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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ANNA BEATRIZ RODRIGUES GERANIO
MÉTODOS ADEQUADOS E SOLUÇÃO DE CONFLITOS NA ÁFRICA
PETRÓPOLIS, RJ
2021
Muitos cidadãos africanos já desacreditam que os tribunais possam dar respostas justas e não tão demoradas as suas queixas e então, uma grande quantidade de pessoas que não obtiveram resposta e não acreditam mais nas ações dos tribunais, procuram fazer justiça com as próprias mãos e agir de forma violenta. Em um país como a África dentro de um contexto de tensões sociais e sistemas judiciais que normalmente não funcionam, a resolução rápida de conflitos é significamente importante. De um modo geral, as guerras africanas não são guerras entre países, mas conflitos internos, que tem como principais causas a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e uma luta por autonomia em grupos étnicos. É importante salientar a brutalidade dessas disputas, sobretudo após 1990. Inúmeros genocídios, massacres, estupros, extermínio de comunidades inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome é um outro instrumento usado pelas facções que destroem as plantações e expulsam pessoas de seus lares. Outra consequência desses conflitos é a expulsão de milhares de pessoas para campos de refugiados. Isso provoca uma crise humanitária. Mesmo com os tribunais envolvidos, eles nem sempre chegam ao eixo central da questão porque na maioria das vezes procuram resolver somente em termos legais, mas não estão centrados na mitigação do conflito. O sistema judicial está sobrecarregado e não consegue dar uma resposta eficaz e justas as queixas. 
A falta de confiança na justiça e nos tribunais gera um impacto profundo em qualquer sociedade. A maioria dos tribunais da África sofre com problemas graves de estruturas antiquadas e problemas sistêmicos. Um exemplo disso é o fato de que muitos juízes ainda fazem seus apontamentos a mão, porque não há sequer um estenógrafo. Os registros também são arquivados manualmente porque é raro encontrar um computador seguro num tribunal africano, especialmente nos tribunais de por onde tramita a maioria dos processos primeira instância. 
A Resolução alternativa de conflitos (RAL) é um mecanismo dos canais legais oficiais, utilizado com grande frequência para resolver conflitos menos graves. Nesse movimento, utiliza-se os métodos de arbitragem, mediação e conciliação, e por isso, vem conquistando um espaço cada vez mais relevante. A mediação difere-se da arbitragem e da conciliação no papel que é atribuído ao terceiro. O árbitro analisa os fatos controvertidos e toma uma decisão sobre eles, a qual tem força obrigatória para as partes. O conciliador é um mero facilitador do diálogo inter-partes, não tendo qualquer poder para decidir ou sequer sugerir uma solução. O mediador é mais comprometido e proativo do que o conciliador, mas menos imperativo do que o árbitro. Mesmo quando ele expressa a sua opinião sobre os méritos da questão ou quando avança com um projeto de acordo (como sucede, por exemplo, em muitas das instâncias que em vários países se ocupam da mediação dos casos de sobre-endividamento), a sua posição não vincula as partes de modo nenhum. A negociação pode contar com a presença de defensores das partes (advogados ou solicitadores) ou de peritos, mas estes “vestem” o interesse e a pretensão da parte que os nomeia, pelo que a bilateralização se mantém. A regulação do diferendo obedece, portanto, a uma lógica autocompositiva, como foi referido. De fato, a mediação não deve ser vista como um procedimento totalmente informal, em que um mediador conversa amigavelmente com as partes até que estas resolvam as suas divergências e passem a trabalhar de forma pacífica. Na conciliação, a intervenção de uma terceira parte, alheia ao conflito, ajuda os litigantes a encontrarem uma plataforma de acordo tendo em vista resolver a disputa. Na mediação, a intervenção do terceiro neutro faz-se através da apresentação às partes de uma recomendação ou proposta de acordo da sua autoria. Enquanto o conciliador se limita a pôr as partes em contacto e a facilitar a comunicação ente elas, mas sem aventar qualquer proposta de consenso, o mediador vai mais além e sugere ativamente o conteúdo do acordo a celebrar pelas partes. Por isso, o controle do processo pelas partes é maior na conciliação do que na mediação. A arbitragem representa a submissão de um litígio de facto ou de direito, ou de ambos, a um tribunal arbitral, composto por uma ou mais pessoas, ao qual as partes atribuem o poder de emitir uma decisão vinculante. O árbitro decide com base no direito ou segundo juízos de equidade.
Contudo, não pode-se ignorarse que estes mecanismos alternativos também possuem alguns aspectos negativos. Podem servir, por exemplo, para as partes medirem a força da sua pretensão tendo em vista uma ida futura a tribunal; podem ser utilizados por uma parte como um expediente dilatório, sem que haja qualquer vontade de chegar a acordo com a contraparte, podem ser uma fonte acrescida de custos quando não se alcança o consenso e as partes podem contentar-se com menos do que aquilo a que teriam legalmente direito e que poderiam obter eventualmente numa decisão judicial. O movimento da RAL conseguiu impor-se e as suas propostas têm vindo a ganhar espaço e adeptos no terreno jurídico. Prova disso é que, além da multiplicidade de iniciativas privadas e comunitárias na área da resolução alternativa de litígios, é hoje o Estado que as acolhe quando muitos dos tribunais federais e estaduais acrescentam aos seus reportórios institucionais certos procedimentos característicos da RAL.
Referências bibliográficas: https://africacenter.org/wp-content/uploads/2016/06/ASB16PT-Resolu%C3%A7%C3%A3o-Alternativa-de-Lit%C3%ADgios-em-%C3%81frica-Prevenir-o-Conflito-e-Refor%C3%A7ar-a-Estabilidade.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=gZWBHfL5y_s

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