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O financiamento da educação e o FUNDEB APRESENTAÇÃO Discussões e debates em torno do financiamento da educação básica têm sido foco de atenção de diferentes atores envolvidos nesse processo. Políticas governamentais são pensadas e implementadas para que os recursos sejam destinados com mais eficiência, como é o caso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer como funciona a organização do financiamento da educação, que envolve diferentes entidades governamentais dotadas de competências que se articulam com a União para empregar os recursos destinados à educação com responsabilidade e eficiência. Vai conhecer ainda qual é o papel do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) nos processos de investimento desses recursos, assim como os meios de financiamento mais eficazes para obter os melhores resultados de desempenho nos processos educacionais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever como se organiza o financiamento da educação.• Identificar a função do FUNDEB no financiamento.• Examinar possibilidades para um financiamento mais eficiente.• DESAFIO Após a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), o governo identificou que havia uma lacuna que deixava de fora grande parte da população que tem direito ao acesso à educação. Desse modo, em 2007 foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Este foi criado pela Emenda Constitucional n.o 53/2006 e regulamentado pela Lei n.o 11.494/2007 e pelo Decreto no 6.253/2007, em substituição ao FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006. Você é professor da rede pública básica e conhece de perto os problemas e desafios enfrentados por todos os profissionais da educação. Ao considerar a existência de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação e as relações entre uma educação de qualidade e a formação de professores, seu desafio é apontar duas sugestões de como os valores destinados aos profissionais da educação podem ser melhor aproveitados. INFOGRÁFICO A qualidade da educação passa por uma boa administração dos recursos financeiros e pelo acompanhamento das ações governamentais pela sociedade civil e por entidades ligadas ao campo educacional. Duas políticas governamentais voltadas para o investimento e manutenção da educação foram o FUNDEF e o FUNDEB. No Infográfico a seguir, veja as principais diferenças entre esses dois fundos. CONTEÚDO DO LIVRO É fundamental para o seu dia a dia de trabalho conhecer o modo como é organizado o financiamento da educação no Brasil e como as leis distribuem as atribuições das entidades governamentais. Na obra Políticas públicas e educação, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo O financiamento da educação e o FUNDEB e saiba mais sobre o assunto. Além disso, conheça a função do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, dentro das formas de organização dos investimentos e de manutenção da educação, e os meios de financiamento mais eficientes por meio de propostas governamentais, oportunizando melhor proveito dos recursos arrecadados. Boa leitura. POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO Caroline Costa Nunes Lima O financiamento da educação e o FUNDEB Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a maneira como se organiza o financiamento da educação. Identificar a função do FUNDEB no financiamento. Examinar possibilidades para um financiamento mais eficiente. Introdução Neste capítulo, você vai estudar o financiamento da educação no Brasil, identificando como as leis distribuem as competências e responsabilida- des das entidades governamentais. Você também vai ver qual é a função do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) na organização dos investimentos e na manutenção da educação no País. Por fim, vai examinar as possibilidades de financiamento, verificando quais são as mais eficazes, que oportunizam melhor proveito dos recursos arrecadados. Como se organiza o financiamento da educação O sistema de ensino básico brasileiro sempre manteve profundas relações com o contexto histórico, econômico e social em que esteve inserido. Além disso, sempre esteve vinculado ao modo como cada governo concebeu os princípios e fi nalidades da educação. Atualmente, temas relativos ao fi nanciamento edu- cacional têm ocupado um papel de destaque cada vez maior. Isso decorre de sua complexidade, já que o fi nanciamento da educação envolve diversas esferas governamentais e entidades de setores educacionais públicas e privadas. Além disso, hoje existem estudos avançados sobre as relações entre a organização, a gestão e o investimento no sistema de educação brasileiro. Como você sabe, a Constituição Federal, promulgada em 1988, representou um avanço significativo na trajetória do País. A Carta Magna instituiu a edu- cação como um direito para todos os cidadãos. Outros elementos se vinculam a esse direito, por exemplo, a promoção do bem-estar social. Desse modo, a garantia desse direito é responsabilidade do Estado, que deve articular a oferta de elementos culturais, de lazer, tecnológicos, etc. De acordo com Machado (2017, p. 2), para que a lei seja efetivamente cumprida: [...] é necessário que haja comprometimento de todos e todas em relação ao desenvolvimento da qualidade educacional. Partindo da sociedade, para va- lorização da educação e dos profissionais da área, ao governo, em valorizar e estimular a permanência do docente em sala de aula, com salários dignos a sua profissão, bem como ao profissional, em não se deixar cair no comodismo e no tradicional. É importante você notar que, quando se fala de educação, está em jogo a formação de indivíduos para o pleno exercício da cidadania. A ideia é formar cidadãos capazes de participar ativamente da sociedade, analisando o que acontece ao seu redor com criticidade e consciência. Assim, essa formação não se restringe à mera transmissão de conteúdos, mas à instrumentalização do educando para que construa continuamente seu próprio conhecimento. Ele deve identificar seus direitos e deveres, questionar e buscar meios de melhorar a sociedade (MACHADO, 2017). Para se assegurar uma educação com equidade e mínima qualidade, é fundamental reconhecer as responsabilidades das esferas governamentais federais, estaduais e municipais em relação aos investimentos nas áreas edu- cacionais. Isso vale para as áreas pedagógica, administrativa, de infraestrutura e formação dos profissionais da educação. Observe o Quadro 1, a seguir, para identificar como se organiza o financiamento da educação a partir das três esferas administrativas dispostas na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996). O financiamento da educação e o FUNDEB2 Esfera governamental Constituição Federal LDB União Organizará o sistema federal de ensino e o dos territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios (art. 211, § 1º, redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996). Prestará assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas deensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva (art. 9º, III). Estados, municípios e Distrito Federal Aplicará, anualmente, nunca menos de 18, e os estados, o Distrito Federal e os municípios, 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e no desenvolvimento do ensino (art. 212). Definirá, com os municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público (art. 10, II). Quadro 1. Regime de colaboração financeira entre os entes federados 3O financiamento da educação e o FUNDEB Observando o Quadro 1, você pode identificar que a LDB reforça o que a Constituição dispõe sobre questões relacionadas ao financiamento educacional. Afinal, essas formas de organização são complexas em um país marcado por tantos problemas nos mais variados setores, tais como o educacional, foco de seus estudos. Além das disposições que determinam as competências dos setores governamentais, a Constituição Federal determina que no mínimo 25% das receitas tributárias estaduais e municipais e 18% de impostos federais sejam aplicados na educação. Outro ponto a ser analisado é que essas possibilidades de investimento estão relacionadas às arrecadações governamentais. Conse- quentemente, há desigualdades e distorções entre as regiões com maiores e menores índices de desenvolvimento. Ao observar como o cenário educacional brasileiro se apresenta, você acha que esses recursos estão sendo devidamente aproveitados? Essas relações dizem respeito a todos os brasileiros: É indispensável a participação da comunidade no acompanhamento e na fiscalização dos recursos destinados à educação e, particularmente, à manu- tenção e ao desenvolvimento no ensino. É princípio da administração pública a publicização de seus atos. A peça orçamentária está disponível para qualquer cidadão, basta procurar as instituições do poder legislativo ou executivo para obter tais informações (BRASIL, 2006, p. 40-41). Assim, ao verificar como se articulam as organizações do financiamento da educação, você deve ter em mente que a sociedade civil e todos os demais atores envolvidos nesse processo precisam se esforçar para se apropriarem das formas como esses financiamentos são organizados por União, Distrito Federal, municípios e setor privado. Além disso, precisam acompanhar e fiscalizar se o que está assegurado por lei de fato é sendo cumprido. A função do FUNDEB no financiamento Você faz ideia de quanto custa a manutenção fi nanceira da educação no Bra- sil? De onde especifi camente esses recursos provêm? Questões como essas envolvem discussões e esforços do governo a fi m de formular políticas para organizar investimentos e manutenções dos sistemas de ensino. Um desses esforços data de 1996 e consiste na regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valoriza- O financiamento da educação e o FUNDEB4 ção do Magistério (FUNDEF), implementado em 1998. Ele representou um avanço para o enfrentamento dos problemas do ensino fundamental público, adotando novos critérios para a distribuição dos recursos públicos vinculados à educação. Além disso, previa o alcance de resultados satisfatórios nos índices de desempenho nacionais, principalmente nas regiões mais impactadas pelas desigualdades (BRASIL, 1996). Em 2007, foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Edu- cação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, por meio da Emenda Constitucional nº 53. Ele é regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007. O FUNDEB substitui o FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006. O FUNDEB: é um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda compõe o Fundeb, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica. O aporte de recursos do governo federal ao Fundeb, de R$ 2 bilhões em 2007, aumentou para R$ 3,2 bilhões em 2008, R$ 5,1 bilhões em 2009 e, a partir de 2010, passou a ser no valor correspondente a 10% da contribuição total dos estados e municípios de todo o país. Os investimentos realizados pelos governos dos Estados, Distrito Federal e Municípios e o cumprimento dos limites legais da aplicação dos recursos do Fundeb são monitorados por meio das informações declaradas no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), disponível no sítio do FNDE (BRASIL, 2018, documento on-line). O FUNDEB se destina aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios que oferecem a educação básica, tendo como critérios de distribuição o quan- titativo de matrículas nas instituições de ensino públicas e com convênios, a partir dos dados coletados por meio do censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC). Para conhecer as instituições que fazem parte da operacionalização do Fundo e as suas principais atribuições, analise o Quadro 2, a seguir (BRASIL, 2018, documento on-line). 5O financiamento da educação e o FUNDEB Órgãos gestores/ áreas gestoras Atribuições INEP Realizar o censo escolar e disponibilizar dados. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) Dar apoio técnico acerca do Fundo aos estados, Distrito Federal, municípios, conselhos e instâncias de controle; Realizar capacitação dos membros dos conselhos; Divulgar orientações e dados; Realizar estudos técnicos com vistas à definição de um valor referencial anual por aluno que assegure qualidade do ensino; Monitorar a aplicação de recursos. Ministério da Fazenda Definir a estimativa de receita do Fundo; Definir e publicar os parâmetros operacionais do FUNDEB, junto ao Ministério da Educação (MEC); Disponibilizar os recursos arrecadados para distribuição ao Fundo; Realizar o fechamento de contas das receitas anuais do Fundo. Ministério do Planejamento Assegurar no orçamento recursos federais que entram no Fundo; Participar do Conselho do Fundo, no âmbito da União. Banco do Brasil Distribuir recursos e manter contas específicas do Fundo de estados e municípios. Caixa Econômica Federal Manter contas específicas do Fundo de estados e municípios. Quadro 2. Instituições que fazem parte da operacionalização do Fundo e suas principais atribuições Assim, a partir da articulação entre todos esses órgãos e deles com as es- feras governamentais, o FUNDEB é distribuído em todo o território nacional, considerando o contexto social e econômico das localidades. Além disso, há O financiamento da educação e o FUNDEB6 uma complementação de valores, realizada pela União, voltada para regiões em que o valor de investimento calculado para cada aluno é inferior à média estipulada para cada ano letivo. A ideia é que essa redistribuição oportunize uma educação com equidade. Que tal conhecer melhor o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério? O FUNDEF teve origem na Emenda Constitucional nº 14, de 24 de dezembro de 1996, e foi implementado em 1º de janeiro de 1998. Ele envolvia mecanismos de redistribuição de recursos financeiros vinculados ao ensino fundamental. Além disso, seu objetivo era a universalização doensino fundamental e a remuneração condigna ao magistério. Os recursos eram destinados ao ensino fundamental público (poderia haver gastos com educação de jovens e adultos, contudo as matrículas não eram computadas para efeito de distribuição de recursos). Quanto ao valores anuais, o valor mínimo anual era calculado por meio da previsão de receita para o Fundo segundo gastos do ano anterior. Entre 1997 e 1999, foi estabelecido um valor único para os alunos do ensino fundamental. A partir de 2000, houve diferenciação de 5% nos valores destinados aos anos finais (5ª a 8ª série) do ensino fundamental e à educação especial em relação ao valor destinado aos anos iniciais do ensino fundamental (OLIVEIRA: MORAES; DOURADO, 2013). Possibilidades para um financiamento mais eficiente A responsabilidade de ofertar uma educação de qualidade a todos, como asseguram as leis, é partilhada pelas esferas governamentais. Em um país com uma dívida histórica com o campo educacional, que carrega as marcas de uma educação de caráter excludente e desigual que se arrastou por longos anos, os problemas enfrentados são ainda maiores. As consequências passam, por exemplo, por altas taxas de analfabetismo (e analfabetismo funcional), distorção entre idade e série e evasão escolar. Todas 7O financiamento da educação e o FUNDEB essas circunstâncias envolvem também as relações entre o financiamento e a manutenção da educação, bem como a luta pela democratização do ensino e para assegurar um ensino com equidade e qualidade, tal como dispõem a Constituição (BRASIL, 1988) e a LDB (BRASIL, 1996). Como política social e produtora de oportunidades, a educação deve ser viabilizada com igualdade de direitos. Também deve haver a oferta de uma educação de qualidade. Essas questões devem ser pensadas quando se trata da competência dos responsáveis pelo financiamento público do ensino. Para se pensar em meios mais eficientes de administração desses recursos, o governo instituiu novas ações, tais como a apresentada a seguir: A Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade — instituída pela Lei n° 11.494, de 20 de junho de 2007 —, em reunião realizada em 26 de abril de 2012, considerando que os critérios definidos por aquela resolução e portaria não permitiam identificar objetiva- mente os entes federados demandantes de recursos para a complementação do piso salarial dos professores e considerando ainda a impossibilidade de se definirem critérios justos que apontassem o município ou estado em condições mais precárias para receber essa complementação, decidiu, por unanimidade, que os recursos destinados a esse objetivo deveriam ser distribuídos segundo a utilização dos mecanismos usuais e automáticos já adotados pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), já que os estados e municípios que recebem a referida complementação são aqueles cujo valor aluno/ano (VAA) de seus fundos estaduais está abaixo do valor mínimo, comprovando, assim, sua dificuldade financeira. Como consequência dessa reunião, o MEC expe- diu a Resolução n° 7, de 26 de abril de 2012, ainda em vigor, que se encontra publicada no Diário Oficial da União do dia 30 de julho de 2012 (BRASIL, 2015, p. 303). Outro documento de destaque consiste no Plano Nacional de Educação (PNL, Lei nº 13.005, de 2014), que formulou propostas e estratégias como a Meta 20, que prevê a ampliação do investimento público em educação para que sejam utilizados no mínimo 7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2019 e 10% dele até 2024. Para entender melhor como ocorrem esses investimentos, observe o Quadro 3, a seguir. Ele apresenta os valores dos investimentos públicos aplicados na educação básica por meio do FUNDEF, do FUNDEB e do salário-educação no ano de 2013. O financiamento da educação e o FUNDEB8 Fonte: Adaptado de Brasil (2014, p. 343). Anos FUNDEF/FUNDEB (valores em bilhões) Salário-educação (valores em bilhões) 2004 46,11 6,87 2005 49,17 8,87 2006 51,3 9,90 2007 66,44 9,86 2008 85,59 11,69 2009 92,10 12,06 2010 104,34 13,32 2011 112,64 14,94 2012 113,90 15,80 2013 119,10 16,74 Quadro 3. Investimentos públicos aplicados na educação básica Observe que, além do FUNDEF e do FUNDEB, está presente no finan- ciamento o salário-educação. Ele é uma contribuição social destinada ao financiamento de programas e ações da educação básica, regulamentada pela Lei nº 9.424/1996. Analisando as relações entre essas políticas, você pode notar que os maiores desafios para a melhoria do sistema de ensino brasileiro são relativos ao modo como os recursos são recolhidos e aplicados, como registra o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2015, p. 61): [...] a vinculação de recursos financeiros para a educação, a ampliação dos percentuais do PIB para a educação nacional, bem como a vinculação do financiamento a um padrão nacional de qualidade, o acompanhamento e o controle social da gestão e uso dos recursos [...] são passos imprescindíveis para a melhoria do acesso, permanência e aprendizagem significativa dos estudantes. 9O financiamento da educação e o FUNDEB Assim, adequar as políticas educacionais para propor meios de finan- ciamentos qualitativos é fundamental para a formação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e se relaciona com todas as metas e estratégias do PNE que devem ser alcançadas gradativamente até 2024. A criação do FUNDEF e do FUNDEB e a presença de formas de organização do financiamento da educação básica em documentos legislativos — tais como a LDB, as emendas constitucionais e o Plano Nacional de Educação — favorecem o uso dos re- cursos de modo mais transparente, equitativo e responsável. O objetivo dessas articulações, como você viu, é enfrentar os graves problemas que marcam a história educacional brasileira. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Plano Nacional de Educação PNE 2014-2024: linha de base. 2015. Disponível em : <http:// portal.inep.gov.br/documents/186968/485745/Plano+Nacional+de+Educa%C3 %A7%C3%A3o+PNE+2014-2024++Linha+de+Base/c2dd0faa-7227-40ee-a520- 12c6fc77700f?version=1.1>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2014/Lei/L13005.htm>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394. htm>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, § 7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9424.htm>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Sobre o Fundeb. 2018. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/ sobre-o-plano-ou-programa/sobre-o-fundeb>. Acesso em: 05 dez. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/Consescol/cad%207.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2018. O financiamento da educação e o FUNDEB10 MACHADO, D. L. Financiamento da educação - FUNDEB: uma análise sobre os inves- timentos na educação. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 13., 2017, Curi- tiba. Anais... Curitiba: PUCPR, 2017. Disponível: <http://educere.bruc.com.br/arquivo/ pdf2017/23762_12134.pdf>. Acessoem: 05 dez. 2018. OLIVEIRA, J. F.; MORAES, K. N.; DOURADO, L. F. O financiamento da educação básica: limites e possibilidades. [2013]. Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/ site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/fin_edu_basica.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2018. Leituras recomendadas CURY, C. R. J. Estado e políticas de financiamento em educação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 831-855, out. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 dez. 2018. FERNANDES, F. C. Do FUNDEF ao FUNDEB: mudança e avanço. [2010?]. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/textosecr/fundef_ao_fundeb.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2018. 11O financiamento da educação e o FUNDEB Conteúdo: DICA DO PROFESSOR De acordo com informações no portal do Ministério da Educação, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) foi criado pela Emenda Constitucional n.º 53/2006 e regulamentado pela Lei n.º 11.494/2007 e pelo Decreto n.º 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), que vigorou de 1998 a 2006. Na Dica do Professor de hoje, conheça um pouco mais sobre essa política governamental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Para que a oferta da educação, direito social assegurado por lei, seja feita com equidade e qualidade, é fundamental a articulação das esferas governamentais para assumirem demandas relacionadas ao financiamento. O que dispõe a Constituição de 1988 sobre a aplicação da receita resultante de impostos? A) A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o Distrito Federal e os municípios, vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e no desenvolvimento do ensino. B) A União e os municípios aplicarão cerca de 10% das fontes de recursos e, para os estados e o Distrito Federal, o valor é de 20%. A União aplicará anualmente o mínimo de 10% para as esferas governamentais dos C) recursos recolhidos de impostos municipais, estaduais e federais, que são redistribuídos para todas as regiões do país. D) Estados, municípios e Distrito Federal: o mesmo percentual: 25%. Com relação ao mínimo previsto para a União, o percentual é de 13%. E) Aplicação anual mínima de 25%, pela União, e de 35%, pelos estados e municípios, da receita resultante de impostos na manutenção e no desenvolvimento do ensino. 2) Assinale a alternativa que apresenta o documento que dispõe que a União deve prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para que possam desenvolver seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva. A) Emenda Constitucional n.o 53/2006. B) Constituição Federal de 1988. C) PNE Lei n.o 13.005. D) Lei n.o 11.494/2007. E) LDB 9.394/96. 3) Existem diferentes instituições que participam dos processos de operacionalização do FUNDEB. Assinale a alternativa que representa uma atribuição do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A) Definir a estimativa de receita do Fundo. B) Distribuir recursos e manter contas específicas do Fundo, de estados e municípios. C) Realizar o censo escolar e disponibilizar dados. D) Realizar estudos técnicos com vistas ao valor referencial anual por aluno que assegure a qualidade do ensino. E) Disponibilizar os recursos arrecadados para distribuição ao Fundo. 4) Assinale a alternativa que diz respeito aos responsáveis pelo apoio técnico acerca do FUNDEB a estados, Distrito Federal e municípios, realizando capacitações dos conselhos, divulgando orientações e dados e monitorando a aplicação desses recursos. A) FUNDEF. B) Ministério da Fazenda. C) Ministério do Planejamento. D) FNDE. E) INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). 5) O Plano Nacional de Educação, Lei n.o 13.005, apresenta diferentes metas propostas para melhoria na qualidade da educação em todo o país. Algumas de suas propostas estão relacionadas ao financiamento da educação, tal como a meta 20, que propõe: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a A) qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público. B) alfabetizar todas as crianças no máximo até o final do terceiro ano do Ensino Fundamental nas escolas básicas de todo país. C) ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no 5.o ano de vigência dessa lei e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB no final do decênio. D) elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. E) oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos nos ensinos Fundamental e Médio na forma integrada à educação profissional. NA PRÁTICA Em diferentes momentos da história educacional no Brasil, é posssível encontrar meios de o governo pensar e investir em educação. Muitas das escolhas feitas no passado refletem até na sociedade contemporânea. Sobre essas relações entre a história, os financiamentos educativos e a contemporaneidade, veja a seguinte situação: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Plano Nacional da Educação Conheça o Plano Nacional de Educação com prazo de vigência de 2014 até 2024, que dispõe metas e estratégias voltadas para assegurar o direito à educação, os investimentos financeiros e as formas de valorização do magistério. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Financiamento da educação no Brasil (1990-2010): impactos no padrão de gestão do Ensino Fundamental Este artigo trata de temáticas envolvendo o financiamento da educação no Brasil entre 1990 e 2010, com ênfase na gestão do Ensino Fundamental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Arrecadação e investimento dos recursos da educação: como funciona o FUNDEB? Este vídeo explica como funciona o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a principal fonte de recursos para a educação básica para estados e municípios, e como esses recursos devem ser investidos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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