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Doenças exantemáticas da infância

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DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS 
ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO / PREVENÇÃO 
SARAMPO 
Exantema maculopapular 
→ Paramixovírus/Morbilivírus 
→ Transmissão – via aérea, aerossol 
→ Idade – lactentes até adultos 
→ Em crianças <1A e desnutridas pode levar ao 
óbito; em adultos e adolescentes a gravidade 
tende a ser menor 
→ Apesar de ser uma “doença da infância”, não 
deve ser considerado uma moléstia banal 
pois apresenta um grande número de 
possíveis complicações (30% dos casos) 
→ Pródromo – febre, tosse seca intensa, coriza 
abundante, cefaleia, mal-estar, prostração 
intensa, conjuntivite (olhos hiperemiados, 
lacrimejamento, fotofobia, edema bipalpebral) 
→ Febre alta que atinge o auge na época do 
aparecimento do exantema (≠ da maioria das 
viroses) 
→ Enantema – hiperemia de orofaringe e manchas 
de Koplik (manchas branco-azuladas em região 
oposta aos dentes molares, de 1mm de 
diâmetro) 
→ Exantema (maculopapular eritematoso, 
morbiliforme) – inicia-se na região 
retroauricular, disseminando-se rapidamente 
para pescoço, face e tronco, atingindo a 
extremidade dos membros e tronco; as lesões 
tornam-se confluentes e descamam 
(descamação fina) 
→ A doença atinge seu auge na fase 
exantemática, ficando o paciente toxêmico, 
febril, com olhos hiperemiados, fotofobia, 
intensa rinorreia e tosse 
→ O exantema deixa manchas acastanhadas ao 
esmaecer 
→ Diagnóstico – dosagem de anticorpos (IgM) 
→ Prevenção – vacinação 
→ Contactantes – vacina até 72h após contágio / 
após esse período, imunoglobulina humana, 
até 6 dias 
→ NOTIFICAR a Secretaria de saúde ou a 
vigilância! 
RUBÉOLA 
Exantema maculopapular 
→ Togavírus/Rubivírus 
→ Transmissão – via aérea, perdigotos 
→ Idade – crianças até adultos 
→ Complicações em crianças são raras 
→ Gestantes – possibilidade de promover dano 
fetal! 
→ Pródromo (adolescentes/adultos) – febre baixa, 
mal-estar 
→ Exantema (maculopapular róseo, morbili-
forme) – se inicia e face, espalhando-se 
rapidamente para pescoço e tronco, atingindo 
os membros e tronco (progressão 
cefalocaudal); as lesões não são confluentes 
→ Sinal de Forscheimer (não é patognomônico) – 
em alguns casos, observa-se lesões petequiais 
no palato mole 
→ Adenomegalia (achado marcante) – pode 
anteceder o exantema; acomete principalmente 
os gânglios cervicais e retroauriculares 
→ Esplenomegalia discreta (metade dos casos) 
→ Dano fetal (gestantes) 
→ Diagnóstico – isolamento do vírus do material 
da nasofaringe ou urina; pesquisa de 
anticorpos IgM/IgG 
→ Prevenção – vacinação (a vacinação em 
crianças visa fundamentalmente proteger as 
mulheres grávidas suscetíveis do convívio) 
→ Contactantes – observação 
DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS 
ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO / PREVENÇÃO 
EXATEMA SÚBITO / 
ROSÉOLA INFANTIL 
Exantema maculopapular 
→ Herpes-vírus humano 6 e 7 (HVH6/HVH7) 
→ Transmissão – perdigotos? 
→ Idade – 6 meses a 6 anos (predomínio <2A) 
→ Febre alta e contínua (criança fica 
extremamente irritada e anorética) – causa 
comum de convulsão febril 
→ Linfonodomegalia cervical 
→ Hiperemia de nasofaringe 
→ Exantema – a febre cessa bruscamente e, então, 
aparece o exantema, constituído por lesões 
maculopapulares rosadas. As lesões se 
iniciam em tronco e se disseminam para cabeça 
e extremidades e não são pruriginosas 
→ O exantema desaparece sem deixar 
descamação ou hiperpigmentação, podendo 
passar despercebido 
→ Diagnóstico – sorologia 
→ Prevenção – não existe 
→ TTO – sintomático (analgésicos, antitérmicos) 
→ Contactantes – observação 
ERITEMA INFECCIOSO 
Exantema maculopapular 
→ Parvovírus humano B19 
→ Transmissão – via aérea, perdigotos 
→ Idade – 5 a 15 anos 
→ Complicações – atenção a aplasia de MO 
(principalmente em imunocomprometidos) 
→ Exantema – maculopápulas na face que 
confluem, tornando-se uma placa vermelho-
rubra, concentrada, principalmente nas 
bochechas. Poupa a região perioral, testa e 
nariz (aspecto de “asa de borboleta”) – aspecto 
de “cara esbofeteada”. Evolui, acometendo 
membros (inicialmente, a face extensora, em 
seguida, a flexora), predominando em áreas 
expostas. A lesão da pele inicia-se como 
mácula, que vai aumentando, deixando a região 
central mais pálida, conferindo um aspecto 
rendilhado. O exantema pode exacerbar ou 
reaparecer quando a criança é exposta ao sol, 
faz exercício ou quando há alterações de 
temperatura. 
→ Em geral, afebril 
→ Artralgias, artrites (adolescentes e adultos) 
→ Síndrome das luvas e meias (apresentação 
incomum que ocorre em crianças e adultos 
jovens) – lesões purpúricas simétricas e 
eritematosas indolores nas mãos e nos pés; 
eventualmente acomete bochecha, cotovelo, 
joelho e nádegas (OBS – outros agentes 
infecciosos podem estar relacionados a essa 
síndrome) 
→ Morte fetal (gestantes) 
→ Diagnóstico – sorologia 
→ Prevenção – não existe 
→ Contactantes – observação, principalmente 
em pessoas com hemoglobinopatia (vírus 
tem como célula-alvo os eritroblastos, 
podendo causar anemia, que pode ser 
profunda nesses pacientes) 
DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS 
ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO / PREVENÇÃO 
ENTEROVIROSES 
Exantema maculopapular 
→ Coxsackie A/B 
→ Echovírus 
→ Enterovírus 
→ Transmissão – via oral-fecal, via aérea 
→ Idade – crianças pequenas 
→ Febre, sintomas gerais 
→ Exantema (variável) – maculopapular, 
vesicular, petequial, urticariforme, de 
distribuição generalizada 
→ Prevenção – cuidados higiênicos 
SÍNDROME MÃO-PÉ-
BOCA 
→ Coxsackie A16 
→ Coxsackie A5, A7, A9, A10, B2, B3, B5 
→ Enterovírus 71 
→ Transmissão – via oral-fecal, via aérea 
→ Idade – mais frequente em crianças (<5A) 
→ Pródromo – febre baixa, irritabilidade, anorexia 
→ Lesões orais (aftosas) – lesões vesiculares que 
aparecem na mucosa bucal e na língua, que se 
rompem, transformando-se em úlceras 
dolorosas de tamanhos variáveis (OBS – nem 
sempre as úlceras orais estão presentes) 
→ Exantema – lesões papulovesiculares, de 3-7 
mm, que acometem principalmente dedos, 
dorso e palma das mãos e planta dos pés. Em 
lactentes é frequente acometimento perineal 
→ Vesículas são ovaladas, com formato de “grão 
de arroz” 
→ Onicomadese (descolamento da unha) – pode 
ocorrer semanas após a infecção aguda 
→ Descamação das mãos e pés – pode ocorrer em 
alguns casos 
→ Diagnóstico – PCR viral (fezes e orofaringe), 
sorologia 
→ TTO – sintomático; em casos de lesões que 
acometam áreas extensas e muitas lesões na 
cavidade oral pode ser necessária a 
internação para alimentação via sonda 
nasogástrica; nos pacientes com infecção 
secundária são indicados antibióticos; em 
casos graves de MPB pode-se utilizar 
imunoglobulina IV 
→ Prevenção – cuidados higiênicos 
MONONUCLEOSE 
INFECCIOSA 
Exantema maculopapular 
→ Vírus Epstein-Barr (EBV) – responsável por 
cerca de 80% dos casos 
→ Transmissão – contato íntimo oral 
→ Outros agentes – CMV, HIV, vírus da hepatite 
B, Toxoplasma gondii 
→ Idade – qualquer idade 
→ Exantema (10-15% dos casos / exceto quando 
se administra penicilina ou ampicilina) – na 
maioria das vezes maculopapular, mas podem 
ocorrer erupções petequiais, papulovesiculares, 
escarlatiniformes e urticariformes. As lesões 
aparecem no tronco e extremidades 
→ Febre 
→ Linfonodomegalia (preferencialmente cervical) 
→ Hepatoesplenomegalia 
→ Faringoamigdalite 
→ Diagnóstico – sorologia 
→ Tratamento – sintomático (antitérmicos, 
analgésicos, nutrição e hidratação adequadas) 
EXANTEMA 
LATEROTORÁCICO 
UNILATERAL 
→ Causa indeterminada – vírus respiratórios? 
→ Idade – 10 meses a 10 anos (média ~2 anos) 
→ Sexo feminino 
→ Erupção escarlatiniforme ou eczematosa, que 
frequentemente se inicia de modo unilateral, 
próximo da axila (região superior do tronco e 
proximal do braço), podendo generalizar-se. 
Poupa as palmas das mãos, planta dos pés e 
mucosas. Geralmente há prurido 
→ Ocasionalmente há relato de IVAS prévia 
→ Tratamento – cremes hidratantes (responde 
poucoao uso de corticosteroides tópicos) 
 
DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS 
ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO / PREVENÇÃO 
VARICELA 
Exantema vesicular 
→ Vírus da varicela-zóster (Herpes vírus 
humano 3 – HVH3) 
→ Transmissão – aerossol, contágio direto, 
vertical 
→ Idade – 1 a 14 anos 
→ Costuma ser benigna, entretanto, pode 
provocar complicações sérias: 
 Infecções bacterianas secundárias 
 Pneumonia 
 Encefalite 
 Manifestações hemorrágicas 
 Síndrome de Reye (não usar AAS como 
antitérmico!) 
→ Pródromo (adolescentes e adultos) – sintomas 
gerais (febre baixa, mal-estar) 
→ Exantema – máculas eritematosas que 
rapidamente se tornam pápulas, vesículas, 
pústulas e crostas. As lesões aparecem em 
surtos, antecedidas por febre e promovendo um 
aspecto polimórfico do exantema. Há 
envolvimento de face, tronco, couro cabeludo, 
mucosas orais e genitais. 
→ Crostas caem e deixam uma mácula branca, 
que não é permanente 
→ Prurido 
→ Adenomegalia 
→ Lesões fetais (gestante) 
→ Diagnóstico – microscopia eletrônica do 
líquido vesicular, anticorpos detectados por IFI 
→ TTO (imunodeprimidos, risco de doença grave 
com acometimento visceral) - Aciclovir 
→ Contactantes – imunoglobulina humana 
antivírus VZ (VZIG) é indicada para crianças 
imunocomprometidas sem história de 
catapora, gestantes suscetíveis, RN de mães 
contaminadas próximo ao parto, prematuros 
(<28 semanas) / Aciclovir (profilaxia para 
adultos, imunodeprimidos, paciente sem 
acesso ao VZIG) 
→ Prevenção – vacinação 
SD. DE GIANOTTI-
CROSTI / 
ACRODERMATITE 
PAPULAR DA INFÂNCIA 
Exantema papular 
→ Vírus da hepatite B (HBV) 
→ Enterovírus (Coxsackie A-16) 
→ Vírus Epstein-Barr (EBV) 
→ Citomegalovírus (CMV) 
→ Vírus da hepatite A (HAV) 
→ Parainfluenza 
→ Estreptococo beta-hemolítico do grupo A 
→ Idade – 2-6 anos 
→ Exantema (eritematopapular) – erupção 
monomórfica, não pruriginosa, com pápulas de 
1-5mm, com topo achatado e que ocupa 
simetricamente face, nádegas e extremidades 
→ Linfonodomegalia axilar e inguinal 
→ Hepatomegalia moderada 
→ Na síndrome causada por outros agentes (que 
não o HBV), eventualmente as lesões podem 
ser pruriginosas e papulovesiculares, 
acompanhadas de febre e mal-estar 
 
FEBRE HEMORRÁGICA → Arbovírus (prurido e exantema é mais 
frequente nos casos de Zika > Chikungunya > 
Dengue, na ordem decrescente) 
→ Transmissão – picada de mosquitos fêmeas 
A. aegypti 
 
→ Nas crianças, as manifestações são menos 
exuberantes 
→ Febre alta 
→ Cefaleia intensa 
→ Dores musculares e articulares 
→ Náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal 
→ Dor retrorbitária 
→ Fenômenos hemorrágicos (epistaxe) – 
ocasionais 
→ Exantema – em 30% dos casos, após a 
defervescência da febre (5-7 dias), surge o 
exantema maculopapular, que se inicia no 
tronco e se dissemina para as extremidades, 
acometendo palma da mão e planta do pé 
→ Exantema petequial* 
→ Diagnóstico – RT-PCR, sorológico 
→ TTO – sintomático (paracetamol, dipirona), 
reposição volêmica (VO, EV) 
→ Prevenção – controle da transmissão vetorial, 
vacina 
 
*Na presença de exantema petequial, é necessário 
considerar e afastar outras doenças mais graves, 
de etiologia bacteriana, como meningococcemia, 
sepse por outras bactérias e febre maculosa 
DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS 
ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO / PREVENÇÃO 
PSEUDOANGIOMATOSE 
ERUPTIVA 
→ Causa indefinida – etiologia viral? Echovírus? 
→ Idade – já foram descritos casos em crianças 
e adultos 
→ Exantema (hemangiomatoso-símile) – pápulas 
eritematosas pequenas, com ponto de 
intensificação central, circundado por halo 
avascular, que desapareciam à digitopressão. 
→ TTO – sintomático (doença autolimitada) 
DOENÇA DE KAWASAKI → Causa desconhecida – origem infecciosa + 
predisposição genética? 
→ Idade – 0 a 4 anos (média ~3 anos) 
→ Vasculite com predileção pelas artérias 
coronarianas 
→ Febre alta (≥38,3ºC) que persiste por pelo 
menos 5 dias 
→ Hiperemia conjuntival bilateral 
→ Alterações nos lábios e cavidade oral (eritema, 
lábios rachados, língua em morango, 
hiperemia difusa da mucosa bucal e faríngea) 
→ Linfadenopatia cervical (unilateral) 
→ Exantema polimorfo – predominando em 
tronco e períneo 
→ Alterações nos membros (eritema de palmas e 
plantas, edema das mãos e pés / descamação 
periungueal) 
→ Diagnóstico – critério diagnóstico = febre por 
pelo menos 4 dias + 4 outras características 
principais da doença; laboratório e ECO 
podem auxiliar 
→ TTO – imunoglobulina humana intravenosa 
(IVIG), AAS em doses moderadas/altas 
(redução do risco de aneurismas), Considerar 
corticoterapia adjuvante (metilprednisolona/ 
prednisolona VO) ou uso de imunossupressor 
(Ciclosporina) 
ESCARLATINA → Streptococcuspyogenes (Estreptococo beta-
hemolítico do grupo A) – reação do 
organismo à toxina eritrogênica (10% das 
infecções) 
 
→ IVAS associada a exantema característico 
→ Faringite estreptocócica 
→ Exantema – começa em torno do pescoço e 
propaga-se pelo tronco e membros. Consiste 
em uma erupção eritematosa difusa e 
finalmente papular, que produz uma coloração 
vermelho-brilhante na pele, que clareia à 
pressão. A pele tem uma aparência puntiforme 
e áspera. 
→ Frequentemente a erupção é acentuada nas 
dobras/pregas cutâneas (dobras de cotovelos, 
axilas e virilhas) = Sinal de Pastia 
→ Bochechas são eritematosas, com palidez ao 
redor da boca (Sinal de Filatov = palidez 
peribucal) 
→ Língua branca com papilas edemaciadas 
→ O exantema pode descamar como uma 
queimadura solar leve (descamação laminar) 
→ Após a descamação, as papilas avermelhadas 
da língua tornam-se proeminentes, conferindo 
a língua de morango 
 
→ Diagnóstico – identificação do estreptococo na 
faringe (swab) 
→ TTO – antibioticoterapia (Penicilina benzatina, 
Amoxacilina) 
→ Prevenção – é feita a profilaxia com uso de 
ATB apenas em pacientes com história de 
febre reumática aguda e/ou doença cardíaca 
reumática 
 
REVISÃO LESÕES ELEMENTARES 
• Mácula – plana, não palpável 
• Pápula/Nódulos – lesões perceptíveis ao tato 
• Vesículas/bolhas – lesões que contém líquido 
• Pústulas – lesões que contém líquido purulento 
• Placas – lesões planas, palpáveis 
• Púrpura (petéquia/equimose) – mancha vermelho-violácea que não desaparece a vitropressão (extravasamento de sangue na derme) 
• Morbiliforme – existem áreas de pele sã entre as lesões 
• Escarlatiniforme – acometimento difuso

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