Buscar

Resumo - Produção textual

Prévia do material em texto

AULA 1
Principais diferenças entre tipo textual e gênero textual
Tipos textual se trata de uma construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição. Abrange um conjunto limitado de categorias determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempos verbais. Existem 5 tipos textuais: Narração, descrição, injunção, exposição e argumentação. 
Constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciado e não são textos empíricos
Gêneros textual trata-se de uma noção totalmente vaga, tendo em vista que é impossível enumerar os gêneros textuais. Portanto, podemos dizer que são textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresenta características sociocomunicativas, definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Resumindo, pode-se dizer que os gêneros têm a função de ordenar e estabilizar as atividades cotidianas. Exemplos de alguns gêneros: carta, aula expositiva, horoscopo, receita, mensagens, romance etc.
Constituem textos empiricamente realizados, cumprindo funções em situações comunicativas.
Entende-se que os gêneros textuais realizam tipos textuais, podendo aparecer, em um mesmo gênero, dois ou mais tipos de textos. Em uma carta pessoal, por exemplo, nela pode haver uma sequência narrativa, argumentativa ou até mesmo descritiva. Conclui-se então que um texto, em geral, é tipologicamente variado.
AULA 2
Os modos de organização do discurso
Ato comunicativo.
Como vimos antes, todo ato comunicativo precisa do emissor, mensagem e o receptor.
Modelo comunicativo
Charaudeau diz que o ato de linguagem é, na verdade, um evento de produção e de interpretação e, por isso, depende dos saberes partilhados que circulam entre os protagonistas da linguagem. Esses saberes dizem respeito à dupla dimensão EXPLICITO/IMPLÍCITO do fenômeno linguageiro. Isso afirma a assimetria entre o processo de produção e o processo de interpretação do ato comunicativo.
Processo de produção: criado pelo emissor e dirigido a um destinatário
Processo de interpretação: criado pelo destinatário que constrói uma imagem do emissor/locutor. 
Há quatro modos de organização do discurso: O ENUNCIATIVO, O DESCRITIVO, O NARRATIVO E O ARGUMENTATIVO. 
Para cada um deles existe uma função base e um princípio de organização. 
Função base: a finalidade discursiva do locutor, a saber: o que é enunciar, descrever, narrar e argumentar?
Princípio de organização: a organização lógico-linguística dos textos de cada modo.
O MODO ENUNCIATIVO
Nesse modo, a língua é utilizada de tal forma que exprima a posição do falante em relação ao que ele diz, em relação ao interlocutor e em relação ao que o outro diz, o que nos leva a distinguir as três funções do modo enunciativo: 
• Estabelecer uma relação de influência entre locutor e interlocutor; 
• Revelar o ponto de vista do locutor; 
• Apresentar a palavra do outro. 
Exatamente por isso, podemos estabelecer que o sujeito falante se enuncia em posição de superioridade em relação ao interlocutor, e vice-versa. Isso significa que esse modo de organização do discurso tem por efeito revelar o ponto de vista interno do sujeito falante. 
Ex: Um chefe dando uma ordem a um subordinado; um professor a um aluno; uma propaganda de creme dental feita por um dentista, ou seja, um argumento de autoridade.
O MODO DESCRITIVO
A descrição faz surgir a realidade exterior através dos olhos de um sujeito observador que identifica seres, objetos, cenários etc. e os nomeia e lhes atribui certas qualidades. 
Essa descrição pode ser objetiva ou subjetiva (aos olhos do observador).
Algumas características desse modo:
Caráter estático – A descrição é, de maneira geral, fruto de observação de um estado de coisas, fenômeno ou ação. O tempo não parece relevante na descrição, embora possa ser um de seus componentes. 
Linguagem referencial – a descrição tem sempre o objetivo de informar, dar a perceber ao outro o mundo exterior tal como ele é ou tal como o observador ver. 
As operações de descrição:
A. Nomear e identificar seres objetos, pessoas, lugares através da identificação específica (nomes próprios – ex. Petrobras) ou identificação genérica (nomes comuns – ex. trabalhadores)
B. Localizá-los em tempo e espaço através de expressões que indicam lugar ou tempo. 
C. Quantificá-los através de expressões de quantificação precisa que no caso é indicando números ou imprecisa, indicando quantidade inexata. 
D. Qualificá-los através de expressões de qualificações objetiva (que pertence ao ser ou objeto. Ex. quente, azul, sólido) ou subjetiva ( o modo como o sujeito sente ou percebe. Ex. belo, frio, incrível, interessante)
O MODO NARRATIVO
Para que haja narrativa, é necessário um “contador” que pode ser chamado de narrador, escritor, testemunha... investido de uma intencionalidade, ou seja, de querer transmitir alguma coisa a alguém. 
A lógica narrativa
A lógica narrativa se constrói por meio de actantes, de processos e de sequências.
ACTANTES: Desempenham papéis relacionados à ação da qual dependem
PROCESSOS: Unem os actantes entre si, dando uma orientação funcional à sua ação.
SEQUENCIAS: Integram processos e actantes numa finalidade narrativa segundo certos tipos de organização. 
Narrativa x narrativo
O narrativo, por seu turno, faz descobrir um mundo a ser construído no desenvolvimento da sucessão de ações interdependentes, que se transformam num encadeamento progressivo; organiza, portanto, o mundo de maneira sucessiva e contínua, dentro de uma lógica cuja coerência é marcada pelo seu próprio fechamento (começo/fim).
Descrição 
Outra observação importante reside no fato de que não há como falar em narração sem se perceber a descrição. São modos de organização muito próximos. Como a narrativa corresponde à finalidade do que é narrar, descreve simultaneamente ações e qualificações, daí englobar o modo narrativo e o modo descritivo. (cf. CHARUDEAU, 2008, p. 152) Todavia, ainda que sejam modos de organização discursiva que tendem a caminhar juntos, descritivo e narrativo se distinguem não só pelo tipo de visão do mundo que constroem, mas também pelo papel que desempenha o sujeito que narra ou descreve. O descritivo, segundo Charaudeau, revela um mundo de existência imutável, que necessita apenas ser reconhecido e mostrado, daí se dizer que organiza o mundo de maneira taxionômica (classificação dos seres do - 9 - universo), descontínua (sem elos necessários dos seres entre si, nem de propriedades entre eles) e aberta (sem início nem fim necessários).
AULA 03
O que é Narrar? Narrar é contar fatos.
Foco está na ação e não no sujeito. (narração x descrição) – As ações são importantes. O que os personagens fazem ou deixam de fazer. 
A cronologia: o fator tempo é fundamental em qualquer obra narrativa. Todas as ações sucedem no tempo.
Quando narramos? Contamos fatos o dia todo. Se o foco está na ação, então narramos o desenrolar dos fatos, dos acontecimentos.
Oralidade x escrita
Relatos, histórias
Narrador: o coletor/inventor de histórias
A narração envolve, necessariamente, alguns elementos importantes em sua constituição. Em primeiro lugar, podemos perceber que o conteúdo de um texto narrativo está ligado a uma secessão cronológica de ações. 
Existe uma ação inicial (fato narrativo inicial), outras que sucedem, e uma ação final (desfecho). 
A questão temporal é essencial a qualquer texto narrativo, ainda que o autor não siga a ordem real. Exemplo: flashback.
A sucessão temporal marca a sucessão dos fatos e organiza a narrativa entre si.
Segundo Carneiro, a sucessão cronológica das ações é uma das características do texto narrativo, mas ela não é suficiente, pois apesar de toda narrativa implicar temporalidade, o oposto nem sempre é verdadeiro. Ou seja, todo e qualquer texto que tenha uma marcação temporal é uma narrativa? Não. Mas toda narrativa possui uma sucessão temporal de fatos. 
Em uma narrativa, a estruturação cronológica dos fatos leva, obrigatoriamente, a um fim que dá razão a toda trama. (Desfecho)
Outra noção importante na organização narrativaé a diferença entre estados e ações. As ações de uma narrativa podem promover a mudança de estados. A mudança é marcada por uma visão positiva ou negativa (euforia x disforia)
Os personagens:
Humanos ou humanizados (personagens inanimados que recebem características humanas – prosopopeia ou personificação) 
Principais ou secundários
Protagonistas x Antagonistas
Quantidade de personagens 
Narrador:
Não existe narrativa sem narrador, pois o narrador é o elemento estruturador da história. Para ele, temos dois termos muito usados: O foco narrativo e ponto de vista (do narrador ou da narração). Tanto um quanto o outro referem-se à posição ou perspectiva do narrador. Podendo ser identificado pelo pronome pessoal usado na narração (primeira ou terceira pessoa do singular). Narrador observador (foco narrativo 3º pessoa) e narrador personagem (foco narrativo 1º pessoa).
Narrador em 3º pessoa (narrador observador):
Onisciente x onipresente (quer dizer que sabe de todas as coisas e está presente em todos os lugares)
Narrador intruso x narrador parcial (conta os fatos sob seu ponto de vista e pode se introduz na história)
Narrador em 1º pessoa (narrador personagem):
Narrador protagonista x narrador testemunha (pode ser um ou outro)
Como se desenvolvem as narrativas?
 As narrativas podem desenvolver-se a partir de 4 modelos básicos:
Narrativa direta: tem no enredo o seu interesse principal. O leitor está desejoso de saber o que ocorreu. Comum em piadas, narrativas policiais ou relatos de situações cotidianas. O foco está totalmente voltado para o fato.
Narrativa indireta: O ato de narrar é mais relevante que a própria narrativa em si. Preocupa-se mais com o percurso do que com a chegada. Ou seja, a forma como o autor constrói a narrativa é mais importante que o fato em si.
Narrativa pararela: quando há núcleos temáticos independentes, mas que passam a ter pontos de contato formando uma só história. Comum em novelas, onde há diferentes núcleos entrelaçados em uma mesma trama.
Narrativa em flashback: volta-se ao passado a fim de justificar ou contar o presente. 
Organização dos enredos
Os enredos se organizam a partir dos personagens ou sob o ponto de vista das ações. O enredo ou intriga possui alguns estágios que, de acordo com o autor, são progressivos, a saber: a exposição, a complicação, o clímax e o desenlace ou desfecho. Comover o leitor é uma das virtudes da narrativa, e isso se dá pela emoção ou pelo interesse promovidos pelo conflito. 
A narrativa passa pelo narrador, pelos personagens, mas é preciso que haja um fato desencadeador das outras ações para que possa haver uma complicação, um clima e consequentemente um desfecho. 
AULA 04
Gêneros da tipologia Narrativa
Os gêneros da natureza narrativa são: o relato, o romance, o conto, a crônica, a carta e email. 
O relato
É um texto no qual são apresentadas as informações básicas (os fatos) referentes a um acontecimento específico. O principal objetivo do relato, seja oral ou escrito, é informar. Os relatos focalizam as ações, por meio das características/detalhes dos fatos. 
Desde que o mundo é mundo, nós relatamos os acontecimentos. E esse relato faz parte da nossa vida cotidiana.
O relato é uma estrutura comum, ou seja, é um gênero que dialoga com outros gêneros. O BO, por exemplo, é um gênero em si com sua estrutura e seus objetivos, porém há relato em sua composição. O mesmo acontece em romances e contos. 
A cronologia dos fatos é relevante para os relatos, por isso, principalmente no relato escrito, as marcas linguísticas que permitem inferir a sequência dos acontecimentos são importantes. Por isso os verbos costumam estar no passado.
A diferença é que nos relatos orais há outros aspectos não linguísticos (gestos, olhar) e por esse motivo existe uma diferenciação do relato escrito. As marcas linguísticas da cronologia não são tão evidentes.
O Romance
Os romances ganharam evidência com o Romantismo, no século XIX. 
O romance tem o papel de entretenimento. É conhecidamente por ser longo (ex. novela). Tem mais personagens, mais sequência de ações em determinado tempo. 
Tipos de romance:
Romance Urbano – principal característica retratar e criticar os costumes da sociedade (sinônimo de romance realista)
Romance sertanejo ou regionalista (tipicamente brasileiro) – aborda questões sociais a respeito de determinadas regiões do Brasil, destacando suas características. (vida e hábitos das populações distantes das cidades)
Romance histórico – surgiu no início do século XIX e tinha como característica a reconstrução dos costumes, da fala e das instituições do passado. (o maior de todos os romances históricos foi Guerra e Paz de Tolstoi). Do romance histórico derivou-se o subgênero chamado “romance de capa e espada”.
Romance indianista – traz o índio e os costumes indígenas, como foco literário.
Romance psicológico – prefere perscrutar e analisar os motivos íntimos das decisões e indecisões humanas. Na literatura brasileira o romance psicológico tem seu marco inicial com Dom Casmurro, de Machado de Assis. 
Romance gótico – surgiu como reação ao racionalismo iluminista e, ao mesmo tempo, ao aristocratismo. Foi cultivado, sobretudo na Inglaterra e caracterizou-se pelo vivo interesse na idade média. Geralmente é ambientado em cenário lúgrube e desolado: conventos, cemitérios, castelos assombrados. Aborda toda série de horrores, mistérios, torturas.
O Conto e a Crônica
O conto e a crônica possuem semelhanças no que tange à estrutura, mas possuem objetivos um pouco diferentes. São textos narrativos, menores que o romance. 
De modo geral, possuem narrador, personagens e ações que ocorrem em determinado lugar e em um determinado tempo. 
O conto é próximo ao romance. O que diferencia é o número reduzido de personagens e, consequentemente, de ações.
Conto – é sempre uma narrativa ficcional, inventada. Com personagens e estruturas mais elaborados.
No que diz respeito à crônica, seu objetivo ou função sociocomunicativa reside na reflexão dos fatos cotidianos a partir do olhar do cronista. 
Crônica propõe uma reflexão a partir de um fato cotidiano. 
A Carta e o E-mail
Os gêneros digitais possuem uma contraparte “real”. Nesse sentido o autor advoga que o e-mail seria a contraparte virtual das cartas. Enquanto gênero discursivo, não parece ser possível determinar uma só função social ou objetivo tanto para a carta como para e-mail, uma vez que podemos utilizar ambos para fazer um relato, comunicar uma demissão, solicitar algo etc.
Suporte ou gênero?
Todo texto ancora-se em algum suporte. O suporte é um formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto.
Resumindo, suporte é o lugar físico ou virtual; tem formato específico e serve para mostrar o texto. Ainda que virtual, o suporte é tangível. O suporte é responsável por tornar o texto acessível.
Por isso podemos afirmar que a carta é um suporte físico e o email é um suporte virtual. Todavia, ambos podem sustentar gêneros diversos. 
AULA 05
Descrição
A descrição focaliza um objeto, um ser, um processo, um sentimento, etc, sem relação alguma com tempos ou datas. 
Se a narração destaca as relações lógicas entre as ações, a descrição sublinha as características, qualidades ou especificações dos objetos, seres ou processos.
A descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem.
Assim, descrever é prover elementos para que o leitor/ouvinte adquira informações acerca do objeto descrito. Em outras palavras, é localizar, identificar ou qualificar o objeto das descrições de acordo com os objetivos do autor.
A descrição costuma ser parte de vários tipos textuais. Certamente, o tipo textual que mais recorre à descrição é a narração. 
A descrição é realizada, basicamente, por meio de adjetivos e atributos relacionados ao elemento que se vai descrever. 
Todo texto descritivo apresenta alguns elementos fundamentais:
1. Um observador – O olhar do observador– adjetivos e atributos que refletem o ponto de vista de quem escreve. As limitações físicas, psicológicas, referenciais etc. (arrisco dizer, visão de mundo) 
A descrição, pode refletir o estado de alma do observador. Assim, a descrição poderá ser afetada por questões subjetivas, psicológicas. 
2. Um tema núcleo – que pode ser um objeto, um ser animado ou inanimado, ou um processo. O tema núcleo nada mais é que do objeto a ser descrito. Entretanto, é preciso salientar que descrever é dar elementos que caracterizam esse tema núcleo, mas não necessariamente, todos os elementos. Somente aqueles que são relevantes para o entorno textual.
3. Um conjunto de dados pertinentes ao tema núcleo selecionado. 
Observamos que os dados fornecidos pelo observador, ainda que fruto de seu ponto de vista ou de sua perspectiva em relação ao que se descreve, podem se apoiar em um critério de classificação que tem como base os sentidos restritos a seres de existência concreta: visuais, auditivos, olfativos, tácteis e gustativos. (sinestesia)
Quando as realidades não são apreendidas pelos sentidos, mas por nossas capacidades intelectuais, os dados selecionados estarão incluídos dentro de cada campo do conhecimento: artístico, científico, religioso, moral, político, literário etc.

Continue navegando