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QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL PROFESSORAS Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett Me. Paula Polastri ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1012 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. STRUET, Mirian Aparecida Mi- carelli; POLASTRI, Paula Qualidade e Certificação Ambiental. Mirian Aparecida Micarelli Struett Paula Polastri Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 184 p. “Graduação - EaD”. 1. Qualidade 2. Certificação 3. Ambiental. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Silvio Silvestre Barczsz Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Design Educacional Marcus Vinicius A. S. Machado Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Nagela Neves da Costa Ilustração Bruno Cesar Pardinho Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 333.7 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN: 978-85-459-2053-3 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Zagonel NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenasde cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2001) e mestrado em Administração em Gestão de Negócios (2005) pela mesma instituição. É funcionária pública estadual desde 1992. Já coordenou equipes na área de Imaginologia (Radiologia, Tomografia e USG), realizou Estatística Hospitalar e, atualmente, é gestora de contratos e atas de registro de preços e convênios federais do Hospital Universitário Regional de Maringá/UEM. Além disso, é pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMGna área de Sistemas de Informação e Contabilidade Gerencial, e professora titular do Centro de Ensino Superior de Ma- ringá - Unicesumar. Tem experiência na área de Administração Pública e Privada e atua como docente nas áreas de Gestão Hospitalar, Gestão de Hotelaria e Estrutura Hospitalar, Gestão da Qualidade e Certificação Ambiental, Administração voltada para a Gestão Pública, Sustentabilidade e Responsabilidade Social, Desenvolvimen- to Sustentável, Segurança no Trabalho Hospitalar e Conceitos da Administração e Ética Empresarial http://lattes.cnpq.br/3388750064285917 Me. Paula Polastri Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp (2007),, pós-graduação em Ciências Ambientais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM (2014), mestrado em Engenharia Ur- bana e pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2017). Tem experiência em implantação e certificação do Sistema de Gestão Ambiental com base na norma ABNT NBR ISO 14001, em auditorias ambientais, licenciamento ambiental, gerenciamento de resíduos sólidos e elaboração/execução de projetos ambientais. Atualmente, é doutoranda em Enge- nharia Química pela UEM na linha de pesquisa acerca do potencial da produção de biogás a partir da co-digestão anaeróbia de resíduos sólidos industriais. Não só, mas também compõe o grupo de pesquisa em Gestão Integrada de Águas Urbanas da Universidade Estadual de Maringá (GIAU/UEM) e atua como professora mediadora e formadora na modalidade de ensino a distância no Centro de Ensino Superior de Maringá - Unicesumar. http://lattes.cnpq.br/6170602428689890 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL Caro(a) aluno(a), é com muito prazer que lhe apresentamos o livro que fará parte da disciplina Qualidade e Certificação Ambiental. Com ela, esperamos que você adquira os conhecimentos necessários para a sua atuação enquanto gestor(a) ambiental. Na Unidade 1, construiremos o conhecimento acerca da qualidade ambiental, abordando as principais teorias e parâmetros que nos permitem inferir sobre. Nesse sentido, apresenta- remos os principais indicadores utilizados para mensurar qualitativa e quantitativamente a qualidade do meio ambiente. Faremos, na Unidade 2, uma relação entre qualidade, gestão da qualidade e gestão ambien- tal. Assim, trabalharemos algumas ferramentas de apoio ao gerenciamento da qualidade e à implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Na Unidade 3, explanaremos os principais aspectos que culminaram na busca por uma melhor forma de realizar a gestão organizacional, especificamente por intermédio do Sistema de Ges- tão Ambiental (SGA). Com ele, as organizações têm buscado aprimorar a sua gestão por meio da implantação de sistemas de gestão com base em normas de padrão internacional, da qual a ISO é a mais reconhecida internacionalmente. Por fim, faremos uma breve descrição sobre a integração do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Para que obtenham a certificação na área ambiental ou da qualidade, as empresas precisam implementar, primeiramente, um sistema de gestão consistente em uma estrutura organiza- cional que permita que elas avaliem e controlem as suas atividades produtivas e seus impactos ambientais. Por isso, na Unidade 4, você conhecerá os tipos de auditoria ambiental e suas aplicações, bem como a auditoria interna de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). Na Unidade 5, demonstraremos a importância das certificações e das rotulagens ambien- tais a partirda apresentação de alguns selos e algumas certificações mais conhecidas e reconhecidas no mercado internacional. Ao final da unidade, trabalharemos aspectos extras relacionados à obtenção dessas certificações para as organizações. Prezado(a) aluno(a), vamos à leitura deste livro. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando Ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO INDICADORES E METODOLOGIAS DE QUALIDADE AMBIENTAL 8 GESTÃO DA QUALIDADE E MEIO AMBIENTE 42 78 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) 112 AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO 143 ROTULAGEM AMBIENTAL 171 CONCLUSÃO GERAL 1 INDICADORES E METODOLOGIAS DE Qualidade Ambiental PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Construindo conceitos sobre Qualidade Ambiental • Metodologias e Indicadores de Qualidade Ambiental. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Estabelecer a Qualidade Ambiental como um dos principais parâmetros das estratégias de Desenvol- vimento Sustentável • Discutir sobre as principais metodologias analíticas relacionadas ao levantamento e ao diagnóstico da Qualidade Ambiental. PROFESSORAS Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett Me. Paula Polastri INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Qua- lidade e certificação ambiental. Sabe-se a necessidade de compreender os principais aspectos que influenciam as nossas tomadas de decisões na sociedade. Todos somos autores responsáveis por essa construção. Por isso, nossas decisões precisam ser pautadas nos objetivos do Desenvolvimento Sustentável e da sustentabilidade; mensuradas e analisadas para que possa- mos traçar estratégias e metas a serem atingidas. Uma das formas de atingir essas metas é conhecer os índices de desenvolvimento humano e ambiental para a posterior formulação das Políticas Públicas. Desse modo, inicialmente, construiremos o conhecimento acerca da Qualidade Ambiental, abordando as principais teorias e os parâmetros que nos permitem inferir na qualidade ambiental. Você verá que muitos parâ- metros são qualitativos, ou seja, extremamente variáveis, de acordo com o observador. Tal fato é derivado do conceito de sustentabilidade, sem, no entanto, sustentar o próprio conceito de qualidade ambiental. Apresentaremos depois, alguns indicadores, como os índices do desen- volvimento humano (IDH) e seus desdobramentos; os índices de Desen- volvimento Ambiental e a Sustentabilidade Ambiental e Humana, a partir da análise do conceito de Pegada Ecológica; a metodologia Pressão-Estado- -Resposta e a apresentação do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA), compilado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. Observa-se, também, o exemplo do Estado de São Paulo para melhor visão da importância desses indicadores para a construção da qualidade ambiental. Ao final desta unidade, Discutiremos a pesquisa detalhada de Silva (2016), intitulada “Pegada Ecológica: uma análise dos colaboradores e fa- miliares do Supermercado Selau em Santana do Livramento”, disponibili- zada em formato QR Code. Agora, prezado(a) aluno(a), iniciemos nossa caminhada pela estrada do conhecimento. U N ID A D E 1 10 1 CONSTRUINDO CONCEITOS SOBRE A QUALIDADE ambiental Por muitos anos, o conceito de “crescimento” confunde-se ao de “desenvolvimen- to”. O aumento das pressões ambientais e da conscientização em relação à ação antrópica no meio ambiente leva a sociedade a buscar um padrão de vida mais alto e melhor, conjuntamente ao crescimento econômico, à inclusão da temática ambiental e ao desenvolvimento humano. A definição de “desenvolvimento”, desse modo, tornou-se, a partir de 1945, alvo de debates e de discussões (na academia, nas organizações e nos governos), intensificando-se na década de 70. Encontrou, porém, partir da década de 90, uma definição mais clara, que perpetua na busca pelo Desenvolvimento Sustentável no Mundo, até hoje (TOIGO; MATTOS, 2016). De acordo com Toigo e Mattos (2016, p. 554-555): “ Tal discussão estava relacionada, sobretudo, a caminhos e trajetórias para se alcançar o progresso a partir da submissão (e uso extensivo) da natureza de forma contínua. Assim, a relação entre questões ambientais e desenvolvimento, principalmente na escala humana, tornou-se um importante elo para entender os problemas ecológicos cada vez mais evidentes e irreversíveis. As indagações crescentes a respeito do futuro do meio ambiente e da humanidade, no que diz respeito à qualidade de vida e bem-estar, tornaram necessária a criação de indicadores que fossem além dos limites trazidos pelo Produto Interno Bruto (PIB). U N IC ES U M A R 11 Segundo Costa (2018), a qualidade atrela-se às características, propriedades e atributos. Podemos, também, adjetivar qualidade ambiental como alta ou baixa, relacionando-a a outros indicadores, como os que produzem baixa qualidade ambiental, por exemplo, a poluição (ar, água, solos, atmosfera), a geração de resí- duos perigosos à vida, entre outros. Para Toigo e Mattos (2016, p.558), “o uso contínuo dos recursos naturais”; o crescente nível de poluição” e o “desconhecimento da realidade ambiental” glo- bal “levariam a um declínio na qualidade de vida da população”. Desse modo, independentemente da atividade ou do empreendimento, ela será importante para a economia, mas gerará impactos. O exemplo dado por Silva et al. (2018) demonstra alguns dos impactos, como assoreamento marítimo, contaminação, poluição etc., causados pelas atividades nos portos; relacionados às atividades econômicas e ao ecossistema local, demonstrando a necessidade de uma gestão ambiental a fim de evitar o declínio da qualidade de vida das pessoas e do planeta. No levantamento de dados, juntos a outros autores, Silva et al. (2018) identifi- caram alguns indicadores a serem analisados para verificar a medição do desem- penho ambiental portuário. Dentre eles, têm-se os principais: resíduos, consumo de água, treinamentos ambientais, acidentes ambientais, emissões, políticas ambientais, energia, ecossistema local, licenciamento e certificação, ruídos e custos ambientais. Ao tratarmos do tema “qualidade ambiental”, podemos associá-lo às proprie- dades e aos atributos ambientais com padrões existentes, utilizados para avaliar o potencial de sobrevivência do ser humano. Exemplificaremos, a seguir, veri- ficando a longevidade e a qualidade ambiental de determinado centro urbano ou rural. Analisar a exata correlação entre a longevidade, as características e os atributos da área urbana e rural, porém, será tão complexo quanto a correlação de sustentabilidade de um país para outro. Desse modo, ao estabelecer um parâmetro para analisar a qualidade ambiental da Lagoa da Conceição (Florianópolis-SC), Silva (2002 apud COSTA, 2018) uti- lizou uma metodologia de densidade populacional, uso e ocupação de solo, que é uma das utilizadas para realizar uma análise qualitativa sobre pressões ambientais, mas não são gerados os indicadores quantitativos passíveis de comparação. Percebemos,assim, que adjetivar qualidade ambiental por termos genéricos e quantificá-los são de difícil execução, pois existem diversos fatores específicos a serem avaliados, e, dificilmente, conseguimos encontrar uma única metodologia para a compreensão e análise da qualidade ambiental (COSTA, 2018). U N ID A D E 1 12 Para Hammond et al. (1995 apud ARAÚJO; MAIA; RODRIGUES, 2016, p. 2), “a palavra ‘indicador’ vem do latim indicare, que significa apontar, divulgar, ou seja, os indicadores são capazes de mostrar e orientar aspectos de certa realida- de”. De acordo com Dahl (1997), o maior desafio concentra-se na construção de indicadores relacionados à sustentabilidade e à qualidade ambiental, pois devem fornecer um retrato da situação de sustentabilidade. Para Araújo, Maia e Rodrigues (2016), o primeiro entrave na construção de indicadores relaciona-se à pluralidade do uso conceitual do termo desenvolvi- mento sustentável e das diferentes correntes de pensamento, por exemplo, as correntes da Sustentabilidade Econômica Forte e Fraca: ■ Sustentabilidade Econômica Fraca: faz parte da corrente neoclássica. Nesta, justifica-se as perdas ecológicas quando há ganhos econômicos e utiliza-se indicadores monetários. ■ Sustentabilidade Econômica Forte: há uma defesa pela ecologia, na qual, diferentemente da corrente neoclássica, as perdas ecológicas não podem ser justificadas por ganhos econômicos e os indicadores devem ser mensurados fisicamente. Questiona-se, porém, como mensurar um padrão, se existe tanta incerteza e com- plexidade no trato dos dados, originado, principalmente, pelas diferenças entre países, por exemplo, dos indicadores relativos às questões de diversidade cultural e outros fatores, como os atrelados à responsabilidade socioambiental? É possível relacionar índices desfavoráveis, ou seja, que em comparação a outras regiões ou países, esteja ligado à baixa qualidade ambiental. Dentre os indicadores, podemos relacionar os de crescimento do PIB e outros passíveis de comparação com os impactos dos empreendimentos na natureza e na vida das pessoas. Dessa forma, proposições e levantamentos específicos de dados são necessários para a correta compreensão da qualidade ambiental, envolvendo gestão e manejo ade- quado dos recursos existentes bem como a associação de outros fatores, atrelados, por exemplo, aos aspectos sociais, políticos, físicos, químicos, dentre outros, que, de fato, podem permitir o desenvolvimento sustentável. Em síntese, como afirma Valois (2009 apud SILVA et al., 2018, p. 7), “[...] a avaliação de desempenho [...] com uso de indicadores de desempenho ambiental deve direcionar a gestão ambiental [...] para a implementação de medidas [...] a fim de que possam ser comparados [...]” com outros indicadores. U N IC ES U M A R 13 Os indicadores e seus desdobramentos mencionados a seguir são utilizados para a formulação e definição de políticas públicas; visam ao alcance dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no mundo e à implementação de medi- das para o meio ambiente, justamente por representar a orientação das ações de governos nacionais e internacionais, para proporcionar níveis mais elevados de renda, redução de desigualdades e da degradação dos recursos naturais, ou seja, buscar melhorar a relação da sociedade com a natureza. 2 METODOLOGIAS E INDICADORES DE Qualidade Ambiental Iniciemos com a seguinte questão: como mensurar Desenvolvimento Humano e Qualidade Ambiental? “ Todo o debate sobre desenvolvimento humano e sustentabilida-de encontra maior respaldo, quando se consideram iniciativas como a Avaliação do Milênio e também no contexto dos tra- U N ID A D E 1 14 balhos de mensuração. Os índices são ferramentas poderosas no processo de consolidação das ideias e também de oferta de informação mais palpáveis aos formuladores de política pública (TOIGO; MATTOS, 2018, p.558). Diante do que aprendemos acerca da Qualidade Ambiental, torna-se necessário conhecer os indicadores que possam elucidar boa parte das questões atreladas à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável. Por isso, nos subtópicos, a seguir, apresentamos alguns Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH), bem como do Desenvolvimento Ambiental e a Sustentabilidade Ambiental e Humana, a partir, também, da análise do conceito de Pegada Ecológica, a Metodologia da Pressão- -Estado-Resposta (PER) e o Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA). IDH – Índice de Desenvolvimento Humano O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou o “Índi- ce de Desenvolvimento Humano” (IDH) para evitar o uso exclusivo da opulência econômica. A publicação do primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano deu-se em 1990. Até 1960, porém, não houve a necessidade de distinguir desen- volvimento de crescimento econômico, momento em que as nações ricas estavam envolvidas no processo da industrialização. Alguns países, no entanto, permaneciam subdesenvolvidos, nos quais a in- dustrialização era incipiente, como no Brasil. Nesse momento, nasce um intenso debate internacional sobre o vocábulo “desenvolvimento”, concebido pela Orga- nização das Nações Unidas (ONU). Até o final do século XX, ainda, os manuais serviam-se despudoradamente do desenvolvimento e do crescimento econômico como sinônimo (VEIGA, 2005). Segundo Toigo e Mattos (2016), a sociedade precisava compreender que a sustentabilidade não se relaciona, somente, ao meio ambiente, mas também à forma de vida das pessoas. A sustentabilidade liga-se, ainda, à equidade, por isso é preciso que haja consciência da ação individual em relação à coletividade, pois essas ações podem e poderão afetar a vida das pessoas, a curto e longo prazo. Ao final dos anos 80, a contribuição de Sen foi importantíssima para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), consultor de Mahbud ul Haq, do Banco Mundial, arquiteto do Relatório de Desenvolvimento Humano, publicado pelo PNUD, em 1990, tentou transformar os dados em índices sintéticos. Mahbud U N IC ES U M A R 15 foi, fortemente, criticado por Sen, ao tentar transformar dados complexos e amplos do processo de desenvolvimento em dados quantitativos per capita (VEIGA, 2005). Ainda, concebem Sen e Mahbud (apud VEIGA, 2005, p. 85): Só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento ser- vem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários e um nível de vida digno e ser capaz de participar da vida em comunidade. Na ausência destes quatro, estão indisponíveis todas as outras escolhas comuns. E muitas oportunidades na vida serão inacessíveis. Além disso, há um fundamental pré-requisito que precisa ser explicitado: as pes- soas têm de ser livres para que suas escolhas possam ser exercidas, para que garantam seus direitos e se envolvam nas decisões que afetarão suas vidas. Os relatórios incidem em quatro capacidades anteriormente mencionadas: vida longa e saudável, conhecimento, acesso aos recursos necessários para um padrão de vida digno e a participação da comunidade. Apesar das mudanças ocorridas em 2010 na metodologia do cálculo do IDH, o índice manteve suas características principais. Os pilares do IDH–longevidade, educação e renda (conhecimento, saúde e padrão de vida digno, respectivamente)– não foram alterados, mas houve modificação no cálculo final do índice: ■ Longevidade – não mudou, mede-se pela expectativa ao nascer. ■ Educação – anteriormente, o indicador referia-se à “taxa de alfabetização”, agora, calcula-se a partir dos anos de estudo da população adulta (25 anos ou mais), pois as taxas de matrícula aumentavam significativamente, bem como os padrões de matrícula bruta e alfabetização. Mudou-se, também, os pesos de avaliação dos subíndices de analfabetismo e taxa de matrícula,que, agora, têm peso semelhante (2 e 1, respectivamente, para 1). ■ RNB – o Produto Interno Bruto (PIB) per capita foi substituído pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, pois, dantes, não contempla- va o capital exterior (maneira de captar melhor as remessas vindas de imigrantes, excluírem da conta o envio de lucro para o exterior das empresas e o cômputo das verbas de ajuda humanitária, recebido pelo país, por exemplo). Mantido o modo como os valores são expressos U N ID A D E 1 16 (paridade do poder de compra – PPC), levando em conta a variação do custo de vida entre os países. ■ Cálculo– até 2009, o cálculo do IDH era a média simples (eram somados os três subíndices e divididos por três) dos três subíndices. Apartir desse rela- tório, recorre-se à média geométrica (são multiplicados os três subíndices e calculada a raiz cúbica do resultado da multiplicação). Agora, o nível de desenvolvimento deixa de ser um valor fixo e passa a ser um valor relativo. O PNUD admite que o IDH seja o ponto de partida, entretanto não é uma medida compreensiva, já que não inclui a participação nas decisões que afetam a vida das pessoas em comunidade. Como afirma Veiga (2005), no relatório 2004, “uma pessoa pode ser rica, saudável e muito bem instruída, mas sem essa capacidade o desenvolvimento é retardado”. O principal defeito do IDH é o resultado arit- mético dos três índices: renda, escolaridade e longevidade, não havendo dispo- nibilidade para indicadores tão importantes, como ambiental, cívico e cultural. O IDH foi muito criticado pelos índices que apresentava. Como a metodologia não era passível de comparação, e a fim de possibilitar que fossem verificadas novas tendências no desenvolvimento humano, a equipe responsável pelo relatório cal- culou, também, o IDH 2009 e os demais anos de referência (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2010 apud TOIGO; MATTOS, 2016). Podemos ver no Mapa, a seguir, a classificação dos países que participaram do cálculo do IDH global e estão entre os 25% com maior IDH (desenvolvimento humano muito alto); seguido dos 25% (alto desenvolvimento humano); dos 25% de desenvolvimento humano médio; e, por fim, os 25% restantes com menor IDH, classificados como países de baixo desenvolvimento humano. U N IC ES U M A R 17 Figura 1 - Mapa-múndi de IDH (2017) / Fonte: Wikipédia ([2019], on-line)1. Mapa-múndi indicando o Índice de Desenvolvimento Humano - 2017. acima de 0,900 0,850-0,899 0,800-0,849 0,750-0,799 0,700-0,749 0,650-0,699 0,600-0,649 0,550-0,599 0,500-0,549 0,450-0,499 0,400-0,449 0,350-0,399 0,300-0,349 abaixo de 0,300 Sem dados A partir de 2010, o Brasil apresentou diferentes posições no IDH. Atualmente, encontra-se quase estagnado desde 2016, em relação à expectativa de vida, aos anos de estudo e à média de anos de estudo. O diferencial refere-se à renda, que, desde 2010, o Brasil deixou de apresentar crescimento da renda nacional. No ranking 2018 do IDH global, realizado pela Organização das Nações Uni- das (ONU), o Brasil posiciona-se na 79ª colocação. Apesar de o Brasil estar no grupo considerado de “Alto desenvolvimento humano”, é considerado o segundo escalão na lista, pois, em primeiro escalão, posicionam-se os países de “Muito alto desenvolvimento humano”, e, após o segundo escalão, tem-se o “Médio desen- volvimento humano”, seguido dos países de “Baixo desenvolvimento humano”. A seguir, observe a descrição das três primeiras posições em relação ao ran- king de cada escalão: 18 Gru- po de Desen- volvi- mento Posição no Ran- king País IDH Espe- rança de vida ao nas- cer Anos esperados de escola- ridade Mé- dia de anos de estu- dos RNB per capita (PPP, 2018) Muito Alto 1º Noruega 0.953 82.3 17.9 12.6 68,012 2º Suíça 0.944 83.5 16.2 13.4 57,625 3º Austrália 0.939 83.1 22.9 12.9 43,56 Alto 60º Irã 0.798 76.2 14.9 9.8 19,130 60º Palau 0.798 73.4 15.6 12.3 12,831 62º Seicheles 0.797 73.7 14.8 9.5 26,077 79º Brasil 0.759 75.7 15.4 7.8 13,755 Médio 113º Filipinas 0.699 69.2 12.6 9.3 9,154 113º África do Sul 0.699 63.4 13.3 10.1 11,923 115º Egito 0.696 71.7 13.1 7.2 10,355 Baixo 152º Ilhas Sa- lomão 0.546 71.0 10.2 5.5 1,872 153º Papua - Nova Guiné 0.544 65.7 10.0 4.6 3,403 154º Tanzânia 0.538 66.3 8.9 5.8 2,655 189º Níger 0.354 60.4 5.4 2.0 906 Quadro 1 - As três primeiras posições em relação ao ranking de cada escalão do IDH / Fonte: adaptado de UNDP ([2019], on-line)2. U N IC ES U M A R 19 Informações oficiais sobre a atualização estatística do IDH e seus desdobramentos, os relatórios de Desenvolvimento humano (RDH) bem como outras informações a respeito dos indicadores de Desenvolvimento Humano e dos Objetivos do Desenvolvimento Sus- tentável (ODS) poderão ser adquiridas, diretamente, nos sites da Organização da Nações Unidas (ONU), no Brasil: https://nacoesunidas.org/brasil e no site da United Nations Deve- lopment Programme – UNDP: https://www.undp.org/. Fonte: as autoras. explorando ideias IDHM e as Políticas Públicas Importante destacar que o conceito IDH sustentável foi consolidado no Brasil na década de 90. Esse é o método mais empregado para estabelecer prioridades públi- cas, calcular repasses a estados e municípios na destinação orçamentária, apoiar a sociedade civil, orientar as empresas privadas, em processos decisórios e alocação de investimentos. Ele possibilitou o pensamento do progresso, ou seja, o desen- volvimento atrelado ao rendimento, porém, no quesito ecológico, recebe críticas. “ O IDH tem sido criticado por não incluir quaisquer considera-ções ecológicas, com foco exclusivamente no desempenho na-cional e na classificação, e por não avaliar o desenvolvimento em uma perspectiva mais abrangente. O índice também foi criticado como “redundante” por medir aspectos do desenvolvimento que já foram estudados exaustivamente (SAGAR; NAJAM, 1998; CA- SADIO; PALAZZI, 2012; PALAZZI; LAURI, 2013 apud BRASIL; MACEDO, 2016, p.108). A partir do IDHM Municipal podem ser analisadas prioridades públicas para cada região, principalmente em busca de melhoria na qualidade de vida nos Em análise aos resultados apresentados nesse relatório, podemos observar que a Noruega lidera o ranking do IDH entre os resultados apresentados para os 189 países e territórios, enquanto Níger apresenta a pontuação mais baixa na média de realizações nacionais do IDH– saúde, educação e renda. https://nacoesunidas.org/brasil-mantem-tendencia-de-avanco-no-desenvolvimento-humano-desigualdades-persistem/ https://www.undp.org/ U N ID A D E 1 20 meios urbanos, já que a forma como se apresenta a urbanização das cidades é insustentável, aliada à falta de planejamento, à deterioração de recursos naturais e à vulnerabilidade social. “ De acordo com o Department of Economic and Social Affairs (2012) um bilhão de pessoas já vivem em assentamentos precários, ou seja, sem infraestrutura e sem acesso aos serviços básicos neces- sários. Se ações não forem tomadas, em 2050 pode haver três bilhões de pessoas habitando favelas. Com a preocupação global de mudar esse cenário, os indicadores tornaram-se ferramentas indispensáveis para orientar, avaliar e monitorar o desempenho das cidades rumo ao sustentável (ARAÚJO; MAIA; RODRIGUES, 2016). Silva e Guimarães (2012) fizeram uma correlação importante entre o IDH de regiões brasileiras, de forma a computar a demanda por consumo de eletricidade per capita necessária para atingi-las. De acordo com os autores, baseados em diversos estudos anteriores: “ [...] a evolução da qualidade de vida da sociedade, traduzida pelo IDH, apresenta uma correlação estreita com o consumo de eletri-cidade per capita. Como dispomos no Brasil do indicador de IDH desagregado, podemos adotar nos estados brasileiros o mesmo raciocínio usado na comparação entre diferentes países. Assim, é possível traçar a curva IDH vs. Consumo de eletricidade per capita (SILVA; GUIMARÃES, 2012, p.16). Apóso levantamento da curva “IDH versus Consumo” de eletricidade dos es- tados brasileiros, os autores Silva e Guimarães (2012, p.16) propuseram a integra- ção do Planejamento Energético a uma Política de Governo, visando à melhoria do IDH, “abrangendo os aspectos de saneamento, construção da infraestrutura, saúde e educação” sob o risco de inviabilizar o desenvolvimento e a inclusão social. Nas palavras de Silva e Guimarães (2012, p.16): “ O acesso à energia é um dos fatores fundamentais na evolução da qua-lidade de vida da sociedade. Com efeito, apenas com acesso à energia podemos viabilizar melhorias na expectativa de vida, na escolaridade e na renda da população. Acima de tudo, a disponibilidade de energia elétrica é um pré-requisito para esta melhoria, e não sua consequência. U N IC ES U M A R 21 Como apontamos, anteriormente, bem como destacado pelos autores Silva e Guimarães, é preciso que essa distribuição equitativa da energia elétrica ocorra de forma sustentável, de maneira que outros indicadores, como a PE e o IDA, sejam necessários para avaliar, efetivamente, a sustentabilidade. A seguir, apresentamos o índice de desempenho ambiental (IDA) e, na sequên- cia, a Pegada Ecológica (PE). Índice de Desempenho Ambiental As Universidades de Yale e Columbia criaram uma metodologia chamada Envi- ronmental Performance Index (EPI) cujo objetivo era a criação de uma economia e uma sociedade mais sustentável. Esse método, no Brasil, chama-se Índice de Desempenho Ambiental (IDA). Para avaliar esse desempenho governamental, tal ferramenta mensura as po- líticas ambientais governamentais, priorizando dois objetivos do meio ambiente: o primeiro relaciona-se à redução de estresses ambientais para a saúde humana e, o segundo, à promoção da vitalidade do ecossistema e da correta gestão dos recursos naturais (TOIGO; MATTOS, 2016). Segundo essa metodologia, os objetivos são avaliados por meio de 25 indicadores e divididos em seis dimensões, chamadas de categorias políticas, consideradas funda- mentais para a vitalidade do ecossistema e estão relacionadas à: “saúde do meio am- biente, qualidade do ar, recursos hídricos, biodiversidade e habitat, recursos naturais produtivos e mudança climática” (YALE UNIVERSITY; COLUMBIA UNIVERSITY, 2008 apud TOIGO; MATTOS, 2016, p.561-562). De acordo com Yale e Columbia Universities (apud TOIGO; MATTOS, 2016), essa ferramenta possui algumas limitações metodológicas, como a falta de dados. Porém, quando relacionamos aos aspectos da redução da pobreza; da saúde e de outros objetivos de desenvolvimento, auxilia a tomar decisões e for- mular políticas ambientais mais condizentes com a realidade, uma vez que resulta em informações coerentes com os problemas decorrentes do meio ambiente e as condições de vida humana. U N ID A D E 1 22 Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) Um exemplo de como o indicador quantifica, facilita e simplifica as informações sobre questões ambientais, além de auxiliar no entendimento a essa ferramenta, foi o IDA, desenvolvido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). De acordo com os autores Silva et al. (2018), a ANTAQ, criada pela Lei nº 10.233/2001, é uma agência regulamentadora com a finalidade de regular, super- visionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviá- rio e de exploração da infraestrutura portuária. Assim, por meio da Resolução nº 2650/2012, desenvolveu-se o Índice de Desempenho Ambiental (IDA) cuja ferra- menta apresenta categorias com indicadores globais e específicos para avaliação dos portos, envolvendo os aspectos econômico, operacional, sociológico, cultural, físico, químico, biológico e ecológico. “ A aplicação dessa ferramenta governamental que é o IDA se dá por meio de um questionário aplicado aos gestores ambientais, o qual é preenchido de forma voluntária pelos portos. Esse questionário é composto por 38 indicadores específicos de desempenho ambiental que são classificados em 4 categorias e 14 indicadores globais, sendo que para cada indicador foi estabelecido um conjunto de situações de atendimento (atributos), as quais determinam em que estágio a gestão se encontra para aquele indicador, ou ainda, em que nível de atendimento (SILVA et al. 2018,p. 10-11). O quadro, a seguir, apresenta esses indicadores e as categorias globais e específicas do IDA e seus respectivos pesos. U N IC ES U M A R 23 ÍNDICE DE DESEMPENHO AMBIENTAL Categoria Econômico-Operacional Indicadores Globais Peso Indicadores Específicos Peso Governança Ambiental 0,217 Licenciamento ambiental do porto 0,117 Quantidade e qualifica- ção dos profissionais no núcleo ambiental 0,033 Treinamento e capacita- ção ambiental 0,016 Auditoria ambiental 0,05 Segurança 0,16 Banco de dados oceano- gráficos/hidrológicos e me- teorológicos/climatológicos 0,016 Prevenção de riscos e atendimento a emergência 0,108 Ocorrência de acidentes ambientais 0,036 Gestão Das Operações Portuárias 0,028 Ações de retirada de resí- duos de navios 0,033 Operações de contêineres com produtos perigosos 0,019 Gerenciamento de Energia 0,028 Redução do consumo de energia 0,019 Geração de energia limpa e renovável pelo porto 0,006 Fornecimento de energia para navios 0,002 Custos e Benefícios das Ações Ambientais 0,068 Internalização dos custos ambientais no orçamento 0,068 U N ID A D E 1 24 Agenda Ambiental 0,039 Divulgação de informa- ções ambientais do porto 0,004 Agenda ambiental local 0,018 Agenda ambiental institu- cional 0,01 Certificações voluntárias 0,007 Gestão Condominial o Porto Organizado 0,11 Controle do desempenho ambiental dos arrenda- mentos e operadores pela Autoridade Portuária 0,038 Licenciamento ambiental das empresas 0,026 Plano de Emergência Indi- vidual dos terminais 0,015 Auditoria ambiental dos terminais 0,008 Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos terminais 0,011 Certificações voluntárias das empresas 0,004 Programa de educação ambiental nos terminais 0,008 CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL Educação Ambiental 0,05 Promoção de ações de educação ambiental 0,05 Saúde Pública 0,025 Ações de promoção da saúde 0,008 Plano de contingência de saúde no porto 0,017 U N IC ES U M A R 25 CATEGORIA FÍSICO-QUÍMICA Monitoramento da Água 0,039 Qualidade ambiental do corpo hídrico 0,025 Drenagem pluvial 0,004 Ações para redução e reuso da água 0,01 Monitoramento Do Solo e Material Dragado 0,025 Área dragada e disposi- ção de material dragado 0,012 Passivos ambientais 0,012 Monitoramento do Ar e Ruído 0,015 Poluentes atmosféricos (gases e particulados) 0,011 Poluição sonora 0,004 Gerenciamento De Resíduos Sólidos 0,08 Gerenciamento de resí- duos sólidos 0,08 CATEGORIA BIOLÓGICO-ECOLÓGICA Biodiversidade 0,049 Monitoramento de Fauna e Flora 0,01 Animais sinantrópicos 0,029 Espécies aquáticas exóti- cas/invasoras 0,01 Quadro 2 - Indicadores e categorias que compõe o IDA Fonte: adaptado de ANTAQ (2017 apud SILVA et al. 2018). De acordo com o levantamento de Silva et al. (2018) sobre os portos brasileiros, no período de 2012 a 2015 e no primeiro semestre de 2016, dados quantitativos foram levantados, como antecipou Povia (2015), para auxiliar na promoção do fluxo de informações técnicas sobre a gestão ambiental, porém como o IDA pro- posto pela ANTAQ é um questionário gerencial, não reflete, necessariamente, o desempenho ambiental do porto, apesar de 54,50% dos gestores portuários concordarem com a composição de seus indicadores como adequados. Nesse sentido, Silva et al. (2018) entenderam que a metodologia da ANTAQ trouxe indicadores qualitativos organizacionais, não refletindo, especificamente, o desempenho quantitativo e as consequências do impacto ambiental ou do sistema U N ID A D E 1 26 de gestão ambiental do próprio porto, uma vez que esses gestores respondem de forma voluntáriae podemhaver diferenças nos resultados, ocasionadas pela diversidade de percepção em relação ao desempenho ambiental. Pegada Ecológica Em 1996, os autores Wackernagel e Rees lançaram um livro chamado Our Eco- logical Footprint, que trouxe importantes medições acerca das pressões e marcas que nós, seres humanos, deixamos no planeta Terra. Em português, chamamos Pegada Ecológica (PE) na busca da redução do impacto do ser humano na Terra. A partir do Ecological Footprint Method, foi possível avaliar a pressão do consumo sobre os recursos naturais de forma global, ou seja, mensurar e avaliar os recursos requeridos para sustentar o padrão de vida das pessoas no mundo (TOIGO; MATTOS, 2016). De acordo com Pereira (2008, p. 35), esse método busca “quantificar os fluxos de energia e massa de uma economia ou atividade específica, convertidos em áreas correspondentes necessárias para suportar esses fluxos”. De maneira sintéti- ca, reduz a dimensão – áreas de terra e água para o seu suporte, toda a exploração humana dos recursos e do seu meio ambiente. Conforme Toigo e Matos (2016, p. 560), a PE “é considerada uma metodologia de contabilidade ambiental”, seus resultados são expressos em hectares globais (gha). De acordo com os mesmos autores, “Um gha representa um hectare bio- logicamente produtivo em relação à média mundial de produtividade”. Segundo Silva (2016, p.12), para realizar o cálculo da Pegada Ecológica deve-se considerar os mais diversos “tipos de territórios produtivos e de con- sumo”, “das tecnologias utilizadas e o tamanho das populações, além das áreas utilizadas para o recebimento de resíduos gerados e dos recursos necessários para a manutenção da própria natureza”. Assim, essa metodologia mede uma área (em hectares globais, que correspondem à terra e à água) impactada pelo homem na terra e calcula, por meio dessas ocupações (prédios, rodovias, plan- tio agrícola, dentre outros elementos do planeta), a área de terreno produtivo necessário para sustentar a vida. U N IC ES U M A R 27 De acordo com Scarpa (2012, p. 7), para obter a Pegada Ecológica, deve-se considerar “a emissão de gases de efeito estufa (principalmente o gás carbônico - CO2 ) na atmosfera e a presença de poluentes no ar, na água e no solo”. Dessa forma, todo tipo de consumo (alimentos, bens ou serviços, entre outros) podem ser convertidos em uma área medida em hectares. De acordo com o Portal World Wide Fund for Nature - WWF Brasil (2007 apud SILVA, 2016, p.20-21), “ a pessoa que na somatória de seus pontos obtiver até 23 pontos possui a pegada ideal (1,8 gha), um planeta Terra; de 24 a 44 pontos (3,6 gha), 21 o ser humano necessitaria de dois planetas Terra; de 45 a 66 pontos (5,4 gha), o indivíduo necessitaria de três planetas Terra e; por último, de 67 a 88 pontos (7,2 gha) o impacto de sua pegada seria de quatro planetas terra. De acordo com Becker (2012 apud SILVA, 2016), “a média da Pegada Ecológica mundial era de 2,7 gha por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para cada ser humano era de apenas 1,8 gha”. Com isso, a humanidade estava em grave déficit ecológico de 0,9 gha/cap, ou seja, a humanidade consumia um planeta e meio, exce- dendo assim a capacidade regenerativa do planeta em 50% [...] E, a Pegada Ecológica brasileira, em 2012, era de 2,9 hectares globais por habitante, indicando que o consumo médio de recursos ecológi- cos pelo brasileiro está bem próximo da Pegada Ecológica mundial (BECKER, 2012 apud SILVA, 2016). Silva (2016, p.9) afirma que “as projeções para 2050 são que se a humanidade seguir procedendo desta forma, serão necessários mais de dois planetas para manter o padrão de consumo”. Como podemos perceber, a sociedade consume muito mais do que o planeta pode oferecer. De acordo com os autores Hails et al. (2006 apud PEREIRA, 2008, p. 35), a PE “não prevê o futuro, portanto ela não estima perdas futuras causadas pela atual degradação dos ecossistemas”. Para esses mesmos autores, os valores quantitativos encontrados da pegada não indicam a intensidade de cada zona biologicamente produtiva utilizada, também não apontam para pressões específicas à biodiversidade. U N ID A D E 1 28 Pegada Ecológica dos colaboradores do Supermercado Selau e suas famílias No levantamento dos entrevistados, colaboradores do Supermercado Selau e suas famílias foram apontados na pesquisa e foi possível concluir que eles possuem uma Pegada Ecológica de 3,6 a 5,4 gha, ou seja, duas a três vezes maior do que o valor ideal. Considerando os resultados da pesquisa de Silva, chegou-se às seguintes conclusões, quanto ao cálculo da Pegada Ecológica dos entrevistados (SILVA, 2016, p. 21): ■ 50% atingiram a pontuação de 24 a 44 pontos, representativo de “dois planetas Terra”. ■ 43,75% atingiram a pontuação de 45 a 66 pontos, representativo de “três planetas Terra”. ■ E, apenas, 6,25% atingiram a pontuação de 67 a 88 pontos, equivalente a “quatro planetas Terra”. Convertido em gha, a maioria dos entrevistados tem uma Pegada Ecológica correspondente à 3,6 a 5,4, maior do que o ideal, 1,8, como destacado anterior- mente. Sugeriu-se, desse modo, a educação ambiental para esses respondentes, por meio de folders, por exemplo, para que possam mudar suas atitudes, tor- nando-as mais sustentável. Importante destacar que, como indicador ambiental, a PE cumpre seu papel, pois gera impacto na população, que consegue levar as pessoas a uma reflexão em relação ao seu comportamento e ao seu consumo (individual e global); não consegue, porém, evoluir além desse papel de promover a sensibilização (ARAÚ- JO; MAIA; RODRIGUES, 2016). Como afirma Amaral, (2010, p. 80) “é necessário que a informação seja complementada com outros dados específicos para que haja mais coerência no processo decisório e no planejamento das ações”. Nesse sentido, sugerimos a metodologia PER, a seguir, como uma das formas de corroborar e somar à função da Pegada Ecológica. U N IC ES U M A R 29 Metodologia Pressão-Estado-Resposta Rufino (2002) realizou uma análise de Qualidade Ambiental no município de Tu- barão, no estado de Santa Catarina, utilizando-se da metodologia quantitativa de- nominada Pressão-Estado-Resposta(PER). O modelo proposto apresenta como as atividades humanas exercem pressão sobre o meio ambiente e, consequentemente, como essa pressão pode afetar o seu estado (quantidade de recursos), levando às ações para reduzir ou prevenir os impactos negativos. Dessa forma, o sistema PER baseia-se no conceito da causalidade: “ Atividades humanas exercem pressão sobre o meio ambiente e mu-dam sua qualidade e a quantidade dos recursos naturais (estado). A sociedade responde a estas mudanças através de políticas ambien- tais, econômicas e setoriais (resposta social). [...] estes passos for- mam parte de um ciclo (política) ambiental que inclui a percepção dos problemas, a formulação de políticas, monitoramento e ava- liação política (OECD, 1993 apud ROSSETO et al., 2004, p.5173). U N ID A D E 1 30 Os indicadores, na estrutura Sistema Pressão-Estado-Resposta, representado na Figura 2, a seguir, apresentam os indicadores como (OECD, 1993 apud ROSSETO et al., 2004, p.5173): Indicadores de pressão ambiental – descrevem as pressões antrópicas exercidas sobre o meio ambiente e que causam mudanças qualitativas e quantitativas nos recursos naturais. Compreendem indicadores de pressão imediata (pressão diretamente exercida sobre o meio ambiente, normalmente expressa em termos de emissões ou consumo de recursos na- turais) e indicadores de pressão indireta (refletem atividades que levam a futuras pressões ambientais). Indicadores das condições ambientais – correspondem ao “estado” e relacionam-se à qualidade ambiental e aos aspectos de quantidade/qualidade dos recursos naturais, refletindo o objetivo final das políticas ambientais e proporcionando visão geral da situação (estado) do meio ambiente e o seu desenvol- vimento ao longo do tempo.Indicadores de resposta – correspondem às respostas so- ciais, às ações individuais e coletivas para mitigar ou preve- nir impactos negativos induzidos pelas atividades humanas, a fim de interromper ou reverter danos ambientais infligidos ao meio e caracterizados pelas mudanças ambientais. Estas res- postas também contemplam ações pertinentes à preservação e conservação do meio natural e seus recursos. Indicadores de resposta devem refletir esforços da sociedade no processo de enfrentamento da problemática ambiental. 31 U N IC ES U M A RA OECD (1993 apud ROSSATO et al., 2004) apresenta quatro categorias de utilização dos indicadores ambientais, a saber: (1) a medição do desempenho ambiental; (2) a integração das preocupações ambientais nas políticas setoriais; (3) a integração das tomadas de decisões econômicas e ambientais; e (4) a infor- mação sobre o estado do meio ambiente. Esses indicadores, respectivamente, são utilizados para avaliar desempenho. O exemplo da figura a seguir demonstra as formas de ação da PER: Figura 2 - Sistema Pressão-Estado-Resposta / Fonte: OECD (1993 apud ROSSATO et. al., 2004, p. 5174). O trabalho de Rufino (2002 apud COSTA, 2018) esclarece a análise de Qualidade Ambiental. Para o autor, ela deve ser realizada em microescala, tendo em vista os diversos padrões atrelados aos aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. A análise deve, também, estabelecer padrões de sustentabilidade locais, ainda que para uma análise global de uma nação a análise de Qualidade Ambiental seja sistematizada por meio do mapeamento das situações loco-re- gionais, visando à formulação e ao desenvolvimento de políticas públicas para solucionar os problemas encontrados. U N ID A D E 1 32 Relatório de qualidade do Meio Ambiente (RQMA) No que tange ao nível nacional, o sistema de análise de sustentabilidade e qua- lidade ambiental encontra-se hierarquizado e o trabalho de alimentação do sis- tema se dá do nível municipal ao nível federal, passando pelos Estados. Todos os dados são sistematizados diante de uma metodologia padronizada e, ao final do processo, fazem parte do que se chama “Relatório Nacional de Qualidade do Meio Ambiente”. Isso tem uma explicação: o meio ambiente apresenta uma série muito extensa de variáveis que precisam ser consideradas, mesmo em um recorte mais restrito, como a análise da qualidade ambiental, no Estado de São Paulo, produzido pelo Departamento de Controle da Qualidade Ambiental (Decont) da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). A Prefeitura Municipal de São Paulo realiza o gerenciamento de áreas contaminadas por meio do Grupo Técnico de Áreas Contaminadas (GTAC), vinculado ao Decont e ao SVM. em consonância com os instrumentos legais vigentes. Todos os anos, realiza-se o levantamento das renovações de licenças e o acompanhamento dos setores que mais degradam o meio ambiente, a partir das denúncias, e em que boa parte se traduz em políticas ou progra- mas financiados pelo Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Fema ). Este objetiva apoiar os projetos e programas que prio- rizam o uso sustentável dos recursos naturais, manutenção, melhoria e/ou recuperação da qualidade ambiental, pesquisa e atividades ambientais de controle, fiscalização e defesa do meio ambiente (FEMA, 2019 on-line)3. Em nossa Leitura Complementar sobre o Relatório Anual de Qualidade do Meio Ambiente, você verá que muitas análises, em especial as de qualidade das U N IC ES U M A R 33 A partir dos resultados da pesquisa sobre a Pegada Ecológica dos colaboradores e fami- liares do Supermercado Selau, em Santana do Livramento, comparando-se população e entrevistado, teríamos a necessidade de dois a três planetas para garantir a manutenção dos hábitos da população mundial, apesar do tamanho da amostra de respondentes des- ta pesquisa em relação à população ser muito pequena. Fonte: Silva (2016). explorando ideias Você já pensou na quantidade de recursos naturais necessários para manter seu estilo de vida? Por exemplo, a sua alimentação, o seu transporte, ou seja, tudo o que você faz, Qual é o impacto das suas ações ao meio ambiente? Para saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo a seguir. conecte-se águas superficiais e subterrâneas, de qualidade do ar, áreas degradadas e número de espécies, exigem levantamentos de campo, coleta de amostras e análises labo- ratoriais para definir tais parâmetros. Assim, com os parâmetros numericamente definidos, executa-se uma com- paração com as bases oficiais, como abordadas, realizando-se uma posterior discussão dos resultados encontrados, que faz parte de qualquer trabalho sobre a análise da qualidade ambiental em nível local, territorial, regional e nacional. Você deseja ter uma ideia de parâmetros oficiais para comparação na produção dos relatórios de qualidade ambiental? Veja a sugestão de leitura dessa unidade. U N ID A D E 1 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, discutimos um dos temas centrais desta obra: a Qualidade Ambiental e a mensuração dos indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade. O assunto “Qualidade Ambiental” ganhou seu merecido destaque, com sua conceituação e com a verificação das diferentes metodologias de análise. Infe- lizmente, muitas metodologias ainda orbitam na indefinição das características qualitativas e poucas (as mais completas e efetivas) levam em consideração parâ- metros quantitativos que permitam a comparação com outras bases, em especial, as bases oficiais, legalmente definidas. Em termos práticos, a dificuldade em estabelecer uma análise de Qualidade Ambiental encontra-se, somente, no nível de trabalho exigido, uma vez que a complexidade das variáveis a serem analisadas é dirimida por um correto planeja- mento das ações, antes e durante a realização dos trabalhos. Resultados fidedignos à situação real refletem em um melhor planejamento em termos de políticas pú- blicas e, em última etapa do ciclo, no estabelecimento de um verdadeiro processo de desenvolvimento sustentável. Conforme observamos, prezado(a) aluno(a), várias são as formas de mensura- ção qualitativa e quantitativa do desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e qualidade socioambiental atrelada aos objetivos do Desenvolvimento Sustentável. É preciso compreender, além dos índices, quais, como e de que forma a degradação, a poluição e as ações humanas impactam o meio ambiente. Torna-se, portanto, imprescindível conhecer esses indicadores e essas metodologias analíticas para balizar o seu conhecimento acerca da qualidade ambiental, e não se esgota, nesta unidade, os métodos e as propostas estratégicas disponíveis para essa mensuração. 35 na prática 1. Indicadores são medidas que capturam dados importantes relacionados a uma atividade, um fenômeno ou uma situação; fornecem informações que subsidiam o processo de tomada de decisão e orientam a formulação de políticas públicas e planejamento. São utilizados com o objetivo de conhecer a realidade econômica, so- cial, ambiental etc. de uma sociedade; monitorar o seu desenvolvimento e subsidiar os gestores públicos e privados em suas administrações. São, então, importantes ferramentas de informação para avaliar avanços, retrocessos ou estancamentos nos mais diversos aspectos e setores da sociedade. Fonte: Souza e Spinola (2017). Dentre os indicadores apresentados, na disciplina, sobre mensuração do desenvol- vimento sustentável, temos os seguintes: I - Índice de Qualidade de Desenvolvimento (IQD). II - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). III - Índice de Concentração de Renda (GINI). IV - Índice de Riqueza Inclusiva (IRI). A esse respeito, podemos afirmar que o Indicador que busca medir a igualdade ou a desigualdade dos países, na distribuição de renda da população; verificar a homogeneidade econômica e social de seu povo, levando em consideração compo- nentes como a renda e a infraestrutura,corresponde a ___? Responda, assinalando a alternativa correta. a) I, somente. b) II, somente. c) III, somente. d) IV, somente. e) I e II, somente. 36 na prática 2. Temas de grande relevância para o município de São Paulo são registrados ano a ano no Relatório da Qualidade do Meio Ambiente (RQMA), produzido pelo Depar- tamento de Controle da Qualidade Ambiental (Decont) da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) desde 2010. O relatório atualiza os dados relativos ao ano anterior, neste caso, 2017, e confere novas informações. Fonte: Prefeitura de São Paulo (2018). A esse respeito, leia o RQMA de São Paulo 2018 (link, nas referências) e avalie as afirmações a seguir: I - No relatório, apresentam-se os dados relativos ao estágio atual dos dois Aterros Sanitários da cidade que possuem projetos para exploração de biogás. II - Apresenta o total de autuações em processos administrativos, número de áreas degradadas já recuperadas, total de plantios realizados por meio dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). III - O Decont fiscaliza a instalação de cemitérios, helipontos e heliportos, por exem- plo, bem como o cumprimento de exigências estabelecidas aos empreendimen- tos licenciados. IV - Apresenta um Panorama do Uso e Ocupação do Solo das Áreas Contaminadas no Município de São Paulo. Considerando essas afirmações, é correto o que se afirma em: a) I, somente. b) I e II, somente. c) I e III, somente. d) I, II, III e IV. e) I, II e III, somente. 37 na prática 3. De acordo com Rufino (2002) e Silva (2002), uma questão é clara: a análise de Qua- lidade Ambiental deve ser realizada sempre em microescala, tendo em vista os di- ferentes padrões sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais e, ainda, o estabelecimento de padrões de sustentabilidade locais. A esse respeito, analise as afirmações a seguir: 1 - A análise de Qualidade Ambiental Nacional deve ser sistematizada para um correto mapeamento das situações locorregionais e para o desenvolvimento de políticas públicas que visem à solução das problemáticas encontradas. Porque 2 - O sistema de análise de sustentabilidade e qualidade ambiental encontra-se hierarquizado. O trabalho de alimentação do sistema nacional se dá do nível federal para o nível municipal. Todos os dados são sistematizados diante de uma metodologia padronizada e, ao final do processo, fazem parte do que se chama “Relatório Nacional de Qualidade do Meio Ambiente”. A respeito dessas duas afirmações, é CORRETO afirmar que: a) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. b) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. c) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. d) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. e) As duas afirmações são falsas. 38 na prática 4. A qualidade ambiental deve ser sistematizada para um correto mapeamento das situações locorregionais e para desenvolvimento de políticas públicas que visem à solução das problemáticas encontradas. Ao considerar o contexto, assinale a alterna- tiva correta para o relatório que agrega, sistematicamente, todas essas informações. a) Pressão-Estado-Resposta (PER). b) Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA) c) Densidade Populacional/Uso e Ocupação do Solo d) Modelo Analítico PEIR e RQMA. e) Pegada Ecológica e Índice de Desempenho Ambiental. 5. O índice, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento vem por meio dos seus componentes principais: a) longevidade, b) anos de estudo e c) renda nacional bruta para mensurar o índice de ___________________________. Complete assinalando a alternativa correta: a) Qualidade do Desenvolvimento. b) Desenvolvimento Humano. c) Índice de Gini - Conrado Gini. d) Crescimento Econômico (PIB). e) Riqueza Inclusiva. 39 aprimore-se O Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA) foi instituído pela n. nº 6.938/81 na forma transcrita abaixo: Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: IX – [...] X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº. 7.804, de 1989). Este instrumento de informação ambiental tem como objetivo informar a sociedade brasileira o status da qualidade ambiental dos diversos ecossistemas brasileiros ou mais intrinsecamente dos seus compartimentos ambientais. O RQMA deve ser utilizado para a gestão ambiental a qual objetiva a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, para o nosso Brasil, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Desta forma, a divulgação anual trará ao público as informações de qualida- de ambiental, tornando-se um item essencial para garantir as condições para que os diversos segmentos da sociedade entrem na discussão das questões am- bientais e as internalizem. Entendemos, assim, que o conjunto de relatórios anuais possibilitará uma visão temporal sobre a evolução da qualidade ambiental no Brasil, auxiliando na avalia- ção do êxito dos programas de controle ambientais implantados. Portanto, o IBAMA vem por meio deste meio eletrônico mostrar a sociedade uma proposta de metodologia de RQMA, bem como solicitar colaboração para a melho- ria desta proposta, e desde já dizer que é uma proposta de todos. A ideia que norteia esta proposta tem o Relatório de Qualidade do Meio Am- biente como um grande banco de informações sobre os diversos compartimentos ambientais. Estas informações deverão estar disponíveis para acesso na forma de relatórios pré-formatados, como deverá prever a recuperação desses dados através de planilhas ou via webservices de forma que possibilitem o seu uso por organismos 40 aprimore-se que queiram fazer uso desses dados em trabalhos ou para a elaboração de comen- tários que serão posteriormente incorporados às versões anuais para orientação dos órgãos gestores daquele segmento. Dessa forma o RQMA proposto deverá ser dinâmico, permitindo consultas cruza- das e abordagens por diversos temas. Os dados deverão ser coletados de forma que possibilitem a sua indexação pelos diversos temas, como localização por Unidade Federada, Unidade Municipal, Bioma, Bacia Hidrográfica. Deverão tratar de biodi- versidade, solo, atmosfera, água e bioindicadores. É uma proposta de todos, e se deve ao fato que a possibilidade de inserção de informações de forma on-line por várias pessoas, reserva ao IBAMA apenas a respon- sabilidade pela edição e publicação, garantindo o papel de gerenciador do sistema de coleta e divulgação e aos informantes a responsabilidade pela inserção, atualização e conteúdo do documento. Este procedimento parece-nos ser o caminho mais coerente para a publicação e a atualização do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente. Fonte: IBAMA ([2019], on-line)4 41 eu recomendo! Indicadores de aplicação e cumprimento da norma ambien- tal para ar, água e vegetação no Brasil Autor: Sílvia Cappelli Ano: 2007 Editora: ONU Sinopse: os indicadores de aplicação e cumprimento da norma- tiva ambiental adquirem, nos últimos tempos, crescente impor- tância, especialmente pelo interesse mostrado por vários países na avaliação do grau de aplicação das políticas associadas aos regulamentos. A aplicação desses indicadores na avaliação da eficiência dos investimentos institucionais no meio ambiente, em função dos progressos no cumprimento dos objetivos nacionais, tem gerado interesse. livro Lixo Extraordinário (Waste Land) Ano: 2010 Sinopse: com direção de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, duração de 99 minutos, Lixo Extraordinário é um documentário anglo-brasileiro que relata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores de material reciclável, em um dos maio- res aterros controlados do mundo. O documentárioapresenta a realidade de pessoas que vivem em condições críticas (pobreza e saneamento) e enfrentam o problema ambiental da disposição de resíduos sólidos. filme Temas de grande relevância para o município de São Paulo são registrados ano a ano no Relatório da Qualidade do Meio Ambiente (RQMA). O relatório atualiza os dados relativos ao ano anterior e inova ao trazer um Panorama do Uso e Ocupação do Solo das Áreas Contaminadas no Município de São Paulo. https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/RQMA%202018_Vanda_ final_ok(5).pdf. conecte-se 2 PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Gestão da qualidade total e gestão ambiental • Ferramentas da qualidade • Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Entender a qualidade e a sua contribuição para a gestão ambiental • Conhecer as ferramentas de apoio à gestão da qualidade • Compreender o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). GESTÃO DA QUALIDADE e Meio Ambiente PROFESSORAS Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett Me. Paula Polastri INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), esta unidade tem como propósito apresentar-lhe a relação entre qualidade, a gestão da qualidade e a gestão ambienta. As principais ferramentas de apoio ao gerenciamento da qualidade e quais são as etapas para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualida- de (SGQ). Para compreendermos mais sobre qualidade e as certificações ambientais ainda temos um grande caminho a percorrer. Por isso, no primeiro tópico desta unidade, trataremos um pouco mais sobre esse tema, seus principais autores, sua evolução histórica, bem como o seu vínculo com a qualidade organizacional e a gestão do meio ambiente. Tudo isso, a fim de demonstrar a importância de gerenciar a qualidade não somente para atender ao cliente, mas a todas as partes interessadas. Em seguida, apresentaremos algumas ferramentas de apoio para o ge- renciamento da qualidade na organização. Algumas são consideradas bem simples, outras são básicas, intermediárias e avançadas. Lembre-se que, para cada uma delas, será necessário aprofundar um pouco mais sobre o assunto quando for do seu interesse, pois, para cada tipo de organização, segmen- to, produto ou serviço realizado, será preciso o uso de uma ou mais dessas ferramentas de apoio, inclusive de outras que não abordaremos neste livro. No último tópico, explanaremos o processo de implantação de um SGQ com base na norma ISO 9001. Assim, apresentaremos, de forma su- cinta, algumas dessas etapas, atribuindo ênfase aos requisitos necessários para a sua implementação e relacionando-as à ferramenta do ciclo PDCA, a qual é considerada padrão para atender aos requisitos das normas ISO. Bons estudos! U N ID A D E 2 44 1 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL e gestão ambiental Segundo Shigunov Neto e Campos (2016), o conceito de qualidade existe há milhares de anos. No entanto, na gestão administrativa, existe desde a década de 20, com a inserção do conceito de revolução industrial como tentativa de reduzir os problemas em relação aos defeitos dos produtos. Isso se deve, pois, inicialmente, os defeitos eram visualizados a partir da inspeção técnica do produto, ou seja, essa certificação se dava, na maioria das vezes, no final do processo produtivo. Em contrapartida, com o passar dos anos, a busca pela qualidade se tornou uma questão de sobrevivência, devendo-se seguir padrões determinados. Em suma, tivemos cinco momentos históricos importantes e distintos para a evolução da qualidade, tal qual demonstrado a seguir: Fase 1 – 1920: Inspeção dos produtos. Fase 2 – 1930: Controle da Qualidade. Fase 3 – 1950: Garantia da Qualidade Total. Fase 4 – 1980: Gestão da Qualidade. Fase 5 – 1990: Gestão Estratégica da Qualidade. U N IC ES U M A R 45 Figura 1 – Fases evolutivas da qualidade / Fonte: adaptada de Shigunov Neto e Campos (2016). Ao longo dos anos, existiram grandes nomes da qualidade total. A apresentação pode ser atribuída a Deming, na década de 50, o qual é considerado um dos mais importantes. Posteriormente, surgiram outros, tais como Juran, Feigenbaum e Crosby, que também trouxeram importantes contribuições para a qualidade: Ano Autor Definição 1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor 1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário 1954 Juran Satisfação das aspirações do usuário 1961 Juran Maximização das aspirações do usuário 1964 Juran Adequação ao uso 1979 Crosby Conformidade com os requisitos do cliente Quadro 1 – Grandes nomes da qualidade total / Fonte: Shigunov Neto e Campos (2016). U N ID A D E 2 46 A qualidade total, também chamada de Total Quality Control (TQC), en- volve os grandes objetivos de uma empresa e deve ser realizada ao longo do processo produtivo da organização, de acordo com Shigunov Neto e Campos (2016), promovendo: “ [...] a minimização dos custos por meio de uma organização eficaz e eficiente e a maximização dos recursos produtivos (matéria-pri-ma, recursos humanos, equipamentos e instalações). Não se trata apenas de uma técnica ou ferramenta, como visto, mas sim de uma estrutura voltada a qualidade, em que se tem o controle das ativi- dades internas da companhia, buscando sua otimização e visão de concorrência de mercado na qual atua para promover mais eficácia (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016, p. 80). Foi Deming, o grande divulgador e entusiasta do método PDCA criado por Walter Stewart na década de 50 e que evoluiu para um gerenciamento, o TQM. Entendido como um subelemento da qualidade total, o PDCA surgiu como uma forma de melhorar a qualidade, ou seja, promover a melhoria contínua. A seguir, apresentamos sucintamente as etapas do ciclo PDCA: Figura 2 – Etapas do PDCA / Fonte: adaptada de Shigunov Neto e Campos (2016). U N IC ES U M A R 47 O ciclo PDCA é uma ferramenta gerencial que visa à melhoria contínua, permi- tindo que os processos sejam, ao mesmo tempo, avaliados durante a sua operacio- nalização e forneçam subsídios (retroalimentação) para melhorias. É importante ressaltar que esse processo envolve a mudança de cultura e de comportamentos voltados à melhora constante. Para tanto, o PDCA, segundo Marshall Junior et al. (2011) e Mello (2011), dá-se em quatro etapas, a saber: 1. PLAN (planejar): nesta etapa, inicia-se o estabelecimento de objetivos e metas pautadas nas diretrizes da empresa. Assim, as metas são desdobradas em planejamento estratégico por meio dos requisitos ou parâmetros que os clientes apontaram nos produtos, serviços ou processos. Nesse momento, é possível estabelecer os itens de controle e quais métodos serão utilizados. Além disso, as metas necessitam de um padrão, a fim de serem utilizadas tanto para manter quanto para melhorar. 2. DO (executar): nesta etapa, há a implementação do planejamento, o que exige o fornecimento de educação e treinamento para a exe- cução dos métodos planejados. Nesse sentido, é importante treinar e executar o método e coletar os dados para a verificação do processo. 3. CHECK (checar): é nesta etapa que ocorre a avaliação do que foi planejado. Dessa forma, é realizada uma comparação com os resul- tados obtidos por meio das ferramentas de controle e acompanha- mentos, tais como as cartas de controle, os histogramas e as folhas de verificação, por exemplo. É, portanto, necessário verificar o padrão e a variação para comparar os resultados com os itens de controle. 4. ACT (agir): nesta etapa, é preciso buscar as causas fundamentais, a fim de prevenir os efeitos indesejados, ou seja, os distanciados da meta, e adotar, como padrão, o planejado. Caso não sejam alcança- das, as metas, deve-se buscar as causas, a fim de prevenir a repetição dos efeitos não conformes. Com as metas alcançadas, é necessária a adoção de um padrão. De acordo com Maciel e Silva (2014), há muitos anos, são discutidos os assuntos voltados para a qualidade e a proteção ambiental nas organizações. A principal preocupação está relacionadaàs exigências dos clientes, pois eles estão em cons- U N ID A D E 2 48 tante busca por produtos mais sofisticados, com qualidade, e por empresas que executem, com efetividade, a responsabilidade socioambiental ou a sustentabili- dade. Isso ocorre, porque é preciso interação entre qualidade e gestão ambiental, não somente por ser uma forma de competição e um diferencial de mercado para as organizações, mas também porque estas devem levar em consideração seus compromissos com o meio ambiente. Diante desse contexto, torna-se importante definirmos o que são os stakeholders. De acordo com a ABNT (2015a), a parte interessada, ou stakeholder (termo em inglês), trata-se de pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada ou perce- ber-se afetada por uma decisão ou atividade. Os stakeholders são pessoas ou grupos que possuem ou reivindicam proprie- dade, direitos ou interesses em uma empresa e em suas atividades presentes, pas- sadas e futuras. Os principais grupos de stakeholders são acionistas, investidores, clientes e funcionários, os quais possuem participação permanente e vital para a sobrevivência da empresa. Já outros grupos detêm a capacidade de mobilizar a opinião pública contra ou a favor de determinada empresa, como os meios de comunicação, as organizações não governamentais (ONGs) e as demais organi- zações (BARROS, 2013). As organizações que não buscam adaptar-se às exigências e às pressões dos clientes e das partes interessadas (stakeholders), fatalmente não conseguirão manter-se no mercado. Fonte: as autoras. explorando Ideias As organizações que realizam as suas atividades em busca da qualidade do produto ou serviço, mas que não se preocupam com a degradação ambiental gerada por sua ativida- de conseguirão manter-se no mercado? pensando juntos U N IC ES U M A R 49 De acordo com Maciel e Silva (2014), qualidade e gestão ambiental são temas que têm atraído e garantido credibilidade entre as organizações do século XXI, servindo como vantagem competitiva. Nesse sentido, é preciso que ambas se en- trelacem na criação de estratégias para a redução de impactos ao meio ambiente e busquem práticas semelhantes para essa implementação, a qual traz diversos benefícios, como as reduções de custos em água e energia elétrica, por exemplo. Além disso, é importante destacar que os sistemas de gestão da qualidade e do meio ambiente devem agir em conjunto para o cumprimento da sua responsa- bilidade com os diversos setores de fabricação, uma vez que as empresas têm implementado certificações de normas técnicas para várias organizações. Para tanto, foi criada a ISO 9001 para o sistema de gestão da qualidade e a ISO 14001 para o sistema de gestão ambiental. Ambas apresentam melhorias e bene- fícios, uma vez que a 9001 traz melhoria na satisfação dos clientes, redução dos custos e melhor acesso à informação, enquanto a 14001 proporciona melhoria na imagem, na proteção ao meio ambiente e na prevenção de riscos ambientais (SANTOS et al., 2011 apud MACIEL; SILVA, 2014). Maciel e Silva (2014, p. 5) também sustentam que: “ Os sistemas de gestão da qualidade e ambiental são processos que trazem uma melhoria eficiente no mercado, buscando sempre apri-morar e inovar os existentes nas organizações. Assim, a gestão da qualidade e a gestão ambiental são de suma importância para as empresas trazendo reduções de custos, melhoramento na satisfação das partes interessadas, prevenção das ameaças que podem surgir ao ambiente e um efeito positivo no desempenho organizacional. É importante observar que os sistemas (SGQ e SGA) trazem melhorias e são de suma importância para as empresas, pois proporcionam desempenho organizacional posi- tivo, prevenindo ameaças que possam afetar direta ou indiretamente o meio ambien- te. Assim, reduzem-se os custos e é promovida a melhoria contínua, principalmente no que tange à satisfação das partes interessadas, nas quais incluem-se os clientes. A seguir, apresentaremos as ferramentas de apoio à gestão da qualidade, o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), bem como a sua implantação. U N ID A D E 2 50 2 FERRAMENTAS DA QUALIDADE Diversas ferramentas são pré-requisitos necessários para a implantação da quali- dade e do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) nas organizações. Além disso, é preciso controlar as muitas variáveis qualitativas e quantitativas no processo produtivo. Nesse sentido, utilizamos ferramentas, que vão desde as mais simples, utilizadas como formas de controle da qualidade, às básicas, intermediárias e até mais avançadas (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016). Para que um SGQ tenha sucesso, é importante que o processo seja bem conduzido e que as ferramentas da qualidade sejam adequadas para correto ge- renciamento, análise e solução dos problemas. Em consequência disso, diversas ferramentas estão disponíveis para auxiliar os gestores da qualidade. A seguir, serão apresentadas algumas metodologias para a implantação da gestão da qualidade. Algumas são simples e outras mais complexas, mas, diante de cada realidade, os gestores podem fazer uso de uma ou mais, na busca pela solução de problemas ou controle da qualidade organizacional. U N IC ES U M A R 51 Método 5W1H e 5W2H Uma das formas de controle da qualidade mais simples e que visa à garantia da qualidade é o método 5W1H. Nele, são utilizadas algumas perguntas, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir: What Quais são os itens de controle de qualidade, custo, entrega e segurança? Qual é a unidade de medida? When Qual é a frequência com que devem ser medidos (diário, se- manal, mensal, anual)? Quando atuar? Where Onde são conduzidas as ações de controle? Why Em quais circunstâncias o controle será exercido? (Por exem- plo, o market share caiu abaixo de 50%) Who Quem participará das ações necessárias ao controle? How Como exercer o controle? Indique o grau de prioridade para a ação de cada item. Quadro 2 – Método 5W1H / Fonte: adaptado de Shigunov Neto e Campos (2016). Marshall Junior et al. (2011) citam mais um H além dos já mencionados, o chamado 5W2H, conhecido como plano de ação. Para os autores, é uma ferramenta comple- mentar ao PDCA, de aplicação gerencial, e que visa ao estabelecimento de responsa- bilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos financeiros necessários. Nesse caso, o H é de How Much, ou seja, “Quanto Custa?”, o qual pode ser complementado, tornan- do-se “Quanto custa para exercer esse controle?” (MARSHALL JUNIOR et al., 2011). A seguir, expomos outro exemplo de aplicabilidade dessa ferramenta, o qual foi descrito por Custódio (2015), sobre defeito no produto: U N ID A D E 2 52 Pergunta Resposta Por que o produto está defeituoso? Porque houve falhas na fabricação. Por que houve falhas na fabricação? Porque o operador não fez os tes- tes de funcionamento. Por que o operador não fez os testes de funcionamento? Porque não estava descrito no pro- cedimento de trabalho. Por que não estava descrito no pro- cedimento de trabalho? Porque o engenheiro de processos não colocou nos procedimentos. Por que o engenheiro de processos não colocou nos procedimentos? Porque o engenheiro de projetos esqueceu de solicitar. Quadro 3 – Método 5W2H / Fonte: adaptado de Custódio (2015). De acordo com Shigunov Neto e Campos (2016), alguns métodos de controle se constituem enquanto simples elementos de verificação, como a lista ou folha de verificação, a estratificação ou o diagrama de Pareto, por exemplo. Em contra- partida, outras ferramentas são utilizadas para a solução de problemas, como o diagrama de causa e efeito, os gráficos, a carta de controle e o histograma. Lista ou folha de verificação Essa lista se refere à utilização de formulários, com o objetivo de levantar dados que tenham relação com a frequência de efeitos. Nesse sentido, reúne informações para iniciar os controles dos processos ou para tomar medidas que solucionem problemas (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016). Tal qual
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