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Financiamento da educação escolar APRESENTAÇÃO O financiamento da educação escolar é um tema muito importante para a organização e a estruturação das políticas educacionais brasileiras, uma vez que, para implementar as metas ao sistema educacional, é necessário o repasse de recursos às escolas. Dentre suas atribuições, o financiamento da educação visa a remunerar professores, a manter e melhorar as estruturas das escolas e a suprir os estabelecimentos de ensino públicos com aquilo que necessitam para atender seus alunos, desenvolvendo uma aprendizagem de qualidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as previsões da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 sobre o financiamento escolar. Ainda, você vai conhecer as principais características do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e do Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), percebendo as principais diferenças entre eles. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o que prevê a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.o 9.394/1996) em relação ao financiamento da educação básica. • Determinar as principais características do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. • Diferenciar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) do Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). • DESAFIO Com o objetivo de reparar os problemas identificados no Fundef, e pretendendo ampliar os recursos para a área da educação, no ano de 2007, começa a ser executado o Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb. Pensando nisso, para este Desafio, considere o seguinte cenário: Partindo do que foi exposto, coloque-se no lugar de Gabriela e, com base no financiamento da educação escolar, argumente com o grupo suas reivindicações. INFOGRÁFICO O Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é uma das principais políticas de financiamento coordenada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, sendo responsável por distribuir os percentuais vinculados à educação das receitas dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. No Infográfico a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre os impostos que compõem o Fundeb. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Na Constituição Federal de 1988, há orientações claras sobre a organização dos sistemas de ensino e o financiamento da educação. Lembrando que o ensino obrigatório, no Brasil, compreende o período de 4 a 17 anos de idade e engloba a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. O Fundef (1996 a 2006) e o Fundeb (atual) foram criados por iniciativa do Ministério da Educação, visando, em um primeiro momento, à ampliação do atendimento no Ensino Fundamental e, posteriormente, em toda a educação básica. No capítulo Financiamento da educação escolar, da obra Organização e legislação da educação, você verá como o financiamento da educação escolar está presente na Constituição Federal de 1988 e na LDB atual, além de conhecer as características do Fundef, identificando as diferenças entre este e o Fundeb. Boa leitura. ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO Pablo Rodrigo Bes Revisão técnica: Tiago Cortinaz Graduado em Pedagogia Mestre em Educação Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin — CRB10/2147 B554o Bes, Pablo. Organização e legislação da educação / Pablo Bes, Michela Carvalho da Silva ; [revisão técnica: Tiago Cortinaz]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 257 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-727-5 1. Ensino - Legislação. I. Silva, Michela Carvalho da. II. Título. CDU 37.07 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 2 12/12/2018 08:54:08 Financiamento da educação escolar Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o que prevê a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em relação ao financiamento da educação básica. Determinar as principais características do Fundo de Manutenção e De- senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Diferenciar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério do Fundo de Manu- tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Introdução O financiamento da educação escolar é um tema muito importante para a organização e estruturação das políticas educacionais brasileiras, uma vez que, para implementar as metas do sistema educacional, é necessário o repasse de recursos às escolas. Entre muitas atribuições, o financiamento da educação visa remunerar professores, manter e melhorar as estruturas das escolas e suprir os estabelecimentos de ensino público com aquilo que necessitam para atender bem os seus alunos, desenvolvendo uma aprendizagem de qualidade. Neste capítulo, você vai ler sobre as previsões da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional (Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996) sobre o tema do financiamento escolar. Também vai conhecer as características do Fundo de Manuten- ção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), identificando as principais diferenças entre eles. Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 239 12/12/2018 08:54:33 Financiamento da educação escolar na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases atual O sistema educacional brasileiro e a gestão escolar necessitam de recursos para funcionar de forma efi ciente. Esses recursos, que fi nanciam a educação, estão previstos em lei e devem ser distribuídos de forma equitativa entre os entes da federação. Segundo Oliveira, Moraes e Dourado (2005, p. 11): As discussões acerca do financiamento da educação têm perpassado os de- bates sobre a democratização da educação e da escola por meio do acesso e da permanência [dos alunos nas escolas] com qualidade social, da melhoria da qualidade do ensino e da garantia dos direitos dos cidadãos. Essas discussões se fazem presentes na Constituição Federal de 1988 e na LDB de 1996, que estudaremos neste capítulo. Embora saibamos que “[...] não é fácil financiar o ensino público e gratuito quando a demanda ultrapassa a possibilidade de oferta pelo Estado [...]” (FERNANDES, 2009, p. 24), cabe ao Ministério da Educação encontrar os meios de assegurar que a todos os brasileiros seja garantido o direito à educação. Na Constituição Federal de 1988, existem orientações bem claras a respeito da organização dos sistemas de ensino e financiamento da educação, principalmente ao afirmar o princípio do regime de colaboração a ser desenvolvido entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Conforme seu art. 211: “Art. 211 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”. No § 1º do art. 211, existe uma importante complementação sobre a responsabilidade da União, que, além de organizar os sistemas de ensino, é extensiva aos entes do regime de colaboração: Art. 211 [...] § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equaliza- ção de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidadedo ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (BRASIL, 1988, documento on-line). A Constituição Federal de 1988, em seu art. 212, afirma que: Art. 212 A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita Financiamento da educação escolar240 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 240 12/12/2018 08:54:33 resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1988, documento on-line). Quando esses percentuais de recursos provenientes dos impostos não são suficientes para financiar plenamente a educação dos entes, cabe à União, ao exercer a sua função redistributiva e supletiva, distribuir melhor os recursos entre os estados e ainda complementar as carências necessárias. Ainda no § 3º do art. 212, fica explícita a prioridade da distribuição dos recursos públicos, quando a Constituição Federal menciona que: Art. 212 [...] § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação (BRASIL, 1988, documento on-line). O ensino obrigatório no Brasil compreende o período de 4 a 17 anos de idade, abran- gendo a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Para que se atinjam as metas do Plano Nacional de Educação 2014–2024 em relação à melhoria de qualidade do ensino, à universalização do acesso, à maior equidade e à erradicação do analfabetismo, é necessária uma distribuição de recursos muito bem estruturada. Segundo o art. 213 da Constituição Federal de 1988, os recursos públicos serão destinados às escolas públicas e podem ser de três tipos (Quadro 1). Fonte: Adaptado de Brasil (1988). Comunitárias O princípio básico da escola comunitária é que ela deve estar comprometida com a realidade social e a busca de resultados. Confessionais São as escolas vinculadas a religiões, logo, não são laicas. Filantrópicas Uma instituição de educação que presta serviços à população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem qualquer remuneração. Quadro 1. Escolas públicas que recebem recursos financeiros da União 241Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 241 12/12/2018 08:54:33 A LDB da Educação Nacional de 1996 reafirma os princípios constitucionais do regime de colaboração entre os entes da federação para o financiamento da educação escolar e acrescenta: Art. 68 Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: I — receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II — receita de transferências constitucionais e outras transferências; III — receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV — receita de incentivos fiscais; V — outros recursos previstos em lei (BRASIL, 1996, documento on-line). O salário-educação refere-se a um percentual de 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas brasileiras, que é revertido para a educação e que representa hoje em torno de 20% dos recursos de financiamento da educação escolar. A LDB de 1996 deixa em aberto — ao comentar sobre outras con- tribuições sociais, incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei — a possibilidade ou a “[...] desejável ampliação das verbas para o seu financiamento [da educação]” (BRASIL, 1997, documento on-line). Ressaltamos que, dentro da organização da educação nacional, “[...] o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal criada pela Lei nº. 5.537, de 21 de novembro de 1968, e alterada pelo Decreto-Lei nº. 872, de 15 de setembro de 1969, [que] é responsável pela execução de políticas educa- cionais do Ministério da Educação (MEC)” (BRASIL, 2017a, documento on-line). Ao administrar as políticas de financiamento da educação, o FNDE possui atualmente três políticas principais: o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); o Fundeb; o salário-educação. Por meio dessas políticas de financiamento da educação, os recursos fi- nanceiros necessários às instituições do sistema de ensino brasileiro propor- cionam que as instituições persigam suas metas em busca de uma educação de qualidade para todos os estudantes. Financiamento da educação escolar242 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 242 12/12/2018 08:54:33 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério Com a promulgação da LDB da Educação Nacional de 1996, em vigência na atualidade, foi criado o regime de colaboração entre os entes da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios), que devem trabalhar juntos de forma a assegurar a universalização do direito à educação a todos, erradicar o analfabetismo e melhorar a qualidade da educação brasileira. Como o cenário na época da construção da LDB de 1996 era muito ruim para o ensino fun- damental, houve a necessidade de construir uma política de focalização que concentrasse os recursos públicos no ensino fundamental, criando-se o Fundef. Segundo o Manual de Orientação do Fundef (BRASIL, 2004, p. 5), escrito pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, esse fundo “[...] tem como foco o ensino fundamental público, como o mais represen- tativo segmento da educação básica oferecida pelos Estados e Municípios brasileiros”. Dessa forma, o Fundef foi criado inovando na forma como a arrecadação dos impostos seria vinculada diretamente às escolas públicas de ensino fundamental, procurando cumprir os percentuais estabelecidos no art. 212 da Constituição Federal. Os principais objetivos do Fundef são: universalização; manutenção; melhoria de qualidade; valorização dos profissionais do magistério. O Fundef buscava garantir a oferta do ensino fundamental a todos os alunos, bem como que estes tivessem condições de se manter frequentes nas escolas. Também buscou uma maior valorização de professores e demais profissionais da educação por meio da garantia de seus salários. Tudo isso em prol de uma melhoria significativa na qualidade das aprendizagens dos estudantes do ensino fundamental. Essa, aliás, é a grande crítica em relação ao Fundef, que, embora tenha representado um avanço na política de financiamento educacional, apresentou como limitações ter deixado à margem o segmento da educação infantil, do ensino médio e de outras modalidades importantes, como a educação de jovens e adultos. O Fundef foi composto, basicamente, por recursos dos próprios estados e municípios, originários de fontes já existentes, sendo constituído por 15% dos seguintes fundos (BRASIL, 2004): 243Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 243 12/12/2018 08:54:33 Fundo de Participação dos Estados (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPM); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), incluindo os recursos relativos à desoneração de exportações, de que trata a Lei Complementar nº. 87, de 13 de setembro de 1996; Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp). Além desses recursos vinculados à arrecadação dos impostos, o Fundef foi composto por uma parcela de recursos federais para que se atingissem os valores mínimos investidos por aluno do ensino fundamental matriculado. Dessa forma, para entrar no cálculo de recebimento de repasses de recursos do Fundef, as escolas deveriam ter o máximo de cuidados no preenchimento do Censo Escolar realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Esses dados do Censo Escolar serviam de base para os repasses de recursos do exercício seguinte. Para o cálculodos valores a serem repassados por aluno para as escolas, foram utilizadas fórmulas que consideravam a quantidade de alunos do ensino fundamental regular e o valor mínimo nacional por aluno, que era o mesmo até 1999, sendo posteriormente diferenciado entre: os alunos da 1ª a 4ª séries e de 5ª a 8ª séries, sendo os valores de 5ª a 8ª séries superiores em 5%; os alunos que compunham a educação especial da escola também re- cebiam valor superior idêntico ao das escolas rurais, que começaram a ser diferenciadas a partir de 2005; as estimativas de matrículas para o próximo ano letivo. Os valores mínimos nacionais por aluno aplicados nos anos de vigência do Fundef constam no Quadro 2. Ano 1ª a 8ª séries 1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries e educação especial 1997 300,00 — — 1998 315,00 — — 1999 315,00 — — Quadro 2. Distribuição de valores por matrícula do Fundef (Continua) Financiamento da educação escolar244 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 244 12/12/2018 08:54:33 O Fundef surgiu para trazer como foco a vinculação do percentual de 15% de alguns impostos para a educação escolar realizada no ensino fundamental. Porém, correu o risco de, ao privilegiar somente essa etapa da educação, deixar de ter uma visão do todo e da interdependência entre as etapas da educação básica e os níveis da educação (básica e superior). Davies (2006, p. 755) reforça esse argumento ao comentar que “[...] a educação não pode ser pensada em pedaços, como se uma parte (a graduação ou a pós-graduação, por exemplo) pudesse funcionar bem sem as outras (a educação básica, por exemplo)”. Dessa forma, caberia ao Ministério da Educação corrigir essa deficiência, buscando uma visão sistêmica, integrada para a educação escolar brasileira. Existem críticas em relação ao Fundef no sentido de que, embora tenha sido criado para que houvesse uma melhor distribuição dos impostos estaduais e municipais para a área da educação (ensino fundamental), o fundo “[...] praticamente não trouxe recursos novos para o sistema educacional brasileiro como um todo, pois apenas redistribuiu, em âmbito estadual, entre o governo estadual e os municipais, uma parte dos impostos que já eram vinculados à MDE antes da criação do Fundo” (DAVIES, 2006, p. 756). A Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) refere-se às receitas vinculadas aos entes da federação. Ano 1ª a 8ª séries 1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries e educação especial 2000 — 333,00 349,65 2001 — 363,00 381,15 2002 — 418,00 438,90 2003 — 462,00 485,10 2004 — 537,71 564,60 2005 — 620,56 escolas urbanas 632,97 escolas rurais 651,59 escolas urbanas 664,59 escolas rurais 2006 — 682,60 escolas urbanas 696,25 escolas rurais 716,73 escolas urbanas 730,38 escolas rurais Quadro 2. Distribuição de valores por matrícula do Fundef (Continuação) 245Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 245 12/12/2018 08:54:33 Outro aspecto é a forma de planejamento do Fundef, visando à distri- buição de recursos entre todas as escolas de ensino fundamental do sistema educacional brasileiro para a melhoria da qualidade, que favoreceu alguns municípios maiores em detrimento de outros menos populosos, com menor número de alunos matriculados. Bremaeker (2007, p. 100) afirma que “[...] a lógica do Fundef contraria a lógica do FPM, visto que os municípios de pequeno porte demográfico estão recebendo menos recursos pelo fato de possuírem [...] poucos alunos, mesmo que sejam responsáveis por 100% dos alunos matriculados no seu município”. Segundo Mendes, Miranda e Cosio (2008), o FPM se trata de uma trans- ferência redistributiva, paga pela União a todos os municípios do País, con- siderando alguns aspectos como: o número de habitantes; a renda per capita dos habitantes dos municípios; uma complementação de recursos conhecida como fundo de reserva para os municípios menos populosos. Os fundos responsáveis pelo financiamento da educação nos estados e municípios brasi- leiros são administrados pelas respectivas secretarias de educação estaduais e municipais. Dentro da escola, os gestores também têm acesso a programas públicos geridos pelo FNDE e que trazem recursos para que o gestor escolar possa administrar sua escola. É o caso do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), por exemplo, acessível a todas as escolas públicas e sem fins lucrativos ou ainda escolas privadas de educação especial que possuam mais de 50 alunos matriculados, com o objetivo de buscar melhorias da infraestrutura física e pedagógica das escolas. As escolas recebem nesse programa um valor fixo (diferente para escolas rurais e urbanas) e um valor monetário por aluno matriculado. Fundef versus Fundeb Visando corrigir os problemas identifi cados no Fundef e propor uma ampliação dos recursos para a área da educação, a partir do ano de 2007, começou a ser executado o Fundeb, que: Financiamento da educação escolar246 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 246 12/12/2018 08:54:33 [...] é um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estados e Distrito Federal, num total de 27 fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal (BRASIL, 2017b, documento on-line). O art. 212 da Constituição Federal cita os percentuais mínimos a serem apli- cados pelos entes da federação na área da educação, conforme (BRASIL, 1988): municípios — 25% estados e Distrito Federal — 25%; União — 18%. Também está previsto no Fundeb que a União exerça a sua função supletiva e complementar sempre que os recursos não sejam suficientes a partir das receitas de impostos dos estados e municípios. Assim, o financiamento da educação escolar também é parte importante da engrenagem, que constitui o regime de colaboração proposto pela Constituição Federal de 1988, art. 211, pelo qual são organizados os sistemas de ensino brasileiros. Os recursos disponibilizados pelo Fundeb são destinados para a remune- ração do magistério (60%) e os 40% restantes são destinados para a cobertura das demais despesas de “manutenção e desenvolvimento do ensino”, conforme o art. 70 da LDB de 1996, que cita: Art. 70 [...] I — remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissio- nais da educação; II — aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III — uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV — levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V — realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sis- temas de ensino; VI — concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII — amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII — aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar (BRASIL, 1996, documento on-line). 247Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 247 12/12/2018 08:54:33 Gomes (2009) destaca que, entre os benefícios assegurados a partir do Fundeb, está a substituição da métrica do valor anual mínimo por aluno ma- triculado utilizada no Fundef pela lógica do custo aluno-qualidade, ou seja, o real valor necessário para que a educação básica se desenvolvesse com qualidade nas escolas públicas brasileiras passa a ser a questão motivadora. Na Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007, que regulamentou o Fundeb, está assegurada a participação da comunidade educacional, por meio da Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade (art. 12) no processo de definição do padrão nacional de qualidade perseguido. Como o conceito de qualidade é complexo esubjetivo, deve ser construído socialmente, pois “[...] não é possível ter uma definição única do que seja um padrão de qualidade, mas, sem dúvida, é possível construir consensualmente um patamar mínimo sobre o qual deve se assentar o processo educacional de qualquer cidadão” (GOMES, 2009, p. 9). O art. 3º da Lei nº. 11.494/2007 estabelece que, para compor o Fundeb, agora serão repassados 20% das receitas arrecadadas pelos estados e pelo Distrito Federal para a educação básica relativas aos seguintes impostos: Art. 3º [...] I — imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos [...] II — imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação [...] III — imposto sobre a propriedade de veículos; IV — parcela do produto da arrecadação do imposto que a União eventual- mente instituir [...] V — parcela do produto da arrecadação do imposto sobre a propriedade territorial rural [...] VI — parcela do produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre produtos industrializados [...] VII — parcela do produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre produtos industrializados [...] VIII — parcela do produto da arrecadação do imposto sobre produtos in- dustrializados [...] IX — receitas da dívida ativa tributária relativa aos impostos previstos neste artigo, bem como juros e multas eventualmente incidentes (BRASIL, 2007, documento on-line). Financiamento da educação escolar248 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 248 12/12/2018 08:54:34 Podemos perceber que, em busca da qualidade no ensino, é ampliado o repasse do percentual das arrecadações das receitas estaduais de 15% para 20%, bem como é aumentado o rol de impostos destinados para compor o Fundeb. Uma reflexão importante sobre o financiamento da educação escolar é que todos os recursos que mantêm sistemas de ensino e escolas são provenientes de impostos. Isso significa que a extinção de impostos a qualquer custo, uma constante nos debates públicos, pode resultar em menor arrecadação por parte da União, dos estados e municípios e, por conseguinte, menos investimentos em educação. Para saber mais sobre o Fundeb, leia na íntegra a Lei nº. 11.494/2007, por meio do link: https://goo.gl/VctfwW Comparação dos fundos Ambos os fundos (Fundef e Fundeb) foram iniciativas do Ministério da Educa- ção buscando ampliar o atendimento no ensino fundamental, em um primeiro momento, e posteriormente em toda a educação básica, acompanhando a própria evolução do direito à educação a todos, afi rmado a partir da Constituição Federal de 1988. Cada um dos fundos teve suas características particulares e atingiu objetivos específi cos. O Quadro 3 apresenta as principais diferenças entre os dois fundos. 249Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 249 12/12/2018 08:54:34 Pa râ m et ro Fu nd ef Fu nd eb V ig ên ci a 19 96 a 2 00 6 20 07 a 2 02 0 A lc an ce Ap en as o e ns in o fu nd am en ta l To da a e du ca çã o bá sic a (e du ca çã o in fa nt il, en sin o fu nd am en ta l e e ns in o m éd io ) Po rc en ta ge m de re cu rs os qu e co m põ em o fu nd o 15 % d e co nt rib ui çã o da s re ce ita s d e im po st os d e es ta do s, D ist rit o Fe de ra l e m un ic íp io s, so br e as fo nt es a ba ix o. 16 ,2 5% n o 1º a no ; 17 ,5 0% n o 2º a no ; 18 ,75 % n o 3º a no ; 20 % a p ar tir d o 4º a no ; co nt rib ui çã o da s r ec ei ta s d e im po st os d e es ta do s, D ist rit o Fe de ra l e M un ic íp io s, so br e as fo nt es a ba ix o. Co nt rib ui çã o de e st ad os , D ist rit o Fe de ra l e m un ic íp io s, de : 5% n o 1º a no ; 10 % n o 2º a no ; 15 % n o 3º a no ; 20 % a p ar tir d o 4º a no , s ob re a s f on te s a ba ix o. Q ua dr o 3. D ife re nç as e nt re o F un de f e o F un de b (C on tin ua ) Financiamento da educação escolar250 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 250 12/12/2018 08:54:34 Pa râ m et ro Fu nd ef Fu nd eb Fo nt es d e re cu rs os q ue co m põ em o fu nd o FP E; FP M ; IC M S; IP Ie xp ; de so ne ra çã o de e xp or ta - çõ es (L ei C om pl em en ta r n º. 87 /1 99 6) . FP E; FP M ; IC M S; IP Ie xp ; de so ne ra çã o de e xp or ta çõ es (L ei c om pl em en ta r n º. 87 /1 99 6) ; co m pl em en ta çã o da U ni ão . Im po st o so br e Tr an sm iss ão C au sa M or tis e D oa çõ es (I TC M D ); Im po st o so br e Pr op rie da de d e Ve íc ul os Au to m ot or es (I PV A) ; Im po st o so br e Re nd a e Pr ov en to s I nc id en te s so br e Re nd im en to s p ag os p el os M un ic íp io s; Im po st o so br e Re nd a e Pr ov en to s I nc id en te s so br e Re nd im en to s p ag os p el os e st ad os ; Q uo ta P ar te d e 50 % d o Im po st o Te rri to ria l Ru ra l d ev id a ao s M un ic íp io s ( IT R) . Co m pl em en ta çã o da U ni ão Co m pl em en ta çã o da U ni ão Cr it ér io s p ar a di st ri bu iç ão do s r ec ur so s Co m b as e no n úm er o de a lu no s do e ns in o fu nd am en ta l r eg ul ar e es pe ci al , d e ac or do c om d ad os do C en so E sc ol ar d o an o an te rio r. Co m b as e no n úm er o de a lu no s d a ed uc aç ão b ás ic a (p ré -e sc ol ar , f un da m en ta l e m éd io ), d e ac or do c om d ad os d o Ce ns o Es co la r d o an o an te rio r, o bs er va da a se gu in te es ca la d e in cl us ão : a lu no s d o en sin o fu nd am en ta l r eg ul ar e e sp ec ia l: 1 00 % a p ar tir d o 1º a no ; e a lu no s d a ed uc aç ão p ré -e sc ol ar , e ns in o m éd io e e ns in o de jo ve ns e a du lto s (E JA ): 2 5% n o 1º a no ; 5 0% n o 2º a no ; 7 5% n o 3º a no e 1 00 % a p ar tir d o 4º a no . Q ua dr o 3. D ife re nç as e nt re o F un de f e o F un de b (C on tin ua çã o) (C on tin ua ) 251Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 251 12/12/2018 08:54:34 Fo nt e: A da pt ad o de F er na nd es (2 00 9) . Pa râ m et ro Fu nd ef Fu nd eb U ti liz aç ão do s r ec ur so s M ín im o de 6 0% p ar a re m u- ne ra çã o do s p ro fis sio na is do m ag ist ér io d o en sin o fu nd am en ta l; ou tra s d es pe sa s d e m an ut en - çã o e de se nv ol vi m en to d o en sin o fu nd am en ta l. M ín im o de 6 0% p ar a re m un er aç ão d os p ro fis sio na is do m ag ist ér io d a ed uc aç ão b ás ic a; ou tra s d es pe sa s d e m an ut en çã o e de se nv ol vi m en to d a ed uc aç ão b ás ic a. Sa lá ri o- ed uc aç ão Vi nc ul ad o ao e ns in o fu nd am en ta l. Vi nc ul ad o à ed uc aç ão b ás ic a co m o um to do . Q ua dr o 3. D ife re nç as e nt re o F un de f e o F un de b (C on tin ua çã o) Financiamento da educação escolar252 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 252 12/12/2018 08:54:34 Como podemos perceber, as principais diferenças em relação aos dois fundos dizem respeito à destinaçãodos recursos arrecadados pelos impostos estaduais e municipais, que, com o Fundeb, passam a ser investidos em toda a educação básica, não ficando restritos ao ensino fundamental somente. Houve também um aumento no percentual e no número de impostos que compõem o fundo, com o Fundeb. Além disso, podemos dizer que, com o Fundeb, busca-se um aumento no aporte de recursos, entendendo que uma educação pública de qualidade deve ser perseguida a partir do investimento na valorização dos professores e nas estruturas que compõem as escolas, o que faz o cálculo dos valores por aluno matriculado, a partir da ideia de qualidade, ser melhorado no Fundeb, em comparação com o Fundef. Ainda assim, fica evidente que muito precisa ser melhorado no financiamento educacional caso queiramos melhorar nossos índices da educação básica e a qualidade da aprendizagem dos alunos. Poderíamos começar listando o pagamento do piso nacional do magistério a todos os professores das escolas públicas do sistema educacional brasileiro, por exemplo, como um indicador que afeta diretamente a qualidade do que é desenvolvido em sala de aula. Se os recursos estão previstos no Fundeb, pagos por meio das receitas de impostos de estados e municípios, complementados pela União, por que não é cumprido esse piso nacional? É um forte indício que ou existe falta de recursos de financiamento ou existe má administração dos recursos do Fundeb. Bassi (2018, p. 3) alerta que o Fundeb está chegando próximo de seu término de funcionamento e se preocupa ao comentar que: [...] o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) requer atenção espe- cial. Na verdade, como principal fonte de recursos do nível de ensino, não pode transbordar ao futuro inconsistências do presente, ante o risco, dentre outros, de obliterar a ascensão qualitativa — já questionável — da educação pública no Brasil. As discussões atuais dizem respeito às propostas de tornar perene o Fundeb como política de financiamento da educação básica. Porém, a ideia, algumas vezes, coloca em confronto a questão da qualidade educacional, que se pretende adquirir e que exigiria uma ampliação significativa de recursos. 253Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 253 12/12/2018 08:54:34 Financiamento da educação escolar254 Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 254 12/12/2018 08:54:34 BASSI, C. M. Potencial redistributivo dos fatores de ponderação: o Fundeb diante da demanda dos municípios. Brasília: Ipea, 2018. Disponível em: <http://repositorio.ipea. gov.br/bitstream/11058/8589/1/NT_50_Disoc_Potencial.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Quem somos. FNDE, 2017a. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Sobre o Fundeb. FNDE, 2017b. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 jun. 2007. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/cci-vil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11494.htm>. Acesso em: 26 nov. 2018. BRASIL. Manual de Orientação. FUNDEF, 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/seb/arquivos/pdf/Fundebef/manual2%5B1%5D.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parecer CEP 26/97. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 dez. 1997. Disponível em: <http:// portal. mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PNCP2697.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2018. BREMAEKER, F.E.J. A influência do FUNDEF nas finanças municipais em 2005. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), 2007 (Série Estudos Especiais, n. 192). Disponível em: <http://www.oim.tmunicipal.org.br/ abre_documento. cfm?arquivo=_repositorio/_oim/_documentos/FF13005C-D32C- F8FA-778B0179EA-A8F32A24032015015439.pdf&i=2786>. Acesso em: 25 nov. 2018. DAVIES, N. FUNDEB: a redenção da educação básica. Educação e Sociedade, Campinas, v. 27, n. 96 - Especial, p. 753-774, out. 2006. FERNANDES, F. C. O Fundeb como política pública de financiamento da educação. Re-tratos da Escola, v. 3, n. 4, p. 23-38, jan./jun. 2009. 255Financiamento da educação escolar Organizacao e Legislacao da Educacao_BOOK.indb 255 12/12/2018 08:54:34 GOMES, A. V. A. Custo aluno qualidade. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Estudos, 2009. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/ bdca-mara/2782/custo_aluno_gomes.pdf?sequence=4>. Acesso em: 25 nov. 2018. MENDES, M.; MIRANDA, R. B.; COSIO, F. B. Transferências intergovernamentais no Brasil: diagnóstico e proposta de reforma. Brasília: Senado, 2008 (Textos para discussão, 40). Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/ handle/id/94747/Tex-tos%20para%20discuss%C3%A3o%2040.pdf?sequence=7>. Acesso em: 25 nov. 2018. OLIVEIRA, J. F.; MORAES. K. N.; DOURADO, L. F. O financiamento da educação básica: limites e possibilidades. Escola de Gestores, MEC/Políticas e Gestão na Educação, UFG, 2005. Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4- sala_politica_ges-tao_escolar/pdf/fin_edu_basica.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018. DICA DO PROFESSOR Para que o sistema educacional brasileiro possa funcionar de forma equitativa e organizada, estendendo a todas as escolas públicas da educação básica condições de funcionamento e busca de melhoria da qualidade da aprendizagem, são necessários recursos, que compõem a política de financiamento do Ministério da Educação. Dentro dessa política, há o Fundeb e o Salário Educação. Nesta Dica do Professor, você poderá acompanhar algumas características deste último. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Analise as afirmativas a respeito do financiamento da educação escolar e da Constituição Federal de 1988 e assinale a alternativa correta. A) A Constituição Federal de 1988 afirma a educação como um direito público subjetivo e propõe um regime de colaboração entre os entes federativos em relação à organização e ao financiamento. B) A Constituição Federal de 1988, embora trate da educação como um direito social extensivo a todos os brasileiros, não faz apontamentos sobre aspectos de financiamento. C) A Constituição Federal de 1988 estipula que a União, os estados e os minicípios deverão aplicar, respectivamente, 25%, 18% e 18% de suas receitas, com impostos, na área da educação. D) A Constituição Federal de 1988 reitera o compromisso com o financiamento do período de estudos posterior ao obrigatório. E) A Constituição Federal de 1988 repassa os encargos de financiamento aos estados e ao Distrito Federal, para que façam a gestão e financiem as escolas de seus territórios de forma independente. 2) Analise as afirmativas a respeito do financiamento da educação escolar e da LDB de 1996 e assinale a alternativa correta. A) A LDB de 1996 inova em seu texto ao propor um regime de colaboração entre os entes da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios) para financiar a educação escolar. B) A LDB de 1996 reforça as ideias do regime de colaboração presentes na CF de 1988 referentes ao repasse das receitas de impostos dos entes da federação para a educação, bem como a contribuição social do Salário Educação. C)A LDB de 1996 não aborda o financiamento da educação escolar, somente faz menção ao piso salarial nacional e à organização dos sistemas de ensino. D) A LDB de 1996 impõe, aos entes da federação, que redistribuam 50% de suas receitas de impostos para a área educacional, visando à construção de novas escolas. E) A LDB de 1996 organiza o sistema educacional brasileiro, normatizando seus níveis e modalidades educacionais e deixando a cargo da Constituição Federal a proposição para a área financeira. 3) Analise as afirmativas a respeito das características do Fundef e assinale a alternativa correta. A) O Fundef se caracteriza pelo cálculo dos valores a serem distribuídos às escolas de acordo com o número de professores. B) O Fundef distribuiu as receitas relativas aos impostos de estados e municípios a partir do número de alunos, atribuindo o mesmo valor para alunos de 1.a a 8.a séries. C) O Fundef se encarregou de distribuir recursos para as escolas públicas de Educação Infantil e de Educação Especial. D) O Fundef teve como foco principal o Ensino Fundamental, visando à melhoria de qualidade nessa etapa da educação. E) O Fundef foi um fundo de natureza contábil que se destinava ao financiamento do Ensino Superior vigente. 4) “[...] a educação não pode ser pensada em pedaços, como se uma parte (a graduação ou a pós-graduação, por exemplo) pudesse funcionar bem sem as outras (a educação básica, por exemplo)” (DAVIES, 2006, p. 755). A partir dessa citação, é possível entender que: A) o autor expressa um elogio ao Fundef, que soube dimensionar os recursos para todas as etapas da educação. B) o autor faz uma crítica ao Fundef, que procurou focalizar somente o Ensino Fundamental. C) o autor reforça a ideia de que as políticas de financiamento deveriam valer para todos os níveis educacionais, como o Fundeb procura fazer. D) o autor salienta que o Brasil precisa deixar de investir seus recursos somente no Ensino Superior. E) o autor acredita que, envolvendo todas as etapas da educação nos pensamentos acadêmicos, a qualidade de ensino melhoraria de forma imediata. 5) Analise as afirmativas a respeito das diferenças entre o Fundef e o Fundeb e assinale a alternativa correta. A) A principal diferença entre os fundos é o fato de que o Fundeb também considera as escolas privadas para receber o repasse dos recursos de financiamento. B) Não existem diferenças consistentes entre os dois fundos, uma vez que a fórmula de cálculo dos valores repassados para as escolas não se alteram. C) As diferenças entre os fundos são de natureza operacional, uma vez que atuam em conjunto – um nas questões salariais dos professores e, o outro, na manutenção das escolas. D) A principal diferença entre os dois fundos é a forma como fazem a utilização dos recursos que financiam a educação escolar. E) As diferenças principais entre os fundos dizem respeito ao financiamento, ao percentual da receita de impostos a serem vinculados para a educação básica e à quantidade de impostos vinculados. NA PRÁTICA O Fundeb é um importante instrumento da política de financiamento da educação básica nacional, que, além de distribuir à educação os recursos vinculados aos impostos estaduais e municipais, também exerce função equalizadora ao distribuí-los para as escolas de acordo com as diferenças entre etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica. Na Prática, aproveite para conhecer Rodrigo, pedagogo e administrador, que assumiu a Secretaria de Educação de sua cidade e se viu em um grande desafio quando precisou convencer os diretores das escolas de que existem particularidades no repasse de recursos feitos pelo Município para as escolas públicas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Financiamento da educação pública no Brasil Assista a este vídeo do professor José Marcelino de Rezende Pinto, em que é abordado o tema das relações público-privadas no financiamento da educação pública no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Efeitos do Fundef/b sobre frequência escolar, fluxo escolar e trabalho infantil: uma análise com base nos censos de 2000 e 2010 Para que você possa ver outras análises a respeito do financiamento da educação escolar através do Fundef e do Fundeb, leia o artigo sugerido. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Investimento em educação e a sua relação com o índice de desenvolvimento da educação básica – IDEB: um estudo de São Leopoldo - RS Este estudo aborda, de forma prática, o financiamento da educação e sua repercussão para a formação de indicadores de qualidade da educação básica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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