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FATOS JURÍDICOS - NEGÓCIO JURÍDICO

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São ações humanas 
que (em relação aos 
direitos): 
. criam 
. modificam 
. extinguem 
 
Fatos jurídicos 
Os fatos jurídicos são acontecimentos decorrentes das ações humanas 
(comportamentos) ou de fatos da natureza. Porém, apenas torna-se um fato jurídico 
quando repercute na ciência jurídica, quando o Direito passa a valorá-lo como tal. 
Quando o direito passa a considerar esse fato como um fato jurídico, ele passa a 
produzir efeitos na esfera jurídica. Sua classificação depende das circunstâncias no 
caso concreto e quais efeitos ele produz. 
 
 
 
1. Classificação dos Fatos Jurídicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando esse fato não repercute na esfera jurídica, o Direito 
o chama de fato material ou ajurídico. 
Fatos jurídicos 
 
Fatos naturais 
(strictu sensu) 
Fatos Humanos 
(sentido amplo) 
. Ordinários: nascimento, morte, maioridade.. 
 
. Extraordinários: terremotos, raios, enchentes.. 
 (casos fortuitos / força maior) 
. Atos Lícitos: produzem efeitos jurídicos 
voluntários, de acordo com o ordenamento 
jurídico. 
 
. Atos Ilícitos: produzem efeitos jurídicos 
involuntários, em desacordo com o 
ordenamento jurídico. 
Geram o dever de indenizar 
 
Quanto aos fatos jurídicos, observem-se os fatos jurídicos humanos, que se 
classificam de acordo com: 
 
 
 
 
 
>> Fatos ilícitos<< 
 
São aqueles fatos que de alguma forma contrariam a ordem jurídica, e ensejam em 
aplicações de sanções. Esse comportamento ilícito se desdobra de duas formas: 
• Ato ilícito subjetivo: a conduta é permeada pela culpa do agente. Porém, para 
caracterizar-se a culpa do agente, faz-se necessário que ele tenha causado danos. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito 
 
• Ato ilícito objetivo: nesse caso, não se analisa a culpa do agente. Se analisa seu 
comportamento, no momento em que exerce seu direito. O titular do direito adota 
um comportamento excessivo, abusando de seu direito, ultrapassando os imites 
impostos pela função social, função econômica, boa-fé e bons costumes. 
 
 
 
 
. Ilicitude 
 
. Licitude 
Fatos jurídicos 
(sentido amplo) 
→ Atos subjetivos ou objetivos 
• Dever de indenizar: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
>> Fatos Lícitos << 
 
 
Nesses casos, a ocorrência desses fatos não gera nenhum tipo de sanção. Esse atos 
lícitos se subdividem em 3 categorias: 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
CIVIL DE INDENIZAR 
. conduta Humana 
. Dano 
. Nexo Causal 
. Culpa 
Art. 186, cc /02 
Art. 187, cc /02- - abuso de 
direito 
 
. Art. 188 – não constitui ato ilícito: 
- Legítima defesa 
- Exercício regular de um direito 
- Estado de necessidade 
Porém, mesmo não sendo considerados 
como atos ilícitos, se causar danos, há o 
dever de indenizar ! 
. Atos jurídicos 
. Atos-fatos jurídicos 
. Fatos jurídicos em sentido estrito 
Essa classificação leva em 
conta a presença ou não de 
vontade do agente, se há 
comportamento volitivo ou 
não. 
• ATOS JURÍDICOS: sempre haverá a presença de um comportamento humano 
voluntário, deles decorrem: 
NEGÓCIOS JURÍDICOS ATOS NÃO NEGOCIAIS (EM SENTIDO 
ESTRITO) 
 
Art. 104 a 184, CC 
 
. Art. 185, CC 
. Nascem da vontade humana . nascem da vontade humana 
. os efeitos serão definidos pelas 
partes, respeitando-se sempre, os 
limites da lei 
. os efeitos decorrem de lei (ex lege). É 
uma adesão voluntária aos efeitos 
estabelecidos na legislação 
. EX: casamentos, contratos e 
testamento 
EX: adoção, reconhecimento voluntário 
de paternidade, emancipação... 
 
• ATOS-FATOS: ocorrem sempre que houver um comportamento humano, 
independentemente da presença da vontade, sobrevindo sempre os efeitos 
previstos em lei. 
A diferença entre os atos não negociais e os atos-fatos , é que nesse último não há a 
necessidade de haver um comportamento volitivo. A lei não se importa com a 
conduta. 
EX: descoberta (art. 1.233, CC), prescrição e decadência (art. 189, ss, CC). 
 
• FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO: é todo evento da natureza que desencadeie 
consequências jurídicas. 
EX: morte, nascimento com vida, eventos de força maior, terremotos.... 
 
 
 
 
 
 
 
Negócio Jurídico 
Todo fato jurídico consiste na declaração de vontade à qual o ordenamento jurídico 
atribui um efeito, desde que sejam respeitados pressupostos de existência, requisitos 
de validade e fatores de eficácia (lei). 
O negócio jurídico é a expressão máxima do Princípio da Autonomia da Vontade 
Privada, que permite que cada indivíduo defina, através da manifestação da sua 
vontade, como irá levar a sua vida. Para tanto, deve observar os ditames da lei, a fim 
de não a infringir. 
 No negócio jurídico, o ato que o individuo praticou, segundo a sua vontade, gera a 
criação, modificação e extinção de direitos. A exteriorização consciente da vontade 
tem como objetivo a obtenção do resultado querido pelas partes, desde que os 
ditames da lei sejam observados. 
O negócio jurídico se divide em dois planos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Plano da Existência 
. Plano da eficácia 
Existência 
Validade 
Eficácia 
Trazida para o Brasil, por Pontes de Miranda 
Escala Ponteana 
PRESSUPOSTOS DE 
EXISTÊNCIA: 
são os elementos sem os 
quais não há negócio jurídico. 
REQUISITOS DE VALIDADE: 
exigências da lei para que um 
negócio existente, possa 
receber aval, autorização do 
ordenamento jurídico 
FATORES DE EFICÁCIA: 
são os que afetam, de alguma 
maneira, a produção dos efeitos 
do negócio jurídico existente. 
AGENTE (PESSOA): somente 
uma pessoa pode declarar sua 
vontade. 
EX: não pode ser beneficiário 
de um testamento, aquilo que 
não seja uma pessoa. 
AGENTE CAPAZ: 
o agente precisa ter plena 
capacidade de fato 
EFICÁCIA SIMPLES: 
se inserida uma condição ou 
termo, pode ser que os efeitos a 
serem produzidos pelo negócio, 
fiquem submetidos ao advento 
de certos fatos. Assim, diz-se que 
há ineficácia simples. 
VONTADE: 
fundamental para a criação 
do negócio jurídico. Dessa 
forma, atos que viciem a 
vontade, anulam a criação de 
um negócio jurídico. 
EX: coação, extorsão... 
VONTADE LIVRE E 
CONSCIENTE: 
se presente algum vício de 
consentimento, o negócio 
jurídico será considerado 
inválido. 
EX: erro, dolo, coação... 
EFICÁCIA RELATIVA: 
por vezes, o negócio é válido, 
produz efeitos, porém, esses 
efeitos não são oponíveis em 
relação a uma determinada 
pessoa 
EX: quem não tem mandato não 
pode atuar em nome do titular 
do direito. 
OBJETO: 
sempre deverá haver um 
objeto, sobre o qual a 
vontade das partes recairá. 
EX: serviço ou produto 
OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL E 
DETERMINÁVEL OU 
DETERMINADO: 
a licitude do objeto é 
fundamental para a validade do 
negócio jurídico, bem como a 
possibilidade física e jurídica 
 
FORMA: 
o agente precisa exteriorizar 
sua vontade, para que o 
objeto ganhe forma, para que 
o negócio jurídico se 
estabeleça. 
Pode ser verbal, gestual, 
escrita... 
FORMA PRESCRITA OU NÃO 
PROIBIDA POR LEI: 
a regra é o princípio da 
liberdade das formas, porém, 
em alguns casos a lei exigirá 
formalidade. 
EX: instrumentos públicos e 
escritos. 
Nesse caso, as formas 
prescritas devem ser seguidas 
sob pena de afetar a validade 
do negócio jurídico 
 
CARÁTER SUBSTANTIVO CARÁTER ADJETIVO 
 
 
 
1. Requisitos de Validade: 
Os requisitos presentes no art. 104 do Código Civil, são denominados requisitos de 
validade, aplicam-se a qualquer negócio jurídico. 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - Agente capaz; 
II - Objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
A lei pode ainda, instituir requisitos especiais para regulamentar negócios jurídicos, 
estabelecendo novas hipóteses de nulidade ou anulabilidade, como por exemplo:Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando 
se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a 
fixação do preço. 
 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a 
descendente, salvo se os outros descendentes e o 
cônjuge do alienante expressamente houverem 
consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o 
consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da 
separação obrigatória. 
 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva 
de parte, ou renda suficiente para a subsistência do 
doador. 
 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que 
exceder à de que o doador, no momento da 
liberalidade, poderia dispor em testamento. 
 
O não atendimento a esses requisitos, gera a invalidade do negócio jurídico. A 
invalidade comporta ainda duas espécies: a NULIDADE e ANULABILIDADE. 
NULIDADE – art. 166 ANULABILIDADE – art. 171 
. nulidade absoluta . nulidade relativa 
. viola interesses públicos . viola interesses privados 
. pode ser alegada por qualquer 
interessado: MP, juiz (ex-officio) – art. 
168 
. somente pode ser alegada pela parte 
interessada – art. 177, 2ª parte 
. não sanam com o decurso do tempo, 
portanto, não podem ser confirmadas 
ou ratificadas – art. 169 
. admite-se que se sanem pelo decurso 
do tempo (decadência do direito 
potestativo de anular). Admite-se 
confirmação (ato de a própria parte 
confirmar, podendo ser expressa ou 
tácita) ou ratificação (é a confirmação 
feita pelo assistente) – art. 172 a 174 
. ação declaratória para pedir o 
reconhecimento do não preenchimento 
dos requisitos de validade. Essas ações 
de nulidade são imprescritíveis 
(perpétuas) 
. ação desconstitutiva ou constitutiva 
negativa (ação anulatória). Os prazos 
para anular estão nos art. 178 (4 anos – 
relativamente incapaz, erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão) e art. 
179 (2 anos – prazo genérico) 
. Eficácia ex tunc. O que é nulo desde a 
sua origem. Logo, os efeitos retroagirão 
à data do ato praticado. 
. quanto aos efeitos, existem duas 
correntes: EX TUNC e EX NUNC. 
Corrente tradicional: ex nunc 
Corrente moderna: ex tunc. Desde o 
inicio o negocio não atendeu aos 
requisitos. 
 
 
 
2. Princípio Da Conservação Dos Negócios Jurídicos 
 
Preservação ou da continuidade dos negócios jurídicos. A lei estabelece uma série de 
regras, para que o magistrado, perante o caso concreto, possa verificar o não 
atendimento de um requisito de validade. Assim sendo, a anulação do negócio é a 
última ratio, a nulidade só deve ser declarada quando não se puder sanar o vício. 
Existem algumas hipóteses de conservação do negócio jurídico: 
 
• Confirmação Ou Ratificação: tal qual possível, a própria parte (sou seu assistente) 
pode confirmar o negócio jurídico, a fim de que o mesmo não seja anulado. A 
confirmação é ato da própria parte, a ratificação é ato do assistente. Após a 
celebração de um negócio jurídico que apresenta alguma causa de anulabilidade, a 
manifestação tácita ou expressa, a parte ou de seu assistente, podem manifestar a 
concordância com aquilo que foi praticado. 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado 
pelas partes, salvo direito de terceiro. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a 
substância do negócio celebrado e a vontade 
expressa de mantê-lo. 
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, 
quando o negócio já foi cumprido em parte pelo 
devedor, ciente do vício que o inquinava. 
 
• Redução: a redução permite que a parte ruim de um negócio jurídico seja retirada, 
mantendo o restante, sem que se precise anular o negócio. Há a declaração de 
nulidade apenas da cláusula que estiver viciada, ocorrendo então uma declaração 
parcial de invalidade do negócio. Entretanto, se a parte anulada for essencial, como 
por exemplo, o próprio objeto, não poderá haver a redução, sob pena de inexistência, 
posto que ocorreria uma desfiguração do negócio jurídico. 
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a 
invalidade parcial de um negócio jurídico não o 
prejudicará na parte válida, se esta for separável; a 
invalidade da obrigação principal implica a das 
obrigações acessórias, mas a destas não induz a da 
obrigação principal. 
 
• Revisão: uma forma de declarar a existência do negócio jurídico, sem declarar a 
nulidade dele revisando cláusulas contratuais estabelecidas na celebração do 
negócio. Ocorrerá quando as prestações forem desproporcionais, devendo as 
cláusulas serem revisadas e alteradas a fim de que se mantenha o contrato, 
preservando-se seu equilíbrio e evitando sua nulidade. EX: lesão, perigo iminente, 
etc.. 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob 
premente necessidade, ou por inexperiência, se 
obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações 
segundo os valores vigentes ao tempo em que foi 
celebrado o negócio jurídico. 
§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for 
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte 
favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
• Conversão Substancial (Recategorização Ou Transinterpretação): ao exprimir sua 
vontade, as partes ignoram os requisitos exigidos em lei, caso o magistrado considere 
que, sabendo dos requisitos, as partes teriam sanado os vícios, pode possibilitar que 
as mesmas se utilizem da recategorização, sanando os vícios. O juiz atua para evitar 
a nulidade do negócio jurídico, porém, não pode alterar a vontade das partes, nesse 
processo. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver 
os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim 
a que visavam as partes permitir supor que o 
teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 
 
3. Simulação 
 
Está configurada a simulação, quando um sujeito, visando prejudicar terceiros ou 
fraudar a lei, manifesta sua vontade. A doutrina estabelece algumas hipóteses de 
simulação: 
 
a) Simulação absoluta: há apenas a aparência do negócio. As partes não chegam a 
celebrá-lo, posto que só tem a intenção de iludir e prejudicar terceiros. Ex: um 
locador de um imóvel simula um contrato com terceiro, para despejar seu inquilino. 
 
b) Simulação relativa / dissimulação: há a celebração de dois negócios jurídicos, um 
que aparece e outro dissimulado, que fica escondido. A intenção da parte é a 
celebração do negócio dissimulado, porém com fraude a lei ou violação a interesse 
de terceiros. Celebra-se um negócio aparente, para ocultar a real intenção. O código 
civil, visando preservar a vontade verdadeiramente emitida, entende que o negócio 
simulado não será nulo se a substância e a forma forem válidas. 
 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas 
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
 
c) Simulação inocente / tolerável: É aquele negócio onde não há a intenção de fraudar 
a lei ou prejudicar terceiros. Não há finalidade ilícita, porém, a pessoa declara sua 
vontade de outra forma, acreditando que assim evitará uma imposição de sanção 
legal. A doutrina majoritariamente entende que mesmo sento inocente, há a 
nulidade do negócio jurídico. 
 
d) Reserva mental: pode ter efeitos equivalentes ao da simulação. Neste, uma das 
partes esconde sua verdadeira intenção ao praticar o negócio jurídico. Há uma 
discrepância entre aquilo que se declarou e o que efetivamente se quer. Se a outra 
parte não tiver conhecimento da reserva mental, o negócio permanecerá. 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda 
que o seu autor haja feito a reserva mental de não 
querer o que manifestou, salvo se dela o 
destinatário tinha conhecimento. 
 
 
4. Vícios de Consentimento 
São vícios de consentimento: 
a) Erro ou ignorância (art. 138 a 144): a pessoa que declara sua vontade, se engana a 
respeito de um dos elementos essenciais do negócio jurídico (quanto a outra parte, 
quanto ao objeto, quanto a natureza do negócio,etc.). não é induzido a erro por 
terceiro, posto que, aquele que erra, erra sozinho. Para que haja a nulidade do 
negócio, é necessário que o erro seja substancial / essencial. Caso ele seja acidental, 
o negócio não será anulado, cabendo à pessoa apenas o pagamento por eventuais 
perdas e danos. EX: uma pessoa compra uma bijuteria acreditando ser uma joia. 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, 
quando as declarações de vontade emanarem de 
erro substancial que poderia ser percebido por 
pessoa de diligência normal, em face das 
circunstâncias do negócio. 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto 
principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial 
da pessoa a quem se refira a declaração de 
vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à 
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do 
negócio jurídico. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de 
vontade quando expresso como razão 
determinante. 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por 
meios interpostos é anulável nos mesmos casos 
em que o é a declaração direta. 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, 
a que se referir a declaração de vontade, não 
viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas 
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou 
pessoa cogitada. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a 
retificação da declaração de vontade. 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio 
jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação 
de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante. 
 
b) Dolo (art. 145 a 150): configura-se o dolo quando uma terceira pessoa, se utilizando 
de fraude ou ardil (armadilha), faz com que o declarante se engane (induzindo-o a 
erro). O dolo acidental não causa a nulidade do negócio jurídico, gerando apenas o 
dever de indenizar por perdas e danos. 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por 
dolo, quando este for a sua causa. 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das 
perdas e danos, e é acidental quando, a seu 
despeito, o negócio seria realizado, embora por 
outro modo. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio 
intencional de uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, 
constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela 
o negócio não se teria celebrado. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio 
jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem 
aproveite dele tivesse ou devesse ter 
conhecimento; em caso contrário, ainda que 
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá 
por todas as perdas e danos da parte a quem 
ludibriou. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das 
partes só obriga o representado a responder 
civilmente até a importância do proveito que teve; 
se, porém, o dolo for do representante 
convencional, o representado responderá 
solidariamente com ele por perdas e danos. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, 
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou 
reclamar indenização. 
 
c) Coação (art. 151, 154 e 155): se configura quando alguém, mediante violência ou ato 
de constrição moral, ameaça um terceiro de um dano iminente à sua pessoa, à sua 
família ou a seus bens. A coação deve ser a causa do negócio jurídico, deve haver 
nexo de causalidade entre a ameaça e a celebração do contrato. A coação pode ainda 
ser feita por terceiro, onde a parte beneficiada não teria conhecimento da coação. 
Nesse sentido, o negócio não será anulado e o terceiro tem apenas o dever de 
indenizar por perdas e danos perante a pessoa que foi coagida. Caso o terceiro 
beneficiado tenha conhecimento da coação, o negócio jurídico deverá ser anulado, 
posto que está viciado, e o terceiro e o beneficiário terão responsabilidade solidária. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da 
vontade, há de ser tal que incuta ao paciente 
fundado temor de dano iminente e considerável à 
sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não 
pertencente à família do paciente, o juiz, com base 
nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o 
sexo, a idade, a condição, a saúde, o 
temperamento do paciente e todas as demais 
circunstâncias que possam influir na gravidade 
dela. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do 
exercício normal de um direito, nem o simples 
temor reverencial. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida 
por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter 
conhecimento a parte a que aproveite, e esta 
responderá solidariamente com aquele por perdas 
e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação 
decorrer de terceiro, sem que a parte a que 
aproveite dela tivesse ou devesse ter 
conhecimento; mas o autor da coação responderá 
por todas as perdas e danos que houver causado 
ao coacto.

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