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A-Fonética-e-a-Fonologia-do-Portugues-1-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONÉTICA E FONOLOGIA DO 
PORTUGUÊS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO AOS PRINCÍPIOS GERAIS DA FONÉTICA ARTICULATÓRIA ....... 3 
2 RELAÇÃO ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA ....................................................... 8 
3 CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE FONÉTICA E FONOLOGIA ................ 10 
3.1 Fonética ....................................................................................................... 18 
3.2 - Fonologia ................................................................................................... 21 
4 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA FALA ..................................................................... 24 
4.1 Estruturas de Sustentação da Laringe ......................................................... 26 
4.2 Estruturas Cartilaginosas da Laringe ........................................................... 29 
5 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SONS DA FALA ..................................... 38 
6.1 Consoantes ...................................................................................................... 39 
6 DESCRIÇÃO DOS SONS LINGUÍSTICOS ............................................................. 43 
7 ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL ............................................................ 46 
7.1 Alfabeto Fonético da OTAN ......................................................................... 48 
7.2 Criação do alfabeto fonético ......................................................................... 48 
7.3 Funcionamento do alfabeto fonético ............................................................ 49 
7.4 Utilização do alfabeto fonético internacional ................................................ 50 
7.5 Outros alfabetos fonéticos............................................................................ 50 
8 OS ELEMENTOS SUPRASSEGMENTAIS ............................................................. 51 
8.1 Consoante .................................................................................................... 53 
8.2 Vogais .......................................................................................................... 54 
9 AGRUPAMENTOS DE FONEMAS ......................................................................... 56 
10 ESTRUTURA DAS SÍLABAS .................................................................................. 61 
10.1 Classificação das palavras quanto ao número de sílabas ........................... 63 
11 AS TRANSCRIÇÕES FONÉTICAS E FONOLÓGICOS DOS SONS LINGUÍSTICOS
 .............................................................................................................................. 65 
 
 
12 INTRODUÇÃO ÀS PREMISSAS DA DESCRIÇÃO E ANÁLISE FONOLÓGICA .... 67 
12.1 A importância da fonologia para o ensino de línguas ................................... 68 
12.2 Processos Fonológicos Básicos ................................................................... 71 
13 PRINCÍPIOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA: SONS DA FALA, PROSÓDIA ........ 74 
14 PROPRIEDADES ARTICULATÓRIAS E ACÚSTICAS DOS SONS ....................... 76 
15 NOÇÕES BÁSICAS DE FONOLOGIA .................................................................... 79 
16 A ESTRUTURA FONOLÓGICA DO INGLÊS E DO PORTUGUÊS ........................ 83 
17 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ......................................................................................... 89 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO AOS PRINCÍPIOS GERAIS DA FONÉTICA ARTICULATÓRIA 
 
Fonte: www.radames.manosso.nom.br 
A fonética apresenta os métodos para a descrição, classificação e transcrição 
dos sons da fala, principalmente aqueles sons utilizados na linguagem humana. Suas 
principais áreas de interesse são: Fonética Articulatória, Fonética Perceptiva e 
Fonética Acústica. 
 
Fonética Articulatória: 
É um ramo da fonética, em que estuda os sons utilizados na linguagem 
humana, onde a fisiologia e articulação na produção são aspectos a serem analisados, 
além de realizar a observação, descrição, classificação e transcrição dos sons 
produzidos na fala. 
 
Fones e Articulação: 
Há diversos sons na fala humana, cada um deles com suas características e 
movimentos articulatórios (fones ou segmentos). A distinção entre as consoantes e 
vogais acontece em nível de articulação e deve ser entendida a partir da liberação do 
fluxo de ar dos pulmões. 
 
 Vogais: Sem obstrução da passagem do ar. 
 
4 
 Consoantes: Obstrução total ou parcial da passagem do ar. 
 
Consoantes: 
Âmbito profissional 
Profissionalmente a comunicação linguística é de suma importância em muitos 
ramos, não apenas a comunicação em si mas a forma que as palavras são articuladas. 
Essa forma de articular pode tornar um fone mais ou menos compreensível e 
consequentemente facilitar ou dificultar a compreensão da mensagem. 
 
O aparelho fonador e a produção de fala: 
Para que a produção da fala se dê com êxito em um ser humano é necessário 
que haja vibração das moléculas de ar, ou seja, é preciso que haja respiração. 
Enquanto estamos falando, estamos controlando a saída de ar dos pulmões, pois 
somos dependentes dessa corrente de ar para que a fala aconteça. 
Para que a fala ocorra é indispensável que as pregas vocais transformem aquela 
corrente em um som audível (caracterizada fonação), acarretando assim a vibração 
ou não das pregas. 
 
Mecanismos de produção dos sons: 
Os órgãos articuladores são aqueles envolvidos na produção da fala, podendo 
ser der descritos como ativo ou passivo. 
 
 Ativo: partes do aparelho fonador que se movimentam para que a 
produção de um determinado som seja efetuada como língua (que se 
divide em ápice, lâmina e dorso), lábio e dentes inferiores, véu do palato 
(que fecha a cavidade nasal) e pelas pregas vocais que são as 
responsáveis pelo vozeamento. 
 Passivo: abrangem todas as estruturas que, diferentemente das ativas, 
não se movem para a geração da fala. (lábio superior, dentes superiores, 
e palatos duro e mole). 
 
Fonação: 
A fonação é a capacidade das pregas vocais de transformar a corrente de ar 
 
5 
em um som audível. Ocorrendo na laringe, através do movimento das pregas vocais. 
Quando as pregas vocais estão separadas e a glote está aberta, realizam a produção 
de sons desvozeados traço [- sonoro]. Quando as pregas estão juntas, dificulta a 
passagem de ar e ocasiona a vibração das pregas, temos os sons vozeados 
traço[+sonoro]. Outra grande influenciadora da fonação é a posição da cartilagem 
aritenoidea, que acaba influenciando totalmente na posição das pregas vocais, no 
repouso ou no período de fala. 
Para classificar as consoantes, as caracteristicas são: 
 
I. Vozeamento. 
II. Ponto de articulação 
III. Modo articulatório. 
 
Relação à vibração ou não das pregas vocais, são elas: 
 Surdas ou não-vozeadas: Produzidas sem a vibração das pregas 
vocais. 
 Exemplos: pata, faca. 
 Sonoras ou vozeadas: Produzidas com a vibração das pregas vocais. 
 Exemplos: bode, zona. 
 
A posição dos articuladores passivos e ativos quando produzem tais 
segmentos. os lugares de articulação são subdivididos em: 
 
 Bilabial- Exemplos: nas plosivas /p/, /b/ e na nasal /m/. 
 Labiodental - Exemplos: as fricativas /f/ e /v/. 
 Dental- Exemplos: nas plosivas /t/ e /d/. 
 Alveola- Exemplos: as fricativas /s/ e /z/, a nasal /n/ e a líquida /l/ e /r/. 
 Alveolopalatal. 
 Palatal- Exemplos: Velar- Exemplos: as plosivas /k/ e /g/ e a líquida /R/ 
Glotal 
 
 
6 
Essa característica fonêmica está relacionada ao tipo de obstrução na corrente 
de ar que determinado fone acarreta, devido aos órgãos articuladores envolvidos no 
processo. São eles: 
 
 Oclusivas- Fechamento total da glote, e o véu palatino fecha a cavidade 
nasal. Sãodenominadas Plosivas; 
 Fricativas- Os articuladores de fala se aproximam a ponto de ocorrer 
uma fricção na passagem do ar, sem obstrução total da cavidade oral; 
Nasal – total obstrução da passagem de ar na cavidade oral, 
ocasionando no fluxo pela cavidade nasal; 
 Tepe- Também denominada vibrante simples, ocorre quando o 
articulador ativo toca rapidamente o articulador passivo, ocorrendo uma 
obstrução da passagem de ar na boca; 
 Vibrante Múltipla- É uma sequência de vibrações no mesmo ponto de 
articulação; 
 Retroflexa- O ápice da língua é o articulador ativo, que vai ao encontro 
do palato duro que é passivo; 
 Laterais- O articulador ativo se encontra com o passivo, obstruindo a 
corrente de ar na linha central do trato vocal; 
 Africada- Esta classe na verdade é uma junção de uma plosiva com uma 
fricativa, que devem necessariamente ter o mesmo ponto de articulação; 
I- Ponto de articulação: 
II- Vozeamento 
III- Modo articulatório 
 
 
Na atuação fonoaudiológica: 
A fonoaudiologia é habilitada para tratar patologias que culminem em desvios 
fonológicos ou fonéticos, onde os problemas com a articulação das palavras são 
tratados na área da fonética. Respiração, fonação, ressonância e articulação são 
elementos necessários para a produção da fala, eles funcionam em conjunto por tanto 
o comprometimento de um fator altera o resultado final. 
 
7 
As alterações na fala têm origens diferentes, podendo ser elas neurológicas ou 
resultantes de alteração óssea, muscular ou cartilaginosa. 
 
 
Fonte: www.empresarialmaster.com.br 
 
 Vogais 
Estes sons devem ser produzidos de modo que o estreitamento da cavidade 
oral, devido à aproximação do corpo da língua e do palato não produza fricção. 
Para identificação e descrição usam-se alguns parâmetros, como: 
 
1. Altura da Língua 
2. Avanço ou recuo da língua 
3. Posição dos lábios 
4. Vogais Nasais e Orais 
5. Semivogais 
 
 Altura da Língua 
 Altas; 
 Médias-altas; 
 Médias-baixas; 
 Baixas; 
 
Avanço ou recuo da língua 
 Anteriores; 
 Posteriores; 
 
8 
 Centrais; 
 
Posição dos lábios 
 Arredondadas 
 Não-arredondadas 
 
Vogais Nasais e Orais 
As vogais podem ser orais, pronunciadas na cavidade bucal apenas, ou nasais, 
pronunciadas também nas cavidades nasais. 
 Orais: a, e, i, o, u. 
 Nasais: ã (an/am), ẽ (en/em), ĩ (in/im), õ (on/om), ũ (un/um) 
 
Semivogais 
Apresentam menor proeminência acentual se comparadas às vogais que 
acompanham. Nesse caso, são representadas respectivamente pelos símbolos 
fonéticos j e w . 
 
2 RELAÇÃO ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Fonte: www.portugues.uol.com.br 
 
 
9 
Como você deve ter observado, a linguagem humana se manifesta de várias 
formas. Podemos nos expressar por meio de gestos, como na língua de sinais 
conforme ilustrado na figura 1; por meio dos sons que emitimos ao falar e, ainda, por 
meio da escrita. Ao ler o poema E agora José? De Carlos Drummond de Andrade, 
você experienciou a linguagem se manifestando por meio da escrita. 
Ao escutar ou cantar a canção, você utilizou a linguagem falada, seja quando 
fez uso do seu aparelho vocal para emitir sons ao cantar, seja quando utilizou seu 
aparelho auditivo para ouvir e perceber a mensagem. A linguagem falada se realiza 
por meio do canal vocal-auditivo, enquanto a linguagem de sinais utiliza um canal 
gestual-visual e a escrita, um canal visual gráfico. 
Apesar da existência dessas várias formas de manifestação, a linguagem 
humana tem no canal vocal-auditivo a sua forma privilegiada de expressão, basta 
constatarmos que o ser humano primeira fala e só depois aprende, ou não, a escrever. 
Uma comunidade só desenvolve a linguagem gestual quando seus membros são 
privados de audição e a escrita, embora tenha muito prestígio nas sociedades 
modernas, não existiu e nem existe em todas as sociedades humanas. Há muitas 
línguas no mundo que só apresentam a modalidade oral, são línguas sem escrita – 
línguas ágrafas. As línguas indígenas ainda hoje faladas no território brasileiro são 
exemplos disso. Na sua evolução, os seres humanos privilegiaram o canal vocal-
auditivo para a comunicação talvez em decorrência das vantagens que ele apresenta 
em relação ao canal gestual-visual. 
Comunicar-se por meio de sons, em vez de gestos, deixa o corpo livre para se 
empreender outras atividades no momento em que se fala e exige relativamente 
pouca energia física. Além disso, as mensagens podem ser enviadas e recebidas a 
uma certa distância, sem necessidade de os interlocutores se olharem. Assim a 
comunicação pode ocorrer no meio da escuridão ou numa floresta densa, por 
exemplo, (Aitchison). 
A maior parte da literatura que trata de Fonética e Fonologia vem tentando fazer 
uma distinção entre elas que não tem convencido aqueles que se aventuram nos 
estudos sobre essas disciplinas da Linguística. Primeiramente, deve-se dizer que 
tanto a Fonética quanto a Fonologia têm como objeto de estudo os sons da fala. Ou, 
melhor dizendo, tanto a Fonética quanto a Fonologia investigam como os seres 
humanos produzem e percebem os sons da fala. Em segundo lugar, deve-se observar 
que é bastante difícil fazer Fonologia sem antes entender (ou fazer) fonética. É preciso 
 
10 
então conhecer um pouco mais sobre o status de cada uma dessas disciplinas, sem 
tentar fazer uma distinção simplista de suas funções ou modos de ação. Podemos 
começar nossa reflexão lançando mão de uma discussão sobre Fonética e Fonologia 
que se tornou muito profícua entre os pesquisadores da área, apresentada por Clark 
e Yallop (1995). 
3 CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE FONÉTICA E FONOLOGIA 
 
Fonte: www.diferenca.com 
Introduzindo a Fonética e a Fonologia segundo essa reflexão, qualquer 
comunicação realizada através de línguas orais com sucesso, seja ela um simples 
cumprimento ou um elaborado discurso político, pressupõe alguns requisitos básicos 
com relação aos interlocutores: um funcionamento físico adequado do cérebro, dos 
pulmões, da laringe, do ouvido, dentre outros órgãos, responsáveis pela produção e 
audição (percepção) dos sons da fala. Além desses, deve haver o reconhecimento da 
pronúncia de cada um dos interlocutores, pois, mesmo que eles tivessem os órgãos 
da fala e da audição em perfeito estado, essa comunicação poderia não ter sucesso 
se um deles não compreendesse a língua falada pelo outro. Outro ponto importante a 
se considerar é a adequada interpretação das ondas sonoras (sons) emitidas pelo 
falante e captadas pelo ouvinte. 
Dessa maneira, observamos logo de início que a fala pode ser descrita sob 
diferentes aspectos, uns estão mais próximos do que vai se convencionar chamar de 
 
11 
Fonética, outros mais próximos do que vai se convencionar chamar de Fonologia. 
Podemos estudar a fala a partir da sua fisiologia, isto é, a partir dos órgãos que a 
produzem, tais como a língua, responsável pela articulação da maior parte dos sons 
da fala, e a laringe, responsável principalmente pela produção de “voz”, que leva à 
distinção entre sons vozeados (sonoros) e não vozeados (surdos), por exemplo. 
Podemos também estudar a fala a partir dos sons gerados pelos órgãos, chamados 
de fonadores, com base nas propriedades sonoras (acústicas) transmitidas por esses 
sons. 
Podemos ainda examinar a fala sob a ótica do ouvinte, ou seja, da análise e 
processamento da onda sonora quando acontece a percepção dos sons, dando 
sentido àquilo que foi ouvido. Todos esses aspectos são considerados pela Fonética. 
A Fonética então é a área que estuda a produção de fala propriamente dita, e isso 
significa dizer que ela levará em consideração a variação linguística, a fisiologia dos 
indivíduos e as idiossincrasias relativas às características individuais dos falantes. 
Dizemos que a Fonética Articulatória estuda o som do ponto de vista mais 
estritamente fisiológico. Se você colocar a mão espalmadasobre o pescoço e produzir 
um ‘s’, ouvirá o ruído desse som, mas não sentirá o pescoço vibrar. Mas se você 
produzir um ‘z’ e mantiver a mão no pescoço, ouvirá um ruído e também sentirá o 
pescoço vibrar. Essa vibração é realizada pelo que chamamos de pregas vocais 
(órgãos que se encontram no pescoço, mais propriamente na laringe). O som sem 
essa vibração é chamado de surdo ou não vozeado, e com essa vibração de sonoro 
ou vozeado. Então, algumas das tarefas da Fonética Articulatória são: (I) observar se, 
durante a produção de um som, houve ou não vibração de pregas vocais, definindo 
se ele foi realizado como sonoro ou surdo, e (II) descrever o movimento de língua 
dentro do trato vocal e o movimento dos demais órgãos responsáveis pela produção 
do som. 
A Fonética Articulatória se encarrega de descrever a realização dos sons, 
levando em consideração os parâmetros fisiológicos dos nossos articuladores. 
Vejamos como isso pode ser feito. Por exemplo, pronuncie a palavra ‘sagu’ e perceba 
como é realizada a vogal ‘a’. Nessa produção, há a livre passagem do ar pelo trato 
vocal – a boca. Experimente pronunciá-la tomando consciência dos movimentos da 
língua, lábios e mandíbula. Não há nenhum impedimento ou bloqueio enquanto essa 
vogal é realizada – o ar simplesmente sai por sua boca. 
 
12 
Além disso, para a produção desse som, ou, mais tecnicamente, do fone [a], a 
língua deve estar abaixada e centralizada na boca, e a mandíbula também deve se 
abaixar. Esses movimentos, que a língua efetuou para a produção de [a], caracterizam 
essa vogal como baixa e central. Notamos ainda que os lábios estejam abertos. 
Vamos agora refletir sobre os movimentos necessários para a produção do ‘u’ final da 
palavra ‘sagu’. Nesse caso, a parte posterior da língua (o dorso) deve fazer um 
movimento para cima e para trás, o que caracteriza essa vogal como alta e posterior 
(note que “posterior” aqui significa movimento “para trás”, indo dos lábios para o fundo 
da boca). Se você quiser perceber ainda mais como se modifica a configuração de 
língua e lábios para a produção de vogais distintas, pronuncie em voz alta a sequência 
[i, u]. 
Perceba que, para a produção de [i], você tem os lábios estirados e a língua 
anteriorizada. Quando você produz [u], o dorso da língua faz o movimento para trás e 
os lábios se prolongam, aproximando se. Faça isso com outras vogais e perceba quais 
modificações ocorrem. Já refletiu? Então, vamos voltar para a palavra ‘sagu’. Sua 
representação sonora será [saˈgu]; o símbolo [ˈ] identifica a sílaba tônica e deve 
precedê-la. Pronuncie desta vez a palavra ‘tala’. Observe como a pronúncia do 
primeiro ‘a’ é diferente da produção do segundo ‘a’ dessa mesma palavra. Essa 
diferença tem a ver com a proeminência dada ao primeiro ‘a’, que pertence a uma 
sílaba acentuada [a], parecendo nesse caso ter uma pronúncia mais “clara” do que a 
do segundo ‘a’. 
Por conta disso, transcrevemos foneticamente a palavra ‘tala’ como [ˈtalɐ], 
indicando com símbolos diferentes os dois sons distintos de ‘a’. Note que colocamos 
novamente um pequeno sinal [ˈ] antes da sílaba acentuada – lembre-se que esse sinal 
marca justamente a maior proeminência dessa primeira sílaba, ou seja, a sílaba 
acentuada. Tomemos mais um caso que a palavra, na maioria das regiões do Brasil, 
é realizada como uma vogal, ou seja, é vocalizada. Por exemplo, as palavras ‘sal’ ou 
‘bolsa’ são pronunciadas como [ˈsaw] e [ˈbowsɐ], respectivamente. (O símbolo [w] soa 
como o som do grafema). Mas poderíamos ter como pronúncia desse ‘l’ final das 
palavras o som [ɫ], produzido, por exemplo, em regiões do Rio Grande do Sul; essa 
produção, chamada de velarizada, soa como um ‘l’ realizado com a sensação de que 
a língua se volta para trás, e assim podemos produzir, por exemplo, [ˈsaɫ] e [ˈboɫsɐ]. 
A diferença entre essas pronúncias tem a ver com a sequência de movimentos 
articulatórios relacionados à produção de laterais que explicitaremos mais adiante no 
 
13 
capítulo “Fonética”. O que vimos nesses últimos parágrafos são exemplos de 
realização dos sons distintos, levando em consideração modificações que acontecem 
no trato vocal, ou seja, que são identificados a partir de uma descrição dos parâmetros 
fisiológicos dos nossos articuladores. Considerando os diferentes falares que 
encontramos no Brasil, certamente somos capazes de dizer se um indivíduo é 
nordestino ou carioca, além de sermos capazes de dizer rapidamente se determinado 
som produzido pertence ou não à nossa língua. 
 Essa capacidade que temos de discriminar falares como sendo de uma região 
e não, de outra, ou de identificar um som como sendo da nossa língua materna ou 
não, é objeto de pesquisa da Fonética Auditiva ou Perceptiva. Essa linha da Fonética 
tenta entender como os sons são tratados no aparelho auditivo e como são 
decodificados pelo nosso cérebro (ou pela nossa mente). Quando, por exemplo, os 
foneticistas (aqueles que pesquisam sobre Fonética) querem estudar mais a fundo as 
características dos sons da fala, eles gravam os informantes, e as gravações são 
analisadas fisicamente, ou seja, são analisadas as propriedades do sinal sonoro com 
o arcabouço teórico da Física. 
Nesse caso, a produção sonora será investigada com o auxílio de 
equipamentos tecnológicos e vai ser avaliada a partir de parâmetros acústicos; 
estamos assim adentrando a Fonética Acústica. Se tomarmos os mesmos exemplos 
anteriores de pronúncia do ‘a’ ou a vocalização/velarização do ‘l’ poderá analisar 
esses sons através de analisadores espectrais, usando recursos digitais. Poderemos 
ainda visualizar esses sons a partir de seus pulsos glotais (da vibração das pregas 
vocais) ou a partir das frequências de ressonância emitidas pelo trato oral geradas na 
produção dos diferentes sons de ‘a’, como exemplifica a Figura. 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
Figura 1: Sinal acústico da vogal [a] na palavra ‘pata’ ([ˈpatɐ]). No círculo, uma 
vibração das pregas vocais ou, mais tecnicamente, um pulso glotal, referente à vogal 
[a] da sílaba acentuada ([ˈpa]). 
Toda essa informação tirada do sinal acústico nada mais é do que o registro do 
que foi falado e é fruto de um processo que começa com o ar saindo dos pulmões. 
Tentando explicar de uma maneira bem simples: os sons da maioria das línguas 
naturais, como os dos portugueses brasileiros, nascem a partir do momento em que 
o ar sai dos pulmões; a contração dos pulmões gera a expulsão do fluxo de ar que faz 
vibrar as pregas vocais; esse fluxo de ar, passando pelas pregas vocais, excita o trato 
vocal que funciona como uma caixa ressoadora e amplifica as frequências naturais 
desse tubo (o trato vocal), gerando os sons que ouvimos. 
 O paulista, o sulista, os nordestinos falam de maneira distinta, mas isso não 
implica impossibilidade de comunicação. Um bom exemplo para entendermos melhor 
onde atua a Fonética e a Fonologia é o processo de palatização que ocorre na 
produção das palavras ‘tia’ e ‘dia’. Vamos explicar melhor: se um carioca produzir as 
palavras ‘tia’ e ‘tapa’, você irá perceber que o ‘t’ que inicia essas palavras é produzido 
de uma forma particular. Diante de [i], esse ‘t’ terá um ruído, uma fricção, que não 
ocorre quando o carioca produz o ‘t’ da palavra ‘tapa’. Diz-se, então, que para 
diferenciar palavras no português (não são fonemas, portanto), já que [t]ia e [tS]ia têm 
 
15 
o mesmo significado em PB. Como pudemos observar até agora, a Fonética está 
preocupada em descrever articulatoriamente, percentualmente ou acusticamente as 
produções que ocorrem de fato. Vimos também que as produções das palavras do 
português brasileiro exibem muitas variantes. 
Além disso, notamos que, mesmo algumas vezes havendo muitas diferenças 
entre as produções, há compreensão entre os falantes. A Fonologia, no entanto, não 
está preocupada em descrever ou identificaras variantes no fluxo contínuo da fala. 
Sua preocupação é tratar de sons que distinguem o significado das palavras, além de 
organizar, postular regras e entender como se dá a variação na realização efetiva dos 
sons. É claro que, para fazer isso, precisamos nos apoiar em algumas propostas 
teóricas e cada teoria pode explicar as variações de sua própria maneira. 
Então, uma análise fonológica deve ter uma teoria subjacente. Porém, nem 
sempre uma única teoria dará conta de explicar todos os fenômenos de uma 
determinada língua. É consenso que a fala tem como principal objetivo o aporte de 
significado, mas, para que isso ocorra, ela deve se constituir em uma atividade 
sistematicamente organizada. O estudo dessa organização, que é dependente de 
cada língua, é considerado Fonologia. Assim, a Fonologia pode ser vista como a 
organização da fala de línguas específicas segundo os postulados de uma dada 
teoria. Logo, poderíamos dizer que uma descrição de como segmentos vocálicos 
(vogais) individuais podem ser produzidos e percebidos seria fornecida pela Fonética, 
já uma descrição das vogais ou do sistema vocálico do PB seria proporcionada pela 
Fonologia. Vamos a mais alguns exemplos do que se pode investigar sobre o 
português brasileiro nesses dois campos de estudo que se complementam 
mutuamente. 
Antes de mais nada, é preciso relembrar que, quando falamos de vogais e 
consoantes, referimo-nos a sons e não a letras. Assim, palavras como ‘cassado’ 
[kaˈsadʊ] e ‘caçado’ [kaˈsadʊ] possuem foneticamente as mesmas consoantes e 
vogais, apesar de serem grafadas com letras e grafemas diferentes. Por sua vez, 
palavras como (o) ‘olho’ (substantivo) e (eu) ‘olho’ (verbo) ([ˈoʎʊ] e [ˈɔʎʊ], 
respectivamente) apresentam foneticamente vogais diferentes, mesmo sendo 
grafadas com letras iguais. E ainda, como já vimos, a diferença entre [z] e [s] está na 
vibração ou não das pregas vocais, encontradas na laringe, como se percebe nas 
palavras ‘caça’ [ˈkasɐ] e ‘casa’ [ˈkazɐ], respectivamente. Isso pode ser alargado para 
a observação atenta de que, na grafia das palavras ‘mesmo’ [ˈmezmʊ] e ‘mescla’ 
 
16 
[ˈmɛsklɐ], a letra ‘s’ corresponde a dois sons diferentes, conforme pode ser observado 
nas respectivas transcrições fonéticas. Isso se deve à característica de vibração das 
pregas vocais (ou, mais tecnicamente, de vozeamento) da consoante que segue a 
letra ‘s’. 
No primeiro caso, o da palavra ‘mesmo’, a consoante que a segue é [m] que é 
produzida com a vibração das pregas vocais (ou seja, ela é sonora ou, usando um 
termo da área de acústica, ela é vozeada) e, no segundo caso, o da palavra ‘mescla’, 
que tem na sequência o [k], ele é produzido sem a vibração das pregas vocais (é uma 
consoante surda ou não vozeada). Assim, no primeiro caso, da palavra ‘mesmo’, 
teremos [z] que assimilou a sonoridade do som [m] que o segue, e no segundo caso, 
da palavra ‘mescla’, temos [s], que é surdo, como o som [k] que o segue. Basta 
entendermos que palavras grafadas com o mesmo grafema, no caso, podem ter esse 
grafema sendo produzido de maneira distinta a partir de um processo natural da fala 
e assim adquirir valores fonéticos distintos. 
 No caso deste grafema, a “modificação” se deu por influência do som que o 
sucede: em ‘mesmo’, o se realizou como [z], ou seja, como sonoro, porque depois 
dele havia um [m] que se realiza com vibração das pregas vocais. O trato vocal já se 
antecipa e se configura para atender a demanda do [m] e o ‘s’ assimila o vozeamento. 
Para um último exemplo, podemos verificar também, a partir de estudos apropriados 
desenvolvidos no âmbito da Fonética, que vogais diante das consoantes [d] e [g] são 
mais longas do que diante das consoantes [t] e [k], por exemplo, em palavras como 
‘coda/gota’ ([ˈkɔdɐ]/ [ˈgotɐ], respectivamente). Aquelas que dizem respeito às medidas 
de duração de vogais diante de certas consoantes ou ao comportamento da laringe 
durante o vozeamento e as suas consequências acústicas são julgadas abordagens 
mais fonéticas do que fonológicas. 
 Por sua vez, aquelas que tentam identificar as características que distinguem 
as vogais do português brasileiro; classificar os sons como vozeados e não vozeados; 
formular regras que têm por objetivo estabelecer padrões de vozeamento de 
consoantes surdas diante de consoantes sonoras; ou ainda classificar os sons como 
fonemas de uma determinada língua ou apenas variantes de um determinado fonema, 
são julgadas abordagens mais fonológicas do que fonéticas. Você se lembra da 
explicação dada para a modificação de [s] em [z] na palavra ‘mesmo’? A partir do 
momento que entendemos que essa modificação é sistemática, ou seja, que todo som 
[s] diante de um som vozeado se torna sonoro por um processo de assimilação de 
 
17 
vozeamento, estamos montando uma regra, organizando o nosso conhecimento, e 
então estamos entrando nos domínios da Fonologia. 
Por isso, a dificuldade de separar as duas disciplinas, que se imbricam e se 
justificam a todo momento. Parece que podemos considerar então que os foneticistas 
lidam com medidas precisas, amostragem do sinal de fala, estatísticas, enquanto os 
fonólogos lidam com a organização mental da linguagem, com as distinções sonoras 
concernentes a línguas em particular, identificando os sons que servem para distinguir 
uma palavra de outra, ou as regularidades de distribuição dos sons captadas a partir 
daquilo que o falante produz, ou ainda os princípios que determinam a pronúncia das 
palavras, frases e elocuções de uma língua. Outra tentativa de diferenciar Fonética e 
Fonologia estãorelacionadas à característica de universalidade concedida à Fonética, 
uma vez que ela trataria de aspectos mais gerais da produção dos sons da fala, 
enquanto a Fonologia trataria de aspectos mais específicos das línguas naturais em 
particular. 
No entanto, essa tentativa cai por terra quando pensamos que mesmo a 
Fonologia tem procurado estabelecer notações e terminologias universais para 
descrever a organização sonora de várias línguas do mundo. E, mesmo sob um 
enfoque mais fonético, tem-se estudado articulatória e acusticamente segmentos de 
línguas específicas, não somente características gerais. Ainda outra maneira de 
diferenciar Fonética de Fonologia está relacionada ao fato de que estudiosos da 
Fonética analisam como se dá a articulação de um segmento (a Fonética Articulatória) 
ou que parâmetros acústicos caracterizam um determinado sinal de fala (a Fonética 
Acústica) ou ainda como esse sinal de fala é percebido pelos ouvintes (Fonética 
Perceptiva). 
A Fonética é então empirista porque se apoia na experiência da fala, todavia, 
tanto a investigação de sistemas linguísticos quanto a investigação da organização 
mental da fala realizada pela Fonologia, também são baseadas na observação. 
Devido à reflexão que acabamos de apresentar, vamos dizer que a separação que 
faremos neste livro da Fonética e da Fonologia serve apenas como apoio didático para 
uma apresentação mais clara de todos os aspectos envolvidos na construção de 
significados sob esses dois olhares. Como adiantamos anteriormente, a língua que 
será evidenciada pela Fonologia será o português brasileiro, e as características 
fonéticas discutidas também serão referentes a essa língua. 
 
18 
3.1 Fonética 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br 
Os sons vocais são, portanto, a base da nossa fala e compreendê-los é uma 
tarefa importante para os profissionais da linguagem. Assim, criou-se uma ciência 
para estudá-los: a Fonética, que você vai começar a estudar nesse curso. A Fonética 
é um dos campos de investigação da ciência da linguagem – a Linguística – que tem 
como objeto de estudo os sons da fala e como objetivo compreender de que forma 
esses sons são produzidos pelo aparelho fonador humano, as suas características 
físicas e como se dáa percepção desses sons pelo nosso aparelho auditivo. 
Esse triplo objetivo faz surgir respectivamente três ramos de estudo da fonética: 
a fonética articulatória, a fonética acústica e a fonética perceptiva ou auditiva. Essa 
divisão está diretamente relacionada com a natureza do ato comunicativo. Como já 
deve ser do seu conhecimento, qualquer ato de comunicação envolve, pelo menos, 
os seguintes elementos: a pessoa que fala (falante/ emissor/enunciador), a pessoa 
que ouve (ouvinte/receptor) a mensagem que ela transmite o código no qual a 
mensagem está cifrada (a língua) e o canal ou meio físico que leva a mensagem do 
falante até o ouvinte. Pois bem, pensando neste esquema de comunicação podemos 
ver que o estudo dos sons da fala pode ser feito focalizando algum elemento deste 
esquema. 
São basicamente três os elementos focalizados: o emissor, o meio físico e o 
receptor. Quando o som é estudado do ponto de vista do emissor, procura-se explicar 
 
19 
como ele é produzido e as características que ele tem em decorrência da sua forma 
de produção. 
É o que de faz em fonética articulatória – Área que se dedica ao estudo da 
anatomia e da fisiologia da produção da fala, ou seja, descreve e observa a forma 
como os sons da fala são articulados pelo aparelho fonador. Inclui alguns orgãos que 
são simultaneamente comuns ao aparelho respiratório e ao aparelho digestivo, e que 
são responsáveis pela articulação da fala humana. Sendo a maior parte dos sons das 
línguas, produzidos no momento da expiração. O ar sai dos pulmões percorre os 
brônquios, a traqueia e a laringe, até que encontra as cordas vocais na glote. Se essas 
membranas estiverem abertas, os sons articulados são surdos ou não vozeados, 
como a consoante (S) da palavra (chá). 
Em seguida, o ar passa pela faringe e encontra outro órgão que influencia a 
produção sonora: o véu platino. Este órgão é responsável pela produção de sons 
nasais. Se for levantado, fecha a cavidade nasal, conduzindo o ar apenas pela 
produção de sons nasais. Se for levantado, fecha a cavidade nasal, conduzindo o ar 
apenas pela cavidade oral. Assim, se produzem os sons orais (p), (b), (k), etc, que 
constituem a maioria dos sons da fala. Se, pelo contrário, o véu palatino estiver 
baixado, o ar sai simultaneamente pelas cavidades oral e nasal, produzndo-se sons 
nasais, como as vogais nasais e as oclusivas nasais (m), (n) e (N). 
Área da fonética que se dedica ao estudo dos processos de audição da fala 
humana e de procesamento das suas características pelo cérebro humano. Estuda 
também a anatomia e fisiologia do ouvido humano, a forma como são recebidas as 
ondas sonoras e como elas são conduzidas pelos neurônios ao cérebro, onde são 
finalmente processadas e reconhecidas. Quando o som é estudado do ponto de vista 
do receptor, procura-se explicar como os sons são percebidos pelo ouvido humano, é 
a fonética receptiva. Por último, quando estudamos o som levando em consideração 
o seu aspecto físico, estuda-se a onda sonora para explicar as características físicas 
dos sons da fala importantes e necessárias para o funcionamento da linguagem. 
Área da fonética que se dedica às propriedades acústicas dos sons da fala, 
analisando tipos de ondas sonoras que a compõem, a sua produçaõ e propagação, 
os filtros que a modificam, ressoadores que a amplificam, etc. A fonética acústica 
recorre a instrumentos de análise e de observação das características físicas dos 
sons, análise essa que atualmente pode ser feita por ferramentas computacionais de 
análise de sinais de fala. Este domínio da fonética estuda propriedades físicas como 
 
20 
as durações, os tipos de frequencias formantes, o tom, a intensidade com que são 
produzidos os sons, a amplitude das ondas e a energia. 
 Resumindo, a Fonética é a parte da Linguística que estuda os sons da fala. 
Subdivide- -se em três ramos de estudo: fonética articulatória – estudo dos sons da 
fala do ponto de vista de sua produção pelo aparelho fonador; fonética auditiva ou 
perceptiva – estudo dos sons da fala do ponto de vista de sua percepção e fonética 
acústica – estudo das propriedades físicas dos sons da fala. 
O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de qualquer som produzido 
pelos seres humanos, quando o estudo da articulação, da acústica e da percepção 
dos sons utilizados em línguas específicas. No primeiro tipo de investigação, torna-se 
evidente a autonomia da Fonética em relação à Fonologia. No segundo tipo de 
investigação, porém, as relações entre as duas ciências se tornam patentes. 
A Fonética é o estudo dos aspectos acústicos e fisiológicos dos sons efetivos 
(reais) dos atos de fala no que se refere à produção, articulação e variedades. Em 
outras palavras, a Fonética preocupa-se com os sons da fala em sua realização 
concreta. Quando um falante pronuncia a palavra 'dia', à Fonética interessa de que 
forma a consoante /d/ é pronunciada: /d/ /i/ /a/ ou /dj/ /i/ /a/. 
 Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons independentes das 
oposições paradigmáticas e combinações sintagmáticas. 
 Observe no esquema: 
 
1- Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou ausência implica em 
mudança de sentido. 
 
 
 
21 
Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições lineares no contínuo 
sonoro. Troca na posição dos fonemas entre si. Ex: Roma, amor, mora, ramo. 
 
3.2 - Fonologia 
 
Fonte: www.mundoeducação.bol.uol.com.br 
A Fonética, ao estudar os sons da fala, tem como objetivo descrever suas 
características articulatórias e acústicas, bem como compreender como estas 
características são percebidas pelo ouvido humano. A Fonética estuda, portanto, os 
sons da fala independente das funções que possam desempenhar nas línguas. Você 
aprendeu, por exemplo, que do ponto de vista articulatório o som [p] é uma consoante 
oclusiva, bilabial, desvozeada. 
Essa caracterização do som [p] independe de se ele é um som da língua 
inglesa, da língua portuguesa ou da língua alemã. A Fonologia, ao contrário da 
Fonética, estuda os sons para compreender como eles se organizam em uma língua, 
de modo particular, e nas línguas de modo geral. À Fonologia interessa saber que 
função o som [p] desempenha na língua inglesa, na língua portuguesa, na língua 
alemã ou em qualquer outra língua em que ele venha a ocorrer. 
 
 
 
 
 
22 
Observe os exemplos abaixo: 
 
 
No primeiro grupo de exemplo, temos a vogal [a] (baixa, central, oral) em 'cato 
e a vogal [ə] (média, central, nasal) em 'canto'. São vogais foneticamente diferentes e 
essa diferença fonética é suficiente para indicar a diferença de significado entre as 
duas palavras. Em outros termos, é a alternância entre essas duas vogais que nos 
leva a interpretar cada cadeia sonora como significando coisas diferentes. Compare, 
agora, a ocorrência de [a] e de [ə] na primeira sílaba da palavra 'camada’, no segundo 
grupo dos exemplos. Veja que no primeiro caso ocorre a vogal [ a ] e no segundo, 
ocorre a vogal [ ə]. Do ponto de vista fonético, são vogais diferentes comono segundo, 
ocorre a vogal [ ə] em 'cato' e 'canto', mas a diferença entre elas, no caso de 'camada', 
não cria diferença de significado. 
Assim, podemos constatar que, dependendo do contexto em que ocorrem, 
vogais orais e vogais nasais têm um funcionamento diferente na língua portuguesa, 
funcionam em nossa. Nessa breve análise, vimos como dois sons, [ a ] e [ ə] língua 
e podemos expandir esse raciocínio para as línguas de modo geral entendendo que 
os sons funcionam de forma diferente de uma língua para outra. Isso significa que 
duas línguas podem ter os mesmos sons, mas ainda assim elas serão diferentes 
porque os sons funcionarão de forma diferente em cada uma delas e é isso que vai 
constituir a fonologia de cada uma. 
 A estrutura fonológica de uma língua é determinada pelo modo como os sons 
estão organizados, ou seja, como eles se combinampara formar as sílabas e as 
palavras e como eles funcionam para distinguir os significados. 
Observe e analise os exemplos abaixo. 
 
 
 
23 
 
Os sons [ t ] e [ tʃ ] fazem parte tanto do conjunto de sons da língua portuguesa 
quanto da língua inglesa. Contudo, o funcionamento deles é diferente em cada uma 
dessas línguas. Em inglês, eles são empregados para diferenciar o sentido das 
palavras (veja os exemplos acima), já em português, não. Em português [ 'tiɐ ] e [ 'tʃiɐ 
] são formas diferentes de se pronunciar a mesma palavra em dialetos diferentes. 
Podemos concluir que a Fonética descreve os sons da fala em termos de suas 
características físicas. 
Tem, portanto, um caráter descritivo e baseia-se nos processos de produção e 
de percepção dos sons da fala. Já a Fonologia tem um caráter interpretativo, isto é, 
interpreta os resultados obtidos por meio da descrição fonética estudando a função 
que os sons desempenham nos sistemas sonoros das línguas. Tem por base, 
portanto, o valor dos sons em uma língua particular. Identificar os sons e estabelecer 
o sistema fonético de uma língua é objetivo de um estudo fonético. Fazer o 
levantamento dos sons que têm função opositiva e distintiva, estabelecendo o sistema 
fonológico de uma língua é o objetivo de um estudo fonológico. 
Analisar fonologicamente uma língua é analisar os sons (segmentais e 
suprassegmentais) que a constituem para descobrir como eles se combinam para 
formar as sílabas, as unidades mínimas significativas (os morfemas) e, 
consequentemente, a palavra, bem como para explicitar de que forma esses sons são 
utilizados para distinguir o significado das palavras. 
A Fonologia é o estudo dos Fonemas (os sons) de uma língua. Para 
a Fonologia, o fonema é uma unidade acústica que não é dotada de significado. Isso 
significa que osfonemas são os diferentes sons que produzimos para exprimir nossas 
ideias, sentimentos e emoções a partir da junção de unidades distintas. Essas 
unidades, juntas, formam as sílabas e as palavras. 
A palavra 'Fonema' tem origem grega (fono = som + emas = unidades distintas) 
e representa as menoresunidadessonoras que formam as palavras. As palavras são 
a unidadebásicadainteraçãoverbal e são criadas pela junção de unidades 
menores: assílabaseossons,nafala, ou as sílabas e letras, na escrita. 
Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes. Essa 
classificação existe em virtude dos diferentes tipos de sons produzidos pela corrente 
de ar que sai dos nossos pulmões e é liberada, com ou sem obstáculos, pela boca 
e/ou pelo nariz. 
https://portugues.uol.com.br/gramatica/silaba-divisao-silabica.html
https://portugues.uol.com.br/gramatica/estrutura-das-palavras-.html
 
24 
4 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA FALA 
 
Fonte: www.slideshare.net 
A anatomia humana é o campo da Biologia responsável por estudar a forma e 
a estrutura do organismo humano, bem como as suas partes. O nome anatomia 
origina-se do grego ana, que significa parte, e tomei, que significa cortar, ou seja, é a 
parte da Biologia que se preocupa com o isolamento de estruturas e seu estudo. A 
anatomia utiliza principalmente a técnica conhecida como dissecação, que se baseia 
na realização de cortes que permitem uma melhor visualização das estruturas do 
organismo. Essa prática é muito realizada atualmente nos cursos da área da saúde, 
tais como medicina, odontologia e fisioterapia. 
A anatomia da laringe propriamente dita é composta por ossos, cartilagens, 
músculos, membranas, ligamentos e mucosa. O conhecimento da anatomia e da 
fisiologia do aparelho vocal é fundamental para o raciocínio clínico do terapeuta no 
tocante à conduta terapêutica do sujeito. A Laringe está situada na extremidade 
superior da traqueia e na região infra hioidea, logo abaixo da faringe. Está localizada 
na linha média, sua estrutura é ímpar e formada por um arcabouço 
musculocartilaginoso. Na parte anterior da laringe, facilmente palpável ao colocar os 
 
25 
dedos na linha mediana do pescoço tem-se a incisura tireóidea, onde estão 
localizadas posteriormente as pregas vocais. 
As estruturas da laringe são derivadas do II, III, IV, V e VI arcos branquiais e 
cada arco branquial é composto pelos três folhetos embrionários: endoderma, 
mesoderma e ectoderma (Tucker, 1993 apud Behlau et. al, 2001) Sua formação está 
entre a 4ª e 10ª semana do desenvolvimento e é nesse período que a laringe está 
sujeita a sofrer alterações. É interessante ressaltar que nós não possuímos um 
aparelho próprio para a produção da voz. O aparelho fonador é constituído por órgãos 
do aparelho respiratório, como os pulmões, e por órgãos do aparelho digestivo, como 
a cavidade oral, a boca. 
A seguir, encontramos uma representação do aparelho fonador: 
Imagem I: 
 
 
Fonte:www.letronomia.blogspot.com.br 
No processo de produção da fala, o ar expelido pelos pulmões atravessa a 
traqueia e encontra as cordas vocais na laringe. Caso as cordas vocais estejam 
fechadas, haverá uma pressão exercida por esse ar regressivo (que sai dos pulmões) 
e ocorre a vibração das cordas vocais. Mira Mateus (et al. 2005) nos adverte que em 
algumas línguas ocorre a produção de sons feitos com o ar ingressivo, o que entra 
 
26 
nos pulmões. Esses sons são conhecidos como cliques (é como aquele som que 
produzimos, no português brasileiro, para demonstrarmos insatisfação com algo. Esse 
som é representado pela onomatopeia tsctsc. Se lembram?) 
 Bom, mas na maior parte das línguas os sons são produzidos justamente pela 
vibração efetuada nas cordas vocais pelo a regressivo. Essa vibração produz o som 
que conhecemos como voz. A partir desse ponto, o som produzido, sendo propagado 
através do ar, encontra-se com o trato vocal, a parte formada pela faringe, boca (trato 
oral) e pelas fossas nasais (trato nasal). Como cada pessoa possui uma anatomia 
diferente, um formato diferente para cada um desses órgãos e mesmo pela 
constituição das cordas vocais, cada um possui uma voz diferente da outra pessoa. 
Observe abaixo uma imagem que retrata as cordas vocais: 
 
Imagem II 
 
Fonte:www.plus.google.com 
As cordas, ou pregas vocais, são esses filamentos embranquecidos que, sendo 
flexíveis, podem se encontrar abertos ou fechados. Essa abertura ou fechamento das 
cordas vocais está estritamente relacionada à produção de sons surdos e sonoros. 
4.1 Estruturas de Sustentação da Laringe 
O osso hioideo é uma estrutura de sustentação da base da língua e a estrutura 
de ligação de alguns músculos extrínsecos da laringe. Logo, o osso hioideo suspende 
a laringe por meio desses músculos, no entanto, não é um osso integrante da armação 
laríngea. 
 
27 
 
 
Fonte: www.todamateria.com 
Esse osso tem a forma da letra grega ípsilon minúscula (υ) parece com o nosso 
“u” e não está ligado a qualquer outra estrutura óssea, na verdade, o osso hioideo 
mantém-se suspenso por um sistema de músculos e ligamentos, que fazem dele uma 
estrutura totalmente móvel. 
As musculaturas da língua e do mento ligam-se ao osso hioideo por cima e pela 
frente, ao passo que os músculos e ligamentos pertencentes ao osso temporal 
aproximam-se do osso hioideo por cima e por trás. Já os músculos extrínsecos da 
laringe, da clavícula e do externo chegam ao osso hioideo por baixo. 
Os músculos extrínsecos da laringe são os músculos esterno tireóideo, os 
músculos tiro hioideos e os músculo constritor inferior da faringe. O primeiro é 
responsável levar a cartilagem tireoide para baixo, o músculo tiro-hioideo aproxima a 
cartilagem tireoide do osso hioideo, já o músculo constritor inferior da faringe tem sua 
atividade principal durante a deglutição e na fala forma a cavidade de ressonância 
vocal. 
Esse conjunto de músculos que suspendem o osso hioideo é denominado por 
músculos supra-hioideos. 
 
28 
Os músculos supra-hioideos são os músculos elevadores da laringe (o 
digástrico, o estilo-hioideo,o milo-hioideo, o gênio-hioideo, o hioglosso e o 
genioglosso). Os músculos hioglosso e o genioglosso são os músculos da língua e 
podem influenciar a laringe indiretamente. 
 
 
Fonte: www.todamateria.com 
Os músculos infra-hioideos localizam no pescoço, abaixo do osso hioideo. As 
funções desses músculos são abaixar o osso hioide e a laringe, além de fixar o osso 
hioide para que o músculo supra hioideos atuem abaixando a mandíbula. São 
conhecidos como "abaixadores indiretos" da mandíbula. 
A função dos músculos supra hioideos são: o músculo estilo-hioideo eleva e 
retrai o osso hioideo; o digastrico eleva o osso hioideo e abaixa a mandíbula; o 
músculo milo-hioideo eleva e projeta o osso hioideo e a língua; já o músculo gênio-
hioideo puxa a língua e o hioideo para frente. Os músculos infra-hioideos são o 
esterno-hioideo, o omo-hioideo e o esterno tireoideo. 
 
29 
4.2 Estruturas Cartilaginosas da Laringe 
 Existem nove cartilagens laríngeas, sendo três cartilagens ímpares, uma 
cartilagem par principal e duas outras cartilagens acessórias. 
 
 
Fonte: www.todamateria.com 
As cartilagens ímpares são a tireoide, a cricóide e epiglote: 
a) Tireoide: é a maior cartilagem da laringe, é única e tem a forma de um 
livro aberto para trás, parece o formato de um escudo com duas lâminas 
laterais, de forma quadrangular, e dois pares de cornos posteriores. O 
limite superior externo encontra-se uma das lâminas, encontra-se uma 
depressão conhecida como linha oblíqua, onde está inserido alguns 
músculos laríngeos como o tíreo-hioideo, esterno-hioideo e o músculo 
constritor inferior da faringe. Essa proeminência laríngea é conhecida 
vulgarmente como "pomo de Adão". O ângulo entre as duas lâminas é 
diferente para cada sexo. Nos homens, o ângulo está por volta de 90º 
enquanto que nas mulheres, o ângulo é maior, logo mais aberto, por volta 
de 120º. Isso vai interferir na fisiologia vocal, pois ao mesmo tempo em 
que influencia no tamanho das pregas vocais, contribui para definir a 
frequência da vibração das pregas vocais. 
 
 
30 
b) Cricoide: essa cartilagem tem um formato circular, parecido com um 
anel. A região anterior é mais estreita, já a região posterior é mais larga e 
mais elevada. Situa-se logo abaixo da tireoide, onde está ligada pela 
membrana crico-tireoidea e possui formato de anel, cujo engaste está 
voltado para trás. E está localizada logo acima do primeiro anel da traqueia. 
Também existe uma variação entre os sexos no tocante ao formato da 
cartilagem, nos homens é ovoide e nas mulheres é circular. 
Não se pode confirmar se a fenda posterior, comumente encontrada nas 
pregas vocais femininas, está relacionada com o formato circular da 
cartilagem cricoide nas mulheres. 
 
c) Epiglote: é uma cartilagem única em forma de folha. Está localizada no 
orifício superior da laringe, fixa-se através de um ligamento na superfície 
medial da cartilagem tireóidea, na junção anterior de suas lâminas, o 
chamado pecíolo da epiglote. 
A função da epiglote é proteger as vias aéreas inferiores durante a 
deglutição, por meio do abaixamento e do fechamento do adito laríngeo. 
Durante a infância, essa cartilagem encontra-se mais fechada passando a 
ter uma configuração mais aberta na puberdade. Embora a epiglote 
movimenta-se bastante durante a fala, a cartilagem tem pouca participação 
na produção vocal propriamente dita. 
 
As cartilagens pares são as aritenoideas e as acessórias, as corniculadas 
e as cuneiformes: 
 
d) Aritenoideas: são duas pequenas cartilagens, uma para cada lado, em 
forma de pirâmide triangular de grande eixo vertical, situa-se na margem 
inclinada da cartilagem cricoide. As cartilagens aritenoideas são 
responsáveis pela função fonatória e respiratória. Elas possuem uma forma 
geométrica piramidal: um ápice, três faces verticais e uma horizontal. A base 
de cada cartilagem aritenoidea tem três ângulos: na região mais anterior 
está o processo vocal; o ângulo póstero-lateral projeta-se para fora da 
laringe e recebe o nome de processo muscular (onde se insere diversos 
 
31 
músculos que veremos adiante como o cricoaritenoideo posterior (CAP) e o 
cricoaritenoideo lateral (CAL)). O ligamento vocal, uma parte importante das 
pregas vocais, está inserido no processo vocal. 
 
 
Fonte: www.todamateria.com 
e) Corniculadas: é uma cartilagem acessória, do tipo elástico-brancas, e 
também denominadas de cartilagens de Santorini (nomenclatura antiga). 
Estão localizadas nos ápices das cartilagens aritenóideas e lembra a forma 
de corno, por isso o nome de cartilagens corniculadas. No ser humano, elas 
são estruturas vestigiais. 
 
f) Cuneiformes: antigamente era conhecida por cartilagens de Wrisberg. Elas 
têm forma de cunha e são do tipo elásticas, e estão incrustadas nas pregas 
ariepiglóticas. As cartilagens cuneiformes proporcionam a sustentação para 
as pregas ariepiglóticas, provavelmente auxiliam na constrição supra glótica 
 
32 
anteroposterior (o fechamento do adito da laringe pelo abaixamento da 
epiglote). 
 
Distúrbios da linguagem são comuns na clínica neurológica de adultos devido 
à alta frequência de doenças vasculares cerebrais. A Unidade de Neurologia Clínica 
do Hospital Nossa Senhora das Graças fez um raro projeto de pesquisa na área de 
infartos cerebrais, que se presta até hoje para discussões sobre o sempre atual tópico 
da linguagem. Antes, é importante introduzir o conceito de lateralidade da função 
cerebral. O hemisfério cerebral dominante é localizado no lado oposto a aquele que o 
ser humano prefere para atividades motoras. Nas pessoas destras é o esquerdo. 
Esse conceito é só parcialmente correto para as pessoas sinistras, já que a 
grande parte dessa são sinistra incompleta, e têm dominância também à esquerda. 
Só naqueles que são completamente sinistros o hemisfério dominante será o direito, 
uma minoria. Este conceito de dominância cerebral é clássico, da época que 
considerava as funções verbais e de intelectualidade racional as mais importantes. 
Além das ideias clássicas do século XIX, as disfunções neurológicas do 
hemisfério dominante eram de mais fácil entendimento para os médicos da época, 
como a linguagem. As lesões do hemisfério não dominante produzem dificuldade de 
localização no espaço, distúrbios de emoções ou musicalidade. Esta definição de 
dominância predomina até nossos dias por sua tradição. O hemisfério esquerdo é 
ainda considerado o dominante, mesmo nos tempos do MMA, do twitter e do funk. 
Na porção inferior e posterior da caixa craniana está o cerebelo, envolvido com 
organização motora. Alterações de suas funções levam à falta de controle motor, 
como dificuldade na marcha, in-coordenação de membros superiores e inferiores, de 
língua, e da musculatura envolvida com a produção da palavra. 
Alterações cerebelares levam a um distúrbio de articulação da palavra 
(disartria). Nestes casos, a organização intelectual está intacta, e clinicamente o que 
se nota é que o paciente “enrola a língua”. O caso típico é o bêbado. Junto com o 
cerebelo, na parte inferior e posterior da caixa craniana, está o tronco cerebral, por 
onde vão ao cérebro e voltam dele para o resto do organismo fibras nervosas 
carregando todo tipo de informação e função. 
Devido à grande convergência de fibras para uma estrutura de pequenas 
dimensões como o tronco cerebral, qualquer lesão provoca uma sintomatologia 
exuberante. Um infarto de tronco cerebral frequentemente leva o paciente a óbito, ou 
 
33 
deixa sequelas, em geral são grandes, como paralisia de um ou ambos os lados do 
corpo, alterações importantes de fonação, de deglutição, de respiração, de 
movimentos oculares e faciais. Lesões no tronco cerebral produzem disartria, por 
dificuldade na articulação da palavra. 
O nome tronco cerebral foi dado devido à semelhança que esta estruturatem 
com vegetais, como árvores. O tronco cerebral é por onde circulam fibras que vão ou 
vêm dos hemisférios cerebrais. Existem dois hemisférios cerebrais, o direito e o 
esquerdo. Cada hemisfério cerebral é dividido em lobos frontal, temporal, parietal e 
occipital. Os lobos occipitais controlam processos visuais. O lobo occipital esquerdo 
“enxerga” o campo visual direito, composto por um hemi-campo nasal do olho 
esquerdo e um hemi-campo temporal do olho direito. 
 
 
 
Fonte: www.anatomiadocorpo.com 
 
O lobo occipital direito controla o campo visual esquerdo, de maneira análoga. 
Os lobos parietais têm função mais complexa. Na sua porção posterior, perto do lobo 
occipital, estão áreas associativas, que controlam e integram processos visuais, 
auditivos, sensoriais e de linguagem. Na sua porção mais anterior os lobos parietais 
controlam a sensibilidade provinda de todo o organismo. O lobo parietal esquerdo 
controla a sensibilidade do hemi-corpo direito e o direito do hemi-corpo esquerdo. 
 
34 
Os lobos frontais também têm função complexa. Seus polos anteriores 
controlam o nível de consciência, tanto em qualidade como em quantidade. As 
diferenças de comportamento provocadas por lesões dos lobos frontais direito e 
esquerdo são de difícil separação clínica. Nas suas porções posteriores existem as 
áreas motoras, vizinhas às áreas sensitivas dos lobos parietais. Como com as outras 
funções já descritas, a área motora do lobo frontal esquerdo controla o hemi-corpo 
direito e a do lobo frontal direito o hemi-corpo esquerdo. 
Na porção mais inferior da área motora do lobo frontal esquerdo fica o controle 
da musculatura envolvida em deglutição e fonação (língua, boca, faringe e laringe). 
Esta parte é envolvida com a articulação da fala, de maneira semelhante a regiões do 
tronco cerebral. Lesões aí localizadas provocarão disartria, ou seja, distúrbios de 
articulação da palavra falada. 
Os lobos temporais têm contiguidade anatômica com os frontais, parietais e 
occipitais. As funções do lobo temporal esquerdo são mais conhecidas do que as do 
direito, por serem mais óbvias ao exame clínico. O lobo temporal esquerdo congrega 
audição (percepção de sons de qualquer tipo, inclusive palavra falada) e o 
processamento necessário para o entendimento da palavra falada ou escrita. O lobo 
temporal direito parece ter uma função importante na compreensão de sons musicais, 
além de também ter uma função auditiva. 
Toda esta exposição sobre funções controladas por áreas cerebrais se 
relaciona ao córtex, o manto de células que cobre os hemisférios. Por baixo dele está 
a substância branca, composta de fibras que levam informações das células corticais 
e outras localizadas por entre a substância branca, nos chamados gânglios de base, 
que atuam como estações de transmissão e processamento de dados do córtex para 
o tronco cerebral e vice-versa. Também localizados abaixo do córtex, acima do tronco, 
vizinhas aos gânglios da base, e imersas na substância branca estão as estruturas 
que compõe o chamado sistema límbico, que coordena comportamentos e emoções. 
A fisiologia não obedece a padrões anatômicos como os já descritos. A 
recepção da linguagem envolve audição de sons, transformação destes em padrões 
característicos de linguagem (palavra falada) ou visualização de caracteres e sua 
posterior caracterização em termos de linguagem (palavra escrita). O lobo occipital 
processa informações visuais e o temporal processa informações auditivas e ambas 
convergem para uma área de associação localizada entre os lobos temporal, occipital 
e parietal esquerdo. Estas informações são passadas através do fascículo arcuado 
 
35 
para a região de expressão de palavra na porção mais inferior da área motora no 
córtex frontal esquerdo. 
Lesões restritas ao lobo temporal produzirão uma afasia (distúrbio de fala) 
receptiva, ou seja, de recepção de palavra. Estes pacientes têm capacidade de 
entender o que a eles é dito. Quando perguntamos a uma pessoa com tal tipo de 
distúrbio, por exemplo, que dia é hoje, a pessoa pode responder que ontem comprou 
um cachorro, da raça poodle, que é muito lindo, que tem três anos de idade, que as 
crianças adoram o cachorro, etc., etc., etc. 
Além da dificuldade para entender palavra falada, estes pacientes têm a 
característica de falar excessivamente. O ritmo da palavra, a composição das frases, 
e a articulação de cada palavra são corretas. Se ouvirmos uma dessas verborreias, 
sem termos conhecimento de que foi perguntado ao paciente, teremos a impressão 
de que nada de errado há com ele. 
Se a lesão se restringe a região frontal de expressão da palavra, o paciente 
terá uma afasia expressiva. Esta pode ser extrema, de maneira que o paciente não 
consiga produzir nenhum tipo de som. Pode ser menos severa, e o paciente produzirá 
sons ininteligíveis. Ou ainda menos severa quando o paciente produzirá palavras mal 
pronunciadas. Nesses casos pode haver confusão com disartria. O distúrbio da fala 
mais comum é misto, ou seja, nota-se um distúrbio tanto de recepção como de 
expressão. 
Isto porque o fascículo arcuado corre desde o córtex temporal (área receptiva), 
através da substância branca do lobo parietal, até o córtex da porção inferior da área 
motora do lobo frontal (área expressiva). Por sua extensão, é incomum que o fascículo 
arcuado não seja lesado em tais pacientes. Os métodos de investigação para localizar 
alterações morfológicas da estrutura cerebral são a tomografia computadorizada ou a 
ressonância magnética. 
 O primeiro para urgências, e o segundo para detalhes, quando o paciente pode 
ficar calmo durante longos períodos. As doenças cerebrovasculares isquêmicas, onde 
há obstrução de artérias cerebrais, levam à necrose (morte) do tecido cerebral no 
território irrigado por este vaso. O cérebro é suprido por duas circulações, a anterior e 
a posterior. A circulação anterior é feita através das artérias carótidas direita e 
esquerda, que correm da aorta torácica, através do pescoço e adentram a caixa 
craniana por trás do ângulo da mandíbula. Logo após entrar no crânio cada artéria 
carótida se divide em artérias cerebrais, anterior e média. 
 
36 
A artéria cerebral anterior irriga a porção mais medial dos lobos frontal e 
parietal. A artéria cerebral média, de calibre bem maior, irriga a porção lateral e inferior 
do lobo frontal, a porção lateral e posterior do lobo parietal, e o lobo temporal na sua 
quase toda totalidade. A circulação posterior é feita através das artérias vertebrais, 
que, deixando a aorta torácica, correm por entre a coluna vertebral cervical e adentram 
a caixa craniana pelo forame occipital. Logo a seguir as duas artérias vertebrais se 
unem para formar a artéria basilar, que se situa anteriormente ao tronco cerebral e 
suprem, além deste, o cerebelo. 
 Quando chega ao topo do tronco cerebral a artéria basilar se divide em duas 
artérias cerebrais, posteriores, que suprem os lobos occipitais. Entre 1982 e 1985 
cerca de 350 pacientes entraram neste Protocolo de Estudos em doenças cerebrais 
vasculares isquêmicas. Um estudo semelhante a este só veio a ser replicado no Brasil 
no século XXI, 30 anos depois, utilizando hospitais em dois estados ao mesmo tempo, 
e, mesmo assim, com falhas metodológicas significantes. 
Em média um paciente a cada três dias era admitido na Unidade de Neurologia 
Clínica com um quadro de falta de vascularização cerebral. Esta pode ser transitória 
e reversível (ataque isquêmico transitório), ou definitiva (infarto cerebral). Em 1983, 
com o objetivo de apresentar dados no Congresso Pan-americano de Neurologia, em 
Buenos Aires, dados iniciais em 119 casos coletados até a época foram estudados de 
maneira estatística. Dos 119 pacientes, 71 foram do sexo masculino mostrando uma 
predominância de em torno de 60% dos casos para este sexo. Estes valores estão de 
acordo com estudos em outrospaíses, demonstrando que o sexo feminino é menos 
predisposto a doenças vasculares cerebrais isquêmicas. 
A média de idade dos 119 pacientes foi de 59.5 anos, com desvio padrão de 
35 anos. Novamente estes resultados corroboram dados de estudos internacionais, 
mostrando que é na década dos 50 e 60 anos que ocorrem a maioria dos infartos 
cerebrais. O grande desvio padrão, no entanto, mostra que esta patologia pode na 
verdade ocorrer em qualquer idade, estando incluídos na casuística crianças de 
menos de 10 e pacientes acima de 80 anos de idade. 
Somente 13% dos pacientes apresentaram isquemia cerebral reversível, sendo 
que nos outros casos os infartos ocorreram produzindo sequelas de maior ou menor 
severidade. De especial interesse é o fato de que o território da artéria cerebral média 
esquerda foi atingido em 35% dos casos, enquanto que o território da cerebral média 
direita foi atingido em 17%, o das artérias cerebrais anteriores e posteriores 
 
37 
conjuntamente em 12%, o da artéria basilar em 7,5%. Áreas de múltiplas artérias 
foram lesadas em 29% dos casos. Chegamos então à triste conclusão de que em mais 
de 1/3 dos casos foi atingido o território nobre do hemisfério cerebral esquerdo, aquele 
irrigado pela artéria cerebral média, que inclui as áreas de recepção e expressão da 
palavra, além do fascículo arcuado, que conduz informações entre as duas áreas. 
Desta maneira grande parte (mais de 1/3) dos pacientes com infartos cerebrais 
têm algum déficit de linguagem após a instalação desta doença. Partindo de que esta 
é a doença que mais comumente leva um paciente a ser internado em um serviço de 
neurologia clínica, vemos a importância extrema desses resultados, mostrando que 
doenças cérebro vasculares afetam de maneira importante a linguagem do ser 
humano. 
Dos 119 casos estudados, 15% foram a óbito, 6% permaneceram 
incapacitados no leito com algum grau de afasia, 13% conseguiram deixar o leito, 
porém permaneceram dependentes de familiares para funções básicas (alimentação, 
troca de roupa, necessidades básicas) e 23% se tornaram independentes, porém 
tinham algum déficit. 43% dos pacientes retornaram as suas atividades normais após 
o evento vascular. Deve ser enfatizado que estes resultados são muito bons quando 
comparados a hospitais onde não haja um serviço de neurologia ativo e bem 
preparado do ponto de vista tecnológico. 
Por exemplo, sem tomografia axial computadorizada não é possível utilizar 
tratamento anticoagulante, que melhora em muito o prognóstico destas doenças. De 
maneira que é de se esperar um número ainda maior de pacientes com sequelas 
graves, frequentemente da linguagem, em hospitais menos estruturados. A 
recuperação do déficit verbal produzido por infarto cerebral ocorre como aquela de 
outros déficits neurológicos. O paciente que tem como resultado de seu infarto uma 
afasia receptiva, expressiva ou mista, notará uma melhora expressiva com o passar 
do tempo. 
A maior melhora ocorre nas semanas imediatamente após o evento vascular. 
Posteriormente, a melhora é muito mais lenta e o paciente atinge um “plateau”, após 
o que não há mais progresso. É por este motivo que um tratamento agressivo na fase 
aguda do evento vascular é recomendado. Mais recomendado ainda é que a classe 
médica e a população em geral reconheçam que déficits transitórios de função 
cerebral são da maior importância porque ocorrem antes de um infarto cerebral 
definitivo. Infelizmente, isso não ocorre. 
 
38 
Desta maneira, pacientes que têm, como popularmente chamadas, “ameaças 
de derrame”, não recebem tratamento adequado até que tenham tido o “derrame 
final”, quando o que resta ao médico é remediar uma situação que poderia ter sido 
evitada. Até este tempo nos concentramos no problema da linguagem, embora o tema 
solicitado tenha sido “Linguagem e Mente”. Talvez a questão de mais difícil resposta 
no momento científico é aquele referente a equação mente-cérebro. 
Aqui emergem neurologia e psiquiatria, e por que não filosofia? Do ponto de 
vista neurológico, mente é o produto final de todas as funções cerebrais, verbais, 
intelectuais, emocionais e sensoriais. A mente não está localizada especificadamente 
em nenhuma área cerebral. Novamente pacientes com infartos cerebrais se prestam 
como modelo para estudo. O paciente que tem uma lesão na área de recepção ou de 
expressão da palavra, terá uma alteração profunda no seu estado mental. Pacientes 
que têm infartos no hemisfério direito, onde não há organização da palavra por si, 
demonstram alterações mentais. Infartos em áreas de função visual criam uma nova 
imagem corporal, ou do mundo, para o portador. 
Nos portadores de infartos no território das artérias cerebrais anteriores é que 
se nota uma maior alteração mental. Esses comumente se tornam desinibidos, com 
euforia, ou, ao contrário, ficam introvertidos, com depressão. Essa alteração de estado 
mental impede a recuperação de outras funções, como paralisias, afasias, ou déficits 
visuais. Ocorre, no entanto, que grande parte do progresso observado em neurologia 
nas últimas décadas se deve a uma aplicação de métodos objetivos, de estudos 
controlados e análise estatística, a grupos de pacientes com alterações de função que 
possam ser quantificadas. É bastante óbvio que é muito mais difícil quantificar 
alterações mentais do que paralisias ou afasias, ou déficits visuais. 
5 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SONS DA FALA 
De acordo com a fonética articulatória, os sons produzidos na linguagem 
humana são chamados fones ou segmentos. Esses sons podem ser divididos 
basicamente em três grupos: consoantes, vogaisesemivogais(ouglides). 
 
 
 
39 
6.1 Consoantes 
As consoantes, ou segmentos consonantais, são sons produzidos com algum 
tipo de obstrução no trato vocal, de forma que há impedimento total ou parcial da 
passagem de ar. Esses sons são classificados de acordo com os seguintes critérios: 
 
1) Modo de articulação 
2) Lugar de articulação 
3) Vozeamento 
4) Nasalidade / Oralidade 
 
A notação dos segmentos consonantais é feita do seguinte modo: 
 
 Modo de articulação + Lugar de articulação + Vozeamento + Nasalidade / 
Oralidade. 
 
A notação dos segmentos vocálicos é feita do seguinte modo: 
 
 Altura da língua + Anteriodade / Posterioridade da língua + Arredondamento 
dos lábiospara ver como se dá a produção das vogais do Português. 
 
 As consoantes constituem diversas categorias, entre elas: surdas ou sonoras; 
orais ou nasais; oclusivas ou fricativas (etc); mas são melhor descritas a partir da 
especificação de seus pontos e modos de articulação. Os pontos de articulação mais 
significativos (no Português) são os lábios, os dentes, os alvéolos e o palato. As 
categorias de modo de articulação são oclusivas, fricativas, nasais, líquidas e semi-
consoantes. 
 
 Oclusivas 
 
São produzidas pelo bloqueio da pressão do ar em algum ponto do trato vocal 
que a seguir é desfeito. Este ar pode ser bloqueado pela pressão dos lábios unidos 
ou pela pressão da língua contra os alvéolos ou palato. 
 
 
40 
 
Fonte: www.oclusivas.com.br 
 
Podemos produzir oclusivas (ou também conhecidas como plosivas) com lábios 
(bilabiais), dentes (linguodentais) ou véu (linguopalatais). 
Vejamos alguns exemplos de oclusivas orais: 
 
 Bilabiais: /p/, / b/ 
 Linguodentais: /t/, /d/ 
 Linguopalatais: /k/, /g/ 
 
 
Nasais 
São produzidas pelo deslocamento do véu da parede posterior da faringe 
permitindo a saída do ar que foi bloqueado em algum ponto da cavidade bucal. Essa 
obstrução pode-se dar em 3 pontos articulatórios também, e são consideradas 
consoantes oclusivas. 
 
https://ericasitta.files.wordpress.com/2012/07/bebe-1-ano.jpg
 
41 
 
Fonte:www.ericasitta.wordpress.com 
 
Vejamos alguns exemplos de oclusivas nasais: 
 Bilabiais: /m/ 
 Linguodentais: /n/ 
 Linguopalatais: /ƞ/ 
 
 
Fricativas 
São produzidaspela constrição da corrente aérea em algum ponto do trato 
vocal, determinando uma grande turbulência e produção de sons de alta frequência. 
Elas diferem pelo ponto de articulação; podem ser produzidas por estreitamentos 
feitos entre os lábios e os dentes (labiodentais) entre a língua e os alvéolos (línguo-
alveolares) ou entre a língua e o palato (linguopalatais). 
 
https://ericasitta.files.wordpress.com/2012/07/mmmm1.jpg
 
42 
 
Fonte:www.fricativas.com.br 
 
Vejamos alguns exemplos de fricativas: 
 Labiodentais: /f/, /v/ 
 Línguo-alveolares: /s/, /z/ 
 Linguopalatais: /ʃ/, /Ʒ/ 
 
 
Líquidas 
 
Enquanto as consoantes citadas anteriormente receberam suas denominações 
em decorrência de sua produção articulatória, as líquidas não seguem esse critério. 
Elas compreendem as laterais e as vibrantes. As laterais se distinguem pela obstrução 
da corrente expiratória em um ponto central e esse fato permite sua passagem pelas 
regiões laterais. A obstrução é feita com a ponta da língua tocando a região alveolar 
(línguo-alveolar) ou a ampliação dessa área de contato atingindo quase toda região 
anterior do palato (linguopalatal). Outra característica dessa produção é a 
concavidade e distensionamento da língua (mais acentuadas nas línguo-alveolares). 
Vejamos alguns exemplos de líquidas laterais: 
 
 Línguo-alveolares: /l/ 
 Linguopalatais: /ʎ/ 
 
São chamados de vibrantes os sons que se produzem quando um órgão 
elástico e tenso executa um olu vários movimentos rápidos. Distinguem-se também 
https://ericasitta.files.wordpress.com/2012/07/fricativa.jpg
 
43 
pelo ponto em que esta vibração se dá, podendo ocorrer na região alveolar (línguo-
alveolar) ou velar (uvulares). 
Vejamos alguns exemplos de Líquidas vibrantes: 
 
 Línguo-alveolares: /r/ 
 Velar: /R/ 
 
 Vogais 
As vogais, ou segmentos vocálicos, são sons produzidos sem obstrução no 
trato vocal, de forma que a passagem de ar não é interrompida. Esses sons são 
classificados de acordo com os seguintes critérios: 
 
1) Altura da língua 
2) Anterioridade / Posterioridade da língua 
3) Arredondamento dos lábios 
4) Nasalidade / Oralidade 
6 DESCRIÇÃO DOS SONS LINGUÍSTICOS 
 
Fonte:www.sonslinguisticos.com.br 
 
 
44 
A fonologia tem por objetivo principal a definição dos sons que desempenham 
funções linguísticas e a descrição e explicação dos processos fonológicos que os sons 
de uma língua sofrem ou provocam. Desta forma podem-se dividir os sons da fala em 
propriedades de três tipos diferentes: Articulatória, Acústicas, Perceptivas. 
Deste modo o falante utiliza a propriedade articulatória, o ar transmite a 
propriedade acústica, e o ouvinte utiliza a propriedade perceptiva. Só desta forma 
existe a comunicação verbal, ou seja, o cérebro contém informação linguística que é 
transmitida pelo sistema nervoso central. Este transmite a informação aos músculos 
e órgãos relacionados com a produção de sons da fala. A este conjunto chama-se 
aparelho fonador. – Imagem fotocopia. 
Numa primeira fase do som dá-se a expiração nos pulmões, isto significa que 
a massa de ar passando pela laringe atinge as cordas vocais, fazendo-as vibrar. A 
isto dá-se o nome de fonação. Finalmente na cavidade oral e nasal a massa de ar 
assume o formato de som de fala (“articulação”). 
 
Características articulatórias do som da fala: 
Para definir os sons ou fonemas são essenciais as etapas de fonação e de 
articulação. A etapa da fonação implica a produção de voz na laringe, assim, o ar 
atravessa a glote e as cordas vocais podem ou não vibrar, produzindo assim sons 
vozeados ou sonoros consoante a vibração das cordas vocais ou sons vozeados ou 
surdos que são produzidos sem vibração nas cordas vocais. 
 
Sons do português: 
Os sons são transformados nas cavidades supraglotais: a cavidade faríngea, 
que quase não desempenha papel na articulação dos sons em português, no entanto, 
a cavidade nasal, permite distinguir os sons orais dos sons nasais. Os sons nasais 
podem passar em simultâneo pela cavidade nasal e pela cavidade oral, dando-se o 
afastamento do véu palatino, que quando se afasta produz sons nasais. 
Foi realizada a palatografia e a linguografia para todos os sons estudados, ou 
seja, [s], [z], [(], [y], [l], [r] e [k], em dois sujeitos com desenvolvimento típico de fala e 
linguagem nas faixas etárias de cinco e sete anos, no dia da coleta de dados, não 
estava presente nenhum sujeito na faixa etária de seis anos, que pudesse realizar a 
técnica. Estes sujeitos fizeram parte do estudo, mas não apresentaram distorção, 
pertencendo ao GSTFSD. Foram escolhidos aleatoriamente dentro deste grupo. A 
 
45 
palatografia e a linguografia possibilitaram uma comparação visual das produções 
adequadas e das comdistorção. 
Todos os sujeitos com distorção de fala confirmada na prova para verificação 
de distorção foram submetidos à palatografia e à linguografia para análise do som 
distorcido. 
Explicava-se à criança o procedimento para a obtenção da palatografia. A 
ordem dada à criança foi: “vou pintar sua língua com uma mistura preta que não tem 
gosto nem cheiro, logo depois vou pedir para você falar uma palavra. Depois de falar 
você deve abrir a boca para que eu coloque o espelho para ver como ficou seu ’céu 
da boca‘, e então vou tirar uma foto”. 
Para a linguografia, a ordem dada foi: “vou pintar seu ’céu da boca‘, com uma 
mistura preta que não tem gosto nem cheiro, e logo depois vou pedir para você falar 
uma palavra. Depois de falar você deve abrir a boca e colocar a língua para fora, e 
em seguida vou tirar uma foto da língua”. 
Para a palatografia, a língua dos sujeitos foi revestida com uma mistura de 
partes iguais de azeite de oliva e carvão de lenha digestivo pulverizado (o azeite de 
oliva não tem sabor ruim e o carvão é insípido), com um pincel largo e macio. Em 
seguida o sujeito deveria produzir uma palavra que contivesse o som a ser 
investigado. 
Após a produção da palavra, era solicitado que o sujeito abrisse a boca para a 
introdução de um espelho com cantos arredondados, que refletia a região entre os 
molares esquerdos e direitos da arcada dentária superior que foi contatada pela 
língua. Logo após, a imagem refletida no espelho foi fotografada e todo o processo 
filmado. Ao término do registro fotográfico, o sujeito foi instruído a utilizar a escova 
de dente e enxaguar a boca para que não ficasse nenhum resíduo da mistura. A 
seguir, são mostradas as Figuras do material, mistura, aplicação da mistura para 
realização da palatografia e linguografia, introdução do espelho entre os molares e 
palatografia elinguografia. 
Após a obtenção da palatografia, procedimento semelhante foi realizado para 
a linguografia. A mesma mistura foi aplicada no palato duro, e após a produção da 
mesma palavra utilizada na palatografia, o sujeito colocava a língua para fora para ser 
fotografada e filmada para posterior análise (CASAES, 1992; LADEFOGED,2001). 
O tempo gasto para a realização de cada palatografia e/ou linguografia entre 
instrução, aplicação da mistura, produção e enxágüe foi ao redor de dois minutos. No 
 
46 
entanto, 40% das crianças referiram enjôo. Em alguns casos, na hora de fotografar a 
palatografia o espelho embaçava enquanto procurava-se o melhor foco para 
fotografar a imagem. Além disso, para as crianças menores houve dificuldade em se 
posicionar o espelho entre os molares, devido ao tamanho reduzido da 
arcadadentária. Para a análise do palatograma e do linguograma foram usadas as 
fotografias. Nesta análise estudou-se a arcada dentária, o palato duro e a mancha 
observada. O Quadro 4 mostra as medidas analisadas para cada um dos 
componentesestudados. 
Durante a análise a criança poderia apresentar concomitantemente mais de um 
ponto de contato (CASAES, 1990). As manchas poderiam ocorrer também em mais 
de uma região do palato, sendo considerada como exemplo dento-alveolar,

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