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Materiais Cerâmicos Palestrante: Marcela Enaile de Melo Faria 1 SOBRE A PALESTRANTE Marcela Enaile de Melo Faria Mestranda do programa de tecnológia nuclear do IPEN/ USP (2019 – 2021) Tecnóloga de Materiais pela Fatec São Paulo – ênfase em materiais cerâmicos (2018) 2 CERÂMICA Qual a primeira imagem que vem a sua cabeça quando você pensa na palavra CERÂMICA? 3 CERÂMICA Qual a primeira imagem que vem a sua cabeça quando você pensa na palavra CERÂMICA? Certamente você pensa nos seguintes itens cerâmicos: 4 CERÂMICA 5 CERÂMICA Mas a cerâmica vai muito além, por exemplo: 6 CERÂMICA 7 CERÂMICA 8 DEFINIÇÃO DE CERÂMICA Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM): “Cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas.” 9 CERÂMICAS NA TABELA PERIÓDICA 10 POLÍMEROS NA TABELA PERIÓDICA 11 DIVISÃO DE CERÂMICA Para facilitar o estudos do materiais cerâmicos, é utilizada a divisão em dois grupos distintos: 1. Cerâmica Tradicional 2. Cerâmica Avançada 12 DIVISÃO DE CERÂMICA É importante ressaltar que mesmo dentro da cerâmica tradicional ou da cerâmica avançada, há a classificação de acordo com seu uso ou sua material prima. 13 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Cerâmica vermelha; Revestimentos (de parede e de chão); Cerâmica branca (porcelana); Cerâmica refratária; Isolantes térmicos; Fritas e pigmentos; Abrasivos; Vidro, cimento, cal. 14 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Revestimento cerâmicoCerâmica Vermelha 15 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Cerâmica refratáriaCerâmica Branca 16 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Fritas e pigmentosIsolante térmico 17 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Abrasivos 18 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA TRADICIONAL Vidro, cimento, cal 19 CLASSIFICAÇÃO – CERÂMICA AVANÇADA Eletroeletrônicas; Mecânicas; Térmicas; Químicas; Magnéticas; Biológicas; Nucleares; Óticas. 20 CERÂMICA - ELETROELETRÔNICA Varistores Substrato de alumina para dispositivos eletrônicos Isolantes elétricos usados em linhas de transmissão de alta energia 21 CERÂMICA - MECÂNICA Ferramentas de corte cerâmico Peças cerâmicas de moto automotivo - Kyocera 22 CERÂMICA - MECÂNICA Parte superior de pistões cerâmicos Catalisador cerâmico Pastilha de freio cerâmica - Bosch 23 CERÂMICA - TÉRMICA Termogel – manta de aerogel isolante Esponja de silica com cerca de 94% do volume de ar. Dentro do cubo está 1250ºC – Material produzido pela NASA 24 CERÂMICA - TÉRMICA A Tória (óxido de tório) é o material cerâmico mais estável, seu ponto de fusão é de 3315ºC – o que justifica seu uso em reatores nucleares. 25 CERÂMICA – QUÍMICA Almofariz e pistilo de ágata – inertes quimicamente para evitar contaminações Sensores à gás cerâmicos 26 CERÂMICA – ELÉTRICA Supercondutor cerâmico Estrutura do tipo peroviskita de uma cerâmica super condutora 27 CERÂMICA – ELÉTRICA Células fotovoltáicas 28 CERÂMICA – BIOLÓGICA Hidroxiapatita (Ca10(HPO4)6(OH)2) Ele compõem cerca de 43% do osso. 29 CERÂMICA – ÓTICA Fibra ótica 30 CERÂMICA TRADICIONAL X CERÂMICA AVANÇADA Pensando nas classificações das cerâmicas tradicional e avançada, o que diferencia um do outro? 31 CERÂMICA TRADICIONAL X CERÂMICA AVANÇADA A principal diferença está na: matéria prima utilizada; Microestrutura; controle do processo de produção; aplicações. 32 QUAL O PRINCIPAL PROBLEMA DE CERÂMICA De modo geral a cerâmica é um excelente material, porém elas tendem a ser frágeis. Basta prestar atenção aos exemplos cerâmicos no dia a dia. 33 FRATURA CERÂMICA O principal tipo de fratura encontrado em um material cerâmico é a fratura frágil. Ela é consiste na formação e rápida propagação de trincas no material, na direção perpendicular da tensão aplicada. 34 FRATURA CERÂMICA O crescimento da trinca pode ocorrer de duas formas distintas: Transgranular: através dos grãos; Intergranular: ocorre ao longo dos contornos de grãos. 35 FRATURA CERÂMICA Exemplo de uma micrografia de MEV de uma fratura cerâmica (Y-TZP – zirconia tetragonal policristalina estabilizada com ítria) 36 FRATURA TRANSGRANULAR A trinca passar por dentro dos grãos, rompendo as ligações atômicas, isso ocorre em planos cristalográficos específicos (alta densidade atômica). CLIVAGEM 37 https://www.instagram.com/p/BSvzo75BMVF/?utm_source=ig_web_copy_link FRATURA INTERGRANULAR É quando a trinca se propaga nos contornos de grão, normalmente em decorrência de um processo de enfraquecimento da cerâmica. 38 FRATURA CERÂMICA Como ocorre a fratura no material cerâmico? 39 FRATURA CERÂMICA Ela ocorre por meio da concentração de tensões nas extremidades de defeitos, o que causa trincas que se propagam até a fratura do material. 40 FRATURA CERÂMICA A resistência à fratura cerâmica é muito inferior à teórica, cerca de 1% do valor teórico. Pois o teórico não leva em consideração os defeitos do material, que na cerâmica são muitos e funcionam como concentradores de tensão. 41 TENACIDADE À FRATURA É a propriedade que mede a resistência de um material a fratura frágil, quando uma trinca já está presente. 42 TENACIDADE À FRATURA A tenacidade à fratura é influenciada por alguns fatores, como: microestrutura; defeitos; reforços. 43 TENACIDADE À FRATURA 𝑲𝑰𝑪 (𝑴𝑷𝒂𝒎 𝟏 𝟐) Tipos de Materiais Cerâmicos < 1,0 Monocristais, vidros e alguns vitrocerâmicos. 1,0 – 2,0 Maioria dos vitrocerâmicos, maioria das porcelanas e alguns óxidos cerâmicos (ex. MgO) 2,5 – 5,0 Maioria das cerâmicos de 𝐴𝑙2𝑂3 , cerâmicas não- óxidas densas (𝐵4𝐶, 𝑆𝑖𝐶, 𝑆𝑖3𝑁4). 5,0 – 15,0 Cerâmicas tenacificadas (𝑍𝑟𝑂2 parcialmente estabilizada, ou alumina com 𝑍𝑟𝑂2 ). > 15,0 Cerâmicas reforçadas com fibras ou carbono reforçado com fibras de carbono. 44 TRAÇÃO X COMPRESSÃO - CERÂMICA O material cerâmico é mais resistente a compressão do que a tração. Por qual motivo? 45 TRAÇÃO X COMPRESSÃO - CERÂMICA A ligação atômica responde de forma diferente aos tensões aplicadas. Outro fator é que a tração tende a abrir os poros, o que agiliza a fratura do material. Enquanto que a compressão tende a fechar os poros. 46 ENSAIOS MECÂNICOS- CERÂMICA Os principais ensaios mecânicos feitos em materiais cerâmicos são: compressão; flexão de três ou quatro pontos. 47 ENSAIOS MECÂNICOS- COMPRESSÃO A força compressiva é aplicada no material cerâmico, que se contrai na direção da tensão. 48 ENSAIOS MECÂNICOS- FLEXÃO O ensaio de três pontas promove resultados superiores, devido a distribuição das tensões. 49 POROSIDADE A porosidade de um material cerâmico é prejudicial para suas aplicações. Porosidade Concentrador de tensões Leva a rápida propagação de trinca no material 50 TENACIFICAÇÃO A tenacificação visa melhorar as propriedades mecânicas das cerâmicas. Impedindo ou retardando a propagação de trincas e assim, elevando a tenacidade à fratura dos cerâmicos. 51 MECANISMOS DE TENACIFICAÇÃO Intrínseco: é eficaz no início da propagação e agem na frente da trinca (plasticidade) Extrínseco: bloqueia o avanço das trincas, por meio da incorporação de reforços na fase matriz, atuam na parte posterior da trinca. 52 MECANISMOS DE TENACIFICAÇÃO 53 MECANISMOS DE TENACIFICAÇÃO Nos metais há a prevalência de mecanismos intrínsecos. Em contra partida, os materiais cerâmicos possuem apenas mecanismos intrínsecos. 54 MECANISMOS DE TENACIFICAÇÃO Os principais mecanismos de tenacificação de um material cerâmico são: Deflexão de trincas; Compósitos cerâmicos; Ramificação de trincas e microtrincamento; Arrancamento de fibra (pullout); Ponteamento de trinca (crack bridging); Tensão compreensiva; Transformação de fase. 55 DEFLEXÃO DE TRINCAS É baseado na mudança da direção de propagação da trinca. Isso causa a diminuição da tensão na ponta da trinca. Este mecanismo é muito utilizado em cerâmicas policristalinas. 56 DEFLEXÃO DE TRINCAS O aumento da tenacidade pode ser obtida pelo controle da microestrutura do material policristalino. Também é possível incluir obstáculos para promover o desvio da trinca. 57 DEFLEXÃO DE TRINCAS Propagação de trinca em um material vitro-cerâmico. 58 DEFLEXÃO DE TRINCAS Nos materiais policristalinos a trinca segue os contornos de grão. No monocristalino não há obstáculos. Diminuindo a tenacidade a fratura desses materiais. Estrutura 𝑲𝑰𝑪 (𝑴𝑷𝒂𝒎 𝟏 𝟐) Vidro <1 Monocristalinos 0,3 – 2,0 Policristalinos 2,0 a 6,0 59 DEFLEXÃO COMPÓSITO São incluídos fases de reforço também cerâmicos na matriz. De modo a aumentar a tenacidade a fratura. Os reforços podem ser no formato de partículas ou de fibras. Quando a trinca atinge a segunda fase, parte de sua energia é dissipada. 60 DEFLEXÃO COMPÓSITO 61 DEFLEXÃO COMPÓSITO Deflexão de uma trinca em um material vitro- cerâmico(aluminossilicato de cálcio) com fibras de alumina. 62 PULLOUT – ARRANCAMENTO DE FIBRAS É quando a energia da fratura é usada para arrancar as fibras da matriz cerâmica. Impedindo assim sua propagação. 63 PULLOUT – ARRANCAMENTO DE FIBRAS Compósito cerâmico com matriz de SiC e fibra de SiC. 64 PULLOUT – ARRANCAMENTO DE FIBRAS Compósito cerâmico com matriz de 𝑆𝑖3𝑁4e fibra de SiC. 65 COMPÓSITOS CERÂMICOS COM WHISKERS Os whiskers são monocristais muito finos, que crescer ao longo de um eixo, tornando-se agulhas. Eles possuem diâmetros que variam de 0,5μm a 10μm e ter até centímetros de comprimento. Os whiskers possuem um alto grau de perfeição e cristalinidade, sendo praticamente isentos de defeitos cristalinos. O que promove elevada resistência. 66 COMPÓSITOS CERÂMICOS COM WHISKERS Tudo isso faz com que os whiskers sejam extremamente caros e normalmente são produzidos de: 𝑆𝑖𝐶, 𝑆𝑖3𝑁4, 𝐴𝑙2𝑂3. 67 COMPÓSITOS CERÂMICOS COM WHISKERS Efeito de whiskers de SiC no aumento da tenacidade de diferentes matrizes cerâmicas. 68 RAMIFICAÇÃO DE TRINCAS Ocorre quando parte da energia de propagação da trinca é utilizada para criar uma ramificação, fazendo com que a trinca principal diminuir seu potencial de propagação. 69 RAMIFICAÇÃO DE TRINCAS As ramificações são ocasionadas pela presença de fases secundárias. Normalmente ela ocorre junto da deflexão de trincas e também do microtrincamento. 70 MICROTRINCAMENTO Um material cerâmico pode ter microtrincas, estas ficam no caminho de propagação de uma trinca e por sua vez, absorver a energia da trinca principal. As microtrincas podem surgir como uma resposta a transformação de fase do material, que promove tensões residuais. 71 MICROTRINCAMENTO 72 PONTEAMENTO A trinca percorre o material cerâmico, passando por trás da fase de reforço. 73 PONTEAMENTO A fase secundária deve ser: fibras; whiskers; grãos alongados. 74 TENSÃO COMPRESSIVA É utilizada, pois para que a cerâmica frature, a trinca deverá superar a tensão compressiva presente no material. E os materiais cerâmicos suportam altas tensões compressivas. As técnicas mais utilizadas são: o pré tensionamento de superfície; o Adição de fibras tensionadas. 75 TENSÃO COMPRESSIVA O pré tensionamento da superfícies, consiste em aquecer a peça até a Tg e então resfria-la por igual com jatos de ar. O exterior vai resfriar mais rápido do que o interior e essa diferença ocasiona a compressão. A superfície sofre compressão enquanto o interior sofre tração. 76 TENSÃO COMPRESSIVA 77 TENSÃO COMPRESSIVA Esse pré tensionamento também é conhecido como têmpera. Um clássico exemplo é o vidro temperado, cuja resistência chega a cerca até 5 vezes maior do que o vidro comum. A empresa Corelle produz louças com pré tensionamento, estas são mais resistentes do que a porcelana. 78 TENSÃO COMPRESSIVA 79 80 TENSÃO COMPRESSIVA - PROTENÇÃO Um material comum é o concreto protendido, que consiste em aplicar tensão de compressão em vigas e estão são colocadas dentro do concreto. A compressão da viga anula as tensões de tração do concreto. 81 TENSÃO COMPRESSIVA - PROTENÇÃO Na proteção, cabos de aço são colocados em espaços vazios e esticados com o auxílio de macacos hidráulicos. A tração é mantida constante. Em seguida coloca-se o concreto e após o seu endurecimento, a tração dos cabos é liberada. Os cabos retornam a posição de origem, promovendo a compressão do concreto. 82 TENSÃO COMPRESSIVA - PROTENÇÃO 83 TENSÃO COMPRESSIVA - PROTENÇÃO 84 TRANSFORMAÇÃO DE FASE É quando a energia da trinca é utilizada para promover a transformação de fase do material. Existem exigências para que a tenacificação por transformação de fase seja efetiva. 85 TRANSFORMAÇÃO DE FASE As exigências são: Necessário haver uma fase metaestável, a qual poderá ser induzida por tensões provenientes da ponta da trinca. A transformação de fase deve ser instantânea, independer do tempo. A fase deve sofrer mudança de forma e/ou volume. 86 TRANSFORMAÇÃO DE FASE 87 TRANSFORMAÇÃO DE FASE Obter uma fase metaestável a temperatura ambiente depende da presença de elementos dopantes, na proporção de 3-5%. Os dopantes mais comuns para a zircônia são: CaO; MgO; 𝑌2𝑂3; 𝐶𝑒𝑂2. 88 TRANSFORMAÇÃO DE FASE A fase mestaestável da zircônia é a tetragonal, que com a tensão de trinca se transforma na monoclínica. Nessa mudança de fase, a zircônia de expande e sofre um aumento de 3 a 5% no seu volume. 89 TRANSFORMAÇÃO DE FASE 90 TRANSFORMAÇÃO DE FASE 91 TRANSFORMAÇÃO DE FASE O nitreto de silício também possui uma fase metaestável. 𝛼 − 𝑆𝑖3𝑁4 = simetria triangular β−𝑆𝑖3𝑁4 = simetria hexagonal A fase α é instável, enquanto que a β é estável. Em altas temperaturas, em reações do estado sólido com presença de fase líquida, a fase α vira β. 92 TRANSFORMAÇÃO DE FASE Nitreto de silício é uma cerâmica covalente e por isso não sinteriza por estado sólido. Os principais aditivos do nitreto de silício são: MgO; 𝐴𝑙2𝑂3; 𝑌2𝑂3. 93 TRANSFORMAÇÃO DE FASE Na fase líquida as partículas de 𝛼 − 𝑆𝑖3𝑁4 são dissolvidas e a supersaturação promove a precipitação de grãos de β−𝑆𝑖3𝑁4 . 94 TRANSFORMAÇÃO DE FASE Grãos de de β−𝑆𝑖3𝑁4 com seu formato alongado. 95 Obrigada por participarem! 96
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