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Disfunções do Sistema Respiratório Prof. Eduardo Reis PNEUMONIA BACTERIANA Incidência -A pneumonia bacteriana é a doença infecciosa do parênquima pulmonar mais comum em cães e pouco frequente em gatos. A pneumonia bacteriana é a inflamação das vias respiratórias posteriores, secundária à infecção bacteriana. -É observada baixa incidência de pneumonia causada por agentes infecciosos em gatos, mas dentre as causas infecciosas a infecção bacteriana era a mais comum, e os agentes aeróbios representavam a grande maioria, sendo os mais frequentes o Streptococcus spp. e a Pasteurella spp. Etiologia e fatores de risco -Os fatores de risco que contribuem para maior morbidade da doença incluem estado imunitário, idade dos animais, estado nutricional inadequado, distúrbios congênitos e ambientais (abrigos de animais, saneamento e ventilação), exposição a agrupamentos de cães e coinfecção (outras doenças respiratórias associadas, tais como complexo respiratório felino, cinomose). -As infecções sistêmicas e locais, apesar de pouco frequentes, também são um fator de risco para a pneumonia bacteriana. Mecanismo de ação dos patógenos -Os agentes infecciosos apresentam mecanismos de ação para tentar invadir o hospedeiro e enganar o sistema imunológico. -Existe a produção de endotoxinas, as quais diminuem a qualidade e a quantidade de surfactante, que tem um papel muito importante na defesa alveolar. -O surfactante apresenta ação antibacteriana contra Staphylococcus e algumas bactérias gram-negativas. Manifestações clínicas Manifestações clínicas Diagnóstico -Radiografia torácica -O exame radiográfico é fundamental para estabelecer o diagnóstico em cães e gatos. Os achados radiográficos clássicos de pneumonia bacteriana incluem distribuição cranioventral da doença alveolar. Diagnóstico -Hemograma -No hemograma de pacientes com pneumonia bacteriana podemos encontrar quadro de leucocitose por neutrofilia com ou sem desvio à esquerda e presença de toxicidade moderada a intensa. Nos gatos doentes podemos observar anemia decorrente ao processo da inflamação. Tratamento -Oxigenoterapia -A suplementação de oxigênio tem função fundamental no tratamento da hipoxemia e da insuficiência respiratória, mas a resposta do paciente à terapia varia significantemente, dependendo da causa principal do comprometimento respiratório. -Os sintomas de desconforto respiratório e hipoxemia podem incluir ansiedade, cabeça e pescoço estendidos, respiração de boca aberta, esforços respiratório e abdominal aumentados, bem como taquipneia. Tratamento -Fluidoterapia -A fluidoterapia é utilizada em pacientes com doenças pulmonares para tratar hipoperfusão, desidratação e distúrbios acidobásicos e eletrolíticos. -Inflamação, febre e perda de fluido não perceptível (dor) sugerem a necessidade de manter a hidratação do paciente com pneumonia bacteriana. A fluidoterapia intravenosa deve ser monitorada cuidadosamente em pacientes com pneumonia bacteriana, com o objetivo de evitar a super-hidratação. Tratamento -Antibioticoterapia -O critério mais importante para a seleção de um antibiótico é a identificação do agente infeccioso, mas o tratamento é iniciado em qualquer paciente com suspeita de pneumonia bacteriana. -Na primeira infecção (cães), podemos utilizar, empiricamente, a cefalexina, na dose de 20 a 40 mg/kg, a cada 8 h, ou a amoxicilina associada ao ácido clavulânico, na dose de 22 mg/kg, a cada 8 h. Tratamento -Antibioticoterapia -A azitromicina é eficaz contra organismos gram-positivos e Mycoplasma spp., tem alguma atividade contra gram- negativos e eficácia satisfatória contra anaeróbios. A dose recomendada é de 5 a 10 mg/kg, 1 vez/dia, durante 5 a 7 dias. -Não existe uma recomendação padrão para a duração da terapia com antibióticos para a pneumonia bacteriana, mas, nos filhotes, pode ser necessário administrar por somente 5 e no máximo 7 dias. Tratamento -Nebulização -A nebulização é a distribuição de gotas de água para as vias respiratórias posteriores para aumentar a hidratação do sistema mucociliar. É comumente realizada com nebulizador ultrassônico, que produz gotas minúsculas de água que atingem os bronquíolos e os alvéolos. -A nebulização de salina, 10 a 15 mℓ, administrada acima de 15 a 20 min, 2 a 3 vezes/dia, parece fornecer alívio ao paciente com pneumonia bacteriana. TRAQUEOBRONQUITE INFECCIOSA CANINA Etiologia -As doenças infecciosas respiratórias em cães são um desafio constante devido às causas multifatoriais como o envolvimento de vários patógenos e fatores ambientais especialmente entre cães alojados em grupo, tais como lojas de animais, animais de reprodução, animais internados em canis, abrigos. -Geralmente é diagnosticada como traqueobronquite infecciosa canina ou, mais comumente, como “tosse dos canis” devido à natureza altamente contagiosa. Etiologia -As vias respiratórias anteriores estão infectadas por agentes únicos ou, na maioria dos casos, agentes múltiplos. É considerada cada vez mais como uma infecção complexa, mas a doença geralmente não é fatal. -Os principais agentes virais envolvidos são o adenovírus canino tipo 2 (CAV tipo 2), o vírus da parainfluenza (VPI) e o herpes-vírus canino tipo 1 (CHV tipo 1), além da bactéria Bordetella bronchiseptica, que também pode estar associada. Manifestações clínicas -Os sintomas respiratórios são consistentes com os danos das células epiteliais de laringe, traqueia, brônquios e, ocasionalmente, do trato respiratório posterior. A principal fonte de contaminação é via aerossol ou contato direto. -A manifestação clínica mais importante é a tosse, que pode ser frequente, do tipo produtivo (mais comum) ou improdutivo, de início súbito e que se desenvolve de 3 a 5 dias após exposição recente a outros animais. Manifestações clínicas -Alguns pacientes podem apresentar ainda secreção nasal, anorexia, febre, conjuntivite e mímica de vômito após a tosse, mas a maioria não apresenta manifestações clínicas sistêmicas importantes. -As formas complicadas são mais comuns em cães filhotes imunossuprimidos, e em situações que envolvam o tecido pulmonar por infecções bacterianas secundárias que se sobrepõem a infecção viral. Nesses casos a tosse é geralmente associada a descargas mucoides a mucopurulentas. Diagnóstico -O diagnóstico da traqueobronquite infecciosa canina é baseado nas evidências circunstanciais, elaborado a partir de dados fornecidos pelo proprietário durante a anamnese, como tosse de início súbito, histórico recente de contato com outros animais sintomáticos ou animais alojados em grupo. Tratamento -Quando a doença é simples, ela normalmente é autolimitante e tende a se resolver em torno de 7 dias de maneira espontânea. São indicadas medidas que minimizem a agitação e exercícios, já que a tosse pode ser exacerbada. -Caso o paciente apresente a forma não complicada da traqueobronquite infeciosa canina e se a tosse persistente for do tipo improdutivo, esta pode ser tratada com antitussígenos como a codeína (0,25 mg/kg por via oral a cada 6 a 12 h) ou o butorfanol (0,5 mg/kg/por via oral a cada 6 a 12 h. Tratamento -Antibioticoterapia é recomendada nas formas complicadas em que o paciente apresenta manifestações clínicas sistêmicas ou quando o trato respiratório posterior parece estar envolvido. -Como as possíveis bactérias envolvidas frequentemente estão presentes nos cílios das células epiteliais respiratórias há a necessidade de escolher um antibiótico que atinja o epitélio brônquico como a doxiciclina, cloranfenicol, fluroquinolonas, cefalosporinas e azitromicina, administrados no mínimo por 10 dias a 15 dias. Prevenção -As medidas preventivas que auxiliam a redução da propagação dos agentes infecciosos incluem programas completosde vacinação, limpeza completa e desinfecção de canis após surtos de doença respiratória, manutenção da higiene das mãos após o manuseio de animais doentes, quarentena de cães recém-chegados, isolamento dos animais doentes. -Várias vacinas polivalentes oferecem proteção contra CAV tipo 2, VPI, CHV tipo 1 e Bordetella bronchiseptica, patógenos esses conhecidos; no entanto, apesar do uso de vacinas de rotina, surtos de doenças respiratórias ainda ocorrem em cães COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO Etiologia -O complexo respiratório dos felinos compreende doenças respiratórias que afetam narina, cavidade nasal, ossos turbinados, seio frontal, nasofaringe, orofaringe, laringe, traqueia e pulmões. -Os agentes infecciosos são: herpes-vírus tipo 1 (HVF-1), calicivírus e Chlamydophila felis. -O HVF-1 está associado à rinotraqueíte, sendo as manifestações oculares as mais graves da doença. A exposição ao vírus é feita pela rota oronasal ou conjuntival, e a transmissão ocorre por via direta (gato a gato). Etiologia -O calicivírus felino é uma causa comum de doença do trato respiratório anterior, mas, em casos graves, pode resultar em pneumonia. O contato do gato com o vírus é feito por via direta com outros animais e menos comumente por inalação de aerossóis. -Esses agentes acometem os filhotes e estão associados à aglomeração de muitos animais. Os gatinhos, introduzidos em um ambiente contaminado, iniciam o quadro de manifestações clínicas relacionadas com as vias respiratórias anteriores dentro de dias a semanas do contato. Manifestações clínicas -As manifestações clínicas típicas são ceratoconjuntivite e doença de vias respiratórias anteriores. Os gatos apresentam febre, letargia, espirro, corrimento oculonasal e, ocasionalmente, hipersalivação. Nas fêmeas gestantes que adquirem a infecção, pode haver abortamento. -A pneumonia pode se desenvolver nos pacientes mais jovens e causar tosse. Nos animais jovens pode ocorrer dano do epitélio do trato respiratório. Diagnóstico -O diagnóstico é baseado no histórico e nas manifestações clínicas. Os exames laboratoriais de rotina (hemograma, perfil bioquímico e urina) não apresentam alterações significativas e específicas. -O isolamento dos vírus pode ser obtido do esfregaço da região orofaríngea, nasal ou conjuntival. Outros testes sorológicos, tais como ELISA e o teste de soroneutralização, podem ser realizados. Tratamento -Os quadros de gatos com pneumonia são considerados graves e a mortalidade está associada a desidratação, má nutrição e infecção bacteriana secundária. O suporte nutricional, a fluidoterapia e o uso de antibióticos de amplo espectro são pontos importantes na terapia do paciente. -As tetraciclinas são a primeira escolha de tratamento. Em gatinhos, a hipoglicemia pode estar presente e deve ser monitorada, sendo que a reposição de glicose deve ser realizada juntamente com a fluidoterapia. Prognóstico -O prognóstico para esses agentes patológicos é variável. Os gatos que desenvolvem manifestações clínicas de vias respiratórias anteriores têm baixa mortalidade e alta morbidade. -O processo da doença pode se tornar crônico, principalmente em locais de superpopulação. Quando o quadro progride para pneumonia, o prognóstico é desfavorável.
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