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Resenha: Aprender Antropologia - Fraçois Laplantine

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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FADIR – Faculdade de Direito e Relações Internacionais
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Disciplina: Introdução ao Estudo da Antropologia
Discente: Vitória Pimenta dos Santos
“Aprender Antropologia”
Fraçois Laplantine
O livro em comento, “Aprender Antropologia”, é uma obra de François Laplantine, um antropólogo, e também professor de Etnologia, francês. O foco dos seus estudos é geralmente a antropologia da doença e das religiões, mas também tem interesse nas relações que a Antropologia estabelece com a escrita. O livro foi escrito em 1987 e foi publicado no Brasil em 1988, trata-se de uma introdução ao estudo da Antropologia que percorre desde seu surgimento até a contemporaneidade. Laplantine, durante a introdução, conversa com o leitor sobre o conteúdo de seu livro e diz tratar-se de uma tentativa de apresentar as dimensões da antropologia, mesmo que de forma parcial, de maneira que a produção alcance o maior público possível, “pois a antropologia, que é ciência do homem por excelência, pertence a todo mundo” (p. 21). 
Inicialmente o autor realiza um panorama geral sobre o assunto na tentativa de construir um conceito inicial sobre o estudo para servir de apoio ao restante da leitura. De maneira que pode ser facilmente compreendida por indivíduos de várias áreas do conhecimento, começa-se a análise constando que mesmo que homem possua uma característica constante de questionar-se sobre si e sobre os outros, isso nunca foi considerado um saber científico antes do século XIX, podendo concluir que se trata de um projeto antropológico tardio. Nos primórdios desse estudo, essencialmente desenvolvido na civilização ocidental, o foco eram as civilizações que não pertenciam a essa civilização, nomeadas “primitivas” pelos estudiosos da época, pois elas eram analisadas de acordo com parâmetros impostos pelos europeus.
Com o passar do tempo e com o desenvolvimento dessa ciência, são cada vez mais criadas ferramentas de investigação que habilitaram a coleta de informações, principalmente a partir da observação, e algumas conclusões foram tiradas. A principal delas era que “o próprio Universo dos ‘selvagens’ não é de forma alguma poupado pela evolução social” (p. 8). A partir dessa conclusão, os estudiosos que até então consideravam que seu objeto de estudo era limitado a essa civilização alheia à europeia, viram-se ameaçados, o autor cita o questionamento de Paul Mercier, “será que a ‘morte do primitivo’ há de causar a morte daqueles que haviam se dado como tarefa o seu estudo?”.
Existiam alguns caminhos aos quais poderiam ser seguidos frente a um questionamento como esse, esta via, que hoje determina tudo aquilo que a Antropologia é, está baseada no conceito de que, como afirma Leplatine, “O objeto teórico da antropologia não está ligado [...] a um espaço geográfico, cultural ou histórico particular” (p. 9), esse objeto é o homem em si, por inteiro, em todos os grupos sociais, todos os lugares, estados e durante todas as épocas que leva em consideração as diversas faces do ser humano tendo como campo teórico todas as sociedades que compõem a humanidade, inclusive a europeia que deu início a essa ciência. 
A partir desse momento, dá-se início à formação antropológica do “estranhamento”, termo que o autor usa para designar o momento no qual sociedades distantes, com culturas distintas se encontram e como esse encontro leva a uma mudança do olhar que cada um tem sobre si mesmo, essa é a experiência da alteridade. Desde o momento que se olha exteriormente àquilo que nos cerca é possível perceber que não existe uma Única cultura, esse pensamento é etnocêntrico, entender que existentes diferentes faz com que o observador descubra coisas sobre si mesmo que nunca poderiam ser descobertas caso não existisse no homem essa capacidade inata de se diferenciar uns dos outros. É nisso que o projeto antropológico baseia-se, “no reconhecimento, conhecimento, juntamente com a compreensão de uma humanidade plural [...] [que compõe] uma comum humanidade”. 
Após esse panorama inicial, o autor apresenta algumas dificuldades do estudo da Antropologia, como por exemplo, o próprio nome que o estudo deveria levar, questionamentos se o homem é apto a estudar um objeto de sua mesma natureza, a emancipação dessa ciência, evitar um movimento de homogeneização e a despersonalização que pode ocorrer a partir do contato, mesmo sabendo que, segundo Françõis, “não há [...] antropologia sem troca” e evitar a aculturação. 
O livro em questão foi divido em três partes, marcos para uma história do pensamento antropológico, as principais tendências do pensamento antropológico contemporâneo e a especificidade da prática antropológica. Na primeira parte, apresenta-se uma espécie de linha do tempo da história da Antropologia, desde suas origens do século XIV até o momento em que esta se torna uma ciência social. Na seguinte parte, o autor traz um panorama sobre as tendências dominantes relacionadas à antropologia. E na última parte, o autor aborda algumas peculiaridades da prática antropológica.
Ao se encontrar com o diferente, no intitulado Novo Mundo pelos colonizadores, iniciou-se o questionamento que girava em torno da essência daquele “novo” ser. Eles pertenciam à humanidade? Eles tinham alma? Questionamentos que só foram respondidos anos mais tarde. A partir dessas questões, despontaram duas vias de pensamentos em meio a sociedade europeia, a figura do mau selvagem e do bom civilizado e a figura do bom selvagem e do mau civilizado. A primeira carrega consigo uma ideia de bestialidade e embrutecimento ao “selvagem”, tratando-se de um ser sem religião, que era a base de tudo na época, sem lei, sem Estado, sem moral, sem alma. Os observadores enxergavam-se como um modelo de civilização que funcionava e deveria ser seguido, tudo o que fugia disso era ruim na visão deles. A segunda linha de pensamento inversa à anterior enxergava o “selvagem” como um ser ingênuo e feliz alheio ao mundo corruptor que era a Modernidade. Foi Jean de Léry que introduziu ao pensamento europeu que aquele povo do Novo Mundo não era “nem inferior nem superior, e sim diferente” (p. 37), esse pensamento foi idealizador da ideia do multiculturalismo e foi fundamental para o início da compreensão sobre a não existência de uma cultura padrão que servia de parâmetro e sim uma pluralidade cultural. 
Com o passar do tempo a comunidade científica começa a exigir dessa ciência em desenvolvimento um saber empírico e positivo baseado na observação de fatos e na escrita, surgindo assim a etnologia, com novos conceitos e abordagens, sendo o principal método utilizado o indutivo. O final do século XVIII foi fundamental para a construção dessa ciência sobre o homem, mas ainda existiam alguns obstáculos, como por exemplo, a não emancipação para com a História, autonomia que visava ser alcançada, e foi no século XIX.
Nos primeiros momentos da antropologia como uma ciência autônoma o pensamento que preponderava era o do Evolucionismo, que basicamente era a ideia de uma sociedade padrão que se desenvolve em ritmos diferentes, passando por níveis de evolução, sendo o final o da “civilização”, levando em consideração que a sociedade europeia já teria alcançado esse último estágio, ideia completamente etnocêntrica quando observada nos dias atuais. Outro enfoque que a antropologia dessa época recebia era o estudo sobre o parentesco e sobre a religião. Nesse momento, o antropólogo raramente recolhia os próprios materiais que estudava.
Foi ao final do século XIX e no primeiro terço do século XX que o antropólogo passou a ser o observador e o teórico, que foi quando os pesquisadores deixaram seu gabinete e passaram a realizar sua própria pesquisa de campo observando e anotando meticulosamente as observações, e essa é considerada por Laplantine a etnografia propriamente dita. Boas era um defensor desse método etnográfico e Malinowski foi o primeiro a conduzir uma experiência etnográfica verdadeira. Quanto mais à frente da história, mais estudiosos surgiam com ointuito de fortalecer a antropologia e de construir modelos e conceitos próprios dessa ciência, como por exemplo, Durkheim e Mauss.
O autor afirma que após a colaboração de tantos teóricos até esse momento da história da antropologia, a ciência finalmente alcançou sua maturidade. Na tentativa de apresentar “algumas trilhas do pensamento e da prática dos antropólogos de nossa época” (p. 75), como diz o autor, ele apresenta algumas ideias da contemporaneidade que possuem, segundo ele, algumas tendências sendo elas a especificidade da abordagem utilizada no campo de investigação, as condições históricas e sociais que cerca a produção do saber antropológico e a pluralidade de polos teóricos em meios aos qual essa ciência se encontra, procurando sempre evitar a ortodoxia. 
O autor cita alguns tipos diferentes de abordagens da antropologia contemporâneas. A antropologia dos sistemas simbólicos, que se trata do estudo das produções simbólicas. A antropologia social, que se rege sobre a junção da primeira antropologia com produções sociais construindo uma antropologia social da religião. A antropologia cultural que estuda as ações diferentes de ser humanos da mesma cultura, faz uso da observação direta dos indivíduos e estuda o social em sua evolução. A antropologia cultural e sistêmica que volta seu estudo para a lógica da cultura e a variabilidade da cultura em si. E as últimas que se regem, principalmente, sobre as ideias de Lévi-Strauss. 
As abordagens de Lévi-Strauss trazem uma série de rupturas com ideias preexistentes nas quais a antropologia apoiava-se. Como, por exemplo, com o humanismo e filosofia, com o evolucionismo e com o historicismo, e com o atomismo e com o empirismo. Aprofundando-se no estudo do parentesco, o estudioso dá origem ao o estruturalismo, que se apoia na ideia de que o parentesco é uma linguagem que só pode ser entendida uma vez que se colocando no nível das relações entre os termos utilizados para designar os membros de uma família, regidas por regras de troca análogas às leis sintáticas da língua. Lévi-Strauss não ignora a diversidade das culturas e nem a história. 
Por último o autor aborda a antropologia dinâmica, que surge para reorientar, “complexificar” e problematizar a antropologia clássica, segundo ele “essa antropologia da modernidade [...] leva o pesquisador a interessar-se diretamente pela sua própria sociedade”.
Para finalizar, o autor traz a última parte do livro voltada para a prática da antropologia e algumas de suas especificidades. Inicialmente, ele basicamente conclui que a base do estudo da antropologia é a prática etnológica, que é a prática de campo e a aventura pessoal, para ele, realizar um estudo sobre o homem só é possível a partir do momento que há a comunicação entre eles, além de que ocorrências sociais que não são registradas podem acabar virando folclore. Fraçois aconselha que essa prática etnológica deva ser realizada de forma meticulosa, levando tudo aquilo que for vivido e observado em consideração. O autor também fala sobre a análise comparativa que tem ligação com a diferença e é uma das mais ambiciosas e exigentes que existe devendo ser realizada sem qualquer tipo de ligação com o etnocentrismo para que não surjam teorias equivocadas que criam uma noção de superioridade de uma sociedade sobre a outra, levando sempre em consideração o conceito de humanidade plural. É abordada a ideia de que a antropologia não existe em estado puro, pois sempre sofre influência cultural ou histórica. Outra coisa que Leplantine vê necessária é o observador como parte integrante de seu objeto de estudo, caracterizando-se como “ator social”. E o autor também faz uma análise da conexão da antropologia como literatura, e traz as duas áreas do conhecimento como amante dos detalhes. 
Por último, ele traz algumas tensões importantes dentro do estudo da antropologia que são: o dentro e o fora que se trata do fascínio pelo o outro ou o desprezo pelo mesmo; a unidade e a pluralidade que defende que há um gênero humano, e que existem grupos com costumes, instituições e padrões de comportamentos, que são estranhos a uma sociedade e os fazem diferentes dela; e o concreto e o abstrato que fazem referência, respectivamente, ao empirismo e ao idealismo.
A partir da leitura do livro desse estudioso francês é possível concluir que o estudo da área da antropologia progrediu, mesmo que vagarosamente, e garantiu a si evoluções significantes desde a colonização do Novo Mundo na Modernidade até a Idade Contemporânea. Hoje, o trabalho de campo, que é fruto da antropologia, se caracteriza pela coleta de dados para a reflexão teórica e tem como consequência uma profunda interação dos observadores com as sociedades observadas. Ademais, pode-se observar como a luta contra o etnocentrismo está constantemente presente no trabalho de um antropólogo, pois entender que todas as culturas, mesmo que distintas são iguais em valor e não existe sobreposição de nenhuma sobre a outra é um tanto quanto complexo. 
Pode-se constatar também que uma das maiores e melhores capacidades inatas ao ser humano é a capacidade de se diferenciar uns dos outros e como a existência do diferente é essencial para a existência do próprio ser do gênero humano, e isso é possível ter como consciência através do entendimento de um conceito criado pela antropologia, que é a alteridade. 
REFERÊNCIAS
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
REGINA, Cláudia. François Laplantine. Institutos de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Disponível em: <iea.usp.br/pessoas/pasta-pessoaf/francois-laplantine>. Acesso em: 02 de mar. de 2020. 
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
 
FADIR 
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Faculdade de Direito e Relações Internacionais
 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
 
Disciplina:
 
Introdução ao Estudo da Antropologia
 
Discente: 
Vitória Pimenta dos Santos
 
 
“Aprender Antropologia
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Fraçois Laplantine
 
O livro em comento, “Aprender Antropologia”, é uma obra de François Laplantine, 
um antropólogo, e também professor de Etnologia, francês. O foco dos seus estudos é 
geralmente a antropologia da doença e das religiões, mas também tem inter
esse nas relações 
que a Antropologia estabelece com a escrita. O livro foi escrito em 1987 e foi publicado no 
Brasil em 1988
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se de uma introdução ao estudo da Antropologia que percorre desde seu 
surgimento até a contemporaneidade. 
 
Laplantine, duran
te a introdução, conversa com o leitor 
sobre o conteúdo de seu livro e diz tratar
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se de uma tentativa de apresentar as dimensões da 
antropologia, mesmo que de forma parcial
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público possível, “pois a antropologia, 
que é ciência do homem por 
excelência
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todo mundo”
 
(p. 21)
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Inicialmente o autor realiza um panorama geral sobre o assunto na tentativa de 
construir um conceito inicial sobre o estudo para servir d
e apoio ao restante da leitura. 
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maneira que pode ser facilmente compreendida por indivíduos de várias áreas do 
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se a análise constando que mesmo que homem possua uma 
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se sobre si e sobre os outros, isso nunca foi considerado 
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saber científico antes do século XIX, podendo concluir que 
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de um projeto 
antropológico tardio. Nos primórdios desse estudo, essencialmente desenvolvido na 
civilização ocidental, o foco eram as civilizações que não pertenciam 
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elas eram analisadas de acordo com 
parâmetros impostos pelos europeus.
 
Com o passar do tempo e com o desenvolvimento dessa ciência, são cada vez mais 
criadas ferramentas de investigação que habilitaram a
 
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de informações, principalmente a 
partir da observação, 
e algumas conclusões foram tiradas. A principal delas era que “o próprio 
Universo dos 
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não é de forma algumapoupado pela evolução social” (p. 8). A 
partir dessa conclusão, os estudi
osos que até então consideravam que seu objeto de estudo era 
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS 
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Disciplina: Introdução ao Estudo da Antropologia 
Discente: Vitória Pimenta dos Santos 
 
“Aprender Antropologia” 
Fraçois Laplantine 
O livro em comento, “Aprender Antropologia”, é uma obra de François Laplantine, 
um antropólogo, e também professor de Etnologia, francês. O foco dos seus estudos é 
geralmente a antropologia da doença e das religiões, mas também tem interesse nas relações 
que a Antropologia estabelece com a escrita. O livro foi escrito em 1987 e foi publicado no 
Brasil em 1988, trata-se de uma introdução ao estudo da Antropologia que percorre desde seu 
surgimento até a contemporaneidade. Laplantine, durante a introdução, conversa com o leitor 
sobre o conteúdo de seu livro e diz tratar-se de uma tentativa de apresentar as dimensões da 
antropologia, mesmo que de forma parcial, de maneira que a produção alcance o maior 
público possível, “pois a antropologia, que é ciência do homem por excelência, pertence a 
todo mundo” (p. 21). 
Inicialmente o autor realiza um panorama geral sobre o assunto na tentativa de 
construir um conceito inicial sobre o estudo para servir de apoio ao restante da leitura. De 
maneira que pode ser facilmente compreendida por indivíduos de várias áreas do 
conhecimento, começa-se a análise constando que mesmo que homem possua uma 
característica constante de questionar-se sobre si e sobre os outros, isso nunca foi considerado 
um saber científico antes do século XIX, podendo concluir que se trata de um projeto 
antropológico tardio. Nos primórdios desse estudo, essencialmente desenvolvido na 
civilização ocidental, o foco eram as civilizações que não pertenciam a essa civilização, 
nomeadas “primitivas” pelos estudiosos da época, pois elas eram analisadas de acordo com 
parâmetros impostos pelos europeus. 
Com o passar do tempo e com o desenvolvimento dessa ciência, são cada vez mais 
criadas ferramentas de investigação que habilitaram a coleta de informações, principalmente a 
partir da observação, e algumas conclusões foram tiradas. A principal delas era que “o próprio 
Universo dos ‘selvagens’ não é de forma alguma poupado pela evolução social” (p. 8). A 
partir dessa conclusão, os estudiosos que até então consideravam que seu objeto de estudo era

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