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Estado Liberal

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VITÓRIA MATOS RODRIGUES (@VITORIAMATOZ) 
1° SEM. DIREITO - UFRR 
 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
- Apesar de manter basicamente sua mesma estrutura 
desde sua origem (fim do séc. XVIII) até os dias de hoje, 
o Estado Democrático de Direito foi apresentando 
diferentes roupagens conforme as vontades da 
Burguesia para o momento histórico; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- O Estado Atual começou a se afirmar por volta da 
década de 70 a partir de uma perspectiva Neoliberal 
que vem se organizando até os dias de hoje; 
 
-Essa trajetória do Estado Democrático de Direito não 
ocorreu de forma homogênea e uniforme nos países e 
nem nos mesmos períodos históricos; 
 
-Essas diferentes facetas do Democrático de Direito 
dependem do grau de desenvolvimento do capitalismo; 
 
1ª FORMA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: 
ESTADO LIBERAL 
 
- O Estado Democrático de Direito surgiu como 
resultado de uma reação da Burguesia ao Absolutismo; 
 Revoluções burguesas; 
 Liberalismo econômico; 
 
 
Necessita de uma organização política que também seja 
liberal 
 
 
- Estado “enxuto” e não intervencionista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Permitiu a substituição de uma economia de base 
agrícola para uma economia de produção industrial e 
de internacionalismo mercantil; 
 Nova sociedade industrial exigia para seu 
desenvolvimento um modelo de organização 
política fundada na liberdade, “igualdade” e 
legalidade; 
 Transformar os antigos súditos do Rei em mão 
de obra e consumidores; 
 
- Estado Liberal: elemento dinamizador da economia de 
mercado; 
 Sociedade civil de cidadãos livres e iguais; 
 Fundado em relações contratuais entre 
indivíduos que teoricamente se igualavam pela 
obediência a um Direito comum que regulava 
todas as relações da vida em sociedade; 
 
- LEGALIDADE: Direito 
 Quem compunha o Parlamento (criação das 
leis) era a própria Burguesia; 
- critério censitário para participação 
política (proprietários de terras); 
 
 Justamente por conseguir manter a 
participação política e democrática restrita a si 
mesma (burguesia) e de forma legítima que a 
Burguesia conseguiu transformar o Estado 
Liberal num Estado Legal; 
 - FUNÇÃO: criar leis, aplicá-las e julgar 
quando ocorresse sua violação; 
- Podendo chegar à limitação das 
liberdades naturais e individuais 
daqueles que as violasse; 
 
- Supremacia do Direito no Estado Liberal 
 Supremacia do Legislativo e detrimento dos 
outros poderes (Executivo e Judiciário); 
 Lei como elemento fundador do governo 
burguês e da economia capitalista; 
 Através do Parlamento conseguia controlar a 
administração e o orçamento do Estado; 
 Participava da constante atualização do sistema 
legal conforme os próprios interesses e 
necessidades; 
 Legalidade como principal instrumento de 
dominação do Estado Liberal e principal arma 
de satisfação de suas necessidades econômicas; 
 
- LIVRE CONCORRÊNCIA 
 Calculabilidade; 
 Generalidade da Lei; 
 Confiança no sistema legal e administrativo do 
Estado; 
 Absoluta subordinação dos poderes Executivo e 
Judiciário ao Direito (Legislativo); 
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
Estado Liberal 
(séc.XIX) 
Estado de Bem-
Estar Social 
(séc. XX) 
Estado Atual 
(fim do séc.XX 
até hoje) 
Estado Liberal 
ESTADO 
LIBERAL 
Estado Mínimo 
Não intervém nas relações 
econômicas e socais 
Liberdade de produção e 
distribuição de mercadorias 
Liberdade de exploração do 
trabalho e da natureza 
VITÓRIA MATOS RODRIGUES (@VITORIAMATOZ) 
1° SEM. DIREITO - UFRR 
 
 
 
Todas essas coisas sendo alcançadas por meio de um 
Estado Mínimo 
 
 
 
- ESTADO MÍNIMO 
 
 
 
 
- IDEOLOGIA LIBERAL: 
 Defende que qualquer pessoa, com esforço e 
dedicação pessoal, dentro de uma sociedade 
caracterizada pela livre concorrência poderia 
ficar rico, ascender socialmente e se tornar um 
cidadão burguês, mas na realidade isso nunca 
foi uma opção real para a maioria da 
população; 
 
 
 
 
 
- A partir da ideia de que a sociedade é composta por 
indivíduos livres e iguais, a economia poderia seguir seu 
curso natural sem qualquer possibilidade de 
intervenção do Estado que pudesse ferir a liberdade 
burguesa de desenvolvimento livre e desenfreado da 
exploração e da acumulação capitalista 
 
 
- ADAM SMITH: um dos principais teóricos do 
Liberalismo econômico 
 Papel do Estado Liberal: suprir as insuficiências 
do mercado ou corrigir os seus efeitos 
perversos; 
 
 
 
 NA REALIDADE 
 
- O Estado Mínimo só se demonstrou mínimo apenas no 
que se refere à proteção e promoção dos Direitos 
Sociais; 
- Mas para defender os interesses econômicos da 
Burguesia, o Estado se demonstrou máximo, 
extremamente forte e autoritário; 
 
- O Estado Burguês participou de guerras pra defesa e 
expansão de suas fronteiras políticas e econômicas; 
- Reprimiu greves e manifestações políticas de 
trabalhadores; 
- Criminalizou a classe trabalhadora; 
 
Tudo isso utilizando o seu aparato estatal de repressão 
 
 
 EXÉRCITO POLÍCIA 
 
 
- Ao mesmo tempo em que a Ideologia Liberal pregava 
a não intervenção do Estado na economia, ela exigia a 
intervenção do Estado, através do aparato de 
repressão, toda vez que surgisse qualquer ameaça aos 
interesses capitalistas; 
 
- Novo modelo de produção industrial  trabalhadores 
como meros fatores de produção que deveriam ser 
dominados e controlados de forma eficiente como bens 
materiais (máquinas); 
 
-Liberalismo Econômico  liberdade econômica e 
democrática apenas da Burguesia; 
- Qualquer manifestação ou tentativa de 
organização por parte da classe 
trabalhadora era violentamente 
reprimida pelo Estado 
 
 ESTADO LIBERAL APOIAVA-SE NA LEI E NA FORÇA 
 
- O Liberalismo Econômico não implicava em um 
Liberalismo Político; 
 Liberdade pessoal e autonomia da vontade; 
 Não foi bem recebido pela burguesia; 
 
- Grande parte dos governos 
totalitários, autoritários e ditatoriais 
tinha como fundamento ideológico o 
liberalismo econômico; 
 
 Refere-se à liberdade de mercado; 
 
- Os defensores do Estado Liberal nunca foram 
favoráveis à liberdade no Estado, mas sim a liberdade 
no mercado 
 Permitia levar às últimas consequências a 
exploração do ser humano, do trabalhador e da 
natureza, sem qualquer intervenção política estatal que 
os defendesse; 
 
- Mercado como ordem natural  Auto-regulação da 
esfera econômica 
 Por ser uma ordem natural, 
a intervenção estatal seria 
algo prejudicial 
 
ESTADO COMO ÁRBITRO NEUTRO E IMPARCIAL 
 MAL NECESSÁRIO  IMPEDIR O 
REAPARECIMENTO DE UM ESTADO DE NATUREZA 
QUE PUDESSE ABALAR A ORDEM BURGUESA 
- Liberdade Econômica; 
- Segurança Jurídica (execução 
dos contratos); 
- Livre mobilidade social 
(meritocracia) 
 
 
 
ESTADO LIBERAL ERA A ENCARNAÇÃO PURA DE TODOS 
OS ANSEIOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS DA BURGUESIA 
 
A INTERVENÇÃO SÓ É 
LEGÍTIMA NESSES 2 CASOS 
VITÓRIA MATOS RODRIGUES (@VITORIAMATOZ) 
1° SEM. DIREITO - UFRR 
 
 
- A ambição de garantir exploração sem limites de 
trabalhadores e natureza, excluindo a maior parte da 
população da participação democrática e reprimindo 
com rigor e violência qualquer manifestação dessa 
parte da sociedade 
- CONSEQUÊNCIAS DISSO: 
  Acumulação de Capital; 
  Acirramento da desigualdade social; 
  Reaparecimento de um Estado de Natureza; 
 
- Isso aconteceu primeiro com o Liberalismo, mas 
depois também aconteceu com os outros modelos de 
Estado e capitalismo que se sucederam; 
 Capitalismo como sistema contraditório por 
natureza; 
 Crises cíclicas de legitimação; 
 
CRISE E QUEDA DO ESTADO LIBERAL 
 
- Essa situação paradoxal foi resultado da própria 
intensificação da industrialização (fordismo-taylorismo) 
e da expansão capitalista pelo modelo liberal de Estado 
que ao elevar a exploração da classe trabalhadora a 
limitesinaceitáveis e excluí-los da qualidade de 
cidadãos e sujeitos de direitos, acabaram gerando os 
elementos que levariam a sua crise e, posteriormente, a 
sua queda; 
 
- Com a ausência de Direitos Trabalhistas naquele 
período, não tinha determinação de uma jornada de 
trabalho máxima, limite mínimo e máximo de idade e 
nem Direitos Sociais e Previdenciários, como 
aposentadoria, licença-saúde ou indenizações por 
acidente de trabalho. Não existia direitos que 
assegurassem e protegessem os trabalhadores; 
 
SÓ EXISTIAM DIREITOS QUE NO ESTADO LIBERAL 
ERAM DIREITOS DE PROTEÇÃO DA ECONOMIA 
(PROPRIEDADE PRIVADA, CONTRATOS E RELAÇÕES 
CONTRATUAIS, ETC) 
 
- Essa exploração proporcionada pelo Estado Liberal 
acabou levando a maior parte da população a estágios 
sub-humanos de existência; 
 Essas pessoas começaram a tomar consciência de 
que a falácia dos ideais de liberdade e igualdade e 
fraternidade tinham como objetivo disfarçar as 
reais intenções burguesas de dominação política e 
acumulação de capital sem limites 
Consciência coletiva de classe (trabalhadores); 
 
- Essa consciência fez com que os trabalhadores 
pressionassem politicamente a burguesia através de 
greves, sindicatos e depois partidos políticos que 
efetivamente representassem as suas necessidades e 
interesses; 
 
- Pela primeira vez a burguesia se sentiu ameaçada e 
cedeu algumas reivindicações da classe trabalhadora 
 Alargamento gradativo da possibilidade de 
participação democrática dos não-proprietários 
enquanto cidadãos ativos (trabalhadores 
poderiam votar e serem votados); 
 
- Dessa forma, a classe trabalhadora passa também a 
competir com a Burguesia no Parlamento por meio dos 
processos eletivos da própria Democracia 
representativa; 
 Possibilidade de opinar e decidir nos processos 
legislativos promovendo a criação de leis que 
pudessem minimizar as condições de 
exploração sub-humanas a que os 
trabalhadores eram submetidos no Estado 
Liberal; 
 
- A própria lógica do Liberalismo que acabou 
promovendo a solidariedade entre os trabalhadores, 
além da organização do movimento operário e das 
teorias socialistas; 
 
- Pra que pudesse continuar se legitimando e se 
mantendo no poder, a Burguesia teve que realizar 
algumas modificações na estrutura do Estado Liberal: 
 Promover um esvaziamento da importância da 
Lei; 
 Fim da supremacia do poder Legislativo; 
 Fortalecimento do poder Executivo; 
 
 
 
 
 
- A legalidade não conseguia mais solucionar 
eficientemente os novos e crescentes problemas 
gerados pelo próprio desenvolvimento do capitalismo; 
 
- As transformações econômicas e sociais aconteciam 
de forma cada vez mais rápida e exigiam soluções cada 
vez mais rápidas e complexas que a Lei não conseguia 
acompanhar; 
 
 Fortalecimento e especialização da burocracia 
estatal; 
Retirando do Parlamento a importância 
dada pela doutrina constitucional liberal; 
 Fortalecimento da organização civil dos 
trabalhadores (greves, manifestações, 
sindicatos); 
 Influência dentro e fora do Parlamento; 
 
AMPLIANDO O GRUPO 
DAQUELES QUE 
PODERIAM USUFRUIR DE 
UMA CIDADANIA ATIVA 
A cidadania ativa 
deixaria então de ser 
restrita à Burguesia 
FUNÇÃO: CONTROLE, DIREÇÃO 
E PLANEJAMENTO DAS AÇÕES 
DO ESTADO 
VITÓRIA MATOS RODRIGUES (@VITORIAMATOZ) 
1° SEM. DIREITO - UFRR 
 
- A desigualdade entre trabalhadores e burguesia 
passou a gerar consequências não só políticas, mas 
também econômicas que provocaram a retração do 
mercado consumidor; 
 
- Estado Liberal teve que deixar de lado o não 
intervencionismo e intervir nas relações sociais com a 
finalidade de garantir condições para que os menos 
favorecidos pudessem ter poder aquisitivo pra consumir 
o mínimo que fosse; 
 
 Forma de garantir a sobrevivência do próprio 
capitalismo industrial; 
 
- Aos poucos essa intervenção estatal, que no início era 
apenas circunstancial pra garantir o consumo dos 
produtos industrializados pela classe trabalhadora, com 
o fortalecimento da ameaça comunista ao poder da 
burguesia, ela adquire outra modificação: 
 
 Assistencialismo estatal; 
 
 
- 2 GRANDES EFEITOS SENTIDOS PELA ECONOMIA 
LIBERAL 
 
 Produção industrial em série de mercadorias  
milhares de produtos iguais em um tempo curto e com 
um preço mais acessível e que acabou de vez com 
qualquer tipo de concorrência por parte dos 
produtores artesanais; 
 Fim dos pequenos produtores  grandes 
monopólios  substituição do capitalismo 
concorrencial do liberalismo para uma nova forma de 
capitalismo oligopólico; 
 
 
- Para se adequar às novas exigências do capital e 
tentar reestabelecer o equilíbrio concorrencial no 
mercado, o Estado passou a assumir de forma 
progressiva funções e competências que até então era 
responsabilidades apenas da esfera privada. Nas quais 
o Estado, de forma alguma, poderia intervir; 
 
 
ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS DETERMINANTES 
PARA A QUEDA DO ESTADO LIBERAL 
 
 2 Guerras Mundiais; 
 Quebra da Bolsa de Nova York; 
 
- Fenômenos históricos que passaram a exigir a 
intervenção do Estado para reconstrução dos países 
que fora devastados por eles, através do financiamento 
de obras públicas, da tentativa de solucionar o 
problema do desemprego e da escassez de recursos ou 
através da criação de mecanismos protecionistas para 
proteger o mercado interno contra a concorrência 
internacional; 
 
 TRABALHADORES × BURGUESIA 
 
 
 
 
 
 
- Estado Liberal entrou e crise e chegou ao fi, dando 
lugar a um novo modelo de Estado. Esse que era 
assistencialista, protecionista e paternalista. Um Estado 
eu era o oposto do até então Liberal: o Estado de Bem 
Estar Social. 
 
 Reivindicavam direitos, 
garantias e assistência 
social 
 Exigia que o Estado 
assumisse a função de 
reequilibrar a economia

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