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Física Aplicada à Radiologia I Da Produção de Raios X à Formação da Imagem Equipamento de Raios X • A função do equipamento de raios X é prover um fluxo controlado e suficientemente intenso de elétrons para produzir um feixe de raios X apropriado para gerar uma boa imagem. Os três componentes principais de um equipamento de raios X são: - Tubo de Raios X; - Painel de Controle: usado para controlar a tensão aplicada ao tubo de raios X, a corrente elétrica através desse tubo e o tempo de exposição. - Gerador de Alta Tensão: é responsável por fornecer a diferença de potencial necessária para a aceleração dos elétrons até o alvo. Tubo de Raios X • Todos os tubos de raios X consistem em um cátodo e um ânodo, colocados dentro de uma ampola de vidro onde é feito vácuo. • A ampola é armazenada dentro de uma calota protetora de metal forrada com chumbo, projetada para evitar exposição à radiação fora do feixe útil e possíveis choques elétricos. • A ampola está mergulhada em óleo para dissipar o calor gerado. • Cátodo: é o pólo (ou eletrodo) negativo do Tubo de Raios X e divide-se em duas partes: - Filamento Catódico: é responsável pela produção de elétrons, quando uma corrente atravessa o cátodo. Tem forma de espiral e é constituído de Tungstênio devido ao seu alto ponto de fusão (cerca de 3400°C), ou seja, suporta altas temperaturas; - Capa Focalizadora ou Copo de Foco ou Cilindro de Welmelt): é responsável por manter o feixe de elétrons focalizados no alvo, evitando a dispersão desse elétrons. A maioria dos aparelhos de diagnóstico possui dois filamentos focais: o Foco Fino que possui comprimento entre entre 0,3 a 1,0 mm e produz menor quantidade de Raios X, pois a interação dos elétrons ocorre sobre uma menor área do alvo e o calor resultante limita a capacidade de produção de Raios X e o Foco Grosso que possui comprimento entre 2,0 a 2,5 mm e produz maior quantidade de Raios X devido à maior capacidade de aquecimento do alvo. • Ânodo: é o pólo (ou eletrodo) positivo do Tubo de Raios X e é a área na qual os elétrons emitidos pelo cátodo irão interagir para produzir os Raios X. O material mais usado no ânodo é Tungstênio em base de Cobre por ser adequado na dissipação do calor. Existem dois tipos de ânodo: - Ânodo Fixo: é encontrado normalmente em tubos onde não é utilizada corrente alta, como aparelhos de Raios X Odontológicos, unidades portáteis ou unidades de mamografia. - Ânodo Rotatório ou Giratório: permite uma corrente mais alta, pois os elétrons encontram uma maior área de impacto e, com isso, o calor resultante não fica concentrado apenas em um ponto como no ânodo fixo. Produção de Raios X • A produção de Raios X acontece quando uma corrente elétrica passa pelo cátodo, aquecendo o filamento e, consequentemente, liberando elétrons pelo processo de Emissão Termiônica. Aplicada uma diferença de potencial entre o ânodo e o cátodo, os elétrons são acelerados na ampola a vácuo em direção ao alvo (ânodo) formando um feixe de elétrons. Ao atingir a estrutura atômica do material do alvo, os elétrons interagem com essa estrutura, perdendo a sua energia cinética na forma de calor (99%) e na forma de energia eletromagnética (1%), ou seja, na forma de Raios X. Como toda essa ampola é blindada, menos uma janela específica, o feixe de Raios X pode ser direcionado e focado na região anatômica de interesse. • Emissão Termiônica: é o processo pelo qual um material aquecido libera elétrons. • O choque do feixe elétrons com o alvo produz dois tipos de raios X: - Raio X Característico: Quando um elétron incidente ejeta um elétron do átomo do alvo, a “vaga” ocupada por esse elétron ejetado deve ser ocupado por um elétron de uma camada mais externa. Durante a transição de um elétron de uma camada externa para uma interna, há a emissão de um fóton de Raios X. Esse tipo de radiação é chamada de característica, porque é característica do elemento que constitui o alvo, ou seja, para cada elemento, a energia de ligação dos elétrons é diferente e a energia dos raios X característicos produzidos em diferentes elementos também é diferente. A energia efetiva dos Raios X Característicos aumenta com o aumento do número atômico do elemento-alvo. Exceto para os raios X característicos K todos os raios X característicos têm energia muito baixa, pois a energia de ligação de um elétron da camada L é muito menor do que a de um elétron da camada K e assim por diante. - Raio X de Freamento (ou Bremsstrahlung): Raios X de Freamento são produzidos quando um elétron é projetado no átomo do material que constitui o alvo e, por passar próximo ao núcleo desse átomo, ele é desacelerado e muda sua trajetória. O elétron incidente perde energia que irá reaparecer na forma de um fóton de raios X. Quanto mais próximo o elétron incidente passar do núcleo do átomo, maior a energia do raio X de freamento. A energia do raio X de freamento pode ser qualquer valor até a quantidade de energia do elétron incidente. Por exemplo: Quando um equipamento de raios X é operado em 70 kVp, elétrons projetados têm energia cinética de até o limite 70 keV. • No âmbito de radiodiagnóstico, a maior parte dos raios X é de freamento. Raios X • O Raio X é uma radiação eletromagnética de alta energia e pequeno comprimento de onda produzida quando elétrons em alta velocidade colidem com um alvo metálico. • As propriedades fundamentais dos Raios X são: - Causam fluorescência em certos sais metálicos; - Enegrecem placas fotográficas; - Não sofrem desvio em campos elétricos ou magnéticos; - São diferentes dos raios catódicos (feixe de elétrons); - Tornam-se “duros” (mais penetrantes) após passarem por absorvedores; - Produzem radiações secundárias em todos os corpos que atravessam; - Propagam-se em linha reta (do ponto focal) para todas as direções (divergência); - Transformam gases em condutores elétricos (ionização); - Atravessam o corpo tanto melhor quanto maior for a energia do feixe de Raios X.s • A quantidade de radiação se refere ao número de Raios X ou à intensidade do feixe. • A qualidade de radiação se refere à penetrabilidade do feixe de Raios X ou à energia do feixe de Raios X. Fatores de Exposição • Os fatores de exposição são aqueles que influenciam e determinam a qualidade e a quantidade de radiação que chega ao paciente. São eles: - Tensão de Pico (kVp): é a tensão máxima aplicada entre o cátodo e ânodo no Tubo de Raios X, que determina a velocidade dos elétrons gerados no filamento catódico e, consequentemente, a energia dos fótons de Raios X produzidos. Quanto maior for o kVp, maior a velocidade dos elétrons na ampola, maior é a energia cinética desses elétrons e maior a energia dos fótons produzidos. - Corrente do Tubo (mA): é a corrente aplicada ao cátodo responsável pela liberação de elétrons pelo cátodo. - Tempo de Exposição (s): corresponde ao tempo em que os circuitos estarão ligados e liberando o feixe de Raios X. - Miliampère-Tempo (mAs): corresponde ao produto da corrente aplicada ao Tubo de Raios X e do tempo de exposição e determina a quantidade total de Raios X produzidos em um determinado tempo. - Ondulação de Tensão: a ondulação de tensão está relacionada com a quantidade e a qualidade dos Raios X; - Filtração: é responsável por remover os Raios X de baixa energia que pouco contribuem para a formação de imagem e apenas contribuem para a dose no paciente. Existem dois tipos de filtração: • Filtração Inerente: é a filtração que ocorre na própria ampola através de seus elementos constituintes, como a superfície do vidro e o óleo isolante ao redor do tubo. • Filtração Adicional: é a filtração que ocorre propositalmente, através de folhas de metal inseridas no tubo. - Número Atômico do Alvo: o número atômico do alvo altera proporcionalmente a qualidade e a quantidade dos Raios X. - Distância Fonte-Receptorde Imagem (DFR): quanto maior for a distância entre a Fonte e o Receptor de imagem, menor será a intensidade do feixe de Raios X. Absorção Diferencial • A diferença de absorção pelas estruturas anatômicas do corpo humano é responsável pela formação da imagem radiográfica. • Absorção Diferencial depende do número atômico da estrutura de interesse e da densidade de massa (quantidade de matéria por unidade de volume). - Por exemplo: O osso contém elementos de número atômico maior do que os de tecido macio e também possui uma densidade de massa maior que a do tecido mole. Logo, o osso absorve mais raios X do que o tecido macio. • Absorção Diferencial ocorre devido ao efeito Compton, ao efeito fotoelétrico e aos raios X transmitidos sem interação através do paciente. • Os Raios X que interagem por Efeito Fotoelétrico não atingem o receptor de imagem, produzindo áreas claras em uma imagem radiográfica, como por exemplo os ossos, que representam as estruturas anatômicas com características de alto poder de absorção de Raios X, ou seja, as estruturas radiopacas. • Os Raios X que penetram no corpo e são transmitidos para o receptor de imagem, sem qualquer interação, produzem as áreas escuras de uma radiografia, representando as estruturas radiolucentes. • O receptor de imagem capta os Raios X espalhados por Efeito Compton da mesma forma que capta os raios X que são transmitidos sem interação através do paciente, contudo esses Raios X espalhados resultam em ruído na imagem, o que causa um borramento generalizado, não representado informação de diagnóstica. Sistema Tela-Filme ou Radiologia Convencional • O sistema receptor de imagem utilizado em Radiologia Convencional é composto por chassi , tela intensificadora e filme radiográfico. • Chassi: é responsável por não permitir a entrada de luz em seu interior. • Tela Intensificadora: é constituída de Fósforo, que por possuir alto número atômico consegue absorver o Raios X incidente e transformá-los em luz. • Filme Radiográfico: é constituído por uma base plástica revestida por uma emulsão de Haleto de Prata que irá armazenar a quantidade de luz emitida pela tela intensificadora na forma de cargas elétricas. A estimulação do filme radiográfico forma a imagem latente. • O processamento do filme radiográfico é um processo físico-químico que tem como objetivo tornar visível a imagem latente. As etapas do processo: - Revelação; - Fixação; - Lavagem; - Secagem. Radiologia Digital • Existem três formas de se obter a imagem digital: - Digitalizadores de filme; - CR - Radiografia Computadorizada; - DR - Radiografia Digital Direta. • Radiografia Computadorizada (CR): - A proposta da Radiografia Computadorizada (CR) é manter o aparelho radiográfico convencional e trocar apenas o sistema receptor de imagem. - Esse sistema de radiologia computadorizada utiliza um chassi similar ao sistema tela-filme e, dentro dele, o detector utilizado é a placa de imagem. - Os elétrons que compões a camada de Fósforo da placa de imagem armazenam energia diretamente proporcional a absorção diferencial pelos tecidos expostos aos Raios X. - Estas placas de imagem são chamadas de fósforos fotoestimuláveis, uma vez que possuem a propriedade de emitirem luz ao serem estimulados por fótons de luz com comprimentos de onda específicos. - Leitura da Placa de Imagem: 1. Inserir o cassete na leitora de CR; 2. A leitora abre o chassi e escanea a placa de imagem ponto a ponto; 3. O laser estimula a emissão de energia armazenada na placa na forma de luz que é coletada por um sistema fotodetector; 4. A informação obtida é convertida em imagem digitalizada, que é armazenado em um sistema computacional. 5. A placa de imagem é exposta a uma luz branca de alta intensidade para apagá-la. 6. A placa de imagem é devolvida ao chassi e está pronta para uso. • Radiografia Digital Direta (DR) utiliza um equipamento de Raios X que possui o sistema de detecção de Raios X e formação da imagem já acoplados no próprio equipamento, ou seja, a imagem é visualizada na hora por um monitor de alta resolução.
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