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SAÚDE COLETIVA: alguns conceitos e marcos históricos PROFª ANA HILGUEN MARINHO anahilguen@outlook.com Sumário 1. Saúde Coletiva: alguns conceitos 1.1 Saúde Coletiva: Contexto histórico 2. Formação em Educação em Saúde 3. Educação Física e a Educação em Saúde 4. Atividade Física: alguns conceitos 4.1 Atividade Física no contexto da Educação em Saúde 5.Promoção da Saúde 6.Prevenção da Saúde 7.PRÁTICAS CORPORAIS Campo multiparadigmático, interdisciplinar, formado pela presença de tipos distintos de disciplinas que se distribuem e um largo espectro que se estende das ciências naturais as sociais e humanas (NUNES, 2007,p.28); Saúde Coletiva é um campo de produção de conhecimento e de intervenção profissional especializada, mas também interdisciplinar, onde não ha limites precisos ou rígidos entre as diferentes escutas ou diferentes modos de olhar, pensar e produzir saúde. Todas as praticas de saúde orientadas para os modos de andar a vida, melhorando as condições de existência das pessoas e coletividades demarcam intervenção e possibilidades as transformações nos modos de viver, trabalham com promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, ações de reabilitação psicossocial e proteção da cidadania, entre outras praticas de saúde (CAVALHO e CECCIM, 2007,p.138-139). 1.Saúde Coletiva: Alguns conceitos 1.Saúde Coletiva: Alguns conceitos O conceito de saúde coletiva é o efeito das interações socioeconômicas de uma sociedade com o ambiente e o quanto isso pode influir a salubridade de uma região ou comunidade. Ao contrário das demais áreas de saúde que tendem a possuir um caráter de tratamento, a saúde coletiva tem como objetivo principal prevenir o desenvolvimento ou a disseminação de patologias e demais problemas de saúde por meio da implantação de perfis sanitários condizentes com a cultura e a necessidade de uma região; São as técnicas e os conhecimentos usados para intervir nos problemas e situações relacionados à saúde da população em geral ou de determinado grupo, com o objetivo de promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas; “As ações da Saúde Coletiva tem como eixo norteador as necessidades sociais em saúde e, nesse sentido, preocupam-se com a saúde do publico, sejam indivíduos, grupos étnicos, gerações, classes sociais e populações, instigando uma maior e mais efetiva participação da sociedade nas questões da vida, da saúde, do sofrimento e da morte, na dimensão do coletivo e do social (CAVALHO e CECCIM, 2007, p.139)”. “É desafio posto pela Saúde Coletiva, propiciar tecnologias, dispositivos e instrumentos que apóiem a construção de práticas qualificadas, para responder às necessidades dos grupos sociais. Na produção do conhecimento, tem buscado inovar no desenvolvimento de instrumentos que apóiem a captação da realidade de vida e saúde e que auxiliem na leitura das necessidades e no desencadeamento e sustentação de projetos de intervenção que produzam o impacto desejado: atender os grupos sociais que mais carecem de apoio para conquistar autonomia para viver a vida com qualidade e a consecução do auto-cuidado, no cenário da equidade e da justiça social.”(BERTOLOZZI ET AL, 2009) 1.1Saúde Coletiva: Contexto Histórico A Sáude coletiva surge a partir da década de 50 do século XX com o PROJETO PREVENTIVISTA da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS); Crise na medicina: críticas ao modelo de medicina biomédica relacionadas as suas práticas pedagógicas; Alternativa para redução dos custos com a saúde; A emergência desses projetos reflete, de um modo geral, o contexto socio- económico e políticoideológico mais amplo, como também as sucessivas crises, presentes tanto no plano epistemológico, como das práticas em saúde e da formação de recursos humanos. ❑ Movimento social: 1.1Saúde Coletiva: Contexto Histórico Inclusão da epidemiologia, sociologia, antropologia entre outras, no currículo do curso de medicina Fornecer uma visão mais completa do indivíduo Medicina Comunitária/PREVENTIVISTA Não houve mudanças nas práticas médicas ❑ Movimento acadêmico: • O mundo pós-2ªguerra mundial, vivia um período de gigantescas transformações, industrialização, urbanização, crescente demanda de mão- de-obra, etc. • No Brasil há intensa produção manufatureira; • Alastram-se epidemias de doenças infecto-contagiosas, devido às más condições de moradia, trabalho, e aglomeração nas cidades em expansão. • Surge nesse período, a seguridade social (INPS Instituto Nacional de Previdencia Social - 1967) e os programas de saneamento nas zonas agro- exportadoras; 1.1 Saúde Coletiva: Contexto Histórico "o campo de práticas e conhecimentos relacionados com a saúde como sua preocupação principal e estudar a sociedade, analisar as formas correntes de interpretação dos problemas de saúde e da prática médica" (OPS, 1976 apud NUNES, 1994, p.10.) Surgem críticas mais expressivas às práticas médicas; 1.1Saúde Coletiva: Contexto Histórico Medicina social = década de 70 (Brasil); Reforma universitária em 1968; A partir de 1970 a Saúde coletiva começou a estruturar-se significativamente no Brasil; Criação de cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) em saúde pública e medicina social; Medicina Social: “o estudo da dinâmica do processo saude-doenca nas populações, suas relações com a estrutura da atenção medica, bem como das relações de ambas com sistema social global, visando a transformação destas relações para obtenção dentro dos conhecimentos atuais, de níveis máximos possíveis de saúde e bem- estar das populações (AROUCA,1975 apud NUNES, p.24)” 1.1Saúde Coletiva: Contexto Histórico 1.1Saúde Coletiva: Contexto Histórico Em 1979 é criada a ABRASCO –Associação Brasileira de Saúde Coletiva, criada na I Reunião sobre a Formação e Utilização de Pessoal de Nível Superior na Área de Saúde Coletiva, realizada em Brasília, em 27 de setembro de 1979; A década de 1980 é marcada pela reestruturação das politicas sociais, por atividades que se voltam para a construção do próprio campo, recriando em novos moldes (congressos, grupos de trabalho, pesquisas, ensino) um verdadeiro movimento sanitário; 1986 cria-se o mestrado em Saúde Coletiva no Rio de Janeiro; Universalização das politicas sociais e instauração de um novo paradigma – ECONOMIA DA SAÚDE; ❑ Movimento político - social Em resumo.... Saúde pública Medicina preventiva Medicina social Saúde Coletiva ❖ A SAÚDE COLETIVA é um campo de saber e prática; é uma corrente de pensamento, movimento social e prática teórica (NUNES, 1994. Para a Saúde Coletiva, uma formação profissional em saúde não será adequada se não trabalhar pela implicação dos estudantes com seu objeto de trabalho: praticas cuidadoras de indivíduos e coletividades; praticas de afirmação da vida, sob todas as suas formas inventiva e criativas de mais saúde; praticas de responsabilidade com as pessoas e coletividades pela sua melhor saúde individual e coletiva; praticas de desenvolvimento e realização de um sistema de saúde com capacidade de proteção da vida e saúde e práticas de participação e solidariedade que tenham projetos de democracia, cidadania e direitos sociais. O objetivo da educação para a saúde parte do acesso à informação para a consistência da ação 2.Formação em Educação em Saúde Não se restringe ao conhecimento técnico ou a ciência, mas contempla a percepção e o exercício do poder que nos impulsiona para a construção de projetos de vida, de liberdade e de felicidade, com a viabilização dos sonhos pessoais e profissionais por saúde; Saúde: expressão do “bem-estar físico, mental e social (OMS, 1946)” Saúde: ausência de doença; Novas formas interpretativas do conceito saúde- doença; No campo da saúde, a compreensão do processo saúde-doença passou a ser expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de “habitação, alimentação,educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (Brasil, 1986, p. 04) Profissionais voltados para a Comunidade X Profissionais voltados para o hospital Projetos UNI — Uma nova iniciativa na educação dos profissionais de saúde: união com a comunidade — abriram caminhos de mudança nas reformas curriculares, desafiando a constituição de conteúdos para além da Saúde Publica preventivista, mediante a integração ensino-serviço- comunidade, e para uma saúde comunitária participativa; Projetos IDA – projetos de integração docente-assistencial; Rede UNIDA: integralidade nos serviços de saúde aliada á reformulação da epistemologia dos cursos da área da saúde; 2.Formação em Educação em Saúde 3.EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE • Há um certo tempo a atividade física passou a ser referencial de saúde e qualidade de vida; • Incentivada pela mídia e pelos profissionais da saúde; • Historicamente a Educação Física esteve inserida nos projetos de educação em saúde; • Na década de 70, o pensamento militar utilizava a Educação Física para transformar a corporeidade em disciplina do movimento e da atividade física; O corpo saudável era um corpo examinado, disciplinarizado, comportado e destituído de emoção para o qual convergiam praticas de Educação Física na escola, educação para a saúde 'nas comunidades' e intervenção medicamentosa para eliminação de todos os tipos de sintoma (CAVALHO e CECCIM,2007,p.148). Para a graduação em Educação Física a atenção à saúde está definida como participação na prevenção, promoção, proteção e reabilitação em saúde, segundo os seus referenciais profissionais. Atividade física deve ser vista como uma possibilidade prazerosa, de livre escolha motivada pela Educação Física a ser praticada desde a infância(PALMA;ESTEVÃO;BAGRICHEVSKY,2003); 3.EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007 - Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências. Portaria nº 2.931, de 4 de dezembro de 2008 - Altera a Portaria n° 1.861/GM, de 4 de setembro de 2008, que estabelece recursos financeiros pela adesão ao Programa Saúde na Escola - PSE e credencia Municípios para o recebimento desses recursos. 3.EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE http://portal.mec.gov.br/component/docman/?task=doc_download&gid=1726&Itemid= http://portal.mec.gov.br/component/docman/?task=doc_download&gid=1729&Itemid= 4. Atividade Física: alguns conceitos A atividade física historicamente passou por diversas transformações, porém sempre esteve ligada a um fim utilitário; Sobrevivência, fins militares, morais, saúde, beleza, desempenho laboral, lazer, etc.. Entende-se por atividade física, toda e qualquer atividade que produza gasto energético maior do que em situação de repouso; Atividade Física X Exercício Físico 4.1 Atividade Física: no contexto da Educação em Saúde [...] Deve ficar claro que não se intenta tratar atividade física como sinônimo de esporte, de aprendizado prático sobre o competir, nem ao menos como modo de realização de sonhos estéticos. [...] Atividade física é aqui entendida como meio de relevância para a promoção do bem-estar e da saúde das coletividades [...] (WAISSMANN, 2003,p.72) A prática de atividade física está associada a um bom estado de saúde e vice- versa (MIRA,2003); O exercício físico é um fenômeno complexo de múltiplas dimensões: biológicas, psicológicas, sociais e culturais (MIRA,2003) Atividade física é benéfica à saúde? Em quais contextos? 5.Promoção da Saúde A saúde está relacionada com as condições de vida do indivíduo; Promover saúde pressupõe o entendimento do que é a saúde; Saúde = fenômeno complexo; Saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico (BRASIL, 2010 – Política Nacional de Promoção da Saúde); Promoção da saúde é definida como a CAPACITAÇÃO das pessoas e comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício da própria qualidade de vida (CARTA de OTTAWA, 1996). ➢ Promoção da saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que "não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais" ➢ As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial (Terris, 1990). 5.Promoção da Saúde Portaria nº687 MS/GM, de 30 de março de 2006 – Aprova a Política Nacional de Promoção da Saúde; Promoção da saúde = estratégia de produção da saúde articulado às demais politicas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro = ações voltadas às necessidades sociais em saúde; Deve incidir sobre as condições de vida e favorecer a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos no território onde vivem e trabalham; 5.Promoção da Saúde 6.Prevenção da Saúde O termo 'prevenir' tem o significado de "preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize" (Ferreira, 1986). A prevenção em saúde "exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença“ A prevenção corresponde a medidas gerais, educativas, que objetivam melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos (comportamentos alimentares, exercício físico e repouso, contenção de estresse, não ingestão de drogas ou de tabaco); Ações preventivas às intervenções educativas direcionadas à população para evitar o surgimento de doenças, com a finalidade de reduzir sua incidência e prevalência na população, como por exemplo, prevenção do câncer de colo, de hipertensão, de obesidade. Tem como foco as doenças, sua prevenção e formas de tratamento. 5.Promoção da Saúde A Educação Física deverá contribuir para a capacitação dos indivíduos na busca e opção por escolhas saudáveis de modos de vida; Auxiliar no tratamento/tratar dos indivíduos afetados negativamente em suas condições de saúde ou seja operar nos efeitos do adoecer; Contribuir para o exercício da cidadania= sujeitos autônomos e participativos na construção de práticas de saúde; 5.Promoção da Saúde Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília, 1986. NUNES, Everardo Duarte. Saúde coletiva: história de uma ideia e de um conceito. Saúde e Sociedade. 3(2), 5-21, 1994. NUNES, Everardo Duarte. Saúde coletiva: uma historia recente de um passado remoto – Cap.1 in CAMPOS, G.W.S. (Org.); MINAYO, M.C.S. (Org.); AKERMMAN, M. (Org.); DRUMOND, M. (Org.) ; CARVALHO, Y. M. (Org.) .Tratado de Saúde Coletiva. 2. ed. São Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Fiocruz, 2007. (p.18-45) PEREIRA, Ana Hilguen Marinho; DIAS, Alesandra Cabreira. A educação física no ensino fundamental: sob a ótica de reflexões acadêmicas durante o estágio. Anais do XII Salão de Pesquisa e Iniciação Cientifica do CEULS ULBRA 2012. p. 258-262, 2012. http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/49109/conceito-de-saude- coletiva#ixzz3zbBpbe00 Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Dicionário on Line. Disponível em http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html. Acesso em 10/02/2016. http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
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