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Letícia Andréa 105 – 3O Fármacos que interferem com a capacidade da acetilcolina de causar despolarização da placa motora Tem como objetivo bloquear a junção neuromuscular A acetilcolina geralmente se liga aos receptores nicotínicos NM O cirurgião-dentista pode prescrever, principalmente os de uso ambulatoriais Dividem-se em dois tipos: despolarizantes e competitivos FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR ACh → Receptor nicotínico → abertura dos canais regulados pela ACh → Influxo de Na+ → Geração do potencial da placa motora → Abertura dos canais regulados de Na+ → Influxo de Na+ → Geração de potencial de ação muscular → Liberação aumentada de Ca2+ → Contração da fibra muscular Relaciona-se com o sistema nervoso somático O controle nervoso da contração do músculo esquelético é mediado pela ACh O receptor nicotínico possui dois sítios de ligação para ligantes catiônicos; a ligação de duas moléculas de ACh ao receptor o ativa Quando a acetilcolina se liga e leva a abertura de canais colinérgico que permitem a entrada dos íons Ca2+, Na+ e K+ O potencial leva a abertura dos canais de Ca2+ que causam um efluxo desse íon do retículo sarcoplasmático, gerando uma mudança na conformação da actina e miosina que com põe a fibra muscular Na medida em que se acrescentam maiores concentrações de Ca2+ na fibra muscular, esta apresenta, cada vez mais, uma maior força de concentração, até chegar ao seu limite específico Retorno de Ca+ ao retículo cessa contração muscular Uma vez que a acetilcolina tenha cruzado a fenda sináptica e ativado os canais iônicos na membrana pós-sináptica, ela é imediatamente hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase ( AchE) Os fármacos que bloqueiam a junção neuromuscular interferem com a capacidade da ACh de causar despolarização da placa motora após ligação com o receptor nicotínico Usado para tratar hiperfunções dos músculos relacionados a dor e a inflamação Receptor Nicotínico Receptores específicos da placa motora Localizam-se em neurônios pós-ganglionares nos gânglios autonômicos Ação na junção motora São receptores de canais iônicos constituídos por uma proteína alostérica com quatro tipos de subunidades diferentes — α, β, δ e γ — unidas formando um pentâmero transmembrana Cada uma das subunidades apresenta uma porção exposta tanto na superfície intra como na extracelular, e o conjunto circunda um canal central Os locais de reconhecimento da acetilcolina e de outros agonistas, antagonistas colinérgicos e de certas toxinas presentes no veneno de serpentes localizam-se principalmente nas subunidades α Origem As pesquisas sobre BMN tiveram início com a descoberta do curare Turbocurarina é o princípio ativo do curare e é o precursor dos medicamentos BNM O princípio ativo se liga a placa motora e impede a ligação da acetilcolina A curare era usada pelos indígenas para facilitar a captura de animais Letícia Andréa 105 – 3O AGENTES COMPETITIVOS Fármacos que competem com a acetilcolina na ligação com o receptor e impedem a despolarização da membrana O agente bloqueador e a ACh competindo pelos sítios dos receptores na fibra muscular Ligam-se a unidade alfa do receptor nicotínico Não apresentam atividade ionóforo e podem bloquear o próprio ionóforo Os fármacos em si não causam despolarização da placa motora Aminas monoquaternárias com um segundo nitrogênio que se encontra parcialmente ionizado em pH fisiológico A potência apresenta estreita correlação com a dose clínica necessária para produzir 50% de redução da contração 70% dos receptores devem estar bloqueados para que ocorra o efeito terapêutico Causam a paralisia flácida Uso: adjuvantes anestésicos – menor dose de anestesia. Exemplos: tubocurarina (d-tubocurarina), benzilisoquinolinas (atracúrio, cisatracúrio e mivacúrio), aminoesteroides como o pancurônio, rocurônio e vecurônio. Efeitos dos Bloqueadores Paralisia motora A consciência e percepção da dor permanecem normais Ação nos músculos Olhos, face, membros e faringe Músculos respiratórios Sequência de Ação 1. Músculos oculares extrínsecos 2. Músculos da face + faringe 3. Membros 4. Pescoço 5. Tronco 6. Músculos respiratórios A recuperação segue o caminho inverso Efeitos Adversos Fim do Efeito do medicamento Caminho do efeito do medicamento Letícia Andréa 105 – 3O Farmacocinética e Farmacodinâmica Administração endovenosa Velocidade de início e duração da ação diferentes Não atravessa a membrana hematencefálica – por isso não há perda da consciência da dor Não é absorvido no trato gastrointestinal Sua distribuição é mais veloz do que a sua metabolização O volume de distribuição se encontra aumentado da insuficiência hepática e renal A baixa ligação proteica faz com que a hipoproteinemia não tenha efeito na distribuição da droga A recuperação do bloqueio só é prejudicada na insuficiência renal nos casos de infusão prolongada ou doses repetidas AGENTES DESPOLARIZANTES Composto biquaternário, pequeno formado por duas moléculas de ACh acopladas a seis grupos acetil Liga-se ao receptor e causa a despolarização da fibra muscular Há um período de estimulação em que a sensibilidade do músculo à ACh fica aumentada Nessa despolarização induzida podem ocorrer PAs e contrações espontâneas (fasciculações) Acredita-se que sejam resultado da ativação de receptores nicotínicos pré-juncionais que causam despolarização do neurônio motor e liberação de acetilcolina A estimulação pós-juncional aumenta a tensão muscular em alguns músculos, especialmente o masseter A despolarização induzida diminui gradualmente, mas o potencial de membrana da placa motora não retorna completamente ao nível de repouso Exemplo: suxametônio (succinilcolina). Fases de Bloqueio 1. Boqueio de fase 1 No período de despolarização da placa motora, a transmissão neuromuscular fica bloqueada A despolarização mantida da placa motora mantém os canais de Na+ voltagem-dependentes no estado inativado Permanece um período refratário até a volta do potencial de membrana ao estado normal A recuperação neuromuscular com o término do uso é rápida 2. Bloqueio de fase 2 ou dessensibilização A infusão contínua do fármaco faz a placa motora lentamente repolariza-se que leva a essa fase A recuperação perdura após a remoção do agente despolarizante Depende do retorno dos receptores nicotínicos do estado dessensibilizado para o de repouso Bloqueio mais duradouro Administração Uso por via endovenosa Ação curta que dura de 5 a 10 minutos – ligada ao metabolismo por pseudocolinesterases plasmáticas e hepáticos que dão origem a ácido succínico e colina Usado para relaxamento dos músculos laríngeos antes da intubação Serve de coadjuvante antes da terapia eletroconvultiva Farmacocinética Ação rápida e curta direção Não atravessam a barreira hematencefálica Rapidamente hidrolisado pela colinesterase plasmática Letícia Andréa 105 – 3O Efeitos Adversos Braquicardia Liberação de K+ (arritmias) – cuidado com queimados e vítimas de traumatismo Aumento moderado da pressão sanguínea Hipertermia maligna Elevação da pressão intra-ocular Elevação da pressão do líquido cerebroespinal Elevação da pressão do TGI Paralisia prolongada – pacientes com AChE modificado geneticamente, inibidores da AChE e hepatopatias Hipertermia maligna (congênita e rara) – espasmo muscular e aumento súbito da temperatura corporal Anafilaxia – 1:10.000 doses administradas Contraindicações Pacientes com glaucoma Pacientes com suspeita de tumores cerebrais Não usar imediatamente após as refeiçõesEFEITOS FARMACOLÓGICOS Desenvolve-se na placa motora da musculatura esquelética Um bloqueador neuromuscular ideal deve ter: Rápido início de ação Efeito rapidamente reversível Consistência na duração da ação (mesmo em pacientes com doença renal ou hepática avançada) O bloqueador neuromuscular ideal não deve ser: Despolarizante Ter efeitos autônomos ou cardiovasculares Liberar histamina em músculos ou outros tecidos Induzir taquifilaxia Nenhum dos bloqueadores musculares existentes preenche todas essas expectativas INDICAÇÕES Causam relaxamento Usado em grandes cirurgias abdominais Relaxamento para intubação endotraqueal Manutenção do paciente imóvel durante procedimento cirúrgico Coadjuvantes em anestesiologia Unidade de terapia intensiva Situações de espasticidade INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Inibidores colinesterases Bloqueiam a hidrólise da ACh na placa motora e aumentam a quantidade de transmissor disponíveis Reversão dos efeitos dos BNM não despolarizantes Prolongamento dos efeitos dos despolarizantes Anestésicos gerais Estabilizam membranas excitáveis Ação estabilizadora da junção neuromuscular Redução da dose do BNM Exemplo: halotano Letícia Andréa 105 – 3O Antibióticos aminoglicosídicos Reduzem a quantidade de ACh liberada pelo terminal nervoso Aumentam o relaxamento muscular causado pelos não despolarizantes Sinergismo com o BNM competitivos – com o Ca++ Ex: gentamicina e tobramicina Boqueadores do canal de Ca++ Bloqueio ganglionar – taquicardia POPULAÇÕES ESPECIAIS Lactantes Vecurônio age como um BNM de longa duração Idosos A sensibilidade do receptor nicotínico não é alterada pelo envelhecimento A redução do fluxo sanguíneoo esplâncnico e renal, redução da taxa de filtração glomerular e redução da função hepática explicam o prolongamento dos efeitos dos BNM Obesos Dose 20% maior que o peso ideal Recuperação prolongada após rocurônio, vecurônio e doxacúrio APLICAÇÃO NA ODONTOLOGIA Fraturas da mandíbula – há necessidade do relaxamento muscular para permitir a manipulação dos fragmentos ósseos Trismo – quando não há efeito dos tratamentos conservadores Auxiliar na inserção do tudo endotraqueal Letícia Andréa 105 – 3O Produzida pela bactéria Clostridium botulinum Atua na mesma região que os relaxantes musculares Bloqueia a continuação da placa motora – impede a saída da acetilcolina do neurônio Ação local – atinge o músculo no qual está sendo feita a administração Há 7 formas distintas de neurotoxina que vão de A a G – sendo os tipos A e B mais comuns O tipo mais usado comercialmente é o tipo A (BTX- A) Pode ser usado por razões terapêuticas ou por razões cosméticas Botox: nome comercial da primeira toxina botulínica tipo A a ser aprovada para uso, acabou sendo usado como um sinônimo do procedimento EFEITOS CLÍNICOS Ocorrem num período de 1 a 7 dias após a administração com efeitos já notados entre 1 e 3 dias 1 a 2 semanas ocorre o efeito máximo Os níveis atingem um patamar até uma recuperação completa do nervo num período de 3 a 6 meses A marca Botox consegue chegar até os 6 meses, mas existem outras marcas que não MECANISMO DE AÇÃO Atuam seletivamente nos terminais nervosos colinérgicos, provocando certa paralisia Impede a liberação da acetilcolina na fenda pré-sináptica Entram na bainha nervosa para impedir que as vesículas de Ach serem exteriorizadas Não afeta ou o armazenamento da acetilcolina, nem a condução do sinal elétrico na fibra nervosa Os espasmos musculares param ou reduzem bastante após o seu uso Farmacocinética: 24 horas após injeção, 60% da substância é excretada pela urina Metabolizada através de circuitos metabólicos regulares no fígado A sua diluição pode ser influenciar na difusão do produto Musculaturas mais delgadas necessitam de menos produto Quanto menor o volume muscular ou a área que se deseja atingir, menor deve ser o volume de injeção Divide-se em cinco etapas: 1. Ligação A toxina se liga irreversivelmente aos receptores na membrana pré-sináptica da terminação nervosa motora 2. Internalização A toxina botulínica é internalizada via endocitose e separado numa cadeia pesada e outra leve A cadeia leve vai para o citossol e se liga ao complexo de proteína ASNARE 3. Bloqueio A toxina bloqueia a libertação da acetilcolina, impedindo a fusão das vesículas Ocorre a clivagem enzimática do complexo ASNARE que ancora, funde e libera as vesículas de acetilcolina Há o bloqueio do impulso nervoso que leva a despolarização da membrana do músculo – paralisia flácida Não ocorre a contração muscular, produzindo uma desnervação muscular funcional 4. Re-brotamento A desnervação química da junção neuromuscular estimula o crescimento de brotamentos axonais laterais 5. Reestabelecimento Um dos brotamentos reestabelece a junção neuromuscular O tônus muscular e os espasmos retornam Necessidade de nova aplicação Obs: após o uso a musculatura volta, mas com uma contratibilidade menor porque os brotos acessórios tem uma ação menor e não são depositados no terminal principal. Letícia Andréa 105 – 3O EFEITO CLÍNICO Desnervação química na placa motora isolada O início do relaxamento do músculo estriado, começa entre 2 e 3 dias da aplicação Seu raio de ação é de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm Deve ser injetado cerca de 5,0U por ponto Pode-se fazer até 100U da toxina tipo A numa única aplicação IMUNOLOGIA Pode induzir a produção de anticorpos por ser uma proteína imunogênica Com a formação dos anticorpos, os efeitos terapêuticos são atenuados Para diminuir o risco de formação de anticorpos deve ter de 2 a 3 meses entre as aplicações EFEITOS ADVERSOS Formação de hematomas, muito pronunciado por usuários de AAS – deve-se ter cuidado em paciente idosos Deve-se usar a bolsa de gelo antes e após o tratamento para diminuir a probabilidade de formar os hematomas Ptose transitória em 1 a 2% dos casos – aplicação na área da glabela RECOMEÇÕES O volume injetado deve ser precisamente dosado e mantido num nível mínimo A infiltração deve ser realizada nas áreas apropriadas As áreas injetadas não devem ser manipuladas após a aplicação O paciente deve ficar na posição vertical 3 a 4 horas após a injeção CONTRA-INDICAÇÕES Gestantes e lactantes Doenças neuromusculares – miastenia gravis Hipersensibilidade à toxina botulínica ou à albumina humana Pacientes que usam antibióticos aminoglicosídeos Pacientes com infecção ou inflamação no local da aplicação MARCAS COMERCIAIS Já existem de 15 a 20 marcas diferentes de preços e qualidades variadas Uma toxina botulínica de menor qualidade, terá uma menor durabilidade Apresentam-se na forma de um pó que é diluído em água destilado ou em solução salina estéril – 2cc ou 1cc A diluição é obtida de acordo a finalidade e área muscular de interesse Botox day: forma de não perder produto pela sua validade curta após abertura do produto Botox (EUA) 100U americanas TXB-A – congelada à vácuo 0,5mg de albumina humana 0,9mg de cloreto de sódio Usar em até 4hrs após a diluição, mantendo-se de 2 a 8ºC (geladeira) Dysport (Inglaterra) 500U europeias TXB-A – pó liofílico 0,125mg de albumina humana 2,5mg de lactose Letícia Andréa 105 – 3O Usar em até 8hrs após a diluição, mantendo-se de 2 a 8ºC (geladeira) Prosigne (China) 100U TXB-A – pó liofílico 5mg de gelatina 25mg de dextrana 25mg de sacarose Usar em até 4hrs após a diluição, mantendo-se de 2 a 8ºC (geladeira) APLICAÇÃO Injetarintramuscular ou intradérmica A TXB em raio de 1 a 2cm do ponto de aplicação Uso de anestésico tópico ou gelo antes do procedimento Posição do paciente a 45 graus Fazer caretas por meia hora – resultados mais rápidos REAÇÕES ADVERSAS Palidez Eritema Urticária Rinite Hipotensão Choque Náuseas Vômito Disfagia Prurido Fraqueza muscular INDICAÇÕES NA ODONTOLOGIA Bruxismo Hipertrofia do masseter Disfunções têmporo-mandibulares Sialorréia Assimetria do sorriso Exposição gengival acentuada – sorriso gengival Estética/cosmética: retirada de rugas da região facial Redução da força muscular dos músculos masseter e temporal em alguns casos de implantodontia de carga imediata Fontes: YAGIELA J.A., NEIDLE E.O. DOWD F.J. Farmacologia e terapêutica para dentistas. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2011.
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