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Unidade I MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA Profa. Márcia Selivon Objetivos gerais da disciplina Os objetivos gerais são desenvolver e aperfeiçoar a competência linguística do aluno, melhorando seu desempenho como estudioso e usuário das estruturas e dos processos morfossintáticos da língua portuguesalíngua portuguesa. Objetivos específicos da disciplina desenvolver a habilidade de observação e de análise das estruturas e dos processos morfossintáticos da língua; desenvolver a capacidade de reflexão crítica sobre conceitos tradicionais e modernos da morfossintaxe; capacitar o aluno na análise, descrição e explicação do funcionamento morfossintático da língua; desenvolver estratégias de ensinodesenvolver estratégias de ensino eficientes da morfossintaxe aplicadas ao uso efetivo da língua. Organização das unidades Unidade I: considerações iniciais sobre os níveis de análise dos fatos linguísticos: os eixos paradigmático e sintagmático e os processos morfossintáticos da língua; critérios mórfico e semântico para a classificaçãomórfico e semântico para a classificação das palavras. Unidade II: a identificação, classificação e função dos sintagmas na oração. Unidade III: a sintaxe de colocação, de regência e de concordância e o uso da vírgula. Unidade IV: o período composto. E por que morfossintaxe? Todo estudo morfológico relaciona-se ao eixo paradigmático e o estudo sintático relaciona-se ao eixo sintagmático. Segundo alguns autores atuais, esses dois eixos não podem ser considerados separadamente e seria melhor um estudo integrado “morfossintático”. Assim, para analisar as funções das palavras, é necessário que se tenha conhecimento das classes gramaticais e das relações que podem ser feitas entre elasque podem ser feitas entre elas. “Gramática internalizada” na mente do falante O falante reconhece frases que são consideradas “bem formadas” e rejeita as que não o seriam. Por exemplo, se alguém disser “nós iniciamos um estudo de língua portuguesa”, esse enunciado será reconhecido como gramaticalmente bem construído, o que não ocorreria, por exemplo, se fosse dito “um nós de língua iniciamos estudo portuguesa”. Níveis de análise: fonológico As línguas são muito complexas, por isso devem ser estudadas em vários níveis que analisam os fenômenos gramaticais. Cada um desses níveis estabelece um enfoque diferente em relação aos aspectos linguísticos. Em relação à pronúncia (nível fonológico). João chamou Paulo. Níveis de análise: morfológico e sintático Em relação à sua composição (nível morfológico). João chamou Paulo. A palavra “chamou” é formada por dois elementos: “cham–” + “–ou”.elementos: cham ou . Em relação à organização das palavras: (nível sintático). Note que, se substituirmos “João” por “eles”, a terminação “–ou” terá que ser substituída pela terminação “ aram”substituída pela terminação –aram . Níveis de análise: semântico Em relação ao significado: (nível semântico). Pode-se observar que João designa um homem e Paulo também; que Paulo é a pessoa que foi chamada e não João; que o chamado aconteceu no passado e não no presente. Estrutura interna da língua A fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica constituem o estudo da estrutura interna de uma língua, aquilo que a distingue das outras línguas do mundo. Eixo paradigmático e eixo sintagmático O eixo paradigmático corresponde ao eixo da seleção e o sintagmático, ao da combinação. Vejamos: O menino caiu do muro.O menino caiu do muro. A garota sentou na calçada. O irmão saiu da sala. Os amigos chegaram do passeio. Interatividade Leia as 3 afirmações a seguir: O eixo sintagmático é o da combinação. O eixo paradigmático é o da seleção. Semântico refere-se a significado. a) As três são falsas.a) As três são falsas. b) As três são verdadeiras. c) A primeira é verdadeira e as outras são falsas. d) A primeira é falsa e as outras são verdadeiras. e) A primeira e a segunda são falsas. Resposta b) As três são verdadeiras. Hierarquia gramatical As unidades linguísticas estão organizadas segundo graus de posição que seguem princípios constitutivos da língua. As unidades linguísticas se combinam entre si formando unidades em níveis de construção cada vez mais complexos e de diferentes funcionalidades. Hierarquia gramatical Morfema. Palavra/ Vocábulo. Sintagma. Frase/oração. Período. Texto. Lexemas ou morfemas lexicais As palavras que são carregadas semanticamente em relação ao mundo biossocial/ antropocultural constituem os lexemas ou morfemas lexicais da língua portuguesa: Substantivos. Adjetivos. Verbos. Gramemas ou lexemas gramaticais Quanto ao segundo grupo, trata-se dos morfemas que têm como função apenas relacionar os elementos do primeiro grupo. Os elementos deste grupo denominam- se gramemas ou morfemas gramaticais. Ex: preposição, conjunção, artigo. Categorização em lexema e gramema Em um enunciado, teríamos a categorização em L (= lexema) e em G (= gramema), da seguinte forma: A menina de tranças entrou na sala. G + L +G + L + L + G(s) + LG L G L L G(s) L Definição de substantivo Segundo Macambira (2001), a designação semântica de substantivo como “aquele que dá nome aos seres” tem pertinência em relação aos seres concretos, como “casa”, “floresta”, “roupa”; já para seres abstratos como“roupa”; já para seres abstratos, como esperança, o nada, o infinito, é pouco proveitosa. Além disso, existem outras palavras usadas como substantivo como “o sim”, “o não” “o amanhã” “o se” “o talvez”“o não”, “o amanhã”, “o se”, “o talvez”, “o mas”, “o quando”. Definição descritiva de substantivo Substantivo: É toda palavra que se deixa anteceder pelos determinantes (artigos, pronomes possessivos, pronomes). Demonstrativos e numerais cardinais ouDemonstrativos e numerais cardinais ou ordinais). Exemplos: a, uma, minha, esta, primeira – casa. o, um, nosso, aquele, terceiro – filho. Determinantes e substantivos A força substantivadora dos determinantes pode transformar outra categoria em substantivo. 1. Um não significa muito para mim. 2. O seu penar transformou-se em inferno.2. O seu penar transformou se em inferno. Veja que em (1) a palavra destacada geralmente é usada como advérbio de negação e passa a ser substantivo na oração. Já no exemplo (2) a palavra destacada normalmente é um verbo,destacada normalmente é um verbo, transformado em substantivo com a anteposição do pronome possessivo. Artigo e mudança de sentido do substantivo O artigo também vai definir o significado dos substantivos que, tendo a mesma forma, ao mudarem de gênero, mudam de sentido. Veja os exemplos a seguir: o cabeça – chefe, dirigente, líder; a cabeça – parte superior do corpo humano; o capital – riqueza, patrimônio de uma empresa;empresa; a capital – cidade onde está instalada a alta administração de um país ou de um Estado; Definição de adjetivo Adjetivo: É a palavra que varia em gênero e número e deixa-se articular (ou modificar) por outra da classe do advérbio. Além disso, aceita o sufixo “mente”. Definição de adjetivo 1. A (minha, aquela) amiga (tão) tranquila. 2. Um (este, meu) aluno (tão) atento. Em (1), o adjetivo “tranquila” tem variação para o masculino “tranquilo” e poderia derivar “tranquilamente”. Dapoderia derivar tranquilamente . Da mesma forma, em (2), “atento” tem o feminino “atenta” e pode derivar“atentamente”. Definição tradicional de adjetivo De acordo com Macambira (2001), a gramática tradicional afirma que adjetivo é toda palavra que exprime qualidade. Porém, a bondade é uma qualidade e, no entanto, não se pode considerá-la como adjetivoadjetivo. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) Preposições são lexemas.b) Substantivos são gramemas. c) Não existe uma hierarquia gramatical. d) Adjetivos são lexemas. e) Conjunções são lexemas. Resposta d) Adjetivos são lexemas. Definição de verbo Verbo: Além de ser a classe que admite desinências de número, pessoa, tempo e número, é a única classe que se articula com os pronomes pessoais do caso reto. ÉÉ por esse motivo que o falante tende a conjugar o verbo para reconhecê-lo como tal. Eu – falo, amo, possuo. Nós – falamos, amamos, possuímos.Nós falamos, amamos, possuímos. Desinências do verbo Desinência número-pessoal: Fal-o. Fal-a-mos. Desinência modo-temporal: Fal-a-va. Fal-á-va-mos. Definição de advérbio É a classe que se articula ao verbo, ao adjetivo e ao próprio advérbio, além de não variar em gênero e número (como varia o adjetivo. Exemplos: Todos pareciam bem. Todos estavam bem cansados. Todos chegaram bem mal. Modalizadores afetivos Por meio desses advérbios, os falantes manifestam posicionamento em relação ao que é afirmado ou negado. De acordo com Neves (2000), essa manifestação pode envolver as emoções do falante (felicidade surpresa curiosidade)(felicidade, surpresa, curiosidade). Ex: Felizmente, chegamos a tempo na reunião. Ou as relações entre falante e ouvinte (sinceridade, franqueza). Ex: Honestamente, não sei o que faria se isso acontecesse comigo. Raiz das palavras Raiz: é o elemento fundamental da palavra, que não pode ser mais decomposto e nele transparece o sentido básico. Além disso, é comum às palavras cognatas (palavras da mesma família). Por exemplo, REG– é a raiz das palavras cognatas: reger, régua, regular. Afixos: prefixos Afixos: são elementos de significação secundária que se agregam à raiz para formar uma nova palavra, derivada da primeira. Podem ser prefixos ou sufixos. a) Prefixos: são os afixos que se antepõem à raiz da palavra. Exemplos: POS– (posição posterior): pós- graduação, posposto; PRE (anterioridade): prefixo pré PRE– (anterioridade): prefixo, pré- história; Afixos: sufixos Sufixos: –dor, –tor, –sor, –eiro, –ista, – nte, –ário. Sentido: agente, profissional. Exemplos: nadador, tradutor, revisor, artista, estudante, bibliotecário.artista, estudante, bibliotecário. Sufixos: –ada, –agem, –ção, –mento. Sentido: ação ou resultado da ação. Exemplos: cabeçada, aprendizagem, doação, pensamento. Vogal ou consoante de ligação e vogal temática Vogais ou consoantes de ligação: elementos sem qualquer significado que se intercalam entre os outros elementos que formam a palavra, para facilitar a pronúncia. Exemplos: cafe–I–cultura; gas Ô metro; cha L eiragas–Ô– metro; cha–L–eira. Vogal temática: vogal que se acrescenta ao radical de certas palavras; em relação aos verbos, –a– é a vogal temática da primeira conjugação; –e– é a vogal temática da segunda conjugação; i é atemática da segunda conjugação; –i– é a vogal temática da terceira conjugação. Nos nomes são as vogais átonas finais – a, –e, –o. Exemplo: rosa. Processos de formação de palavras (justaposição e aglutinação) Justaposição: os elementos linguísticos conservam a sua independência, tendo cada radical o seu acento tônico, não havendo perda de sons em qualquer dos componentes. Exemplos: amor-perfeito, segunda-feira, passatempo, pontapé. Aglutinação: os dois elementos se fundem num todo, com um só acento tônico, havendo, inclusive, perda de sons. Exemplos: aguardente (água+ardente); embora (em+boa+hora) Interatividade Verifique qual palavra não apresenta sufixo: a) Mamadeira. b) Vendedor. c) Gato. d) Espaçamento. e) Meninada. Resposta c) Gato. Processo de formação de palavras (derivação) Derivação: consiste na formação de palavras novas por meio de prefixos ou sufixos. Veja que a derivação prefixal é um processo muito presente no português contemporâneo. Ao unir-se a uma base, o prefixo exerce a função de acrescentar- lhe variados significados. Por exemplo, o prefixo “mega–” tem gerado um grande número de palavras: megacomício, megacomemoração, megashow, megaliquidação. Derivação regressiva Há outro tipo de derivação chamada “regressiva”, em que não se acrescenta sufixo, mas a palavra primitiva é reduzida, originando-se novo vocábulo. Caracteriza-se pela formação de um substantivo abstrato de ação a partir desubstantivo abstrato de ação a partir de verbo. Por isso, tais substantivos são chamados “deverbais”. Exemplos: o atraso (= o ato de atrasar); o combate (= o ato de combater); a renúncia (= o ato de renunciar); o estudo (= o ato de estudar); Estrangeirismos: empréstimo lexical Os estrangeirismos são casos especiais de neologismos lexicais. Sandmann (1992) aponta três tipos de empréstimos: 1. Empréstimo lexical. O empréstimo lexical caracteriza-se pelaO empréstimo lexical caracteriza se pela incorporação da palavra estrangeira em sua forma original: pizza, clip, gauche. A palavra estrangeira pode estar adaptada plenamente à língua portuguesa: Blecaute; abajur Blecaute; abajur. Estrangeirismos: empréstimo semântico 2. Empréstimo semântico: marcado pela tradução ou substituição de morfemas, para preservar a ideia que é importada: Hot dog > cachorro-quente Mezzo-soprano > meio-sopranoMezzo soprano meio soprano 3. Empréstimo estrutural: consiste na importação de um modelo que não é vernáculo, como na antecipação do determinante: Videoconferência em vez de Videoconferência em vez de “conferência por vídeo”. Gramemas independentes: artigos e pronomes possessivos Artigos definidos: o(s), a(s); indefinidos: um(ns), uma(s). Pronomes possessivos: meu/minha, teu/tua, seu/sua, nosso/nossa, vosso/vossa. Gramemas independentes: pronomes demonstrativos, indefinidos e relativos Pronomes demonstrativos: este(a), estes(as); esse(a), esses(as); aquele(a), aquele(s), aquela(s). Pronomes indefinidos: certo(s), certa(s); algum(ns), alguma(s); qualquer, quaisquer; nenhum(ns), nenhuma(s). Pronomes relativos: que; quem; o(s) qual(is), a(s) qual (is); cujo(s), cuja(s), onde. Gramemas independentes: pronomes pessoais e quantificadores Pronomes pessoais do caso reto: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Pronomes pessoais do caso oblíquo: o(s), a(s), lhe(s), me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo, conosco, convosco. Quantificadores: numerais, alguns advérbios, como “muito”, “pouco”, “demais”; alguns. Interjeições Quanto às interjeições, relacionadas como uma classe de palavras em algumas gramáticas tradicionais, elas têm sido vistas pelos estudiosos modernos como “palavras-frase”, visto que já encerram um significado como seque já encerram um significado, como se fossem uma oração Exemplos: ah!, oh!, arre! Relatores: preposições e conjunções Relatores: fazem a relação entre palavras e orações. Exemplos: “Gritou até perder a voz”; “Você e eu”. Preposições: a, ante, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por,de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob. Conjunções: Coordenativas: e, nem, mas, porém, contudo, pois, logo, portanto etc. Subordinativas: que, quando, porque, à medida que, se, embora. Interatividade Assinale a alternativa que não se relaciona aos processos de formação de palavras: a) Empréstimo semântico. b) Derivação. c) Empréstimo estruturalc) Empréstimo estrutural. d) Prefixação. e) Preposição. Resposta e) Preposição. ATÉ A PRÓXIMA!
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