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Livro de Farmacognosia e Fitoterapia

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Indaial – 2022
Fitoterapia
Prof. Fellippe Ramos Wolff
1a Edição
Farmacognosia e
Impresso por:
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof. Fellippe Ramos Wolff
Revisão, Diagramação e Produção:
 Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
W855f
Wolff, Fellippe Ramos
Farmacognosia e fitoterapia. / Fellippe Ramos Wolff – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
257 p.; il.
ISBN 978-85-515-0536-6
ISBN Digital 978-85-515-0537-3
1. Farmacognosia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 615
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do curso de Farmácia: 
a Farmacognosia e Fitoterapia. A Farmacognosia é o ramo mais antigo das ciências 
farmacêuticas, pois, nela, estudamos a aplicação simultânea de várias disciplinas 
científicas, com o objetivo de conhecer fármacos naturais sob todos os aspectos. É 
considerada uma ciência multidisciplinar, que contempla o estudo das propriedades 
físicas, químicas, bioquímicas e biológicas dos fármacos sintéticos ou de origem natural, 
bem como busca por novos fármacos a partir de fontes naturais.
Devido a seu aspecto  interdisciplinar, fazendo interface com botânica, 
etnobotânica, antropologia médica, microbiologia, fitoquímica, fitoterapia, farmacologia, 
farmácia clínica, agronomia, entre outros, a Farmacognosia é uma área extremamente 
importante para o profissional farmacêutico.
Na Unidade 1, veremos uma introdução ao estudo da Farmacognosia e de sua 
importância na biodiversidade e no uso de plantas tradicionais, assim como temas como 
segurança e toxicidade, legislação em vigor, identificação de componentes anatômicos 
e espécies vegetais, e desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos.
Na Unidade 2, estudaremos os métodos de cultivo, obtenção e preparação 
da droga vegetal, como realizar a extração de substâncias químicas produzidas pelas 
plantas e quais são os tipos de compostos fitoquímicos derivados de seu metabolismo 
primário e secundário, e sua importância clínica.
Para finalizar, a Unidade 3 abordará as ferramentas da qualidade na produção 
de fitomedicamentos, a ação farmacológica e terapêutica de produtos derivados de 
organismos vegetais, e a prática clínica da fitoterapia e da aromaterapia.
Esperamos que as informações apresentadas sejam de grande valia na prática 
da profissão e que permitam atuar em qualquer espaço que contemple os assuntos 
abordados nesta disciplina de forma segura, ética, responsável e competente.
Bons estudos e sucesso!
Prof. Fellippe Ramos Wolff
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - PRINCÍPIOS E CONCEITOS DE PRODUTOS NATURAIS .................................. 1
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À FARMACOGNOSIA ....................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ...............................................................................................3
3 BIODIVERSIDADE E ECOSSISTEMAS BRASILEIROS ........................................................5
3.1 BIODIVERSIDADE BRASILEIRA .......................................................................................................... 6
3.2 BIOMAS ...................................................................................................................................................8
4 PRODUTOS NATURAIS COMO MATÉRIAS-PRIMAS ...................................................... 20
4.1 CORANTES E TINTURAS ...................................................................................................................20
4.2 ALGAS MARINHAS .............................................................................................................................22
4.3 USO TRADICIONAL DE PRODUTOS VEGETAIS ...........................................................................23
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 25
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 26
TÓPICO 2 - ETNOFARMACOLOGIA ..................................................................................... 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 29
2 O USO TRADICIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS .......................................................... 29
3 INTERAÇÕES ENTRE PLANTAS MEDICINAIS, ALIMENTOS E MEDICAMENTOS ...........37
3.1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ...................................................................................................383.1.1 Interações farmacocinéticas ..................................................................................................38
3.1.2 Interações farmacodinâmicas................................................................................................39
3.1.3 Interações de efeito .................................................................................................................39
3.1.4 Interações farmacêuticas .......................................................................................................39
4 TOXICIDADE DE PRODUTOS VEGETAIS ........................................................................ 42
5 LEGISLAÇÃO APLICADA À FITOTERAPIA ...................................................................... 45
5.1 FARMACOPEIA BRASILEIRA ..............................................................................................................45
5.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ...............................................................................................................46
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 49
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 50
TÓPICO 3 - FARMACOBOTÂNICA ....................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 53
2 TAXONOMIA VEGETAL .................................................................................................... 53
3 NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS VEGETAIS .................................. 56
4 MORFOLOGIA VEGETAL .................................................................................................. 58
4.1 MORFOLOGIA BÁSICA EXTERNA DAS RAÍZES ............................................................................58
4.2 MORFOLOGIA BÁSICA EXTERNA DOS CAULES............................................................................61
4.3 MORFOLOGIA BÁSICA EXTERNA DAS FOLHAS .........................................................................62
5 MICROTÉCNICA VEGETAL .............................................................................................. 63
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 65
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 68
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 71
UNIDADE 2 — METABOLISMO VEGETAL E SUBSTÂNCIAS ATIVAS ...................................81
TÓPICO 1 — ESTUDOS FITOQUÍMICOS ............................................................................... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 83
2 CULTIVO, OBTENÇÃO E SEPARAÇÃO DE DROGAS VEGETAIS ..................................... 84
2.1 CULTIVO ................................................................................................................................................86
2.2 ESCOLHA DAS ESPÉCIES A SEREM CULTIVADAS ......................................................................87
2.3 ESCOLHA E PREPARO DA ÁREA PARA CULTIVO ....................................................................... 88
2.4 COLHEITA, SECAGEM E ARMAZENAMENTO ................................................................................ 91
3 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E ISOLAMENTO DE COMPOSTOS ATIVOS .......... 94
3.1 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO .................................................................................................................99
3.1.1 Extrações a frio ...........................................................................................................................99
3.1.2 Extrações a quente em sistemas abertos .........................................................................101
3.1.3 Extrações a quente em sistemas fechados ......................................................................101
3.2 OPERAÇÕES DE CONCENTRAÇÃO E DE SECAGEM ..................................................................101
3.3 ANÁLISE FITOQUÍMICA PRELIMINAR ...........................................................................................102
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................108
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................109
TÓPICO 2 - FUNDAMENTOS DO METABOLISMO VEGETAL ..............................................111
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 METABOLISMO PRIMÁRIO VEGETAL .............................................................................111
2.1 FOTOSSÍNTESE ..................................................................................................................................112
2.2 CARBOIDRATOS ................................................................................................................................115
2.3 LIPÍDIOS ...............................................................................................................................................121
2.4 PROTEÍNAS ....................................................................................................................................... 122
3 METABOLISMO SECUNDÁRIO VEGETAL .......................................................................126
3.1 INTERAÇÃO PLANTA-AMBIENTE ................................................................................................... 126
3.2 BIOSSÍNTESE DE COMPOSTOS .................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 131
TÓPICO 3 - QUÍMICA DOS PRODUTOS NATURAIS ...........................................................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................133
2 COMPOSTOS FENÓLICOS ...............................................................................................133
2.1 ÁCIDOS FENÓLICOS ..........................................................................................................................136
2.2 FLAVONOIDES ..................................................................................................................................138
2.3 TANINOS ...............................................................................................................................................141
2.4 TOCOFERÓIS .....................................................................................................................................143
2.5 POLIFENÓIS ......................................................................................................................................144
3 TERPENOS .......................................................................................................................145
3.1 TERPENOIDES ....................................................................................................................................146
3.2 CAROTENOIDES ................................................................................................................................1503.3 GLICOSÍDEOS ....................................................................................................................................150
4 COMPOSTOS NITROGENADOS.......................................................................................152
4.1 ALCALOIDES ...................................................................................................................................... 153
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................155
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................163
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................164
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................165
UNIDADE 3 — FITOTERAPIA ...............................................................................................171
TÓPICO 1 — FITOTERAPIA: O USO DE PLANTAS MEDICINAIS......................................... 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173
2 FITOTERAPIA .................................................................................................................. 173
2.1 PRESCRIÇÃO FITOTERÁPICA .......................................................................................................... 174
2.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM FITOTERAPIA ............................................................................ 179
2.3 A RENAME E AS PLANTAS MEDICINAIS ......................................................................................180
3 FITOFARMACOLOGIA E INDICAÇÃO DE FITOTERÁPICOS ...........................................183
3.1 ALCACHOFRA (CYNARA SCOLYMUS L.) .....................................................................................183
3.1.1 Atividades biológicas ..............................................................................................................184
3.2 AROEIRA (SCHINUS TEREBINTHIFOLIA RADDI) ........................................................................185
3.2.1 Atividades biológicas ..............................................................................................................186
3.3 BABOSA (ALOE VERA (L.) BURM. F) ............................................................................................. 187
3.3.1 Atividades biológicas ..............................................................................................................188
3.4 ESPINHEIRA-SANTA (MAYTENUS ILICIFOLIA MART. EX REISSEK) ......................................190
3.5 GARRA DO DIABO (HARPAGOPHYTUM PROCUMBENS DC. EX MEISSN.) ...........................191
3.6 GUACO (MIKANIA GLOMERATA SPRENG.) .................................................................................. 192
3.7 HORTELÃ (MENTHA X PIPERITA L.) .............................................................................................. 193
3.8 ISOFLAVONA DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERR) ................................................................... 194
3.9 PLANTAGO (PLANTAGO OVATA FORSSK) ................................................................................... 195
3.10 SALGUEIRO (SALIX ALBA L.) ........................................................................................................ 196
3.11 UNHA DE GATO (UNCARIA TOMENTOSA WILLD.) .....................................................................198
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................... 200
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................201
TÓPICO 2 - ÓLEOS ESSENCIAIS E AROMATERAPIA ....................................................... 203
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 203
2 O USO DE ÓLEOS ESSENCIAIS ...................................................................................... 203
2.1 EFEITOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO ..........................................................................................207
2.2 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, ANTIFÚNGICA E ANTIVIRAL ...................................................211
3 A APLICAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS NA AROMATERAPIA .....................................214
3.1 FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS OES .............................................................................................. 216
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................218
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................219
TÓPICO 3 - NATUROPATIA E FITOTERÁPICOS ................................................................221
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................221
2 NATUROPATIA .................................................................................................................221
2.1 FLORAIS ...............................................................................................................................................222
2.2 HOMEOPATIA .................................................................................................................................... 228
2.2.1 Diluição ...................................................................................................................................... 230
2.2.2 A dinamização ........................................................................................................................ 230
3 CHÁS MEDICINAIS .........................................................................................................231
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 235
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 239
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 240
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 242
1
UNIDADE 1 - 
PRINCÍPIOS E 
CONCEITOS DE 
PRODUTOS NATURAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os conceitos que englobam a Farmacognosia;
• entender como são realizados os estudos de propriedades físico-químicas, 
biológicas, bioquímicas e terapêuticas de plantas;
• compreender o uso tradicional de plantas medicinais;
• conhecer as principais legislações que regulamentam o cultivo e o preparo de 
medicamentos fitoterápicos obtidos de plantas medicinais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À FARMACOGNOSIA
TÓPICO 2 – FARMACOBOTÂNICA
TÓPICO 3 – ETNOFARMACOGNOSIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
INTRODUÇÃO À FARMACOGNOSIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos alguns conteúdos fundamentais para o entendimento 
da disciplina, os conceitos mais utilizados, um histórico sobre o uso tradicional das 
plantas e o desenvolvimento da fitoterapia.
Para iniciar os estudos no universo da Farmacognosia, primeiramente, refleti-
remos sobre as riquezas da mãe natureza e sua imensavariedade de espécies de seres 
vivos, sejam eles micro-organismos, animais ou vegetais. Devido a suas características 
diversas, os seres são capazes de metabolizar substâncias para o seu crescimento e 
produção de energia (carboidratos, aminoácidos, lipídios), substâncias essenciais à vida 
do planeta (por exemplo, a produção de oxigênio pelo processo de fotossíntese realiza-
da por espécies vegetais e algas marinhas). Também podemos encontrar outras subs-
tâncias que os seres humanos podem extrair e utilizar de maneira sustentável, como 
o látex, para a fabricação de borracha; as castanhas, para alimento; sementes, para 
produção de corantes biodegradáveis etc.
Desse modo, percebemos que o estudo da biodiversidade das espécies vegetais 
é fundamental para o profissional farmacêutico, seja para uma simples indicação 
terapêutica, seja para a obtenção de compostos fitoquímicos com possível potencial 
terapêutico e que podem ser empregados no desenvolvimento de novos fármacos, 
sendo eles fitoterápicos ou sintéticos. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
Acadêmico, é importante lembrar que o seu interesse e a sua dedicação 
são fundamentais para o sucesso da sua carreira; portanto, realize sempre 
as autoatividades propostas no final de cada tópico deste livro e acesse os 
artigos complementares expostos ao longo dos temas abordados.
DICA
2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
Para facilitar a compreensão dos assuntos a serem vistos a seguir, precisa-
mos rever alguns conceitos que serão aplicados nesta disciplina. Entretanto, antes 
de discutirmos sobre termos mais complexos, é importante entendermos, afinal, o 
que significa a Farmacognosia.
4
Etimologicamente, Farmacognosia significa o conhecimento (gnose) dos 
fármacos ou venenos (pharmacon). Uma definição atualizada também a considera o 
estudo de matérias-primas e substâncias de origem biológica, obtidas de vegetais e 
animais ou por fermentação a partir de micro-organismos, com finalidade terapêutica 
(BUENO, 2016). Ainda envolve o estudo da identificação de drogas vegetais por caracteres 
morfológicos e anatômicos, sua origem e as formas de produção, controle da qualidade, 
composição fitoquímica, elucidação estrutural e conhecimento das propriedades 
físico-químicas das substâncias ativas, bem como o estudo de suas propriedades 
farmacológicas e toxicológicas (SANTOS et al., 2018).
Após entendermos o significado e a abrangência dos temas discutidos na 
disciplina, é preciso elucidar outros termos e definições presentes ao longo das próximas 
unidades, sendo de grande valia observarmos que todas essas definições podem ser 
encontradas nos compêndios oficiais e ainda previstos em legislações específicas para 
a área de concentração do estudo de plantas e produtos derivados farmacêuticos:
• Derivado vegetal: produto da extração da planta medicinal fresca ou da droga vegetal, 
que contenha as substâncias responsáveis pela ação terapêutica, podendo ocorrer na 
forma de extrato, óleo fixo e volátil, cera, exsudato, entre outros (BRASIL, 2014a).
• Droga vegetal: planta medicinal ou suas partes que contenham as substâncias 
ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de 
coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, 
rasurada, triturada ou pulverizada (BRASIL, 2014a).
• Exsicata: fragmento ou exemplar vegetal, dessecado, prensado, fixado em 
mostruário, etiquetado ou rotulado com informações sobre a coleta (nome da 
planta, data e local da coleta etc.) (BRASIL, 2014a).
• Composição fitoquímica: também conhecida como fitocomplexos, é o conjunto 
de todas as substâncias, originadas do metabolismo primário ou secundário, 
responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de 
seus derivados (BRASIL, 2014a).
• Flora: é o conjunto de espécies vegetais que compõe a cobertura vegetal de uma 
determinada área. A flora brasileira é reconhecida como uma das mais importantes. 
No Brasil, há milhares de espécies vegetais nativas ainda não estudadas (IBGE, 2021).
• Fitoterápico: produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias 
isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento 
fitoterápico e produto tradicional fitoterápico. Pode ser simples, quando o ativo é 
proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo 
é proveniente de mais de uma espécie vegetal (BRASIL, 2014a).
• Insumo farmacêutico ativo vegetal (IFAV): matéria-prima ativa vegetal, ou seja, 
droga ou derivado vegetal, utilizada no processo de fabricação de um fitoterápico 
(BRASIL, 2014a). 
• Marcador fitoquímico: substância ou classe de substâncias utilizadas como 
referência no controle da qualidade, desde a droga vegetal até o produto formulado 
e, quando pertinente, nos estudos de resíduo, tendo correlação, preferencialmente, 
5
com a atividade biológica. O marcador pode ser do tipo ativo, quando relacionado com 
a atividade biológica do fitocomplexo, ou analítico, quando não demonstrada, até o 
momento, a sua relação com a atividade biológica do fitocomplexo (BRASIL, 2020).
• Matéria-prima vegetal: planta medicinal fresca, droga vegetal ou derivado de 
droga vegetal (BRASIL, 2010a).
• Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (BRASIL, 1973).
• Medicamento fitoterápico (MF): medicamento obtido empregando-se exclusivamen-
te matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos 
riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua 
eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de 
utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. Não se considera me-
dicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, 
de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais (BRASIL, 2010a).
• Nomenclatura botânica: espécie (gênero + epíteto específico) (BRASIL, 2014a). 
• Perfil cromatográfico: padrão cromatográfico de constituintes característicos do 
fitocomplexo, obtido em condições de reprodutividade previamente definidas, que 
possibilite a identificação da espécie vegetal em estudo e a diferenciação de outras 
espécies (BRASIL, 2014a).
• Planta medicinal: espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos 
terapêuticos (BRASIL, 2013a; 2013b; 2014a; 2014b).
• Planta medicinal fresca: a planta medicinal usada logo após a coleta sem passar 
por qualquer processo de secagem (BRASIL, 2014a).
• Princípio ativo: também denominado fármaco ou ainda insumo ativo, é o componente 
farmacologicamente ativo destinado ao emprego em medicamento (BRASIL, 2007).
• Produto tradicional fitoterápico (PTF): obtido com emprego exclusivo de matérias-
primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada na tradicionalidade de uso, 
caracterizado pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (BRASIL, 2013a).
• Pureza: é um dos principais atributos de qualidade de matérias-primas farmacêuti-
cas, já que a identificação e a determinação quantitativa de impurezas podem ajudar a 
controlar/minimizar o risco de efeitos adversos de medicamentos (JUNQUEIRA, 2012).
3 BIODIVERSIDADE E ECOSSISTEMAS BRASILEIROS
Como o próprio nome indica, biodiversidade trata da diversidade de vida em to-
dos os ecossistemas existentes. De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica 
(BRASIL, 2018, s. p.), a biodiversidade pode ser definida como: “a variabilidade de organis-
mos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, 
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; 
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”.
Com isso, podemos compreender que a biodiversidade é um agregado de ele-
mentos, da qual a vida se faz presente e que é estudada para averiguar os maisvariados 
tipos de animais e plantas que fazem parte desse meio natural – atualmente, de certa 
6
forma, modificado por um ser desse meio natural, o homem –, sendo que alguns se-
res vivos são protegidos e selecionados pelo homem em detrimento dos outros (ROOS, 
2012). O detrimento das espécies implica não somente no empobrecimento genético, 
levando, em última consequência, à extinção de espécies, mas também uma dimensão 
muito maior, afetando direta ou indiretamente a economia, a saúde e o bem-estar do ser 
humano (STEHMANN; SOBRAL, 2017).
Seguindo este aspecto, Ramos observa que:
seja como for, a visão atual de natureza, potencializada pela 
tecnologia, herdou o projeto de dominação assentado no dualismo 
homem-natureza, na qual a última é instrumentalizada em benefício 
do primeiro. Em outras palavras, universalizou-se a postura – que 
se tornou dogma – de transformar o conhecimento da natureza em 
instrumento de domínio da mesma (RAMOS, 2011, p. 83).
Nesse contexto, um marco importante foi a realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em 1992, também conhecida 
como Eco-92, realizada no Rio de Janeiro. No evento, foi aprovada a Convenção sobre a 
Diversidade Biológica (CDB), ratificada por 168 países, propondo regras para assegurar a 
conservação da biodiversidade, seu uso sustentável e a justa repartição dos benefícios 
provenientes do uso econômico dos recursos genéticos, respeitada a soberania de cada 
nação sobre o patrimônio existente em seu território. 
Esse marco foi importante devido à questão da Biodiversidade ter entrado, 
a partir dele, na agenda oficial dos países signatários, responsáveis pela gestão do 
patrimônio natural biológico presente em seus territórios. Metas são propostas a cada 
década na tentativa de assegurar o cumprimento da convenção e avançar efetivamente 
nas estratégias de conservação e uso sustentável da biodiversidade. O inventário das 
espécies existentes no planeta é uma das metas assumidas na década passada e uma 
questão primordial ainda não respondida (STEHMANN; SOBRAL, 2017).
3.1 BIODIVERSIDADE BRASILEIRA 
Estima-se em 264 a 279 mil o número de espécies de plantas conhecidas no mundo, 
ou seja, de espécies formalmente descritas e documentadas em coleções biológicas (por 
espécimes, mas também, algumas vezes, por uma iconografia) (PEIXOTO; MORIM, 2003).
7
Iconografia: forma de linguagem visual, que usa imagens para representar 
algum tema. A iconografia estuda a origem das imagens e como elas são 
expostas e formadas.
Em nosso contexto, podemos observar que, apesar da medicina ocidental 
ter se especializado na criação de fármacos produzidos a partir de processos 
complexos, houve um tempo em que todos os tratamentos eram feitos 
com compostos naturais, especialmente ervas e outros alimentos.
Com a ausência de tecnologia e métodos de captura de imagens, no início da 
Idade Moderna, médicos e boticários, através do estudo da botânica, utilizavam 
ilustrações de plantas para facilitar o acesso e a identificação de espécies 
vegetais com potencial medicinal para tratar seus pacientes (PITA, 2000).
Um dos guias mais antigos manuscritos conhecido sobre essas práticas 
foi disponibilizado na internet pela Biblioteca Britânica (2017), detentora 
da única edição do guia, o qual acredita-se ter sido escrito no século 
XI em idioma anglo-saxão, uma forma primitiva do idioma inglês que 
conhecemos hoje. O livro é repleto de ilustrações das substâncias que, 
segundo os autores, podiam resolver dezenas de problemas. Vale a pena 
conferir essas imagens, então acesse: https://bit.ly/3uye8Gu.
DICA
O Brasil possui um território de 8.514.877 km² (IBGE, 2012) e é considerado o país 
de maior diversidade biológica, destacando-se no ranking mundial e abrigando cerca de 
14% da diversidade de plantas do mundo (STEHMANN; SOBRAL, 2017). 
Estima-se que existam 1,8 milhão de espécies, apenas em torno de 45,3 a 49,5 
mil o número de espécies de plantas descritas. Em relação aos fungos, estima-se que o 
planeta abrigue entre 70,5 e 72 mil espécies, das quais o Brasil detém 12,5 a 13,5 mil. Esse 
alto padrão de diversidade dá ao país extraordinária competitividade diante de demandas 
ambientais e biotecnológicas, nas quais o capital natural gera grandes benefícios econô-
micos, convertendo-se, mesmo, em poder (LEWINSOHN; JORGE; PRADO, 2012).
Diante disso, podemos perceber que o território brasileiro possui uma fábrica 
natural e sofisticada de substâncias de classes diversas e estruturas químicas 
inusitadas que teria, se bem aproveitada, um potencial enorme para inovações radicais 
e incrementais para os setores de fármacos, cosméticos, fragrâncias, agroquímicos e 
suplementos alimentares (BOLZANI, 2016).
Devido a seu tamanho e suas particularidades biogeográficas, apresenta uma 
variedade de climas, relevos, solos e vegetação, e as combinações desses fatores 
produzem diferentes biomas e ecossistemas.
8
3.2 BIOMAS 
Como definição, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 
2021), bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de 
tipos de vegetação que são próximos e que podem ser identificados em nível regional, 
com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os 
mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora 
e fauna própria (KAUST; ROMAGNOLO, 2019).
Assim, no Brasil, podemos encontrar seis tipos de biomas: Amazônia, Mata 
Atlântica, cerrado, caatinga, Pampa e Pantanal. Esses biomas são importantes 
não somente como recursos naturais para o país, mas também se destacam como 
ambientes de grande riqueza natural para o planeta (IBGE, 2021).
Não podemos deixar de citar individualmente algumas das características mais 
marcantes no que diz respeito à riqueza da variabilidade vegetal desses sistemas. A 
seguir, veremos como estão dispostos em nosso território e quais são os valores de 
cada um desses sistemas, começando pela Figura 1.
FIGURA 1 – BIOMAS BRASILEIROS
FONTE: <https://bit.ly/34kACA9>. Acesso em: 20 ago. 2021.
9
TABELA 1 – ÁREA DOS BIOMAS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO
FONTE: Vilela; Callegaro; Fernandes (2019, p. 25)
Identificação Bioma Área (km2) Território brasileiro (%) 
1 Amazônia 4.198.273 49,3
2 Cerrado 2.047.190 24,04
3 Mata Atlântica 1.110.456 13,04
4 Caatinga 829.436 9,74
5 Pampa 178.831 2,10
6 Pantanal 151.581 1,78
TOTAL 8.515.767 100
Atualmente, como resultado da expansão das atividades agropecuárias e da 
urbanização no país, todos os biomas brasileiros correm risco de extinção caso sejam 
mantidos os mesmos padrões de exploração. Dois desses biomas, o cerrado e a Mata 
Atlântica, já se encontram na lista mundial de  hotspots, isto é, áreas com grande 
diversidade que se encontram ameaçadas de extinção (IBGE, 2021).
Conforme mostra a Tabela 2, no total, 900 áreas foram identificadas como 
prioritárias para a conservação da biodiversidade através de quatro critérios para classificar 
a sua importância: extrema importância biológica; muito alta importância biológica; alta 
importância biológica; insuficientemente conhecidas, mas de provável interesse biológico. 
TABELA 2 – GRAU DE IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSI-
DADE BRASILEIRA POR BIOMA
Grau de importância Amazônia Caatinga
Cerrado 
Pantanal
M. Atlântica 
C. Sulinos
Z. Costeira 
e Marinha
Total
Extrema importância 
biológica
247 
64%
27 
33%
47 
54%
99 
55%
90 
55%
510 
57%
Muito alta importância 
biológica
107 
28%
12 
15%
16
18%
35 
19%
44
27%
214 
24%
Alta importância 
biológica
8 
2%
18 
22%
12 
14%
26 
14%
13 
8%
77 
8%
Insuficientemente 
conhecidas, mas 
de provável alta 
importância biológica
23 
6%
25 
30%
12
14%
22
12%
17 
10%
99 
11%
TOTAL 385 82 87 182 164 900
FONTE: Garay; Becker (2006, p. 178)
10
Com relação às principais características geográficas, climáticas e, 
principalmente, etnobotânicas desses sistemas, o bioma Amazôniaocupa cerca 
de 49% do território brasileiro. A Amazônia possui a maior floresta tropical do mundo, 
equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas, que abrigam a maior 
quantidade de espécies da flora e da fauna. Contém 20% da disponibilidade mundial de 
água e grandes reservas minerais (IBGE, 2021).
Cerca de 1.200 novas espécies de plantas e vertebrados foram descobertas 
no bioma Amazônia apenas entre 1999 e 2009. Um relatório para o período 2010-2013 
revelou que 441 novas espécies de animais e plantas foram descobertas ao longo desses 
quatro anos na Amazônia. Recentes estudos sobre a diversidade da região mostraram 
que, apenas nos anos de 2014 e 2015, 381 novas espécies foram descritas, sendo 216 
plantas, 93 peixes, 32 anfíbios, 19 répteis, uma ave e 20 mamíferos (dois fósseis). Não 
foram contabilizados nesse levantamento os invertebrados. Segundo esses estudos, 
uma nova espécie foi descrita a cada 1,9 dias (WWF-BRASIL, 2017). 
Recentemente, Ter Steege et al. (2015) analisaram a diversidade arbórea da 
Amazônia e encontraram quase 5 mil espécies de árvores e palmeiras, identificadas em 
1.200 parcelas de inventário do Amazon Tree Diversity Network. Com base nesse número, 
os pesquisadores estimaram um total de 16 mil espécies arbóreas. Observaram também 
que a metade dos indivíduos arbóreos na região compõe-se de apenas 227 espécies, a 
que chamaram de hiperdominantes (VILELA; CALLEGARO; FERNANDES, 2019).
Estudos estruturais e florísticos desenvolvidos na Amazônia têm demonstrado 
que os ambientes florestais de terra firme apresentam alta diversidade, representada 
por poucos indivíduos de cada espécie e alta dissimilaridade florística entre parcelas 
adjacentes (SILVA; MATOS; FERREIRA, 2008). Entretanto, podemos afirmar que existe 
uma grande quantidade de árvores, arbustos, ervas e cipós que contribuem, em vários 
aspectos, para o modo de vida das populações. A mesma biodiversidade ameaçada por 
atividades predatórias constitui um acervo que pode potencializar o desenvolvimento 
sustentável da região amazônica (ALMEIDA et al., 2013). 
Na Tabela 3, visualizamos algumas das espécies encontradas na região que são 
utilizadas pela população local para o consumo na forma de chás, óleos, alcoolatura, ou in natura.
TABELA 3 – USO DOS RECURSOS VEGETAIS POR COMUNIDADE DA FLORESTA AMAZÔNICA (SANTO ANTÔNIO, AM)
Nome científico Família Nome regional O H PU FU NI CIE
Protium sp. Burceraceae breu-branco N árv ex fu 10 1,50
Sclerolobium paraensis 
Huber
Caesalpiniaceae tachi N árv ca ch 10 1,50
Spondias sp. Anacardiaceae taperebá N árv fr; ca in; xa 6 1,50
Costus spicatus (Jacq.) Sw Zingiberaceae cana-mansa E herb fo ch 4 1,50
11
Pogostemon heyneanus 
Benth.
Piperaceae oriza N herb fo ch 3 1,50
Achyrocline satureioides 
(Lam.) DC.
Compositae macela E arb fo ch 1 1,50
Kalanchoe brasiliensis 
Camb.
Crassulaceae coramina E arb fo ch 2 1,33
Copaifera multijuga Hayne Fabaceae copaíba N árv ex ól 20 1,33
Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae marupá N árv ra ch 11 1,17
Trifolium pratense L. Fabaceae trevo-roxo E arb su 3 1,17
Sesamum indicum L. Pedaliaceae gergelim E herb se pa 1 1,17
Hymenaea parviflora 
Huber
Caesalpiniaceae jutaí N árv ca; re xa 13 1,00
Cedrela odorata L. Meliaceae cedro N árv ca ch 6 1,00
Momordica charantia L Cucurbitaceae
melão-são-
-caetano
N arb fo su 3 1,00
Callophyllum brasilensis 
Cambess
Clusiaceae jacareúba N árv ca ch 2 1,00
Malva L. Malvaceae malva E herb fo ch 1 1,00
O – origem (N – nativa; E – exótica); H – Hábito (árv – árvore; cip – cipó; arb – arbusto; pal – palmeira; herb 
– herbácea; tub – tubérculo); PU – parte da planta utilizada (ca – casca; fo – folha; fr – fruto; ra – raiz; ex – exu-
dato; se – semente; ou – ouriço; ba – batata); FU – forma de utilização (ch – chá; ág – imersão em água; in – 
infusão; xa – xarope; em – emplasto; su – sumo; ma – maceração; al – alcoolatura; in – in natura; ól – óleo); 
NI – número de informantes que citaram a espécie na amostra; CIE – Coeficiente de Importância da Espécie.
FONTE: Almeida et al. (2013, p. 442)
Alcoolatura: são preparações líquidas, obtidas a partir da planta 
fresca ou seca em contato com uma solução de água e álcool em 
diferentes concentrações, à temperatura ambiente. É utilizada ao se 
dissolver gotas da alcoolatura para ingestão em água e externamente 
em compressas e fricções.
NOTA
Várias plantas amazônicas foram domesticadas nesses últimos três séculos, 
destacando-se cacaueiro (1746), cinchona (1859), seringueira (1876) e jambu, guaranazeiro, 
castanheira-do-pará, cupuaçuzeiro – Theobroma grandiflorum  (S.) –, pupunheira, 
açaizeiro, jaborandi, pimenta longa, sobretudo a partir da década de 1970 (HOMMA, 2012). 
Outras plantas que passam por um processo de domesticação são mogno, 
paricá (Schizolobium amazonicum), bacurizeiro, andirobeira, uxizeiro, pau-rosa, entre 
os principais. Outras plantas com potencial de crescimento do mercado são copaibeira 
12
(Copaifera langsdorffii), tucumanzeiro (Astrocaryum aculeatum), fruta muito apreciada 
em Manaus (Astrocaryum vulgare), ainda com potencial para biodiesel, piquiá (Caryocar 
villosum), cumaruzeiro (Coumarouna odorata) e puxuri (Licaria puchury). Podemos citar 
ainda algumas plantas em relação às quais se verifica um conflito entre a oferta extrativa 
e a demanda desses produtos: cacau, açaí, bacuri, castanha-do-pará, seringueira, 
cupuaçu, jaborandi, andiroba, copaíba e guaraná (HOMMA, 2012).
O bioma Mata Atlântica ocupa aproximadamente 13% do território brasileiro 
(IBGE, 2021). É possível notar, então, que, devido aos diferentes ecossistemas que 
compõem a Mata Atlântica, o bioma é extremamente heterogêneo. Sua fisionomia 
perpassa pelas restingas e manguezais, ambos com pouquíssimas espécies, altamente 
adaptadas às condições extremas de salinidade e instabilidade do solo e vitais para a 
vida costeira e marinha; por campos de altitude, típicos de ambientes montano e alto-
montano, contando principalmente com gramíneas e vegetação arbustiva; até florestas 
pluviais, com elevado grau de riqueza e endemismo de espécies, com árvores que 
podem chegar a 40 metros de altura (VELOSO; RANGEL FILHO; LIMA, 1991; IBGE, 2012).
Por se localizar na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população 
brasileira, é o bioma mais ameaçado do Brasil. Originalmente, cobria cerca de 1.345.300 
km² em três países (Argentina, Brasil e Paraguai), chegando a cobrir quase 10% de todo o 
território do continente sul-americano (WWF-BRASIL, 2017). Apenas 27% de sua cobertura 
 florestal original ainda está preservada (IBGE, 2021), mas, ainda assim, a Mata Atlântica 
tem a segunda maior biodiversidade das Américas, inferior apenas à da Amazônia. 
A Mata Atlântica é morada para cerca de mais de 2 mil espécies de vertebrados, 
sendo 298 espécies de mamíferos, 1.023 espécies de pássaros, 306 de répteis, 475 
de anfíbios, com 30% de endemismo, o que representa 5% de todas as espécies de 
vertebrados existentes na terra (WWF-BRASIL, 2017).
Contando apenas árvores e arbustos, o bioma abriga mais de 20 mil espécies, 
8 mil delas endêmicas à região. Além disso, há 68 espécies de palmeiras e 925 de 
bromélias na região, com endemismo de 64% e 70%, respectivamente (IBGE, 2021). 
Existem comunidades humanas que, até algumas décadas atrás, tinham como 
base de sua sobrevivência os recursos naturais provenientes da Mata Atlântica, além da 
prática da agricultura em pequena escala. Considerando que as espécies alimentícias 
e cultivadas são utilizadas para o próprio sustento das comunidades e para a economia 
local, as espécies medicinais geralmente fazem parte dos poucos recursos terapêuticos 
disponíveis para o tratamento de doenças mais frequentes (PILLA; AMOROZO, 2009).
Diversas pesquisas etnobotânicas realizadas em áreas de Mata Atlântica 
abordam conhecimentos sobre espécies medicinais e alimentícias. Liporacci (2014) 
observou que uma mesma espécie pode ser utilizada para mais de umafinalidade. A 
Figura 2 apresenta alguns exemplos.
13
FIGURA 2 – ESPÉCIES BOTÂNICAS COM FINALIDADES MEDICINAIS, ALIMENTÍCIAS E RITUALÍSTICAS EN-
CONTRADAS NA MATA ATLÂNTICA
Abelmoschus esculentus (L.) 
(quiabeiro)
Allium sativum (L.)
(alho-comum)
Anacardium occidentale (L.) 
(cajueiro)
Araucaria angustifolia 
(Bertol.) (araucária)
Aloysia gratissima (V.)
(alfazema-do-brasil)
B. dracunculifolia (DC.) 
(alecrim-do-campo)
Calendula officinalis (L.)
(margarida)
Ocimum basilicum (L.)
(manjericão)
Bixa orellana (L.)
(urucum)
FONTE: <https://bit.ly/3J6Nf0n>; <https://glo.bo/3slcju9>; <https://bit.ly/3J68ob0>; <https://bit.ly/3rqpq-
dY>; <https://bit.ly/3opNsnE>; <https://bit.ly/3rq3pvS>; <https://bit.ly/3AWuquf>; <https://bit.ly/3HIKAtT>; 
<https://bit.ly/3gpS20F>. Acesso em: 15 ago. 2020.
Alguns frutos nativos também são considerados como importantes fontes 
secundárias de alimentação, como os das plantas da família Arecaceae: a brejaúva - 
Astrocaryum aculeatissimum (B.), o indaiá - Attalea dubia (B.), e o palmito - Euterpe 
edulis (M.); da família Fabaceae: o ingá-feijão - Inga fagifolia (G.), o ingá-mirim - Inga 
marginata (W.); da familia Myrtaceae: o araçá Psidium cattleyanum (S.); e da família 
Rosaceae: a amorinha - Rubus rosifolius (S.) (PILLA; AMOROZZO, 2009).
O bioma cerrado ocorre principalmente no Planalto Central Brasileiro e ocupa 
cerca 24% do território brasileiro, estendendo-se por grande parte da região Centro-
Oeste, Nordeste e Sudeste do país (IBGE, 2021). É um bioma característico do clima 
tropical continental, que, em razão da ocorrência de duas estações bem definidas – uma 
úmida (verão) e outra seca (inverno) –, possui uma vegetação com árvores e arbustos 
14
de pequeno porte, troncos retorcidos, casca grossa e, geralmente, caducifólia (as 
folhas caem no outono) (IBGE, 2021). A fauna da região é bastante rica, constituída por 
capivaras, lobos-guarás, tamanduás, antas, seriemas etc.
As formações florestais, onde predominam espécies arbóreas (mata ciliar e 
mata de galeria), plantas com características de caducifólia (mata seca) e também uma 
formação arbórea, com árvores bem copadas, dão um aspecto fechado (cerradão).
Nas formações savânicas, encontramos árvores baixas, tortuosas, com 
ramificações irregulares, que evidenciam queimadas (cerrado sentido restrito); árvores 
agrupadas em pequenas elevações do terreno (o parque de cerrado); espécies iguais de 
palmeira (palmeiral); em terrenos úmidos, com a presença de palmeira buriti (vereda).
Nas formações campestres, primeiramente, temos a vegetação herbáceo-
arbustivo, arbustos e subarbustos espaçados (campo sujo), predomínio de gramíneas 
e ervas rasteiras, formando uma cobertura verde contínua (campo limpo) e também a 
presença de árvores pequenas (até 2 m de altura), em afloramentos rochosos (campo 
rupestre), como pode ser observado na Figura 3.
15
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16
O cerrado é um bioma com características próprias e grande diversidade vegetal. 
A região é muito rica em espécies frutíferas nativas e oferece grande quantidade de 
frutos comestíveis para o consumo in natura ou a produção de doces, geleias, sucos 
e licores de excelente qualidade, cujo aproveitamento por populações humanas dá-se 
desde os primórdios da ocupação (GONÇALVES; DUARTE; FILHO, 2015).
Junqueira et al. (2012) afirmam que, entre as frutíferas do cerrado, as espécies 
mais procuradas atualmente, em ordem de importância, são pequi (Caryocar spp.), man-
gaba (Hancornia spp.), araticum (Annona crassiflora), caju do cerrado (Anacardium spp.), 
maracujás nativos, baru (Dipteryx alata) e cagaita (Eugenia dysenterica). Mais recente-
mente, a macaúba voltou a ser procurada para extração de óleos e fabricação de sorvetes. 
Entretanto, apenas o abacaxi, o maracujá-azedo (Passiflora edulis Sims “flavicarpa”) e o 
maracujá-doce (Passiflora alata Curtis) são atualmente cultivados em grande escala.
Muitas espécies do cerrado são potencialmente comestíveis, medicinais, orna-
mentais, fornecedoras de madeira e outras matérias-primas para a indústria. As famílias 
mais representativas são: Fabaceae (com oito espécies); Rubiaceae (com cinco espécies); 
Solanaceae (com quatro espécies); Anacardiaceae, Erythroxylaceae, Euphorbiaceae e Myr-
taceae (com três espécies cada); Annonaceae, Apocynaceae, Asteraceae, Bignoniaceae e 
Primulaceae (com duas espécies cada). Cerca de 27 famílias apresentaram uma espécie 
medicinal cada. As famílias Fabaceae e Asteraceae estão entre as mais representativas na 
maioria dos levantamentos sobre plantas medicinais (SILVA; RABELO; ENOQUE, 2015).
O bioma caatinga ocupa uma área aproximada de 10% do território nacional 
brasileiro. Embora esteja localizado em área de clima semiárido, apresenta grande 
variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e espécies que só ocorrem nesse 
bioma. Os tipos de vegetação desse bioma foram bastante alterados, com a substituição 
de espécies vegetais nativas por pastagens e agricultura (IBGE, 2021). A vegetação da 
caatinga, mesmo durante a estiagem, quando está quase completamente sem folhas e 
com o crescimento interrompido, ainda desempenha a importante função de proteger o 
solo contra agentes erosivos (VILELA; CALLEGARO; FERNANDES, 2019).
O desmatamento e as queimadas são práticas comuns no preparo da terra 
para a agropecuária. Da área original ocupada por esse bioma, aproximadamente 36% 
já foi alterada (IBGE, 2021). Essa prática, além de destruir a cobertura vegetal, também 
prejudica a manutenção de animais silvestres, a qualidade da água e o equilíbrio do 
clima e do solo. Como resultado, a degradação ambiental causada pelo desmatamento 
culmina no fenômeno da desertificação, ou seja, a perda da capacidade produtiva da 
área, tanto do ponto de vista ecológico como do econômico (SÁ, 2013). 
Em contrapartida, a fruticultura irrigada é uma prática na região responsável 
por grande desenvolvimento local, devido ao volume e à alta qualidade das frutas, que 
abastecem tanto a demanda doméstica quanto a internacional. Hoje, essa atividade 
é possível graças a investimentos em infraestrutura hídrica, que possibilitaram o 
bombeamento a partir do rio São Francisco.
17
Diversas pesquisas etnobotânicas realizadas em áreas de caatinga abordam 
conhecimentos sobre espécies medicinais e alimentícias. Em sua revisão, Liporacci 
(2014) observou que uma mesma espécie pode ser utilizada para mais de uma finalidade, 
sendo algumas dessas espécies mostradas na Figura 4.
FIGURA 4 – ESPÉCIES BOTÂNICAS COM FINALIDADES MEDICINAIS, ALIMENTÍCIAS E RITUALÍSTICAS EN-
CONTRADAS NA CAATINGA
FONTE: <https://bit.ly/35PoIPk>; <https://bit.ly/3JkqSFd>; <https://bit.ly/3orIsyK>; <https://bit.ly/3G-
mh2AJ>; <https://bit.ly/34C3IL2>; <https://bit.ly/3uv9h99>. Acesso em: 15 ago. 2020.
Ruta graveolens (L.)
(arruda)
Bromelia laciniosa (B.)
(mocambira)
Mentha piperita (L.)
(hortelã-pimenta)
Cereus jamacaru (C.) 
(mandacaru)
Hymenaea courbaril (L.) 
(jatobá)
Ricinus communis (L.) 
(mamona)
Entre as espécies da caatinga que apresentam potencial medicinal e cosmético, 
amplamente utilizadas pela população, podemos destacar: 
• a umburana-de-cheiro – Amburana cearensis (L.); 
• o angico – Anadenanthera colubrina (L.); 
• o pereiro – Aspidosperma pyrifolium (A.); 
• o pau-branco – Auxemma oncocalyx (L.); 
• o mororó – Bauhinia cheilantha (L.); 
• o mandacaru – Cereus jamacaru (C.); 
• o marmeleiro-preto – Croton sonderianus (E.); 
• o mulungu – Erythrina velutina (L.); 
• o alecrim-da-chapada – Lippia microphylla (V.); 
• o alecrim-pimenta – Lippia sidoides (V.); 
• o umbu – Spondias tuberosa (A.); entre outras (SOUZA, 2013).
18
O bioma Pampa ocupa aproximadamente 2% do território brasileiro. É carac-
terizado por clima chuvoso, sem período seco,mas com temperaturas negativas no 
inverno, que in fluenciam a vegetação (IBGE, 2021).
Em toda a área de abrangência desse bioma, a atividade humana propiciou uma 
uniformização da cobertura vegetal, que, de modo geral, é usada como pastagem natu-
ral ou ocupada com atividades agrícolas, principalmente o cultivo do arroz (IBGE, 2021).
Sua vegetação florestal ocorre ao longo da drenagem e também nas encostas 
voltadas para o quadrante sul, que recebem menor radiação durante o ano e, conse-
quentemente, são mais úmidas, favorecendo o estabelecimento de vegetação arbórea 
(CARLUCCI et al., 2015). A riqueza de plantas campestres do bioma Pampa é notável, 
com cerca de 2.150 espécies (BOLDRINI; OVERBECK; TREVISAN, 2015), sendo boa parte 
pertencente às famílias das gramíneas (Poaceae) e das compostas (Asteraceae). Há 
também uma elevada riqueza de cactáceas (Cactaceae), com 44 espécies (CARNEIRO 
et al., 2016), conferindo importância global a esse bioma (CARNEIRO et al., 2016; GO-
ETTSCH et al., 2015). A maior parte da flora do Pampa tem origem na província fitoge-
ográfica do Chaco, mas elementos da flora amazônica e andino-patagônica também 
estão presentes (VILELA; CALLEGARO; FERNANDES, 2019).
As famílias botânicas com maior representatividade foram Asteraceae (21%) e 
Lamiaceae (16%), seguidas de Myrtaceae (7%) e Apiaceae (6%). Embora ainda sejam 
escassos os estudos com as plantas medicinais no bioma Pampa, alguns relatos 
demonstram espécies exploradas para uso medicinal nas práticas de cuidado em saúde 
em comunidades, podendo ser destacadas: 
• a macela – Achyrocline satureioides; 
• a bananinha-do-mato – Bromelia antiacantha; 
• a carqueja – Baccharis trimera; 
• a espinheira-santa – Maytenus ilicifolia; 
• a erva-de-bugre – Casearia sylvestris; 
• a coronilha – Scutia buxifolia; 
• a insulina-do-mato – Sphagneticola trilobata (CEOLIN et al., 2011).
O bioma Pantanal é o mais preservado e ocupa aproximadamente 2% do 
território nacional brasileiro. Entretanto, é reconhecido como a maior planície de 
inundação contínua do mundo, o que constitui o principal fator para a sua formação e 
diferenciação em relação aos demais biomas, reunindo representantes de quase toda a 
fauna brasileira (IBGE, 2021).
Com relação à constituição vegetal, a paisagem na planície pantaneira é bas-
tante diversificada e composta por um mosaico de formas de vegetação, corixos e va-
zantes, com cursos d’água permanentes e/ou temporários, brejos, lagoas permanentes, 
pequenos lagos temporários (baías), formados por corpos d’água ricos em vegetação 
aquática e salinas (com água salobra). A duração e o nível da inundação são determi-
19
nantes nessas paisagens. Há desde formações florestais (matas e cerradão) e savânicas 
(cerrado típico) nas áreas de cordilheiras (pequenas elevações ou cordões arenosos for-
mados por paleodiques aluviais não sujeitos à inundação) até amplas áreas de campo 
cerrado, campos limpos e campos inundáveis (ricos em gramíneas), incluindo comuni-
dades aquáticas (VILELA; CALLEGARO; FERNANDES, 2019).
A flora do Pantanal é composta por aproximadamente 2 mil espécies, 
provenientes das províncias biogeográficas circundantes, como o cerrado, a floresta 
amazônica, a floresta Atlântica, o Chaco e a floresta Chiquitana, da Bolívia, que formam 
diferentes e características paisagens na planície (POTT et al., 2011).
Em parceria com outras instituições, a Embrapa Pantanal caracterizou e mapeou 
a vegetação de todo o Pantanal. Nesse levantamento, foram catalogadas 1.863 espécies 
de plantas fanerógamas, 1 mil espécies de plantas campestres, 142 aquáticas e em torno 
de 550 lenhosas. Nesse contexto, a flora do Pantanal se desponta pelo imenso potencial 
de recursos naturais presentes (MARTINS, 2014).
Considerando diferentes áreas dos pantanais de Cáceres, Poconé, Barão de 
Melgaço e Santo Antônio de Leverger, observamos a presença de vegetações regionais, 
quase homogêneas, caracterizadas pela presença maciça de uma única espécie, como: 
• o cambarazal – Vochysia divergens (P.);
• o carvoeiral – Callisthene fasciculata (S.); 
• os pequenos paratudais – Tabebuia spp.; 
• o acurizal – Attalea phalerata (M.). 
Sobre a vegetação aquática, encontramos Eichhornia azurea (S.), E. crassipes 
(M.), Echinodorus macrophyllus (K.), intercaladas por pequenas e delicadas plantas 
aquáticas Salvinia auriculata Aubl., Lemna spp., Ricciocarpus natans (L.), Azolla sp., 
que, junto às outras, desempenham seu papel ecológico nessas áreas.
Encontramos centenas de espécies alimentícias nativas que são aproveitadas 
pela fauna silvestre e pelos animais domésticos. Alguns frutos são importantes para 
o consumo das populações humanas locais, como a bocaiuva e o jatobá, mas outros, 
com grande potencial como fonte de vitaminas, fibras e nutrientes calórico-proteicos, 
permanecem fora da lista de espécies comestíveis nutricionalmente recomendadas, 
sendo muitos deles fortemente ameaçados de desaparecimento. 
A riqueza em frutos nativos do Pantanal e do cerrado se destaca pelo elevado 
valor nutricional (minerais, vitaminas, proteínas e fibras), além de atrativos sensoriais 
peculiares e intensos, em geral, consumidos in natura ou na forma de sucos, licores, 
sorvetes, geleias e doces, além da elaboração de farinhas.
20
Sobre as espécies nativas do Pantanal para uso medicinal ou com potencial 
farmacológico, é possível encontrarmos 270 espécies medicinais. No entanto, existem, 
no cerrado mato-grossense, 509 espécies utilizadas na medicina popular, sendo que 
muitas delas também têm ocorrência em áreas pantaneiras. Esses produtos fornecem 
compostos bioativos com ação antioxidante, protegendo o organismo humano do 
estresse oxidativo celular e prevenindo diversas doenças, como câncer do sistema 
digestivo, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (FARIAS et al., 2014).
4 PRODUTOS NATURAIS COMO MATÉRIAS-PRIMAS 
Como sabemos, são inúmeras as aplicações das espécies vegetais para o 
homem, afinal, a importância da flora está no fornecimento de oxigênio e alimento, 
no uso para a construção de moradias, móveis e ferramentas, no artesanato, no uso 
têxtil, medicinal e em ornamentos, na cosmética, na fabricação do papel e de artigos de 
limpeza, na produção de perfumes e inseticidas, entre outros (ZANIRATO, 2010). 
Para entender melhor como podemos utilizar os produtos naturais como 
matéria-prima, analisaremos determinadas características desses produtos: tipo de 
produto, espécie, parte utilizada, quais são as substâncias que lhes conferem tais 
qualidades, entre outras informações. 
4.1 CORANTES E TINTURAS 
Um bom exemplo que podemos citar, referente ao uso de produtos naturais, 
remete a manifestações culturais dos primórdios da civilização: os atos de pintar 
o corpo e tingir o cabelo. Nas sociedades indígenas, até hoje, a pintura corporal tem 
grande importância (Figura 5), com significado muito amplo, desde a simples expressão 
de beleza e erotismo até a indicação de preparação para a guerra ou, até mesmo, 
como uma forma de aplacar a ira dos demônios. Além de protegerem o corpo dos raios 
solares e das picadas de insetos, a ornamentação corporal é como uma segunda pele 
do indivíduo: a social em substituição à biológica (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017). 
FIGURA 5 – PINTURA CORPORAL INDÍGENA E FRUTO COM AS SEMENTES DE URUCUM
FONTE: <https://bit.ly/3gozkqn>; <https://bit.ly/3LiKaLU>. Acesso em: 19 ago. 2021.
21
Para tingir a pele, os povos indígenas brasileiros utilizavam os frutos da bixácea 
(Bixa orellana), conhecida como urucum (Figura 5B), palavra de origem tupi que signi-
fica vermelho. A tintura era feita com as sementes do fruto dessa planta, cujo principal 
corante é o norcarotenoide bixina (Figura 6). Para o seu preparo, as sementes são rala-
das, passadas por peneiras finas e fervidas em água para formar uma pasta. Com essa 
pasta, são feitas bolas que são envolvidas em folhas e guardadas durante todo o ano 
para as cerimônias de tatuagem. A tinta extraída do urucum também é usada paratingir 
os cabelos e na confecção de máscaras faciais (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017).
FIGURA 6 – FÓRMULA ESTRUTURAL DA BIXINA
FONTE: O autor
Outro insumo natural utilizado pelos povos indígenas é obtido a partir da Genipa 
americana L., pertence à família Rubiaceae, uma planta originária da Amazônia, ampla-
mente distribuída em todas as áreas tropicais e subtropicais da América Latina, presen-
te em todos os Estados brasileiros e conhecida popularmente como jenipapo. A expo-
sição da polpa do seu fruto verde a torna gradativamente escura, produzindo uma cor 
azul intensa e, portanto, utilizada por índios na pintura do corpo e de cerâmicas. Esse 
pigmento azul é formado a partir da reação entre genipina, um iridoide incolor, e fontes 
de aminas primárias, especificamente aminoácidos e proteínas (SOUZA et al., 2019).
Com relação à categoria dos produtos corantes, podemos citar ainda uma 
substância usada desde o Egito antigo, extraída de Lawsonia inermis L., uma planta 
da família Lythraceae, a hena, que é o corante natural mais usado na cosmética. A 
substância responsável pelo tom avermelhado dos cabelos é a lausona – 2-hidroxi-1,4-
naftoquinona –, que reage com a queratina (OLIVEIRA et al., 2014).
Ainda sobre corantes, vários produtos naturais foram utilizados ao longo dos 
séculos para tinturaria e tecelagem, até o descobrimento da síntese da malveína, pelo 
químico britânico William Henry Perkin (1838-1907). Sua descoberta desbancou o índigo, 
uma tintura vermelha que os índios usavam para tingimento de fibras do algodão, 
extraída de uma árvore chamada Caesalpinia echinata, espécie em extinção, conhecida 
como pau-brasil (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017).
22
4.2 ALGAS MARINHAS 
As algas marinhas são organismos utilizados como matéria-prima de produtos 
como medicamentos, combustíveis e cosméticos, assim como alimento animal e hu-
mano. São empregadas para branquear papel, na composição do envoltório de cápsulas 
de medicamentos, na fabricação de tintas e de cosméticos e como aditivos na indústria 
alimentícia, usadas em formato de sushis, substâncias espessantes e estabilizantes em 
sorvetes, doces, derivados de carnes, peixes e leite (como goma ágar-ágar e carrage-
nanas, produzidos a partir das algas vermelhas) (TEIXEIRA, 2013).
Goma ágar: a goma ágar-ágar é um hidrocoloide (da família das gomas 
e pectinas), utilizado como agente gelificante devido seu alto poder de 
gelificação e elevada força de gel à baixa concentração. É um produto 
natural rico em iodo, sais minerais e fósforo, tendo alto poder digestivo 
e nutritivo quando ingerido com frequência. Possui um sabor neutro, 
alta transparência, podendo ser adicionado com facilidade a corantes, 
aromas, sucos ou frutas desidratadas. É utilizada em produtos light, 
devido à ausência de calorias, podendo-se substituir o açúcar por 
adoçantes e diminuir ainda mais o seu valor calórico.
NOTA
Diversos estudos já mostraram o potencial osteogênico dos polissacarídeos 
sulfatados (PSs) extraídos de macroalgas marinhas. Entre eles, o fucoidan, isolado da 
alga marrom Fucus vesiculosus, é o mais estudado, já sendo comercializado por algumas 
empresas. As algas verdes também são fonte de PSs, embora sejam ainda pouco 
exploradas para aplicações na regeneração óssea. Em geral, as aplicações clínicas dos 
PSs extraídos de algas ainda são limitadas, devido à escassez de estudos sobre os seus 
efeitos (SOUZA et al., 2017).
FIGURA 7 – ALGAS COMESTÍVEIS USADAS NA CULINÁRIA ORIENTAL
FONTE: <https://bit.ly/34imOX0>; <https://bit.ly/3LaTwtV>. Acesso em: 20 ago. 2021.
23
Dos micro-organismos às algas e aos animais, quase a totalidade dos filos encontra-
se nos oceanos. Esses seres vivos guardam substâncias desconhecidas, que atuam na 
comunicação entre espécimes, na defesa contra herbívoros e predadores, entre espécies 
competidoras, na reprodução ou simplesmente como produtos de reserva ou sobras de seu 
metabolismo. Uma substância que atue como mediador químico para um organismo pode 
ser também a esperança para o tratamento ou a cura de doenças (BRASIL, 2010b).
4.3 USO TRADICIONAL DE PRODUTOS VEGETAIS 
O uso das plantas nativas das Américas, quer como alimento ou remédio, é muito 
antigo. Registros arqueológicos demonstram que os ameríndios já usavam algumas espé-
cies há mais de dez mil anos. Exemplos dessas plantas são o abacate (Persea americana 
Mill.), a batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.), o mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.), 
o cacau (Theobroma cacao L.) e o milho (Zea mays L.). Os espanhóis e os portugueses 
começaram a introduzir as plantas americanas na Europa logo no início da colonização do 
continente, tendo grandes quantidades sido transportadas para lá. As raízes da salsapar-
rilha (Smilax spp.) e do guáiaco (Guaiacum officinale L.), nativas do Caribe, são exemplos, 
pois ganharam grande reputação na época para o tratamento da sífilis.
A canela foi uma das especiarias mais valiosas do mundo, sendo as espécies ve-
getais mais antigas conhecidas pela humanidade. Na Idade Média, seu valor chegou a 
ser 15 vezes maior que o do ouro. Precisamos ressaltar que a espécie mais conhecida de 
canela é a Cinnamomum zeylanicum, nativa do Ceilão, atual Sri Lanka. Entretanto, outras, 
como a Cassia (Cinnamomum cassia), também chamada de falsa canela e conhecida 
como canela da China, têm importância econômica. Essa espécie é uma laurácea arbórea 
muito cultivada nas províncias do sudoeste da China (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017).
As partes mais úteis das canelas são o córtex dessecado e o óleo, pois, a partir delas, 
obtemos os principais compostos presentes nessa planta. Sobre a composição fitoquímica da 
canela, podemos citar o nitrofeniletano, principal responsável pelo aroma de canela, encontra-
do nas cascas de Aniba canelilla. Além do nitrofeniletano, pesquisadores identificaram também 
os fitocompostos eugenol e metileugenol no mesmo óleo. Por ser o componente majoritário, o 
nitrofeniletano cristaliza no óleo, o qual é obtido através da metodologia de arraste a vapor das 
cascas da árvore. O óleo é extraído das cascas por destilação por arraste com vapor e seu valor 
comercial depende da espécie utilizada (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017).
Entenderemos mais sobre as metodologias de extração na Unidade 2.
ESTUDOS FUTUROS
24
O cultivo do café foi responsável pelo sexto ciclo econômico, sendo que as pri-
meiras plantações tiveram início logo após a independência do Brasil de Portugal, em 
1822. Por fim, no final do século XIX, a produção da borracha emergiu na Amazônia, dando 
origem ao sétimo ciclo econômico. Após esse ciclo, a economia do país passou ser muito 
diversificada, devido à industrialização, e não há mais como definir ciclos específicos.
Pode-se dizer que a humanidade tem uma dívida com os povos ameríndios pelo 
uso do seu conhecimento etnobotânico, já que as principais fontes de alimentação no 
mundo hoje são espécies domesticadas a partir da sua cultura (STEHMANN; SOBRAL, 2017).
A história do Brasil e da humanidade, em geral, está diretamente ligada ao uso 
de plantas na medicina popular e ao comércio de produtos naturais, como as especiarias 
e os corantes vegetais. Entre os elementos que constituem essa biodiversidade, 
estão as plantas medicinais utilizadas em comunidades tradicionais como remédios 
caseiros, sendo consideradas matérias-primas para fabricação de fitoterápicos e outros 
medicamentos (FIRMO et al. 2012).
Os jesuítas comercializaram, em escala mundial, os medicamentos derivados 
da flora brasileira, que passaram à condição de fármacos mais empregados em todo 
o império português. Entre as espécies vegetais que entraram em sua formulação 
estavam a Abuta rufescens Aubl., Aristolochia sp., Pothomorphe peftara Miq., Solanum 
paniculatum L., Senna occidentalis (L.) Link, Cephaelis ipecacuanha (Brot.) Tussac, 
Angelica archangelica L., Bixa orellana L. e Euphorbia hirta L. (ROCHA et al., 2015).
As propriedades do ópio (Papaver somniferum) como sedativo e calmante, do 
óleo de rícino(Ricinus communis), da alcaravia (Carum carvi) e da hortelã-pimenta 
(Mentha piperita) como digestivo e da cila (Drimia urticaria) como estimulante cardíaco 
já eram conhecidas no Egito há mais de 4 mil anos. Os egípcios sabiam como preparar 
diuréticos, vermífugos, purgantes e antissépticos de origem natural. A Índia também 
teve um importante papel na descrição de plantas medicinais, principalmente devido 
à medicina Ayurvédica (ayur = vida; veda = conhecimento), baseada nos Vedas, o livro 
sagrado Hindu. No século I a. C., os indianos produziram um tratado médico intitulado 
Caraka, com mais de 500 plantas (ALVES, 2013).
A utilização de plantas medicinais como estratégia terapêutica é prática comum 
há muitos anos, segundo Souza et al. (2017), que observaram que a realidade atual não 
diverge do panorama do século passado; estima-se que aproximadamente 30% dos 
medicamentos utilizados nos dias de hoje sejam derivados de produtos naturais. Desse 
modo, a seguir, no Tópico 2, discutiremos o uso medicinal de espécies vegetais. 
25
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A abrangência da disciplina e a importância da disciplina na rotina do profissional 
de saúde.
• Os termos e as definições descritos em compêndios oficiais e na legislação para 
entendimento da disciplina.
• A variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo os ecos-
sistemas terrestres, marinhos, aquáticos e ecológicos que compõe a biodiversidade.
• A composição dos biomas brasileiros, no que se refere a diferentes espécimes.
• O histórico do uso de materiais naturais como matérias-primas.
RESUMO DO TÓPICO 1
26
1 No Brasil, podemos encontrar seis tipos de biomas: Amazônia, Mata Atlântica, 
cerrado, caatinga, Pampa e Pantanal. Sobre as espécies frutíferas e medicinais mais 
predominantes nesses sistemas, associe os itens, utilizando o código a seguir: 
I- Amazônia.
II- Caatinga.
III- Mata Atlântica.
IV- Cerrado.
( ) Pequi, mangaba, araticum, caju, maracujás nativos, baru, cagaita.
( ) Brejaúva, indaiá, palmito, ingá-feijão, ingá-mirim, araçá, amorinha.
( ) Cacau, açaí, bacuri, castanha-do-pará, seringueira, cupuaçu, jaborandi, andiroba, 
copaíba e guaraná.
( ) Mororó, mandacaru, marmeleiro-preto, o mulungu, alecrim-da-chapada, alecrim-
pimenta.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – II – IV – III.
b) ( ) IV – III – I – II.
c) ( ) I – III – II – IV.
d) ( ) IV – II – III – I. 
2 As algas marinhas são organismos utilizados como matéria-prima de produtos como 
medicamentos, combustíveis e cosméticos, além de serem alimento para animais 
e humanos. Entre os compostos produzidos pelo metabolismo desses organismos, 
assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) Polissacarídeos sulfatados.
b) ( ) Glicosídeos.
c) ( ) Aminoglicosídeos.
d) ( ) Pectina.
3 O uso das plantas nativas das Américas, quer como alimento ou remédio, é muito 
antigo. Registros arqueológicos demonstram que os ameríndios já usavam algumas 
espécies há mais de dez mil anos. Sobre os exemplos dessas plantas, assinale a 
alternativa INCORRETA:
AUTOATIVIDADE
27
a) ( ) Abacate (Persea americana Mill.).
b) ( ) Batata-doce (Zea mays L.).
c) ( ) Mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.).
d) ( ) Cacau (Theobroma cacao L.).
4 A canela foi uma das especiarias mais valiosas do mundo, sendo as espécies vegetais 
mais antigas conhecidas pela humanidade. Quais são as partes da planta utilizadas 
para a extração dos compostos responsáveis por suas propriedades? 
5 Os compostos isolados podem ser utilizados como marcadores para garantir a 
qualidade ou identificar uma espécie vegetal. Diversas legislações brasileiras trazem 
definições acerca do tema. Explique qual a diferença entre um composto fitoquímico 
e um marcador fitoquímico. 
28
29
ETNOFARMACOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Após conhecer um pouco mais sobre a amplitude da biodiversidade do planeta, 
dos ecossistemas brasileiros e, também, o contexto social, econômico e regional do 
uso sustentável de produtos naturais como alimentos e insumos, estudaremos as suas 
propriedades terapêuticas.
Consideramos extremamente importante o uso das plantas na medicina através dos 
séculos, por promover alívio e cura para diversas doenças. Ao estudarmos a história da so-
ciedade, encontramos diversos registros relacionados ao uso de produtos naturais, e esse 
conhecimento é passado de geração para geração até os dias de hoje. Como sabemos, as 
plantas possuem centenas de moléculas em sua composição, produzidas pelo seu próprio 
metabolismo, para que possam se desenvolver e sobreviver, mesmo em condições climáticas 
extremas, sendo muitas dessas moléculas biologicamente ativas para outros organismos. 
A ciência responsável por esse estudo é a Etnofarmacologia, definida 
como “a exploração científica multidisciplinar dos agentes biologicamente ativos, 
tradicionalmente empregados ou observados pelo homem” (ELISABETSKY; SOUZA, 
2017, p. 108). Ela envolve, em suas diversas etapas, diferentes áreas do conhecimento, 
como a Antropologia, a Botânica e a Farmacologia. Nesse sentido, neste tópico, 
entenderemos mais sobre o uso dessas plantas, os riscos de interações com alimentos 
e medicamentos, além de das principais legislações que regulamentam a produção de 
medicamentos produzidos a partir da matéria-prima vegetal.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 O USO TRADICIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS 
Desde épocas remotas, as sociedades humanas acumulam informações e experi-
ências sobre o ambiente que as cerca, para interagirem e proverem suas necessidades de 
sobrevivência. Entre tantas práticas difundidas pela cultura popular, as plantas sempre ti-
veram fundamental importância, por inúmeras razões, sendo salientadas as suas potencia-
lidades terapêuticas aplicadas ao longo das gerações (ALMEIDA; MARTINEZ; PINTO, 2017).
O modelo de saúde hegemônico, vigente na sociedade ocidental contemporânea, 
está centrado no cuidado focado na doença, na especialidade de partes do corpo humano e 
no tratamento alopático. Cientificamente legitimado, esse modelo ignora outras dimensões 
de saber em que o cuidado segue a lógica da saúde, não se restringindo ao corpo humano, 
mas à família e à natureza, concretizada pela terra, pelo trabalho, pela seleção e pela produ-
ção de plantas que possuem significado para aquele contexto cultural (CEOLLIN et al., 2011).
30
O registro do conhecimento da população sobre o uso tradicional é indispensável, 
uma vez que informações sobre o uso empírico das plantas encontram-se sob ameaça 
de desaparecimento, além do risco de extinção de espécies utilizadas nas práticas de 
cura. Portanto, esses conhecimentos precisam ser resgatados, valorizados e preservados 
(FREITAS et al., 2017).
Nos últimos anos, tem ocorrido crescente interesse pelo conhecimento, pela 
utilização e pela comercialização de plantas medicinais no Brasil e em todo o mundo, 
o que tem proporcionado uma grande expansão desse mercado (FREITAS et al., 2017). 
Essas plantas são repositórios de insumos químicos para a indústria, como alternativas 
farmacoterapêuticas para o tratamento de diversas enfermidades, uma vez que as 
plantas são praticamente ubíquas em localidades onde a vida humana é possível. Dessa 
forma, as plantas utilizadas medicinalmente representam um recurso mais acessível em 
relação aos medicamentos alopáticos (SOUZA et al., 2017).
Acredita-se que o cuidado por meio das plantas medicinais seja favorável à 
saúde humana, desde que o usuário tenha conhecimento prévio de sua finalidade, seus 
riscos e seus benefícios (BADKE et al., 2011). 
O tratamento convencional de inúmeras patologias, através da alopatia, pode 
levar ao surgimento de uma série de efeitos adversos. Diante disso, surge o advento 
da pesquisa para descoberta de novos medicamentos derivados de produtos naturais, 
sendo esse tratamento realizado a partir de preparos com planta in natura ou com o 
isolamento de seus metabólitos secundários – como veremos na Unidade 2 –, capazes

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