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Afastamento Cautelar de Parlamentares

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FMU 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAYRÍCIA FERNANDA ACENDINO DE LIMA – RA: 6125848 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
 Vila Mariana/Noturno 
 Abril/2021 
1- Considere o caso seguinte: um deputado federal, um deputado estadual e um 
vereador estão sendo investigados, pois, há indícios de que, sem ligação entre si, 
cometeram crimes no exercício de suas funções. O Ministério Público pede que os 
parlamentares sejam afastados cautelarmente dos seus mandatos, para evitar que 
prejudiquem as investigações. Como juiz competente para a causa, considerando as 
regras constitucionais e as funções das imunidades parlamentares, bem como as 
posições do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema, decida 
fundamentadamente sobre a possibilidade de afastamento de cada um dos 
membros do Poder Legislativo, nas três esferas federativas. 
 
R: 
A questão envolve a análise do foro por prerrogativa de função em conjunto com a 
possibilidade de afastamento cautelar dos parlamentares. A proposta deixa explicita que 
não há ligação entre os parlamentares, de modo que a análise deve ser feita 
separadamente, pois os requisitos quanto às cautelares são diversos. 
Os deputados federais possuem foro por prerrogativa de função no STF, desde que 
tenham cometido crimes durante o mandato e em razão da função. Aliás, é possível aplicar 
cautelar de afastamento ao parlamentar, com fulcro no artigo 319, VI, do CPP, e quem 
determinará a suspensão é o próprio STF. 
Contudo, entretanto, conforme expressa a decisão descrita na ADI 5526/DF, caso a 
medida cautelar impeça, direta ou indiretamente, o exercício do mandato, então, nesse 
caso, a Câmara poderá rejeitar a medida determinada pelo Judiciário. 
 Conforme visto em um do semelhando: (STF- Plenário ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson 
Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017(Info 881) 
 
 Em relação aos deputados estaduais, com fulcro no princípio da simetria, o foro por 
prerrogativa de função é orientado nos moldes das Constituições Estaduais. Em relação à 
cautelar, o STF não apreciou na ADI 5526/DF tal tema. Contudo, o mesmo raciocínio feito 
aos deputados federais pode ser aplicado a eles, nos moldes do artigo 27, § 1º da CF/88. 
 
 Os vereadores, em regra, não possuem foro por prerrogativa de função. Assim, se a 
Constituição Estadual não fizer tal previsão, o juiz de primeiro grau será competente para 
analisar eventual pratica delitiva. Ainda, tal juiz será competente para determinar o 
afastamento do vereador sem necessidade de remessa à Casa respectiva para 
deliberação. 
Portanto, o afastamento dos vereadores NÃO depende de ratificação legislativa. 
Nesse sentido, eu, como juíza, poderia me basear em decisões anteriores como as 
decisões do STF e do STJ: 
 
(...) Não afronta a Constituição da República, a norma de Constituição estadual que, 
disciplinando competência originária do Tribunal de Justiça, lha atribui para 
processar e julgar vereador. STF. 2ª Turma. RE 464935, Rel. Min. Cezar Peluso, 
julgado em 03/06/2008. 
 
 (...) Os edis, ao contrário do que ocorre com os membros do Congresso 
Nacional e os deputados estaduais não gozam da denominada incoercibilidade 
pessoal relativa (freedom from arrest), ainda que algumas Constituições estaduais 
lhes assegurem prerrogativa de foro. (...)STF. 1ª Turma. HC 94059, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, julgado em 06/05/2008. 
 
 (...) É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a 
parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções 
legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação.(...) 
STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 07/11/2017 (Info 617). 
 
 
 
 
 Portanto, verifica-se a possibilidade de afastar cautelarmente os parlamentares, 
desde que seja observada a necessidade de eventual ratificação pela casa legislativa, de 
fundamentação e de observância da autoridade competente para analisar a matéria. 
 
Como juiz competente, os envolvidos seriam afastados do cargo, como forma de 
suspensão, proferida na Ação Cautelar (AC) 4070. 
O afastamento se faz necessário para impedir a interferência nas investigações por 
parte dos deputados e do vereador, mas isso não implica interferência indevida do 
Judiciário no Poder Legislativo, uma vez que a autonomia dos parlamentares não é 
ilimitada, e ambos os Poderes se submetem à Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referencias Bibliográficas 
 
1- STF. 2ª Turma. RE 464935, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 03/06/2008. 
2- STF. 1ª Turma. HC 94059, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 06/05/2008. 
3- STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
07/11/2017 (Info 617). 
4- STF, AC 4.327 Agr-terceito-AgR, rel. p. acórdão min. Roberto Barroso, j. 28-9-2017, 
1ª Turma, DJ de 26-10-2017; STF, ADI 5.526, rel. p. acórdão min. Alexandre de 
Moraes, j. 11-10-2017, P. 
5- STF- Plenário ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre 
de Moraes, julgado em 11/10/2017(Info 881) 
6- http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=316009

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