a topografia de 
percussão do espaço de Traube. (B) Deve-se pedir para o paciente posicionar seu próprio dedo na 
zona de transição superior da hepatimetria, servindo de referência para (C) realizar a medição ao 
término da percussão. Não se deve esquecer de percutir também lateralmente à topografia do 
espaço de Traube durante esta avaliação (D). 
Na percussão global do abdome deve-se percutir sistematicamente todos os quadrantes na 
busca de macicez localizadas que podem corresponder a achados como abscessos, granulomas 
ou tumores. 
Neste momento deve-se lembrar de realizar a punho-percussão lombar, também conhecida 
pelo epônimo “manobra de Giordano”. O paciente deve estar em posição ortostática, e o 
examinador realiza suavemente movimentos de pequeno impacto do punho em topografia 
renal, ilustrado na Figura 5.3. Considera-se a manobra de Giordano positiva quando o paciente 
37 
 
apresentar dor desproporcional ao estímulo, estando esta classicamente associada a infecções 
do trato urinário superior (i.e. Pielonefrite). 
 
Figura 5.3: Manobra de Giordano. Deve-se realizar leve percussão com punho em região lombar 
posterior a fim de buscar dor desproporcional ao estímulo, normalmente associada a infecções do 
trato urinário superior. 
Palpação do Abdome 
A palpação do abdome é fundamental para localizar massas e áreas dolorosas. Para a realização 
das manobras, é convenção que o examinador deve estar ao lado direito do paciente, com 
exceção para a manobra de Mathieu-Cardarellina palpação do baço. Seguindo o princípio que 
o exame físico deve partir das análises mais superficiais para as mais invasivas, se inicia pela 
palpação superficial para depois progredir para a palpação profunda. 
Na palpação superficial deve-se avaliar todos os quadrantes do abdome na busca por regiões 
com consistência ou sensibilidade alteradas. Neste momento é válido lembrar o paciente para 
informar ao examinador caso apresente dor mediante o estímulo de algum ponto específico da 
parede abdominal. O tônus do abdome também é avaliado nesta fase do exame, sendo a rigidez 
“em tábua” uma alteração presente em quadros de peritonite difusa. 
Na palpação profunda do abdome deve-se buscar novamente tumorações ou áreas dolorosas, 
estas que podem não ter sido localizadas por meio da palpação superficial. Este também é o 
momento de realizar manobras para avaliar se o fígado e baço estão palpáveis. Para a palpação 
do fígado usualmente são realizadas duas manobras: Lemos-Torres e Mão em Garra (Manobra 
de Mathieu), e para o baço Mathieu-Cardarelli e a Manobra da Mão Estendida. 
Na Manobra de Lemos-Torres, o examinador deve, delicadamente, forçar para cima o 
hipocôndrio direito do paciente com a mão esquerda enquanto realiza uma palpação profunda 
com a mão direita em região imediatamente abaixo dos arcos costais do mesmo lado. Feito isso, 
o paciente deve ser orientado a realizar incursões respiratórias amplas, e o examinador 
aprofundar a mão direita no momento da expiração. Dessa forma, em casos de hepatomegalia, 
38 
 
o médico irá perceber o parênquima hepático passando pela sua mão direita, devendo avaliar a 
sua superfície, borda, consistência e sensibilidade. 
Na manobra da Mão em garra, o médico deve posicionar as pontas dos dedos de ambas as mãos 
imediatamente abaixo do limite inferior dos arcos costais no hipocôndrio direito. Assim como 
na manobra de Lemos-Torres, o paciente é orientado a realizar incursões respiratórias 
profundas, sendo que o avaliador irá aprofundar a palpação durante a expiração. Dessa forma, 
será percebido o movimento da borda hepática em casos de hepatomegalia. As manobras para 
palpação do fígado estão ilustradas na figura 5.4. 
 
Figura 5.4: Manobras para palpação do fígado. (A) Manobra de Lemos-Torres, perceber a mão 
esquerda do examinador elevando a região de hipocôndrio, enquanto (B) a mão direita realiza a 
palpação. (C) Manobra da Mão em garra. 
A manobra de Mathieu-Cardarelli, para palpação do baço, é semelhante à Mão em Garra, a 
diferença é que o examinador se posiciona à esquerda do paciente e posiciona seus dedos 
abaixo do limite inferior dos arcos costais do hipocôndrio esquerdo. 
A Manobra da Mão Estendida, utilizada para a palpação do baço, possui semelhanças com a 
Manobra de Lemos-Torres. O examinador deve se posicionar à direita do paciente, com a mão 
esquerda elevando a região imediatamente abaixo dos arcos costais do lado esquerdo do 
paciente, e a mão direita realizando palpação profunda do hipocôndrio esquerdo. Novamente, 
o paciente deve ser orientado a realizar incursões respiratórias amplas, e o examinador 
aprofundar a mão direita no momento da expiração, buscando palpar o baço. As manobras para 
palpação do baço estão ilustradas na figura 5.5. 
39 
 
 
Figura 5.5: Manobras para palpação do baço. (A) Manobra de Mathieu-Cardarelli, com o 
examinador à esquerda do paciente, se realiza um movimento semelhante à Mão em garra em 
hipocôndrio esquerdo. (B) Manobra da Mão-estendida, reitera-se que o examinador deve estar à 
direita do paciente. 
Uma manobra específica para pesquisa de colecistite aguda, é a pesquisa do sinal de Murphy, 
na qual o examinador deve pressionar profundamente o ponto cístico (junção da borda externa 
do músculo reto-abdominal com a borda costal) e solicitar que o paciente realize uma inspiração 
profunda. O Sinal de Murphy positivo é caracterizado pela inspiração interrompida, devido à 
dor, mediante compressão do ponto cístico. 
Um importante sinal de irritação peritoneal é o Sinal de Blumberg, que diz respeito à dor à 
descompressão súbita do abdome. Quando localizado na fossa ilíaca direita, normalmente é 
sugestivo de apendicite aguda, assim como o Sinal de Rovsing. Para se pesquisar o Sinal de 
Rovsing se deve realizar a compressão em topografia de fossa ilíaca esquerda, sendo positivo 
quando o paciente apresentar dor na fossa ilíaca contralateral. 
É de fundamental importância realizar manobras específicas quando se suspeita de acúmulo de 
líquido no espaço peritoneal (ascite), para tal são feitos testes que foram detalhados no quadro 
5.2 
40 
 
Quadro 5.2: Manobras para pesquisa de ascite 
 
 
Figura 5.6: Manobra para pesquisa do sinal de Piparote. (A) Deve-se posicionar a mão do 
paciente em sentido craniocaudal, em topografia da linha alba. (B) Após devidamente 
posicionado, se percute com uma mão e avalia se há propagação contralateral do estímulo. 
 
 
Como realizar a pesquisa por ascite no exame físico? 
1. Presença do Semicírculo de Skoda: 
Durante a percussão global do abdome o examinador percebe que, apesar do timpanismo na 
face ventral, há macicez nas regiões laterais dos flancos. Este fenômeno ocorre devido à 
deposição periférica do conteúdo líquido peritoneal secundário à ação da gravidade, havendo 
alteração da sonoridade nestas áreas. Pode ser a única alteração presente em ascites de 
moderado volume. 
2. Sinal da Macicez Móvel 
Na presença de macicez móvel, o examinador solicita ao paciente que se posicione em decúbito 
lateral. Desta forma, a região do flanco contralateral ao decúbito deixará de apresentar som de 
caráter maciço para exibir sonoridade timpânica. Este fenômeno acontece devido à 
movimentação de líquidos secundária à troca de posição do paciente, estando normalmente 
presente em ascites de pequeno a moderado volume. 
3. Sinal de Piparote 
Típico de ascites de grande volume, é solicitado ao paciente que coloque uma de suas mãos na 
linha mediana do abdome imediatamente acima da cicatriz umbilical. O examinador deve 
encostar a palma de uma das suas mãos de um lado do abdome, enquanto percute suavemente 
o hemiabdome contralateral com a outra mão. O sinal é positivo quando a energia da percussão 
se dissipa em forma de ondas percebidas na região contralateral, devido à transmissão pelo 
líquido localizado na cavidade peritoneal. 
 
 
41 
 
Sugestões Bibliográficas 
Goldman, Lee, Dennis Arthur Ausiello, and Andrew I. Schafer. 2016. “Goldman-Cecil. Tratado de 
Medicina Interna.” In Cecil Tratado de Medicina, ed. Elsevier. 
López, Mario, and José Laurentys Medeiros. 2009. Semiologia Médica: As Bases Do Diagnóstico 
Clínico. 5a. ed. Editora Atheneu. 
Martinez, José Baddini, Marcio Dantas, and Julio Cesar Voltarelli. 2013. Semiologia Geral e 
Especializada. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 
Porto, Celmo Celeno. 2010. Vademecum de Clínica Médica. 3a. ed. Rio de Janeiro - Guanabara 
Koogan. 
Townsend, Courtney M., R. Daniel Beauchamp, B. Mark Evers, and Kenneth l. Mattox. 2015. 
Sabiston Tratado de Cirurgia. 19a. ed. Elsevier. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Cardiovascular 
Camila de Oliveira Parreira 
Liana Lauria Pires 
 
O exame físico do aparelho cardiovascular deve ser realizado de maneira sistemática, sempre 
associado a informações obtidas na história clínica e aspectos gerais do paciente que orientarão 
e fornecerão elementos fundamentais para o diagnóstico das doenças que acometem o sistema 
circulatório. Compreende técnicas de inspeção, palpação e ausculta. Estas técnicas são 
complementares e não devem ser negligenciadas na avaliação clínica. A percussão, por fornecer 
informações limitadas e imprecisas, não é utilizada na prática clínica, sem qualquer prejuízo, da 
exploração semiológica do coração. Esta etapa do exame físico, apesar de tecnicamente simples, 
apresenta uma miríade de possíveis achados que devem serinterpretados pelo examinador para 
uma adequada elucidação diagnóstica. Dessa forma, é fundamental ter em mente a anatomia 
cardíaca e o funcionamento do ciclo cardíaco, que serão brevemente revisados a seguir. 
Igualmente, é importante para o exame clínico, o conhecimento das projeções superficiais do 
coração e dos vasos da base na área precordial que orientarão o posicionamento e localização 
dos chamados focos de ausculta cardíaca, descritos a seguir. 
O coração possui quatro câmaras, denominadas como átrio direito, ventrículo direito, átrio 
esquerdo e ventrículo esquerdo. Os átrios são separados dos ventrículos pela valva 
atrioventricular direita (tricúspide) e atrioventricular esquerda (mitral). No átrio direito 
desembocam as veias cava inferior e superior, com sangue venoso advindo da circulação 
sistêmica. Do ventrículo direito se origina o tronco pulmonar, composto pelas artérias 
pulmonares, direita e esquerda. Após a oxigenação pulmonar, o sangue retorna ao coração pelas 
quatro veias pulmonares através do átrio esquerdo. Por fim, o sangue contido no ventrículo 
esquerdo é ejetado para a artéria aorta. 
O ciclo cardíaco é composto por duas fases: sístole e diástole. Na primeira há contração 
miocárdica com ejeção ventricular, ao passo que na segunda ocorre o influxo do sangue 
presentes nas veias pulmonares e cavas superior e inferior para os átrios. 
O início do ciclo pode ser analisado a partir da entrada de sangue nos átrios direito e esquerdo, 
momento em que as valvas atrioventriculares e as valvas semilunares encontram-se fechadas. 
Com o aumento da pressão atrial, as valvas atrioventriculares se abrem, permitindo o fluxo dos 
átrios para os ventrículos. A partir do momento em que os ventrículos se enchem, a pressão 
ventricular aumenta até culminar no fechamento das valvas atrioventriculares e originar o som 
da primeira bulha cardíaca (B1). Os ventrículos, repletos de sangue, irão realizar a sístole. Assim 
que o sangue é ejetado dos ventrículos, as valvas semilunares se fecham, o que resulta no 
surgimento da segunda bulha cardíaca (B2). 
Com esses conceitos em mente, deve-se posicionar o paciente em decúbito dorsal, com a 
cabeceira elevada a 45°, em ambiente silencioso e adequadamente iluminado. É importante que 
o examinador se posicione à direita do paciente, e oriente este a manter as pernas esticadas e 
os braços ao longo do tronco. Como será descrito adiante, outras posições (ortostase com o 
tórax inclinado para frente, decúbito lateral esquerdo / manobra de Pachón) podem ser 
necessárias em situações específicas. 
43 
 
Avaliação inicial 
A avaliação inicial do aparelho cardiovascular é constituída pela análise da frequência cardíaca, 
frequência de pulso e pressão arterial, cujas técnicas de avaliação serão detalhadamente 
descritas e ilustradas neste momento. 
A frequência cardíaca é realizada através da contagem do número de ciclos cardíacos realizados 
em um minuto, ou seja, a quantidade de vezes em que o coração realiza um ciclo completo: uma 
sístole e uma diástole, durante o período de 60 segundos. A sístole encerra-se durante o 
fechamento das valvas semilunares e a diástole, durante o fechamento das valvas 
atrioventriculares. Portanto, para a contagem da frequência cardíaca, primeiramente deve-se 
localizar um foco de ausculta, normalmente mitral ou tricúspide (descritos adiante). O 
examinador deve então posicionar o estetoscópio por um período de 60 segundos, realizando a 
contagem do número de vezes em que o coração realiza o fechamento das valvas 
atrioventriculares e o das semilunares (“TUM-TÁ”), descrevendo o resultado em batimentos por 
minuto (bpm). Os possíveis achados estão descritos na Tabela 6.1. 
 
Frequência Cardíaca 
 
Avaliação 
< 60 bpm 
 
Bradicardia 
60 a 100 bpm Normocardia 
>100 bpm 
 
Taquicardia 
Tabela 6.1: Possíveis achados para os valores de frequência cardíaca 
A frequência de pulso é avaliada por meio da quantificação do número de pulsações arteriais no 
período de um minuto. Esta é realizada por meio da compressão de uma artéria periférica de 
fácil acesso, comumente em topografia de artéria radial. Esta está localizada próxima ao 
processo estiloide do rádio, na região ventral do antebraço. A técnica é realizada por meio da 
compressão bidigital do pulso radial (Figura 6.1). 
 
Figura 6.1: Localização e técnica de palpação da artéria radial 
Dessa forma, utilizam-se as polpas dos dedos indicador e médio para realizar uma compressão 
que permita ao avaliador perceber e quantificar a pulsação arterial, sendo o resultado descrito 
em pulsações por minuto (ppm). Os possíveis achados estão descritos na Tabela 6.2. 
 
44 
 
Frequência de Pulso 
 
Avaliação 
< 60 ppm 
 
Bradisfigmia 
60 a 100 ppm Normosfigmia 
>100 ppm 
 
Taquisfigmia 
Tabela 6.2: Possíveis achados durante a avaliação da frequência de pulso 
Para a aferição da pressão arterial o paciente deve estar com o braço posicionado à altura do 
precórdio, podendo estar sentado com o membro superior repousando sobre alguma estrutura 
elevada ou deitado com o braço sobre o próprio leito. O examinador deve identificar a artéria 
braquial, na região da fossa cubital, medialmente ao tendão do músculo bíceps braquial. Com 
os dedos indicador e médio, realiza-se a palpação da artéria braquial (Figura 6.2). 
 
 
Figura 6.2: Localização e técnica de palpação da artéria braquial 
Em seguida, o manguito do esfigmomanômetro deve ser posicionado ao redor do braço, de 
maneira que a saída dos tubos referentes à pera e ao manômetro estarem na direção da artéria 
braquial. O equipo deve estar a uma distância aproximada de dois a três dedos da fossa cubital. 
(Figura 6.3) 
45 
 
 
Figura 6.3: Posição adequada do esfigmomanômetro 
O examinador deve então realizar o enchimento do manguito, concomitantemente à pulsação 
bidigital da artéria braquial (Figura 6.4). Este enchimento se encerra quando o examinador parar 
de sentir a pulsação da artéria braquial, indicando que a pressão foi suficiente para causar 
oclusão arterial no membro. O valor registrado no manômetro deve ser memorizado pelo 
profissional, e então o manguito é desinsuflado. 
 
Figura 6.4: O examinador deve realizar o enchimento do esfigmomanômetro 
simultaneamente à palpação da artéria radial. 
Idealmente após dois minutos, o manguito será inflado até 20 a 30 mmHg adicionais ao valor 
em que a pulsação braquial se tornou imperceptível na etapa anterior. A artéria braquial é 
palpada e o diafragma do estetoscópio é colocado na topografia desta (Figura 6.5). 
46 
 
 
Figura 6.5: O examinador deve posicionar o diafragma do estetoscópio em topografia 
da artéria braquial 
Em seguida, se procede a desinsuflação do manguito de maneira lenta e gradual, para permitir 
a ausculta de mudanças nos tons acústicos correspondentes aos sons obtidos: sons de Korotkoff. 
A primeira aparição de ruídos rítmicos, de forma clara e repetitiva, coincidindo 
aproximadamente com a identificação do pulso palpável corresponde ao valor da pressão 
sistólica e o momento referente ao desaparecimento dos ruídos indicará a pressão diastólica. 
Os valores encontrados devem ser interpretados de acordo com a Tabela 6.3. 
 
Pressão Arterial 
 
Significado clínico 
≤120/80 mmHg 
 
Normotensão 
121/81 a 139/89 mmHg Pré-hipertensão 
140/90 a 159/99 mmHg 
 
Hipertensão estágio 1 
160/100 a 179/109 mmHg Hipertensão estágio 2 
≥180/110 mmHg 
 
Hipertensão estágio 3 
Tabela 6.3: Interpretações possíveis para valores de Pressão Arterial segundo a VII 
Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia 
Inspeção 
Nesta etapa do exame, deve-se solicitar que o paciente permaneça em decúbito dorsal, com 
cabeceira elevada a 45°, e exponha o tórax a fim de permitir a avaliação do precórdio. Neste 
momento, o examinador deve verificar se há abaulamentos ou retrações que possam ter

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