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Sistemática Vegetal Farmacobotânica > com a globalização e migração dos povos, as plantações especificas de uma região passaram a estar presentes também em outros continentes; caracterizando, assim, culturas de cada local. > as gramíneas, por exemplo, sempre estiveram presentes em continentes diferentes, servindo como fonte de alimento. Como milho nas américas, trigo na Europa, arroz na Ásia, sorgo na África. > as plantas, além de serem utilizadas como alimento, também servem como aromas, na produção de tecido e de remédios. > a diversidade biológica serve como um recurso ambiental, fornecendo produtos para exploração e consumo (sustentáveis), ainda prestando serviços de uso indireto, como o ecoturismo. Conceitos Básicos: > Especiarias X Ervas aromáticas: ambas possuem substâncias de defesa contra herbivoria, as quais dão o aroma e sabor das plantas. Especiarias: raízes, cascas de árvores, sementes, frutos e gemas, que são ricas em óleos essenciais. - Casca: canela - Frutos secos: pimenta-do-reino - Caule: gengibre - Sementes: cardamomo, noz-moscada - As especiarias mais importantes estão presentes na Ásia tropical. Há também especiarias do Novo Mundo, como a Baunilha (frutos secos da flor Vanilla), Pimenta-vermelha, Pimenta-da-jamaica (frutos imaturos e secos). Ervas aromáticas: folhas de plantas não-lenhosas (que não formam madeira), ou seja, não são árvores nem arbustos. Exemplo: alface, agrião, rúcula, coentro, salsa. Exceção: folhas de louro, já que essa é uma árvore. - Na família Lamiaceae há especiarias como tomilho, horleã, orégano, sálvia, manjericão, alecrim. - Família Apiaceae: salsa, coentro, funcho, erva-doce. - As especiarias originam-se de várias partes do mundo, entre Europa e Mediterrâneo, principalmente. - Eurásia: mostarda (semente) - Mediterrâneo: louro (folhas) - Oeste dos EUA e do Canadá: estragão (folhas) - Oriente Médio: açafrão (equivale aos estigmas da flor – parte vermelha) - África: café (sementes secas, tostadas e moídas) - Ásia subtropical: chá-da-India (Camellia sinensis - ramos folhosos secos). > Planta medicinal: todo vegetal que contem em um ou vários de seus órgãos substâncias que podem ser empregadas para fins terapêuticos ou precursores de substâncias utilizadas para tais fins. - Exemplo de algumas plantas medicinais: - Digitalis: tem os princípios ativos nas folhas. Possuindo os glicosídeos cardiotônicos apenas nesse órgão, os quais atuam diretamente no miocárdio. - Gengibre: possui terpenóides nos rizomas (caule subterrâneo). Utilizados no tratamento de enjoos. - Ipecacuanha: possui alcaloides nas raízes. Utilizadas na indústria farmacêutica na fabricação de vermífugos (em grande quantidade) e xaropes expectorantes. - Maria-sem-vergonha: alcaloides presentes nas folhas. Utilizados no tratamento de diversos tipos de câncer. - Carqueja: colagoga, estimulando a produção da bile. > 25% dos medicamentos provem de plantas atualmente. > Metabólitos secundários: são sinalizadores químicos que permitem a planta responder a estímulos ambientais, uma defesa. - As plantas competem entre si, podendo ser uma competição interespecífica e intraespecífica. - Além da defesa contra herbívoros e patógenos; há proteção contra radiação solar; e atração de polinizadores e dispersores. - Os metabólitos secundários possuem valores nutricionais e farmacológicos importantes na nutrição humana, aditivos aromáticos e corantes. Podem servir como inseticidas, medicamentos, cosméticos e até para bebidas/alimentos. Planta Medicinal Droga Vegetal Medicamento Fitoterápico Produto acabado Produto tradicional fitoterápico Produto acabado Chá Medicinal > Droga vegetal: é a planta medicinal, ou suas partes (folhas, raízes, flor), seca. Tem que passar pelo processo de coleta (extração na mata), preparo e conservação. Servindo de insumo para medicamento fitoterápico ou para produto tradicional fitoterápico (PTF). Dura 1-2 anos a partir da fabricação. - Exemplos: folhas de eucalyptus, possui substâncias bioativas que podem ser utilizadas para problemas no sistema respiratório. Quando coletadas, as folhas não são a droga. É preciso que passem por um processo de conservação (secagem). - Drogas derivadas: são produtos derivados da planta, obtidos diretamente, sem utilização de processo extrativo delicado. Exemplo: resina do pinheiro. Mas, se coletar pedaços de caule de fazer uma destilação para obtenção de óleo essencial, este não é uma droga derivada. > Medicamento fitoterápico: é um medicamento com origem nas plantas, mas que também precisa passar por ensaios clínicos. > Produto tradicional fitoterápico (PTF): utilização segura pela observação do uso em seres humanos (como em povos indígenas), por pelo menos 30 anos. > Chá medicinal: é uma droga vegetal e um PTF. Tem fins medicinais a ser preparada por meio de infusão (chá), decocção (cozimento da planta) ou maceração em água, pelo consumidor. > Princípio ativo: é a substância que tem ação farmacológica, presente na planta medicinal ou droga vegetal. - Exemplos: Alcaloides (escopolamina e hiosciamina) - presente nas folhas de estramônio, beladona, meimendro e trombeteira. Alcaloides (Quinina e quinidina) - droga constituída da casca de quina. Glicosídeos cardioativos – presente nas folhas de digital. > Farmacopeia: é o Código Oficial Farmacêutico do país, onde estão estabelecidos os critérios de qualidade dos medicamentos em uso, tanto manipulados quanto industrializados, compondo o conjunto de normas e monografias de farmacoquímicos estabelecidos para o país. Dentro deste, há uma monografia das plantas medicinais. > Cultivo X Extrativismo: - Cultivo: fazer uma cultura de determinada espécie/ grupo de espécie. O cultivo é recomentado a ser realizado quando há poucas plantas nativas, quando estas têm distribuição muito espalhada ou são inacessíveis; quando há necessidade de melhorar o teor de princípios ativos; quando há grande demanda do mercado. - Extrativismo: fazer coleta diretamente da floresta. É a principal fonte de drogas vegetais comercializadas. Isso pode trazer certos problemas devido a variabilidade genética (responsável pelas diferentes características de uma espécie), variação de tipos de solos, das condições climáticas, além do esgotamento das reservas naturais. > seria mais favorável então, que no momento da coleta, houvesse um conhecimento da morfologia, fisiologia e variação dos princípios ativos no vegetal. - Exemplo: quando a fotossíntese das folhas é mais intensa; quando é a época de polinização das flores; quando as sementes estão maduras e estão antes da deiscência do fruto; eliminar as impurezas da região da planta que possui o princípio ativo, como areia, pedaços de outras partes do vegetal, terra; e evitar material úmido em tempos de chuva, por exemplo, evitando o ataque de fungos. - Os princípios ativos podem variar de quantidade na planta dependendo da hora do dia. Além do estágio de desenvolvimento da planta também ser importante para a determinação da quantidade de princípios ativos (exemplo: as folhas maiores de hortelã apresentam menos quantidade de óleo essencial). - A quantidade de alcaloides (princípio ativo) também pode variar de acordo com a época do ano. Como a trombeteira: Processamento de plantas medicinais: > o processamento pós-colheita para obtenção da droga vegetal é feito pela secagem. > Secagem: tem como objetivo eliminar certa quantidade de água do órgão vegetal para facilitar a conservação, evitando a ação de agentes deletérios (bactérias, fungos e enzimas). - A secagem pode ser natural (ao sol, sombra, com ambos) ou ser artificial (circulação de ar, estufa com ou sem). Isso vai depender das limitações das plantas/órgãos da planta. > Estabilização: tem como objetivo a inativação de enzimas. Ex.: Drogas cardiotônicas, nas quais as enzimas desdobram a cadeia de glicosídeo reduzindo sua atividade farmacológica. - Entretanto, há espécies que não precisam dessa ação enzimática, como a Mostarda. - A estabilização pode ser feita por aquecimento à 80°C, durante15 a 30 minutos; utilizando solvente: álcool; ou irradiação: exposição demorada aos raios ultravioleta. - OBS.: inativam a enzima e não o princípio ativo. Classificação Vegetal: > Domínios procarióticos: - Bacteria (estudado em Microbiologia) - Archaea > Domínio Eukarya (eucarióticos): (estudado em Parasitologia) - Reino Fungi - Reino Protista - Reino Animalia - Reino Plantae - As bactérias surgiram primeiro na evolução, seguido do domínio Archaea e Eukarya, que tiveram o mesmo ancestral comum. > a Taxonomia é uma área da botânica que tem o objetivo de descrever, nomear, classificar e identificar as plantas. - táxon pode ser a ordem, família, gênero... Exemplo: a terminação “aceae” significa que o táxon é uma família. 1) Descrição: caracterização de uma relação de atributos de uma espécie. Isso é feito quando há descoberta de uma espécie nova. - Exemplo hipotético: esta é uma Planta herbácea de até 30 cm de altura; flores tetrâmeras, de pétalas alaranjadas; folhas elípticas coriáceas, de margem inteira, fruto avermelhado... - Tudo deve ser descrito em latim, uma vez que esta é uma língua morta e não haverá futuras alterações nas palavras. 2) Nomenclatura: regida pelo Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas. - Idioma: Latim - Na maioria das vezes, o nome cientifico tem significado biológico e sempre deve ter um alcance internacional. > a nomenclatura científica dos seres vivos segue como regra o sistema binomial de nomenclatura, criada por Karl von Linné. Isso é para evitar confusões de interpretação internacional, admitindo, então, um único nome coletivamente compreendido. - Exemplo: a espécie Hypericum perforatum é popularmente conhecida com diferentes nomes: hipérico, erva-de-São-João, orelha-de-gato, alecrim-bravo. a) Nome da espécie sempre escrito em latim, e em itálico, ou em negrito ou sublinhado: Zea mays L. ou Zea mays L. ou Zea mays L. - Obs.: tem que sublinhar cada palavra por vez, não uma linha contínua: Zea mays L. (errado) b) A inicial do gênero (epíteto genérico) deve ser escrita com letra maiúscula; e a da espécie (epíteto específico) com letra minúscula. Phaseolus vulgaris L. (nome cientifico da espécie) - Obs.: a última letra “L.” é referente ao nome do autor, que em geral está abreviado. > na RDC,.26/2014, que é a resolução da Anvisa, tratando-se de produtos fitoterápicos, há nomenclatura botânica e a nomenclatura botânica completa. - XIX - nomenclatura botânica: espécie (gênero + epíteto específico – não precisa ter o autor). Zea mays L. ou Zea mays - XX - nomenclatura botânica completa: espécie, autor do binômio, variedade, quando aplicável, e família. Utilizada para relatórios técnicos enviados à Anvisa. Zea mays L. - Gramineae > no sistema binomial, um epíteto especifico não tem significado quando escrito sozinho; é preciso estar junto ao epiteto genérico. Exemplo: sativa (significa cultivado, plantado) Lactuca sativa (Asteraceae) – alface Cannabis sativa (Cannabaceae) – maconha Avena sativa (Poaceae) – aveia > Tipos de epítetos específicos: - Epítetos comemorativos: quando se utiliza o nome de pessoas latinizados, o caso de Trypanossoma cruzi (ou Cruzi, Oswaldo Cruz), de Eucalyptus blakelyi (ou Blakelyi, William Blakely). - Epítetos descritivos: mostram característica específica da planta). Como a cor da flor: rubra (vermelho), purpureum (roxo), alba (branco). Descreve a folhagem: rotundifolia (para folhas redondas), grandifolia (para folhas grandes), hirsutum (para folha peluda), odorata (perfumada), echinata (espinhos). Onde a planta se encontra: montana, aquatilis, marítima, indica (India). Forma de emprego: edulis (comestível), cathartica (laxativa/laxante) Exemplos: Euterpe edulis - palmito Paubrasilia echinata - pau-brasil Mangifera indica - mangueira Allamanda cathartica - alamanda Plinia cauliflora - jabuticabeira - officinalis ou officinale é utilizado para plantas que são medicinais. Significa “da oficina”, alusão às boticas, antigas farmácias, e o nome quer dizer que qualquer planta “officinalis” foi em certo tempo valorizada pelos boticários. - Cada grupo taxonômico possui um único nome de família, exceto os casos em que há nomina conservada: Palmae: coqueiro, palmito juçara, pupunha, açaí. Gramineae: amido, arroz, trigo, cevada, milho. 3) Classificação: relaciona um indivíduo às categorias taxonômicas. > dividido em reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. - Exemplificando isso para a classificação do homem: Reino: Animalia Filo (Divisão): Chordata Subfilo: Vertebrata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Hominidae Gênero: Homo Espécie: Homo sapiens > nas plantas, essa classificação é feita da mesma maneira. Exemplo de classificação vegetal do milho: Reino: Plantae Filo (Divisão): Anthophyta/Angiospermae - Antho = flor, phyta = planta planta com flor Classe: Monocotyledoneae Ordem: Poales - ales = ordem Família: Poaceae / Graminae - aceae = família Gênero: Zea Espécie: Zea mays 4) Identificação: é feita baseando-se na observação da existência ou não de semelhanças entre os vegetais observados. > é feita basicamente por comparação de dados que já são existentes, como em herbários, chaves analíticas e em bibliográficas (como a Farmacopeia Brasileira). Bioprospecção da Flora > estratégias para descoberta de novos fármacos, a partir da exploração de fontes naturais de pequenas moléculas, macromoléculas e assim extrair valor econômicos da biodiversidade. > é uma busca sistemática que pode levar ao desenvolvimento de um produto. > a seleção de espécies em um programa de bioprospecção é baseado em: - Critério randômico (aleatório), ou seja, as espécies são escolhidas para estudo sem saber se há potencial medicinal nelas. - Critério etnofarmacológico, o qual leva em consideração a utilização das plantas medicinais. Esse critério considera a utilização de um grupo de plantas já usadas por grupos indígenas, quilombolas, agricultores tradicionais, dentre outros. Por exemplo: será que tal planta tem mesmo o poder anti-inflamatório ou ajuda a acalmar ou cessa uma dor? - Critério quimiossistemático, considera o táxon botânico /grupo ao qual a planta pertence. Este fornece a indicação sobre as classes de metabólitos secundários de distribuição restrita presentes, sendo estes bons marcadores quimiotaxônomicos. A quimiossistemática é uma ferramenta na busca de substâncias bioativas. No exemplo abaixo haverá características de certos grupos que nos mostram onde encontrar essas substâncias. Angiospermas: > existem 4 grandes grupos (CLASSES) de angiospermas: - Angiospermas basais: “basal”= primeiro. - Complexo Magnoliidae: algumas famílias presentes nesse grupo são Magnoliaceae, Ranunculaceae, Papaveraceae. O que as caracteriza é a presença de compostos químicos Alcaloides isoquinólicos. Sabendo que esses compostos estão presentes neste grupo e também em eucotiledoneas e não em monocotiledôneas, a busca por eles é especifica, isso é a quimiotaxonomia. - Monocotiledôneas: a família presente destacada desse grupo é Zingiberaceae (gengibre, cúrcuma, cardamomo). O que as caracteriza é a presença de compostos químicos Monoterpenos e Sesquiterpenos. Sabendo que outras espécies de monocotiledôneas possuem esses compostos, fica mais fácil então abranger os possíveis locais de extração dessa matéria, isso é a quimiotaxonomia. - Eudicotiledôneas: dentro desse grupo há ordens Gentianales, Solanales (família Solanaceae – pimentão, tomate), Capparales (família Brassicaceae – couve, napo, rabanete, wasabi), Asterídeas (família Asteraceae – calêndula), Apiales (famílias Apiaceae – cenoura, coentro salsa, e Pittosporaceae). Compostos químicos presentes nas eudicotiledôneas: - Alcaloides indólicos – anestésico, diurético, hipotensor (presente na ordem Gentianales) - Alcaloides - Alcaloides tropânicos (Solanales) - Iridoides – bactericidas (Asterídeas) - Poliacetilenos – anticancerígeno, bactericida, antifúngico (Asterídeas) - Saponinas triterpênicas – antifúngicas e antibacterianas (Apiaceae e Pittosporaceae) - Glucosinolato(Capparales) > conclui-se, então, que as substâncias químicas servem também para a caracterização e descrição de uma espécie. > Detalhes da Farmacopeia Brasileira: - Nome popular = Nome vulgar
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