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Prova - Questão 3 - extensão

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3)Por fim pensemos um pouco sobre o atual cenário e as relações existentes nos ‘Complexos Agroindustriais’. Considere para isso as consequências em termos de representação de interesses dentro do Estado no sentido de pensar quais são os segmentos que mais preponderantemente se fazem representar e quais são estes interesses. 3,0
Alguns eventos ao longo da história da civilização, ilustram o efeito negativo do avanço do capitalismo na área agrária, como a luta pela propriedade de terra dos pequenos produtores. Após a 2° Guerra Mundial, o Brasil se tornou um espaço muito atrativo para a atividade rural, como o surgimento do termo agrobusiness e o padrão agrícola chamado complexo agroindustrial (CAI).
 Chegando ao final da década de 1950, esse processo de modernização abriu portas para discussões sobre questões a nível de aspectos econômico, social, político, técnico, espacial etc. As mudanças que surgiram nesse período, estavam relacionadas às lógicas e objetivos das estratégias ligadas ao capital nacional e internacional, onde produtos como café, cana de açúcar e algodão, passaram a adotar medidas de inovações em seus processos produtivos à níveis técnicos e das relações de trabalho. Tal processo marcou a mudança dos mecanismos de produção para o industrial, levando a agricultura voltar-se também para o abastecimento de produtos alimentares e matérias-primas. A fim de viabilizar o desenvolvimento industrial brasileiro, o Estado cria políticas direcionadas à criação de infra-estruturas, designadas em seu conjunto por “arranjos institucionais.
A revolução agrícola brasileira foi marcada por cinco papéis básicos que aceleraram a industrialização, como a liberação de mão de obra às indústrias; fornecimento de produtos alimentares e matérias-primas a custos constantes ou descendentes; suprimento de capital para o financiamento de investimentos industriais; suprimento de divisas estrangeiras através da exportação de produtos agrícolas, criação de um mercado interno para produtos industriais.
No período de modernização da atividade agrícola, ocorreram mudanças a nível regional em determinados tipos de produtos, como a rede viária que foi ampliada através de rodovias, aumentando o transporte entre as regiões do país, devido à grande demanda urbano-industrial, e a expansão e ocupação de novos territórios para conseguir atender as grandes demandas que acompanhavam a evolução. A expansão da economia agrícola, neste período, ocorreu mais no sentido horizontal, pois o aumento da produtividade limitou-se a determinadas áreas mais integradas ao processo industrial, principalmente em São Paulo
Com o objetivo de facilitar o processo de acumulação, o Estado brasileiro atuou no sentido de garantir a baixa remuneração salarial (um dos menores salários-mínimos do mundo) e controlar movimentos reivindicatórios dos trabalhadores, via legislação trabalhista e repressão aberta às lideranças sindicais. O que levou a uma queda da renda da classe trabalhadora (urbana e rural), deste modo, prejudicando os pequenos produtores integrados a esse mercado.
Após um longo período, o Estado elabora objetivos adequados para a agroindústria nacional, como - a) ampliar a produção agrária e, com ela, a consolidação dos CAIs, b) garantir a soberania nacional sobre áreas pouco habitadas, principalmente de fronteiras, - elabora um conjunto de instrumentos, como incentivos fiscais para a ocupação de vastas zonas do interior, sob o lema “integrar para não entregar”. E com isso foram criadas as instituições oficiais, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), a fim de planejar e executar políticas de desenvolvimento setorial e regional.
Atualmente, o Estado Brasileiro, representado pelos três níveis de poder político-administrativo, as Organizações Não-Governamentais (ONGs), entidades nacionais e internacionais (como o Banco Mundial) têm pensado um novo modelo de ocupação, pautado no desenvolvimento sustentável. Esse modelo surge com a tentativa de preservação ambiental da Amazônia, propostos pela IBAMA, articulando as unidades de conservação (parques nacionais e reservas indígenas).
O fluxo da produção de um bem identificar, no interior de uma cadeia, segmentos de mercado representando as relações comerciais que se estabelecem entre o setor a montante e agropecuário e entre este e o setor a jusante. As empresas que atuam nos setores a montante e a jusante são poucas, organizadas em associações de interesses e interagem com um grupo amplo, heterogêneo e disperso de produtores. Esta situação limita a capacidade de ações coletivas dos atores localizados no setor agropecuário. Este cenário favorece a possibilidade de que as relações entre os setores a montante e agropecuário assumam características de oligopólio e as relações entre a agropecuária e o setor a jusante características de oligopsônio. Como consequência, os produtores rurais possuem menores recursos para negociar seus interesses no interior de uma cadeia, mesmo que essa negociação seja entendida como uma aliança estratégica.
Além de ocuparem posições privilegiadas no mercado e da possibilidade de se constituírem conglomerados empresariais, os atores sociais localizados nos setores a montante e a jusante são amparados por eficientes estruturas administrativas. A eficiência gerencial e investimentos em novas tecnologias são meios de que essas empresas lançam mão para competir entre elas e conquistar novos mercados, inclusive o internacional. Por esta razão, investem pesado para a implantação de novos processos de produção, disputar os serviços dos bons executivos, mantê-los nos seus quadros e treinar novos quadros. Da mesma forma, contratar os serviços de boas empresas de consultoria e marketing, por exemplo, é também visto como investimento. As empresas estrangeiras têm, ainda, a seu favor maior experiência internacional, recursos para investimentos e tecnologia, o que pode se transformar em importantes trunfos em uma economia globalizada
Os atores sociais que possuem algum controle sobre a terra são diferenciados por meio de uma análise multidimensional que articula o conceito de unidade de produção, processo de organização da produção e processo de integração com o mercado. Unidade de produção (UP) é entendida como a área de terra onde a produção agropecuária é realizada. Processo de organização da produção refere-se ao modo pelo qual os fatores de produção (terra, capital e trabalho) são combinados dentro da unidade de produção. Processo de integração com o mercado refere-se às relações que integram a UP ao setor urbano-industrial como fornecedora de alimento ou matéria-prima e consumidora de bens e serviços.
A análise multidimensional permite identificar quatro tipos básicos de unidade de produção:
1) Latifúndio (unidade multimodular, com níveis de comercialização às vezes elevados, mas com baixo grau de capitalização - produção extensiva -, podendo-se encontrar neste tipo de UP o trabalho assalariado combinado ou não com diferentes formas de parceria);
2) Empresa agropecuária capitalista (possui alto grau de comercialização e capitalização - investimentos em benfeitorias, máquinas, equipamentos e insumos industrializados - e emprego de força trabalho predominantemente contratada);
3) Empresa familiar (UP com área modular em que predomina a força-de-trabalho da família e que apresenta níveis elevados de comercialização e capitalização);
4) Unidade de produção camponesa" (de modo geral possui área modular ou sub modular, predominância do trabalho da família, baixo grau de comercialização e capitalização). São também encontradas unidades de produção que integram características de latifúndio e empresa agrícola capitalista e de empresa familiar e unidade camponesa, como: unidades que apresentam níveis médios de capitalização e/ou comercialização e que empregam força de trabalho contratada.
A capacidade que os atores possuem de influenciar as decisões que são tomadas a nível de estruturas do Estado. Essesatores podem ser definidos em diferentes grupos, os atores governamentais, congresso nacional, médios e grandes produtores e agroindústria. O conjunto de atores que pouco influi é formado por: (a) pequenos produtores e (b) trabalhadores rurais.
Os atores governamentais estão localizados em vários segmentos do Poder Executivo e ocupam um papel central na formulação da política agrícola. No entanto, apesar da proximidade e da localização comum, suas relações são marcadas por conflitos resultantes dos objetivos distintos que norteiam as ações de cada um e das disputas de jurisdição que os separam. As autoridades da área econômica (Ministério da Economia ou da Fazenda) estão no centro dos autores governamentais. O poder dessas autoridades é grande e se encontra em expansão. Elas controlam os instrumentos de política econômica, por conta do seu poder de intervenção.
A busca da estabilidade monetária legitimou a interferência estatal e a subordinação da política agrícola aos imperativos das políticas de estabilização. O limite deste recurso de poder é a desorganização da agricultura. Este intervencionismo, em conjunto com a redução do crédito subsidiado pelo Estado, provocou um distanciamento dos produtores rurais do governo e reativou as suas associações representativas.

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