Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Amanda Wernke - XXXVII 1 Homeostasia da Glicose e Metabolismo Energético (Resumo Baynes – Capítulo 21) Introdução: Os ácidos Graxos e a glicose são substratos energéticos mais importantes e ambos são armazenados no organismo. O metabolismo é direcionado para salvaguardar o fornecimento de glicose. Essa é armazenada na forma de glicogênio e pode também ser sintetizada a partir de compostos não carboidratos. O fornecimento continuo de glicose é essencial para a sobrevivência, já que, em condições normais, é o único combustível que o cérebro pode utilizar. É ela também o combustivel preferencialmente utilizado pelo múculo nas fases iniciais do exercício. A glicose é guardada em forma de glicogênio no fígado e nos músculos, esse polímero guarda energia para até 16 horas de jejum, acima disso é utilizado a síntese a partir de compostos não carboidratos pela gliconeogênese. Já os ácidos graxos são armazenados como triacilgliceróis ou trigicerídeos. Os aminoácidos em situação de estresse metabólico ou jejum prolongado podem ser convertidos em glicose pela gliconeogênese. Diferentes orgãos do Amanda Wernke - XXXVII 2 corpo possuem diferentes fontes de energia. O cérebro utiliza 20% do oxigênio do corpo e de forma geral glicose é sua única fonte de energia, mas no jejum se adapta a utilização de corpos cetônicos. Duas vias fornecem glicose: glicogenólise e gliconeogênese. A primeira é utilizada em períodos de jejum e degrada o glicogênio presente no fígado, enquanto a segunda é utilizada em um jejum muito prolongado, ocorrendo principalmente no fígado e nos rins, sendo seus principais substratos o lactato, a alanina e o glicerol. O músculo utiliza tanto glicose como ácidos graxos como fonte de energia. Ele contribui para a gliconeogênese liberando lactato ao fígado. A insulina e o glucagon são os principais hormônios reguladores da glicose. A insulina é um hormônio anabólico, enquanto o glucagon é catabólico (assim como catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento), conhecidos como hormônios contrarreguladores. Esses dois hormônios são liberados pelas ilhotas pancreáticas de Langerhans, sendo a insulina secretada pelas células β e o glucagon pelas células α. Insulina: Consiste em duas cadeias peptídicas ligadas por suas ligações dissulfeto. A cadeia α possui 21 aminoácidos e a cadeia β 30 aminoácidos. Ela é produzida pelas células β do pâncreas e armazenada no complexo de Golgi. O precursor da insulina é a preproinsulina, que quando clivada gera a proinsulina, essa também é clivada formando insulina e peptídeo C, que são liberados em quantidades equimolares. Em pessoas que fazem uso de insulina administrada, o exame de insulina endógena pode ser alterado, por isso mede- Amanda Wernke - XXXVII 3 se a quantidade de peptídeos C, servindo de marcador da função das células β do pâncreas. O metabolismo da glicose nas células β determina a secreção de insulina: enquanto a glicose é absorvida na refeição, a célula β capta-a utilizando o transportador de membrana GLUT-2. Ao entrar na célula a glicose é fosforilada em glicocinase, o metabolismo da glicose aumenta, o que faz aumentar a razão ATP/ADP, esse aumento causa o encerramento dos canais de potássio sensíveis ao ATP, diminuindo o efluxo de potássio. A célula fica despolarizada e isso faz abrir os canais de cálcio tipo L. Os íons Ca2+ ativam as células dependentes desse íon o que causa a liberação de grânulos secretores de insulina pré-formada, essa é a primeira fase de secreção. A segunda fase envolve a síntese de novas insulinas e responde a sinais como o aumento da concentração citosólica de ácidos graxos de cadeia longa. O processo de correspondência da secreção de insulina devido ao aumento da concentração da glicose pelas células β do pâncreas é conhecido como acoplamento metabolismo-secreção. Ação da Insulina: A propagação celular do sinal da insulina inclui múltiplas fosforilações de proteínas. Essas ocorrem em diferentes locais das moléculas- alvo proteicas. As fosforilações auxiliam na criação de mudanças Amanda Wernke - XXXVII 4 conformacionais que permitem a ligação (acoplamento) de outras proteínas e, assim, a propagação adicional do sinal. Primeiro a insulina se liga ao seu receptor, uma proteína de quadro subunidades que atravessa a membrana celular da écula-alvo. Uma subunidade contém um receptor para ATP e tem atividade de tirosina cinase. A ligação da insulina faz com que o receptor fosforile a ele próprio. O receptor recruta e fosforila também várias outras proteínas, como os substratos do receptor de insulina, as proteínas adaptadas Gab1, Shc, Grb2 e outras. Essas proteínas, por sua vez acoplam outro conjunto de proteínas, como a fosfotidilinostiol 3’-cinase (PI3K), a proteína tirosina fosfatase (SHP2) e a cinase Fyn. À medida que o sinal se propaga, a PI3K gera mensageiros baseados em lipídios, os fosfatos de fosfoinositol, sendo mais importante o fosfatidilinositol 3,4,5-trifosfato (PIP3). Estes, por sua vez, recrutam a cinase serina-treonina (proteína cinase B, PKB, também chamada Akt) e as cinases dependentes de 3’-fosfoinositídio 1 e 2 (PDK1 e 2). A PDK1 fosforila PKB e a proteina cinase C (PKC). Uma forma de PKC conhecida como PKCλ está envolvida no transporte e translocação de glicose nos adipócitos. As cinases serina-treosina podem também fosforilar o IRS-1; essa fosforilação diminui a susceptibilidade desse substrato à fosforilação pelo receptor da insulina, introduzindo mais um círculo regulador. Fosfatases, como a fosfotirosina fosfatase 1B, contribuem para a terminação do sinal de insiulina. Existe ainda uma vida independente de PK3 de sinalização da insulina, que ativa também o transporte de glicose; o receptor fosforila a proteína chamada Cb1, usando como adaptador o substrato associado a proteína (APS). A Cb1 fosforilada se liga a proteína associada a Cb1 (CAP). A CAP, por sua vez, liga- se à flotilina, uma proteína associada a balsas lipídicas presentes na membrana. A flotilina se acopla ao fator de troca de nucleotídeos guanil (C3G) através de outra molécula adaptadora, a CrKII. Esse acoplamento ativa a proteína G chamada TC-10, que participa na translocação do transportador GLUT-4 nos adipócitos para a membrana celular, afetando, assim, o transporte de glicose. Amanda Wernke - XXXVII 5 Efeitos Metabólicos da Insulina: Ela promove anabolismo: armazenamento de carboidratos e lipídeos, e a síntese de proteínas. Também suprime as vias catabólicas. Ela age em 3 tecidos-alvo principais: fígado, tecido adiposo e tecido muscular. O fígado é o principal alvo da insulina no jejum, onde ela estimula glicólise e síntese de glicogênio, e os tecidos muscular e adiposo são os principais após a refeição. A insulina suprime a lipólise e a lipogênese, além de promover a formação de VLDL que transportam lipídeos para as células periféricas. No tecido adiposo ela estimula a síntese de trigicerídeos a partir do glicerol-3-fosfato e de ácidos graxos. E no músculo ela estimula o transporte e o metabolismo de glicose e a síntese de glicogênio, além de aumentar a captação de aminoácidos e estimular a síntese proteica. A insulina estimula o transporte de glicose através da membrana das células insulinodependentes. O transportados dessas células é o GLUT4 que controla a captação de glicose no músculo esquelético e nos adipócitos. Em uma célula não estimulada a maioria das moléculas de GLUT4 está presente no compartimento intracelular, e não mais de 10% estão na membrana plasmática. A insulina duplica o recrutamento de GLUT4 para a membrana. A concentração muscular aumenta a expressão de GLUT independente da insulina, já os ácidos graxos diminuem a expressão de GLUT4 no músculo. A resistência a insulina é uma condição em que uma dada dose de insulina produz uma resposta celular infeior à esperada. Ela afeta os principais tecidos responsivosà insulina. No fígado resulta no aumento do VLDL e em um estado pró-coagulante (aumento da síntese de fibrinogênio e aumento do inibidor do ativador de plasminogênio), no músculo causa a diminuição da captação de glicose, e no tecido adiposo causa a sobreprodução de ácidos graxos livres e Amanda Wernke - XXXVII 6 alterações na secreção de adipocinas (produção diminuída de adiponectina e aumentada de resistina). A causa mais importante de resistência a insulina é a sinalização da insulina deficiente. A resistência a insulina pode ocorrer por defeitos em diversos níveis. Pode ocorre, por exemplo, uma mutação rara do gene do receptor da insulina, pode ser causada, também, por anticorpos contra o receptor. Mas as causas mais importantes são defeitos na via de sinalização da insulina. Na DM2 e em pessoas com histórico familiar, a via IRS-fosfoinositol cinase pode não funcionar normalmente. Isso compromete a translocação de GLUT e consequentemente o transporte da glicose. Outras causas de reistência incluem genes que codificam IRS-1 e fosfatidilinositol 3’-cinase. A resistência periférica a insulina, particularmente no músculo, é induzida pela presença de um excesso de ácidos graxos, que também podem exercer um papel prejudicial nas células β do pâncreas. Efeitos Metabólicos do Glucagon e outros Anti-insulínicos: Esses hormônios antagonizam o papel da insulina, promovendo hiperglicemia. Eles mobilizam glicose pois estimulam a glicogenólise e a gliconeogênese. Glucagon: Ele atua no fígado, é um peptídeo com uma única cadeia de aminoácidos. Ele mobiliza reservas de combustível para manter as concentrações de glicose no sangue entre as refeições. Ele também estimula a oxidação de ácidos graxos e cetogênese, além de inibis a glicólise, a síntese de glicogênio e a síntese de triacilgliceróis. Amanda Wernke - XXXVII 7 O gluxagon se liga a um receptor de membrana próprio e sinaliza através da proteína-G associada à membrana e a cascata do AMP cíclico. Primeiro o complexo glucagon-receptor causa a ligação do GTP com um complexo de proteína G, o que leva a dissociação das subunidades da proteína-G. A subunidade Gα ativa a adenilato ciclase que, por sua vez, converte ATP em AMP cíclico (cAMP), que ativa a proteína cinase dependente de cAMP e através da fosforilação de várias enzimas reguladoras, controla os passos- chave no metabolismo de carboidratos e lipídios. Não existe receptor para glucagon no músculo, a glicogenólise no músculo é estimulada pela epinefrina. Amanda Wernke - XXXVII 8 Epinefrina: A adrenalina é um hormônio-chave responsável pela hiperglicemia em resposta ao estresse. Possui efeitos semelhantes ao glucagon. Seus receptores são α e β adrenérgicos que estabelece a ligação à cascata de sinalização do cAMP. A epinefrina atua no fígado e no músculo. Os hormônios regulam enzimas-chaves nas vias metabólicas por vários mecanismos diferentes. A velociadade e a direção da via depende da atividade enzima-chave (reguladora), que são alvos dos hormônios, que fazem indução ou repressão dos genes que codificam as enzimas. Os fatores de transcrição controlam diretamente a indução de genes. A indução ou repressão de genes demora dias ou semanas a ter efeito, e pode ocorrer em resposta a dieta, estresse ou doença. Amanda Wernke - XXXVII 9 A fosforilação ou desfosforilação são mecanismos regulador de ação rápida. Comumente controla as enzimas-chaves da via metabólica. Essas também podem regular o fator de transcrição A insulina e o glucagon ligam e desligam genes durante o ciclo alimentação/jejum. FOXO1 promove gliconeogênese no fígado no estado de jejum, e FOXA2 regula a oxidação dos ácido graxos. Ambos são fatores de transcrição. Então no estado alimentado a insulina fosforila e inativa FOXO1 o que inibe a gliconeogênese hepática. Ela também fosforila e inativa a FOXA2 que regula a quebra de gordura no estado de jejum. Hormônios Incretinas: Os hormônios gastrointestinais (GLP-1, GIP, VIP) potencializam a secreção da insulina. Eles são secretados após a ingestão de alimentos. Ciclo Alimentação-Jejum: O estado alimentado (estado absortivo ou pós- prandial) ocorre durante a refeição e nas horas seguintes, e é caracterizado por um aumento nos níveis de insulina e diminuição nos níveis de glucagon (relação insulina/glucagon elevada). A insulina estimula a síntese de ácidos graxos no fígado e tecido adiposo, também estimula a captação de aminoácidos e síntese proteica, além de diminuir a degradação de proteínas no fígado, músculos e tecido adiposo. O jejum é um estado de insulina baixa/glucagon alto. Um jejum de 6 a 12 horas é chamado de estado pós- absortivo. Acima disso é chamado jejum prolongado ou inanição. A glicogenólise que possui como substratos o lactato, a alanina e o glicerol, acontece no estado de jejum. O jejum prolongado (ou inanição) é um estado crônico de baixa insulina, elevado glucagon e baixa nos hormônios tireoidianos, o que diminui a velocidade metabólica. Essa fase os ácidos graxos livres se tornam os principais substratos energéticos. Resposta ao estresse: ação de hormônios anti-insulínicos (catecolaminas, principalmente a epinefrina, glucagon e cortisol). A prioridade no estresse é Amanda Wernke - XXXVII 10 fornecer glicose ao cérebro, e por isso o ácido graxo passa a ser a principal fonte de energia para o restante do corpo. Diabetes Melito O diabetes resulta do efeito combinado de influências genéticas e ambientais. O que quer dizer que os efeitos ambientais e o estilo de vida vão causar diabetes em pessoas geneticamente suscetíveis. O diabetes é uma doença do metabolismo energético caracterizada por hiperglicemia e lesão vascular (posteriormente). Existem 4 tipos de diabetes: DM1, DM2, diabetes secundário e DMG. A forma mais comum é a tipo 2 (90% dos pacientes) e 5-10% têm tipo 1. A longo prazo o diabetes leva à alterações nas paredes das artérias de pequenos (microangiopatia) e grandes (macroangiopatia) calibre. A microangiopatia ocorre nos rins (nefropatia diabética) e pode causar insuficiência renal, pode também se desenvolver na retina (retinopatia diabética) podendo causar cegueira e pode também ocorrer no sistema nervoso, causando neuropatia diabética, que leva a um comprometimento da função do sistema nervoso autônomo. É comum em pacientes diabéticos a Amanda Wernke - XXXVII 11 opacificação do cristalino (cataratas). Já a macroangiopatia diabética está associada a um risco de 2-3 vezes superior de infarto no miocardio, se atingir artérias periféricas leva à doença vascular periférica diabética e à úlceração dos pés. Diabetes Tipo 1: É uma doença autoimune que se desenvolve geralmente em pessoas abaixo de 35 anos. A diabetes tipo 1 é causada por destruição das células β do pâncreas, por diversos motivos, como infecção viral, toxinas ambientais ou alimentos. O risco de desenvolver é maior se tiver história paterna. Esses genes estão localizados no MHC, nos genótipos HLA DR e QD. Nesse locus gênico também são encontrados genes de outras doenças autoimunes, o que significa que esses pacientes possuem maior suscetibilidade a outras doenças autoimunes, como doença de Graves, Addison e doença celíaca. E infiltração inflamatória das ilhotas pancreaticas são devido a resposta anormal das células T, mas uma parte dos pacientes possui uma resposta anormal das células B, com anticorpos circulantes contra várias proteínas das células β do pâncreas. Indivíduos com T1D são propensos ao desenvolvimento de cetoacidose e são dependentes de insulina. Os sintomas devem aparecer rapidamente e a cetoacidose pode estar presente no momento do diagnóstico. Diabetes Tipo 2: O principal fator de desenvolvimento da T2D é o comprometimento da função das células β do pâncreas. Esse tipo de diabetes se desenvolve geralmente em indivíduos obesos com mais de 40 anos. Mas esse tipo dediabetes vem sendo cada vez mais comum em pacientes mais novos. Os principais fatores são o comprometimento das células β do pâncreas (e consequentemente da secreção de insulina) ou a resistência periférica a insulina. Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 é o historico familias e a obesidade, e essa última está muito relacionada com a resistência a insulina. A resistência a insulina se apresenta inicialmente como hiperinsulinemia com concentração de glicose normal, o que é um sinal de que as células beta compensaram de forma eficaz a resistência periférica à insulina. Mas quando essa compensação falha, a concentração plasmática da glicose pode aumentar ligeiramente em jejum (anomalia da glicose em jejum, IFG) ou em resposta a um aumento de glicose (diminuição da tolerância a glicose, IGT). A IGT está associada a doenças macrovasculares. A deterioração da tolerância a glicose pode ser abrandada ou até mesmo revertida, portanto IFG e IGT são alertas para uma mudança de estilo de vida. A herdabilidade da diabetes tipo 2 é alta, sendo de 40% em parentes de primeiro grau. Descobriu-se vários genes associados a diabetes tipo 2, entre eles os genes HNF1 hemebox A (HNF1A) e o HNF1 hemebox B (HNF1B), associados a diabetes monogênicas (MODY). Outros genes são o CGKR e o IGF1 que estão relacionados com a resistência à insulina. Genes associados a obesidade como o FTO também estão relacionados a T2D. A diabetes do adulto com inicio na juventude, antes dos 25 anos, (MODY) é uma forma rara de diabetes tipo 2. Ela é caracterizada pela secreção persistente de peptídeo C e por um padrão claro de herdabilidade, o MODY é resultante da mutação de pelo menos 6 genes diferentes, entre eles o gene que codifica a glicocinase (que afeta a sensibilidade das células beta à glicose e causando MODY2), o gene que codifica o fator de transcrição HNF1A causa o MODY3, e o gene HNF1B causa mo MODY 5. O MODY2 responde a dieta e não necessitam de Amanda Wernke - XXXVII 12 insulina. Pacientes com mutação no HFN1A respondem às sulfoniureias. No T2D a cetoacidose é rara, esses pacientes devem desenvolver complicações microvasculares como os T1D, mas as principais complicações são as macrovasculares. Metabolismo no Diabetes: No diabetes tipo 1 a glicose não pode entrar na célulade depente de insulina, como adipócitos e miócitos, devido à carência de insulina. A carência de insulina significa que o metabolismo, por defeito, entra em um modo controlado pelo glucagon.A glicólise e a lipogênese são inibidas, ao passo que a glicogenólise, a lipólise e a cetoacidose são estimuladas. Como o fígado se torna um órgão produtor de glicose, e o transporte da mesma está comprometido, gera uma hiperglicemia em jejum. Quando a glicose plasmática excede o limiar de reabsorção renal ela começa a aparecer na urina. Como ela é osmoticamente ativa, sua excreção é Amanda Wernke - XXXVII 13 acompanhada a perda de água. Por isso pacientes com diabetes apresentam poliúria e polidipsia. A perda de fluidos pode levar a desidratação. Paralelamente a lipólise gera excesso de acetil-CoA, o que produz a cetogênese. A concentração plasmática de corpos cetônicos aumenta (cetonemia) e esses são excretados na urina (cetonúria). Há também uma diminuição do pH sanguíneo pela sobreposição do ácido acetoacético e do β- hidroxibutírico. A acidose metabólica é conhecida como cetoacidose diabética. Em alguns pacientes a acetona pode ser sentida no hálito. A cetoacidose possui como caracteristica a hipoglicemia, a cetonúria, a desidratação e a acidose metabólica. É predominante em T1D, pois não a a produção de insulina, ou essa é muito baixa, e a razão insulina/glucagon é muito diminuida. Amanda Wernke - XXXVII 14 A obesidade, a resistência a insulina e a intolerância a glicose ( ou diabetes) podem ser acompanhadas de dislipidemias e hipertensão arterial. Esse conjunto de condição é descrito como uma síndrome metabólica. E essa síndrome possui um risco aumentado de doenças cardiovasculares. Complicações Vasculares do Diabetes Melito: A glicose em excesso é tóxica, e na presença de metais como o cobre ela sofre auto-oxidação. A Amanda Wernke - XXXVII 15 glicose se liga também de forma não enzimática a resíduos de lisina e de valina em proteínas teciduais e plasmáticas, em um processo conhecido como glicação proteica. Quando a glicose interage com a proteína, forma primeiramente um comporto lábil conhecido como base de Schiff. Essem através do chamado rearranjo de Amadori trasnforma-se espontaneamente em cetoamina. O produto de Amadori mais amplamente estudado é a hemoglobina glicada. Oxidação, rearranjo e fragmentação adicionais dos produtos de Amadori levam à formação de uma família de compostos conhecidos como produtos finais da glicação avançada (AGE). Eles se ligam nos seus receptores, na parede das células epiteliais, e geram estresse oxidativo, o que faz o endotélio vascilar estimular a via pró-inflamatória. Isso favorece as complicações microvasculares. Esses AGEs podem também estar relacionados a doenças relacionadas a idade, como o Alzheimer. Na hiperglicemia há uma alteração do estado redoz das células e um aumento da razão NASH/NAD+ e diminuição da razão NADPH/NADP+. Isso desvia o substrato para via do poliol que transforma a glicose em sorbitol. A acumulação Amanda Wernke - XXXVII 16 desse no tecido ocular contribui para o desenvolvimento da cataratas diabéticas. No tecido nervoso, as altas concentrações de sorbitol diminuem a captação celular de outro álcool, o mioinositol, inibindo a ATPase Na+/K+ da membrana e afetando a função nervosa. A acumulação do sorbitol, a hipóxia e o fluxo sanguíneo reduzido contribuem para a neuropatia diabética. Hipoglicemia: É a concentração de glicose no sangue inferior a 72 mg/dl. A glicose plasmática baixa estimula o sistema nervoso simpático. A epinefrina e o glucagon são liberados, iniciando a resposta ao estresse. A manifestação se da por sudorese, tremor e uma sensação de fome. A diminuição do fornecimento Amanda Wernke - XXXVII 17 de glicose ao sistema nervoso compromete a função cerebral: a pessoa fica confusa e pode perder a consciência (ocorre em concentrações abaixo de 45 mg/dl). A hipoglicemia profunda pode ser fatal. A hipoglicemia em indivíduos saldáveis é normalmente ligeira pode ocorrer durante o exercício, após um período de jejum ou em resultado do consumo de álcool. Ela também pode ocorrer quando há uma quantidade insuficiente de hormônios contrarreguladores , isso ocorre na insuficiência adrenal. Tumor nas células β também podem causar hipoglicemia. A complicação aguda mais comum no diabetes é a hipoglicemia, podendo ocorrer no tipo 1 e no tipo 2. Resulta do desequilíbrio entre a dose de insulina e o fornecimento de carboidratos e a atividade física. A hipoglicemia leve pode ser controlada pela ingestão de água açucarada ou alguns grãos de açucar. Já a hipoglicemia grave é um quadro de emergência médica, requerendo tratamento com administração intravenosa de glicose ou injeção intramuscular de glucagon. Amanda Wernke - XXXVII 18 Avaliação Laboratorial: A análise da concentração plasmática de glicose é o teste mais importante do metabolismo energético. Deve ser interpretada em relação ao ciclo alimentação-jejum. O melhor momento para avaliar metabolismo de carboidratos é com 8-12 horas de jejum, que é quando o metabolismo energético atinge seu estado de equilíbrio. A glicose medida independente do horario das refeições é chamada de glicose plasmática ocasional, sendo útil para caso de hipo ou hiperglicemias graves. As análises diagnósticas para o diabetes são as concentrações de glicose em jejum (sem aporte calórico durante aproximadamente 10 horas) e a concentração medida 2 horas após a ingestão de uma quantidade de glicose padronizada.A glicose plasmática de um indivíduo em jejum é notavelmente estável. As anormalidades pré-diabéticas do metabolismo dos carboidratos são definidas como anomalia da glicemia em jejum (IFG) e diminuição da tolerância à glicose periférica (IGT). IGT está associado a desenvolvimento de risco cardiovascular, enquanto IFG é um fator de risco para o desenvolvimento futuro de diabetes. Habitualmente a concentração plasmática de glicose em jejum deve permanecer abaixo de 110 mg/dl. A IGT é caracterizada por um nível normal de glicemia em jejum, mas uma concentração elevada 2 horas após a carga de glicose. A IFG é definida como o nível “intermediário” de glicose plasmática em jejum de 126 mg/dl, se confirmada é diagnosticada diabetes. Amanda Wernke - XXXVII 19 A prova de tolerância à glicose oral é recomendada pela OMS para todos os paciente que estiverem na categoria IFG. Esse teste deve ter condições padronizadas. O paciente deve ser avaliado pela manhã, após em média 10 horas de jejum. A pessoa deve permanecer sentada durante o exame. Não deve ser feita após uma doença aguda. Primeiro é medido a glicose em jejum, e depois deve beber 75 mg de glicose em 300 ml de água, e após 120 minutos é novamente medido a concentração plasmática de glicose. Se ela permanecer acima de 200 mg/dl após os 120 minutos é feito o diagnóstico de diabético, emsmo que a glicemia em jejum seja normal. Concentrações em jejum entre 100-140 mg/dl são consideradas IGT. Amanda Wernke - XXXVII 20 A hemoglobina glicada tem como objetivo medir a concentração média das últimas 8 a 12 semanas. Isso é possível pois a HbA1C se forma nos eritrócitos a uma velocidade proporcional a concentração de glicose existente. O valor acima de 6,5% para homoglobina glicada é considerado como diagnóstico de diabetes. O objetivo é manter o paciente abaixo de 7%. Na presença de uma concentração normal de glicose plasmática, a glicose filtrada nos glomérulos renais é reabsorvida nos túbulos proximais renais e não aparece na urina. O limiar urinário de reabsorção é de aproximadamente 180 Amanda Wernke - XXXVII 21 mg/dl. Perante valores superiores a capacidade reabsortiva é excedida e a glicose aparece na urina. Mas uma pessoa normal pode apresentar esse limiar baixo, e apresentar glicosúria mesmo sem concentrações consideradas diabéticas. É por isso que glicosúria não pode ser considerada como diagnóstico. A cetonúria em indivíduos diabeticos é considerado um sinal importante de descompensação metabólica, e requer ajuste no regime terapêutico. Em pessoas normais pode ser causado por jejum prolongado ou dieta rica em gordura. A presença de pequenas quantidades de albumina na urina (microalbuminúria) pode ser uma previsão de nefropatia diabética. O aumento de lactato plasmático indica oxigenação inadequada, pois está havendo um aumento do metabolismo anaeróbico. Em paragem cardíaca esse aumento do metabolismo anaeróbico pode causar acidose grave. Tratamento do Diabetes: O tratamento previne complicações agudas e crônicas, pois as complicações microvasculares estão associadas a gravidade da hiperglicemia. A modificação do estilo de vida é o pilar para a prevenção do diabetes, que abrange dieta e exercícios físicos. A diabetes tipo 1 precisa ser tratada com insulina. Estão disponíveis no mercado diversas insulinas que diferem em seu tempo de ação, a “classica” possui curta é a insulina humana regular, a de ação longa é a insulina intermediária que são as insulinas Isofãnicas e Lente, e a de ação longa é a insulina ultralente. Os pacientes geralmente fazem 2 injeções subcutâneas por dia de insulina de ação intermediária. Multiplas injeções de duração curta são utilizadas em pacientes com glicemia de difícil controle. É raro a necessidade de utilização da bomba de infusão. Tratamento de cetoacidose diabética: insulina intravenosa (para reverter o efeito dos hormônios anti-insulínicos), reidratação e suplementação de potássio. A cetoacidose se deve a 5 problemas : falta de insulina, Amanda Wernke - XXXVII 22 desidratação, depleção do potássio, acidose e a causa primária de descompensação ( por exemplo infecção). Já os pacientes T2D, são tratados com fármacos hipoglicemiantes orais, mas podem precisar de insulina também. Fármacos Antidiabéticos: Eles utilizam três processos: secreção de insulina, sensibilidade dos tecidos à insulina e absorção e ingestão de carboidratos. As Sulfonilureias se ligam aos receptores a membrana plasmática das células β pancreáticas. O fármaco fecha o canal de potássio sensível ao ATP, despolariza a membrana e abre os canais de calcio e estimula a exocitose da insulina. A hipoglicemia é um efeito adverso. As meglitinidas tem como alvo os canais de potássio sentíveis a ATP similarmente às sulfonilureias, mas se ligam em locais diferentes. Os fármacos que afetam o sistema das incretinas são agonistas do receptor GLP-1 que aumentam a secreção de insulina, e inibidores de DPP-4. Eles atuam na via do AMPc e potencializam a produção de insulina induzida pela aumento da glicose. Amanda Wernke - XXXVII 23 As biguanidas e as tiazolidinedionas sensibilizam os tecidos periféricos à insulina . É o tratamento mais comum do T2D. A metformina reduz a gliconeogênese e aumenta a sensibilidade periférica à insulina. Inibe também a glicogenólise. Ela aumenta a captação dependente de insulina no músculo esquelético e reduz a oxidação de ácidos graxos. E as tiazolidinedionas agem em nível de transcrição, aumentando a utilizaçaõ periférica da glicose e a sensibilidade a insulina. O grupo de fármacos Glitazar ainda está sendo testado. A acarbose inibem α-glicosidase intestinal que digere açúcares compelxos. Esse fármaco atrasa a absorção intestinal. A amilina é inibidor do transportados SGLT2 e atrasa o esvaziamento gástrico, promove saciedade e inibe o glucagon. Em pacientes T2D, se os exercicios fisicos com a dieta não controlarem a glicemia, é recomendado o uso de metformina. A insulina só é considerada para pacientes graves. Um agonista da insulina (GLP-1) ou a insulina podem ser adicionados mais tarde ao tratamento com metformina.
Compartilhar