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FUTEBOL FEMININO: ENTRE O PRECONCEITO E O RECONHEIMENTO

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UNIDAVI – Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí
Educação Física Bacharelado
Futebol Feminino no Brasil: Entre o preconceito e o reconhecimento
Giovani Filagrana
Rio do Sul
2020
Resumo
	O futebol feminino no Brasil, desde sua aparição, é cercado pelo preconceito e pelo modo de ver o esporte como algo fora da realidade para mulheres. Independentemente de sermos considerados o país do futebol (masculino), o Brasil está muito atrasado quanto ao desenvolvimento do futebol feminino. Em relação ao futebol masculino, o futebol feminino teve suas competições oficializadas somente nos anos 2000, praticamente 100 anos depois do início da prática do futebol masculino.
	Mesmo estando em 2020, ápice do desenvolvimento tecnológico, a população brasileira ainda enxerga a modalidade como um esporte adaptado, que deveria ser tratado de maneira diferente do futebol masculino, o que evidencia ainda mais o atraso no desenvolvimento do esporte.
	Graças a esse atraso, as grandes mídias, patrocinadores, clubes e as confederações que regem o esporte, deixam de investir pesado na modalidade. Dessa forma aumentando a disparidade de premiações e salários entre as duas modalidades. Como um simples exemplo, o time campeão do Campeonato Brasileiro de 2018 ganhou cerca de R$18 milhões, enquanto o time campeão do Campeonato Brasileiro feminino ganhou somente R$120 mil.
	Apesar de todas essas dificuldades estudos vem demonstrando que o aumento de praticantes no futebol feminino, cresce a cada ano. Ao mesmo tempo, as redes de televisão estão se dividindo no domínio dos direitos de transmissão das partidas, o que trará uma maior visibilidade pro esporte. Aliado aos direitos de transmissão, a contratação de apresentadoras também se mostra como uma luz no fim do túnel.
Abstract
	Women's football in Brazil, since its appearance, is surrounded by prejudice and the way of seeing sport as something out of reality for women. Regardless of whether we are considered the country of (male) football, Brazil is lagging far behind in the development of women's football. Regarding men's football, women's football had its competitions officialized only in the 2000s, practically 100 years after the beginning of the practice of men's football.
Even in 2020, the peak of technological development, the Brazilian population still sees the sport as an adapted sport, which should be treated differently from men's football, which further demonstrates the delay in the development of the sport.
Thanks to this delay, the mainstream media, sponsors, clubs and confederations that govern the sport, stop investing heavily in the sport. Thus increasing the disparity in awards and salaries between the two modalities. As a simple example, the champion team of the 2018 Brazilian Championship won about R $ 18 million, while the champion team of the female Brazilian Championship won only R $ 120 thousand.
Despite all these difficulties, studies have shown that the increase in female soccer players grows every year. At the same time, television networks are dividing in the domain of broadcasting rights for matches, which will bring greater visibility to the sport. Allied to the broadcasting rights, the hiring of presenters also shows itself as a light at the end of the tunnel.
Sumário
1 Introdução...................................................................................................................3
1.1Problema de pesquisa..............................................................................................3
1.2 Questão de pesquisa...............................................................................................3
1.3 Objetivos..................................................................................................................3
1.3.1 Geral.......................................................................................................................3
1.3.2 Específicos............................................................................................................3
1.4 Pressupostos........... ...............................................................................................3
1.5 Justificativa para estudo do tema...........................................................................4
2 Revisão de literatura...................................................................................................4
3 Método de pesquisa....................................................................................................9
3.1 Limitações da pesquisa.........................................................................................10
4 Resultado da pesquisa.............................................................................................11
5 Conclusões e recomendações.................................................................................11
6 Referências...............................................................................................................11
1 Introdução
	O futebol é um esporte nascido na Inglaterra no século XIX e que foi trazido ao brasil na mesma época, mas fora em terras tupiniquins onde o esporte mais se disseminou e ganhou força entre a população, tornando-se rapidamente uma paixão nacional. É impossível não relacionar o futebol ao Brasil e vice versa, graças a nossa seleção de futebol masculino e seus 5 títulos mundiais. 
	Fato é que o futebol é fortemente relacionado à prática masculina por uma enorme maioria da população, onde por diversas vezes a feminilidade, a escolha de gênero e o incentivo são barrados por algum tipo de preconceito. Dentro dessa perspectiva machista onde o esporte foi criado e desenvolvido ao longo dos anos, as mulheres vêm conquistando cada vez mais seu espaço dentro do esporte e da sociedade, sempre alcançando maior visibilidade e engajamento social. Mesmo com um número considerável de praticantes no país e com cada vez mais participações em competições a nível mundial, o futebol feminino ainda sofre muito com preconceito e falta de incentivo. Mas quais os motivos existentes para que o esporte não tenha se desenvolvido de maneira igual ao futebol masculino? Qual a história das mulheres com o futebol no Brasil?
	A partir dessas perguntas e diversas outras o presente trabalho busca explicar e evidenciar situações e realidades acerca do futebol feminino no Brasil, onde o esporte é pouco incentivado e pouco levado a sério pela população, pela mídia e pelas federações que organizam e detém os direitos sobre a modalidade.
1.1 Problema de pesquisa	
	O problema principal trazido para essa pesquisa é saber por qual motivo o futebol feminino não é tratado da mesma forma com a qual o futebol masculino é tratado. Além dessa questão é importante destacar o preconceito e o descaso com a modalidade feminina no Brasil.
1.2 Questão de pesquisa
	Mostrar as dificuldades enfrentadas e os desafios a serem superados pelo futebol feminino no Brasil.
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
	Evidenciar os problemas em torno do futebol feminino no Brasil e buscar uma forma de corrigi-los.
1.3.2 Específicos
	Realizar levantamento bibliográfico acerca do futebol feminino no Brasil, sua história, problemas e possíveis soluções.
1.4 Pressupostos
	O material utilizado no levantamento bibliográfico demonstra inúmeros problemas que atrasaram e ainda atrasam o desenvolvimento e a aceitação do futebol feminino no Brasil, o mesmo foi utilizado como uma forma de alerta e de vitrine para que a modalidade seja vista com outros olhos pela população.
1.5 Justificativa para estudo do tema
	O tema trazido para o trabalho além de atual é importantíssimo para entendermos os motivos que cercam o preconceito sobre o futebol feminino e o porquê da falta de investimento na sua disseminação.
	Mesmo sendo o país do futebol, nós estamos muito atrás do desenvolvimento alcançado por outros países no futebol feminino. Apesar de ser mais veiculado nas grandes mídias atualmente, o futebol feminino é pouco debatidoe pouco levado a sério pela população, que o enxerga somente sob a perspectiva de que mulheres não deveriam estar praticando futebol.
	Partindo dessa visão deturpada sobre a modalidade, resgatar a história e apresentar novas informações relacionadas ao futebol feminino é de grande importância para que possamos enxergar o esporte como algo para todos e não como algo que traga segregação, exclusão e preconceito aos seus praticantes. 
2 Revisão De Literatura
	O futebol é o esporte mais conhecido do planeta e com isso é a modalidade a mais praticada. Em todos os países o futebol é tido como um esporte que transcende a vida, o tempo, os sentimentos é algo de pai para filho, mas é no Brasil que essa paixão fica ainda mais evidenciada na vida da população. Segundo Ventura e Hirota (2007, p.156) “O futebol hoje deve ser compreendido como parte integrante da cultura brasileira, não podendo de forma alguma ser dissociado desta”.
	Segundo Daolio (2005, p.5):
O futebol brasileiro tem se constituído, ao mesmo tempo, em expressão da sociedade brasileira e em um modelo para ela, espelhando toda a sua dinâmica, com todas as contradições e todas as riquezas nela presentes. Sem dúvida, o futebol constitui-se numa das principais manifestações culturais brasileiras, constantemente atualizada e ressignificada pelos seus atores.
	Ferreira et al. (2018), destaca:
O futebol é um esporte reconhecido em todo o mundo, mas especificamente no Brasil tem uma importância maior do que em outros países. Desde a infância até a vida adulta é o esporte predileto de muitos, fazendo parte da cultura e tradição brasileira. Desde cedo os pais colocam seus filhos para praticar o esporte, inicialmente apenas por diversão, mas atualmente muitas pessoas têm levado a carreira a sério e investido no esporte.
	O futebol se tornou o que é hoje pela sua simplicidade de jogar, onde existe lugar para se colocar duas traves e simular um campo (mesmo que de maneira improvisada), já pode ser chamado de futebol. Essa maneira simples de se jogar fez com que o futebol fosse rapidamente disseminado e se tornado algo de muita relevância na sociedade.
	Em termos de visibilidade, o futebol brasileiro pode ser considerado uma enorme vitrine do futebol mundial, onde o Brasil distribuiu jogadores em todas as principais ligas do mundo. Essa visibilidade permite os jovens sonhar sobre se tornarem grandes jogadores nos grandes centros futebolísticos. 
	O futebol masculino no Brasil contempla mais de 30 milhões de praticantes, 300 mil empregos diretos e mais de 500 clubes profissionais com média superior a 90 jogos no ano. Mas mesmo sendo um esporte de fácil acesso e grande visibilidade, porquê o futebol feminino caminha a passos lentos para o desenvolvimento e reconhecimento no Brasil?
	Segundo Franzini (2005, p. 316)
É notório que o universo do futebol caracteriza-se por ser, desde sua origem, um espaço eminentemente masculino; como esse espaço não é apenas esportivo, mas também sociocultural, os valores nele embutidos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros, devem ser observados para a perfeita manutenção da ‘ordem’, ou da ‘lógica’, que se atribui ao jogo e que nele se espera ver confirmada. 
	
	A partir dessa afirmação, podemos dizer que um dos principais fatores do futebol feminino não ser tão desenvolvido quanto o futebol masculino, é o preconceito contra a mulher. Graças a esse preconceito descabido, o futebol feminino recebe menos visibilidade da mídia, dos próprios clubes e das entidades organizadores do esporte. 
	Mas engana-se quem pensa que o futebol feminino é algo recente no Brasil, existem registros de circos que nos anos de 1920 contavam com apresentações de partidas de futebol feminino, obviamente o jogo era tido com algo do showbiz e não como um esporte propriamente dito. 
	Existem diferenças quanto a data da primeira partida de destaque do futebol feminino disputada no Brasil, alguns textos relatam que a partida entre o time do bairro do Tremembé versus o time do bairro da Cantareira, ambos da zona norte de São Paulo, ocorreu em 1913 (FRANZINI, 2005 p.317) e outros datam de 1921(GOELLNER, 2005 p.146; FERREIRA et al., 2018 p.114).
	Mesmo tendo sua prática datada de um século atrás, de lá para cá a modalidade sofreu e ainda sofre com o preconceito, discriminação e falta de interesse, tanto por parte da população quanto por parte das confederações e da televisão e rádio. Algumas tentativas de divulgar o esporte no Brasil foram feitas sob o olhar preconceituoso sobre a mulher, tais tentativas buscaram mostrar o corpo feminino dentro do padrão de beleza que mantivesse a “ordem” social.
A entrada das mulheres em campo subverteria tal ordem, e as reações daí decorrentes expressam muito bem as relações de gênero presentes em cada sociedade: quanto mais machista, ou sexista, ela for, mais exacerbadas as suas réplicas. (FRANZINI, 2005 p.316)
	A exemplo dessa maneira machista imposta na tentativa de disseminar o esporte no Brasil, Franzini (2005) expõe que;
Mesmo as mais recentes tentativas oficiais de incentivo ao futebol feminino no Brasil escorregam no machismo característico de nossa cultura, como foi o caso do Campeonato Paulista Feminino de 2001. À época, reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que um dos pontos do projeto elaborado pela Federação Paulista de Futebol e pela empresa Pelé Sports & Marketing para o torneio condicionava seu sucesso a “ações que enalteçam a beleza e a sensualidade da jogadora para atrair o público masculino”. Tradução: calções minúsculos, maquiagem e longos cabelos, presos em rabos-de-cavalo.
	Salvini e Júnior (2016) escancaram que as práticas esportivas femininas sofriam preconceito e não eram incentivadas desde a década de 1940;
Ao contrário, as práticas esportivas que pudessem ocasionar algum desvio corporal ou de conduta foram limitadas por meio de um Decreto-Lei - dentre essas práticas podemos destacar o futebol, espaço reservado ao público masculino. A delimitação legal das práticas esportivas pelo público feminino ocorreu no ano de 1941 com a implantação do Decreto-Lei 3.199ª, o qual proibia as mulheres de praticarem atividades esportivas que não estivessem de acordo com a sua natureza.
	Apesar de implantado em 1941, somente no ano de 1965 os esportes proibidos às mulheres foram descritos de maneira aberta, eram proibidas às práticas de: de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rúgbi, halterofilismo e baseball. Mas somente entre as décadas de 1970 e 1980, o decreto foi refogado, trazendo finalmente liberdade para as mulheres praticarem os esportes “livremente”. Um atraso de 30 anos para essas modalidades, enquanto no mesmo período, mulheres em outras modalidades já competiam oficialmente. (SALVINI e JÚNIOR. 2016, p 303.)
De acordo com o jornal (Brasil...1996, p.5), em rápido resumo da história do esporte, a explosão do futebol feminino no país ocorreu na década de 80. O time carioca Radar colecionou títulos nacionais e internacionais. Em 1982, conquistou o Women's Cup of Spain, derrotando seleções da Espanha, Portugal e França. A vitória estimulou o nascimento de novos times e, em 1987, a CBF já havia cadastrado 2 mil clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Rio de Janeiro organizou o Campeonato Estadual e a primeira seleção nacional conquistou o terceiro lugar no inédito Mundial da China. O ano de 1988 marcou também o início da decadência do Radar e, com ele, do futebol feminino do Brasil (GOELLNER, 2005).
	Mesmo à trancos e barrancos quanto a sua aceitação e adesão, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino vem conquistando bons resultados em competições internacionais. 
A Seleção Brasileira de Futebol feminino vem obtendo bons resultados nos grandes eventos esportivos, ocupando, em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, o quarto lugar, em 1999 ficaram com o bronze no Mundial, em 2000, novamente ficaram em quarto lugar nas Olimpíadas de Sidney, foram campeãs no Pan-Americano de 2003 em Santo Domingo e na última Olimpíada,em Atenas, foram vice-campeãs. E agora mais recentemente tivemos a oportunidade de ver a seleção feminina de futebol vencer o Pan-Americano no Rio de Janeiro (Brasil) em pleno Maracanã, com uma excelente atuação. (VENTURA e HIROTA. 2007, p.159)
	Ainda assim, apesar de bons resultados para a nossa Seleção, muitos comentários machistas foram feitos acerca do desempenho das seleções masculinas e femininas, Ventura e Hirota (2007) ainda destacam que:
Em 2004, na época das finais dos Jogos Olímpicos de Atenas, era notável a preocupação da população a cerca da provável vitória das meninas do Brasil, pois seria uma “vergonha” o futebol masculino não ter chegado às finais e o feminino voltar com o Ouro. Com o vice-campeonato os corações machistas puderam bater aliviados e as bocas puderam então dizer: “não adianta, lugar de mulher é mesmo no fogão”
	Além de excelentes participações nos Jogos Olímpicos e Copa do Mundo de Futebol Feminino, a nossa Seleção Brasileira de Futebol Feminino tem em sua estante títulos importantes como 7 títulos de Copa América e 3 jogos Pan americanos. Mesmo a seleção canarinho feminina tendo conquistado esse histórico muito bom em tão pouco tempo, o esporte no Brasil ainda caminha a passos lentos buscando fixar suas raízes no cotidiano popular. 
	A criação oficial de campeonatos de futebol feminino, com mesmo nome e formato dos campeonatos masculinos no Brasil ocorreu somente em 2012 mediante liberação do Ministério do Esporte, os torneios criados/oficializados foram: Copa Libertadores da América de Futebol Feminino; Copa do Brasil de Futebol Feminino e Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. 
	A Copa Libertadores da América de Futebol Feminino já acontecia desde 2009 e a Copa do Brasil de Futebol Feminino ocorre desde 2007, mas somente foram integrados com a regulamentação oficial masculina em 2012. Já o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino foi criado somente em 2013, com um atraso de cerca de 100 anos perante o futebol masculino. 
	Apenas a Rede Bandeirantes de Televisão sempre esteve presente incentivando o futebol feminino, para Darido (2002, apud. FERREIRA et al. 2018 p.114) 
Pode-se dizer que a Rede Bandeirantes de Televisão deu um impulso bastante significativo ao futebol feminino, com a divulgação da modalidade em seus programas esportivos sempre que se tinham competições ou até amistosos, também transmitindo jogos em tempo real.
	
	Atualmente outros canais além da Rede Bandeirantes também possuem o direito de transmitir os jogos de futebol feminino, os canais TV Cultura, SporTv e ESPN Brasil também detém os direitos televisivos de alguns campeonatos femininos como por exemplo do Campeonato Paulista de Futebol Feminino e Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino.
	Segundo Maria Nunes do blog Dibradoras (2019), no ano de 2019, o jogo entre Vitória e Corinthians pela 15º rodada do Campeonato Brasileiro, a Band chegou a 3,4 pontos de média de audiência. Na Copa do Mundo de Futebol Feminino nossa seleção bateu o recorde de telespectadores, mais de 35 milhões de brasileiros assistiram à Brasil x Estados Unidos pelas oitavas de final da competição, infelizmente nossa seleção saiu derrotada dessa partida.
	O mesmo blog ainda evidencia que:
Em 2018, o Campeonato Brasileiro feminino perdeu a única patrocinadora que tinha desde 2013, a Caixa Econômica Federal. A Sport Promotion, dona dos direitos sobre a competição e responsável por organizá-la, chegou a vender os direitos de transmissão para a TV Brasil, por exemplo. Com a retirada do patrocínio da Caixa, a maior competição nacional do futebol feminino não foi transmitida no ano passado — com exceção dos dois jogos da final, que tiveram transmissão da CBF ao vivo por meio do site e das contas da entidade no Facebook, Youtube e Twitter. Alguns torcedores filmavam os jogos das arquibancadas e os disponibilizam nas próprias contas em redes sociais. (NUNES, Maria. 2019).
	Mesmo estando em maior evidência atualmente, o futebol feminino ainda está à quilômetros de distância do futebol masculino no quesito investimento. Apesar da inclusão da modalidade na grade regular das redes de televisão e o aumento significativo de profissionais femininas nas transmissões dos jogos e sua participação nos programas esportivos, o futebol feminino ainda é de pouco investimento e pouca rentabilidade para os clubes que disputam os campeonatos profissionais no Brasil.
	Para efeitos de comparação, no ano de 2018 o time campeão Brasileiro de futebol feminino recebeu cerca de R$120 mil enquanto o campeão do futebol masculino recebeu R$18 milhões, isso significa menos de 1% da premiação da modalidade masculina. 
	Na Copa do Mundo de 2018, a comparação é desnivelada da mesma maneira, as seleções participantes da Copa do Mundo de futebol masculino receberam R$400 milhões enquanto as seleções femininas em 2019 receberam apenas R$30 milhões, em 2022 no Qatar, a premiação irá aumentar para R$440 milhões, só esse aumento já é maior que toda a premiação dada na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019.
	Outro ponto que deixa claro o abismo entre ambas modalidades é o número de jogadores com contrato profissional. Em 2017 haviam 3.263 atletas de futebol feminino sob contratos oficiais de futebol no Brasil, no futebol masculino haviam 77.361 jogadores com contrato.
	Cercado de dificuldades e ainda sob olhares de preconceito, o futebol feminino vem aos poucos se destacando e ganhando mais espaço, visibilidade e respeito na sociedade brasileira. Cada vez mais as mulheres estão procurando seu espaço dentro do esporte, seja ele com fins recreativos ou competitivos as mulheres estão começando a se interessar por futebol cada vez mais cedo, principalmente dentro das escolas, nas aulas de Educação Física. 
	A Educação Física escolar por essência deveria ser um local onde o esporte é sinônimo de inclusão e diversidade, mas infelizmente o âmbito escolar ainda preserva alguns princípios negativos quanto a divisão de aulas e seus praticantes.
Nas aulas de Educação Física ainda são explícitas algumas distinções, pois observa-se ainda professores que não proporcionam as mesmas oportunidades de aprendizado à meninos e meninas, muitas vezes por supervalorizar os mais aptos, em detrimento dos menos aptos. (VENTURI, HIROTA. 2007 p.160)
	Segundo Ventura e Hirota (2007) “A escola deveria ser o ambiente onde essas crenças fossem contrariadas, pois é um lugar cuja proposta é formar cidadãos críticos e conscientes, prontos para a vida em sociedade.”
	Nesse sentido cabe também acrescentar que muitas vezes a separação entre sexos também ocorrem durante a prática esportiva escolar. Gomes, Silva e Queirós (2004. Apud VENTURA, HIROTA. 2007, p.160) afirmam que quando a Educação Física não permite a seus alunos terem oportunidades iguais de aprendizagem, a mesma perde seu sentido quanto à formação de cidadãos, pois perpetua preconceitos e estereótipos já “implantados” pela sociedade. 
	Portanto para que no futuro o futebol feminino tenha maior visibilidade, que as suas praticantes tenham mais oportunidades e reconhecimento, e para que o esporte se profissionalize de maneira semelhante ou igual ao futebol feminino, o incentivo à sua prática deve começar desde cedo, já no espaço escolar com a prática saudável do esporte. E sobretudo o esporte deve ser tratado e patrocinado de maneira consideravelmente melhor, afim de equalizar a diferença entre o futebol masculino e o futebol feminino, mas para isso a influência da televisão e dos meios demais meios de disseminação do esporte, além dos próprios clubes e das federações que regem o esporte, devem trabalhar em conjunto para que haja um trabalho bem feito e organizado.
3 MÉTODO DE PESQUISA
	Para Alyrio (2009, p.80):
A atividade básica na pesquisa bibliográfica é a investigação em material teórico sobre o assunto de interesse. Ela precede o reconhecimento do problema ou do questionamento que funcionará como delimitador do tema de estudo. Isso quer dizer que, antes mesmo de delimitar o objeto de estudo, você já pode e deve ler sobre o assunto,o que pode, inclusive, ajudá-lo nessa delimitação.
	A pesquisa bibliográfica dará base para que o andamento do projeto seja feito da melhor maneira possível, possibilitando ao estudante um maior embasamento científico acerca do tema, buscando construir de maneira mais efetiva possível sua pesquisa.
Essa pesquisa é representada por informações inseridas, em sentido geral, em livros. Porém, a pesquisa bibliográfica deve compreender o máximo da bibliografia de domínio público em relação ao assunto estudado, considerando livros, publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, monografias, dissertações, teses etc. (ALYRIO, 2009 p. 81)
	Qualquer fonte de pesquisa pode servir de conteúdo para a revisão bibliográfica desde que o pesquisador saiba filtrar e transformar essas informações em algo útil para sua pesquisa. Para isso, é importante que o pesquisador tenha contato com diversas fontes sobre o tema, para conseguir agregar o máximo de conhecimento sobre o assunto. Alyrio (2009, p. 82) diz que “uma investigação não deve ser mera reunião do que já foi escrito sobre certo tema, mas sim proporcionar a avaliação do assunto sob um enfoque novo ou com uma abordagem diferenciada, levando a novas conclusões.”
	Lakatos e Marconi (1992, p. 44) afirmam que a pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas:
	a) Escolha do tema; b) Elaboração do plano de trabalho; c) Identificação; d) Localização; e) Compilação; f) Fichamento; g) Análise e interpretação; h) Redação
	A partir do desenvolvimento completo de todas essas fases, a pesquisa bibliográfica se dá por completa, podendo assim dar corpo ao trabalho do pesquisador e dando objetivo à sua pesquisa inicial, que agora está muito mais completa e rica de conhecimento e detalhes sobre o tema escolhido.
3.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
	Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, pôde-se destacar a dificuldade em encontrar textos sobre o tema futebol feminino. Apesar de existir no Brasil há muito tempo, somente nos últimos anos a sociedade começou a voltar seus olhos para o futebol feminino e os problemas sobre seu desenvolvimento (consequentemente, os trabalhos acadêmicos também se voltaram recentemente ao tema).
	Como o assunto abordado na pesquisa é de pouco desenvolvimento comparado a outros temas, como por exemplo o próprio futebol masculino, a dificuldade de encontrar livros físicos ou disponíveis de maneira grátis online, também foi um ponto que travou o andamento do trabalho e certa maneira.
	É sabido que esse tema é delicado mas com o avanço das tecnologias e do fácil acesso à conteúdos sobre o assunto, o tema pode e deverá ser melhor abrangido e ampliado futuramente, pois somente com maiores holofotes e incentivos sobre o assunto que o preconceito será diminuído e as diferenças serão minimizadas perante o entendimento e aceitação da sociedade.
4 RESULTADO DA PESQUISA
	Com o término da construção do presente artigo, fica em evidência que o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil foi e ainda é atrasado pelo preconceito por parte das pessoas que organizam, transmitem e assistem o esporte no país. 
	O preconceito e a maneira de ver as mulheres que está enraizada em nossa sociedade é o principal fator que impede o desenvolvimento pleno da modalidade no Brasil, assim indo além da prática competitiva, mas também influenciando negativamente a prática do esporte como lazer.
	Outro ponto de destaque nesse cenário de impedimento da evolução do futebol feminino fica a cargo das redes de televisão que pouco veiculam e pouco investem na modalidade, o que torna por diversas vezes inviável a realização de campeonatos com premiações que sejam justas com as jogadoras e os clubes. Sabendo que as redes de televisão são a maior vitrine do país, a partir do momento que as mesmas não transmitem os jogos em rede nacional, os patrocinadores ou possíveis patrocinadores, deixam de investir pesado nos clubes.
	Aliado a todos esses problemas a Confederação Brasileira de Futebol em conjunto com a Conmebol e FIFA, também contribuem para que o esporte caminhe lentamente no seu processo de desenvolvimento. Sua omissão e falta de criação de leis que incentivem os clubes e patrocinadores a investir nos campeonatos e clubes femininos, atrapalha e muito na evolução do futebol feminino.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
	Portanto conclui-se que o futebol feminino no Brasil ainda tem muito que caminhar para que possa ser equiparado ao futebol masculino, mas a modalidade não pode ser desenvolvida sem o subsídio de algo maior que ela, como as entidades regulamentadoras do esporte e o apoio da televisão.
	É nesse sentido de aumento de visibilidade e reconhecimento que o presente artigo buscou informar sobre a história e a realidade do futebol feminino no país do futebol, buscando dessa forma conscientizar a sociedade e desmistificar certos “padrões” históricos baseados no preconceito. Também buscou-se destacar a importância do esporte na vida de inúmeras mulheres que de certa forma buscam viver de futebol profissional e dignamente assim como diversos homens conseguem viver.
	Somente através de maior incentivo a sua prática, maior visibilidade e menos preconceito com o esporte e as mulheres, que a sua prática e desenvolvimento poderão ser comparados com o futebol masculino, procurando diminuir o abismo vivido entre as modalidades. 
6 REFERÊNCIAS
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FERREIRA, Mario Jordão Pessoa; BEZERRA, José Airton Xavier; SILVA, Kaethy Vasconcelos da; CERANI, Rodrigo Benevides e LOPES, Diego Trindade. PRECONCEITO NO FUTEBOL FEMININO NO BRASIL: UMA REVISÃO NARRATIVA, 2018. Disponível em: 211-647-1-PB.pdf. Acesso em 15/11/2020.
SALVINI, Leila; SOUZA, Juliano de e JÚNIOR, Wanderley Marchi. Entre fachadas, bastidores e estigmas: uma análise sociológica do futebol feminino a partir da teoria da ação social de Erving Goffman. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2015. Disponível em: 1807-5509-rbefe-29-4-0559.pdf. Acesso em 15/11/2020.
SALVINI, Leila e JÚNIOR, Wanderley Marchi. “Guerreiras de chuteiras” na luta pelo reconhecimento: relatos acerca do preconceito no futebol feminino brasileiro. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2016. Disponível em: 1807-5509-rbefe-30-2-0303.pdf. Acesso em 13/11/2020.
FRANZINI, Fábio. Futebol é “coisa para macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História. São Paulo, 2005. Disponível em: 28282.pdf. Acesso em: 15/11/2020
GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2005. Disponível em: 260646_v19n2a05.pdf. Acesso em 20/11/2020
SANTOS, Leonardo Barro; SILVA, Tatiane Duarte Da e HIROTA Vinicius Barroso. MULHER NO ESPORTE: UMA VISÃO SOBRE A PRÁ MULHER NO ESPORTE. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2008. Disponível: ContentServer (2).pdf. Acesso em: 20/11/2020
VENTURA, Thabata Santos e HIROTA, Vinicius Barroso. FUTEBOL E SALTO ALTO: PORQUE NÃO? Disponível em: ContentServer (3).pdf. Acesso em 20/11/2020
MARTINS, Leonardo Tavares e MORAES, Laura. O FUTEBOL FEMININO E SUA INSERÇÃO NA MÍDIA: A DIFERENÇA QUE FAZ UMA MEDALHA DE PRATA. Pensar a Prática, São Paulo, 2007. Disponível em: 33360-Texto do artigo-140455-1-10-20141218.pdf. Acesso em 21/11/2020
NUNES, Maíra. Audiência da Copa do Mundo e do Brasileirão evidencia potencial do futebol feminino. 2019. Disponível em: Audiência da Copa e do Brasileirão evidencia potencial do futebol feminino (correiobraziliense.com.br). Acesso em 25/11/2020
TAVARES, Renata. Band alavanca audiência com futebol feminino em estreia das transmissões. 2019. Disponível em: https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/05/20/band-triplica-audiencia-com-futebol-feminino-em-estreia-das-transmissoes/. Acesso em: 25/11/2020ALYRIO, Rovigati Danilo. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Administração. Rio de Janeiro, 2009. Disponível: Métodos_Tecnicas_Pesquisas_ADM_Volúnico.pdf. Acesso em: 27/11/2020
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COSENZO, Luiz. Com salários e premiação irrisórios, futebol feminino ainda engatinha. Folha de São Paulo, 26/10/2018.

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