Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
26/02/2021 1 INTRODUÇÃO A MICROBIOLOGIA CLÍNICA Professora Cristina Meireles MICROBIOLOGIA CLÍNICA Especialidade biomédica que se dedica ao estudo dos microrganismos patogênicos, responsáveis pelas doenças infecciosas, englobando a bacteriologia, virologia e micologia, assim como seu diagnóstico e estudo de casos clínicos. 1 2 26/02/2021 2 BIBLIOGRAFIA BÁSICA BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. São Paulo: AMGH, 2014. (ebook) MURRAY, P. Microbiologia médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. WINN JR., W. C. et al. Koneman, diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR BARROS, E.; MACHADO, A.; SPRINZ, E. Antimicrobianos: consulta rápida. 5. ed. São Paulo: ArtMed, 2013. (ebook) ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J; BURTON, G. W. Burton, microbiologia para as ciências da saúde. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. (e-book) MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 12. ed. São Paulo: ArtMed, 2011. (e-book) MEZZARI, A.; ¿FUENTEFRIA, A. M. Micologia no laboratório clínico. Barueri, SP: Manole, 2012. (e-book) TORTORA, G. J. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017. (e-book) 3 4 26/02/2021 3 LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA CLÍNICA – RISCO 3 5 6 26/02/2021 4 BIOSSEGURANÇA As Normas de Biossegurança apresentadas abaixo são um conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades realizadas no laboratório. No ambiente laboratorial podem ser identificados: • Riscos Físicos: são representados pelos agentes físicos existentes no laboratório, em particular pela ação do calor uma vez que nas aulas práticas de microbiologia o aluno utiliza a chama do bico de Bunsen e no caso de manuseio incorreto poderão ocorrer queimaduras; TIPOS DE RISCOS OCUPACIONAIS • Riscos Químicos: são representados pelos agentes químicos existentes no laboratório, em particular os reagentes utilizados nas aulas práticas de microbiologia. O manuseio incorreto de corantes e outros reagentes químicos representa risco em particular para a pele e a mucosa ocular. • Riscos Biológicos: são representados pelos agentes biológicos (culturas de bactérias e fungos) utilizadas nas aulas práticas de microbiologia. O manuseio incorreto das culturas representa um risco potencial de contaminação dos alunos, apesar de nas aulas práticas serem utilizados microrganismos de baixíssima capacidade de causar doença. 7 8 26/02/2021 5 BIOSSEGURANÇA CUIDADOS GERAIS A SEREM ADOTADOS NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA: • Manter as unhas aparadas; • Manter o cabelo preso para evitar acidentes; • É recomendado o uso de calça comprida e calçados fechados; • É indispensável o uso do jaleco; • Evitar se apoiar, sem necessidade, sobre as bancadas; • No caso de ferimentos nas mãos comunicar imediatamente ao responsável; BIOSSEGURANÇA • É obrigatório fazer antissepsia das mãos antes e após as atividades práticas; • É obrigatório fazer a desinfecção da bancada antes e após as atividades práticas; • É proibido comer ou beber dentro do laboratório; • Não tocar a mucosa oral, nasal ou ocular durante as atividades práticas; • Não pipetar com a boca, utilizando sempre pêra ou dispositivos similares; • Ao derramar culturas bacterianas cobrir a área com papel toalha e colocar desinfetante. • Ao derramar líquidos, cuidado com comprometimento da rede elétrica pois existe o risco de choque elétrico; 9 10 26/02/2021 6 EQUIPAMENTOS IMPORTANTES Vidraria de Laboratório As vidrarias de laboratórios são materiais indispensáveis na rotina de um laboratório de microbiologia, pois são utilizadas em diversos procedimentos. Os recipientes são desenvolvidos em vidro temperado ou cristal para resistirem às temperaturas elevadas. São diversos tipos de vidraria para laboratório: provetas, barrilete, funil, placas de petri, balões, erlenmeyers e etc. Estufa de cultura e estufas de secagem As estufas de esterilização e secagem são responsáveis pela eliminação de vida microbiana em vários tipos de materiais de laboratório, promovendo uma assepsia e eliminando o risco de contaminação. Este processo ocorre por meio da aplicação de calor seco que oxida os microrganismos. Estufas de cultura mantém temperatura constante para cultura de microrganismos e pode também ter controle de oxigênio e gás carbônico. EQUIPAMENTOS IMPORTANTES Banho Maria O banho maria é um material de laboratório utilizado em substâncias que precisam ter a temperatura elevada, porém sem serem levadas diretamente ao fogo. O aquecimento neste equipamento acontece de forma uniforme e lenta. Autoclave Autoclave é um aparelho utilizado para esterilizar materiais e artigos médico- hospitalares por meio do calor úmido sob pressão inventado por Charles Chamberland, inventor e auxiliar de Louis Pasteur. 11 12 26/02/2021 7 CAPELA DE FLUXO LAMINAR As cabines de fluxo laminar, também conhecida como cabines de segurança biológica, foram desenvolvidas com o objetivo de proporcionar um ambiente estéril que permita a manipulação de forma segura de materiais biológicos ou estéreis, que não podem sofrer qualquer tipo de contaminação oriunda do meio ambiente ou ainda daquele que está manipulando essas determinadas amostras. CONTADOR DE COLÔNIAS CONTADOR DE COLÔNIAS é frequentemente utilizado em procedimentos biológicos que dependem de uma contagem precisa de colônias e células bacterianas. Os contadores de colônias são usados para estimar a densidade de microrganismos de uma cultura líquida, contando as colônias individuais em uma placa de ágar, lâmina, mini gel ou placa de Petri. A contagem pode ser realizada manualmente, geralmente com pressão de toque e um contador digital, ou pode ser semi ou totalmente automática. 13 14 26/02/2021 8 COLETA MICROBIOLÓGICA O material colhido deve ser representativo do processo infeccioso investigado, devendo ser eleito o melhor sítio da lesão, evitando contaminação com as áreas adjacentes. A coleta e o transporte inadequados podem ocasionar falhas no isolamento do agente etiológico e favorecer o desenvolvimento da flora contaminante. Portanto, procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento de um “falso” agente etiológico, resultando numa orientação terapêutica inadequada. PRÉ REQUISISTOS • Colher antes da antibioticoterapia, sempre que possível. • Instruir claramente o paciente sobre o procedimento. • Observar a antissepsia na coleta de todos os materiais clínicos. • Colher do local onde o micro-organismo suspeito tenha maior probabilidade de ser isolado. • Considerar o estágio da doença na escolha do material. Patógenos entéricos, causadores de diarréia, estão presentes em maior quantidade e são mais facilmente isolados durante a fase aguda ou diarréica do processo infeccioso intestinal. • Quantidade suficiente de material deve ser coletada para permitir uma completa análise microbiológica. • O pedido do exame deve conter, além da identificação do paciente, dados com idade, medicação, etc. 15 16 26/02/2021 9 SECREÇÃO DE OROFARINGE A contaminação com saliva, que contém uma flora bacteriana variada, pode dificultar o isolamento do verdadeiro agente infeccioso. As amostras devem ser cultivadas para recuperação do Streptococcus pyogenes. • Solicitar ao paciente que abra bem a boca. • Usando abaixador de língua e swab estéril, fazer esfregaços sobre as amígdalas e faringe posterior, evitando tocar na língua e na mucosa bucal. • Procurar o material nas áreas com hiperemia, próximas aos pontos de supuração ou remover o pus ou a placa, colhendo o material abaixo da mucosa. • Coletar a amostra exatamente na área inflamada, evitando outros sítios na cavidade oral. • Colher dois swabs. • Enviar imediatamente ao laboratóriopara evitar o ressecamento do material. COLETA DE SECREÇÃO OCULAR As culturas deverão ser coletadas antes da aplicação de antibióticos, soluções, colírios ou outros medicamentos. • Desprezar a secreção purulenta superficial e, com swab, colher o material da parte interna da pálpebra inferior. • Identificar corretamente a amostra e enviar imediatamente ao laboratório, evitando a excessiva secagem do material. 17 18 26/02/2021 10 COLETA DE SECREÇÃO VAGINAL Para a coleta de secreção vaginal ou endocervical recomenda-se que a paciente não esteja menstruada, evite ducha e cremes vaginais na véspera da coleta, mantenha abstinência sexual de três dias. • Inserir um espéculo (sem lubrificante; usar água morna) na vagina e retirar o excesso de muco cervical com swab de algodão. • Em seguida, inserir os swabs indicados, rodar por alguns segundos sobre o fundo do saco ou colo uterino (endocervical), retirar e voltar aos meios indicados. Swab seco: realizar as lâminas para bacterioscopia da secreção fresca. Swab do meio de transporte para cultura aeróbia/fungos. SECREÇÃO URETRAL A rapidez na entrega da amostra ao laboratório depende o sucesso da cultura. A Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria muito sensível e pode morrer rapidamente se não for semeada imediatamente após a coleta. • Desprezar as primeiras gotas da secreção. • Coletar a secreção purulenta, de preferência pela manhã, antes da primeira micção ou há pelo menos duas horas ou mais sem ter urinado. • Coletar com alça bacteriológica descartável ou swab estéril fino. • Colocar a amostra em meio de transporte e realizar as lâminas para bacterioscopia da secreção fresca. • Encaminhar imediatamente para o laboratório. 19 20 26/02/2021 11 COLETA DE HEMOCULTURAS • Para diagnóstico de infecção sistêmica a coleta de hemocultura deve ser realizada preferencialmente por punção venosa periférica. • A técnica de coleta de sangue através de cateteres deve ser utilizada somente para o diagnóstico de infecções relacionadas ao dispositivo e deverá sempre ser acompanhada de uma amostra de sangue periférico. • Os métodos automatizados costumam revelar as amostras positivas em 70 a 80% dos casos nas primeiras 48 horas. • Punções arteriais não trazem benefícios na recuperação dos micro-organismos. • Não se recomenda a troca de agulhas entre a coleta e a distribuição do sangue nos frascos específicos. 1. Lavar as mãos com água e sabão. 2. Preparar o material, identificar o frasco, anotando o nome do paciente, leito, data, hora e local de coleta (sítio anatômico), imediatamente ao procedimento. 3. Limpar a tampa de borracha com algodão embebido em álcool 70%. Manter o algodão sobre o frasco até o momento da punção. 4. Escolher o melhor local de punção escolhendo a veia mais calibrosa e menos móvel. Soltar o garrote. 5. Fazer a antissepsia friccionando a pele em círculos a partir do ponto a ser puncionado. Secar. Em seguida, aplicar novamente o antisséptico utilizando novo algodão ou gaze. Esperar cerca de 30 segundos para secar, repetir o procedimento por mais uma vez e aguardar secar. ROTEIRO PARA COLETA - HEMOCULTURA 21 22 26/02/2021 12 6. Colocar novamente o garrote e puncionar a veia com agulha e seringa ou dispositivo para coleta a vácuo, sem tocar diretamente no local de punção. 7. Coletar de 5 a 10mL de sangue (adultos) ou de 1 a 4mL de sangue (crianças) para cada frasco. 8. Transferir a amostra para os frascos de hemocultura, colocando primeiramente o sangue no frasco para cultura de ANAERÓBIOS (sem troca de agulhas). Se a coleta for realizada a vácuo, inocular primeiro o frasco AERÓBIO. Observar o volume correto de sangue. Utilizar um conjunto de seringa - agulha ou dispositivo próprio de coleta a vácuo para cada punção/amostra. 9. Lavar as mãos ROTEIRO PARA COLETA - HEMOCULTURA UROCULTURA A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente da primeira micção do dia, ou então após retenção vesical de duas a três horas. Pacientes com urgência urinária podem ser dispensados dessa retenção, anotando-se o fato na requisição. Coletar, de preferência a 1ª urina da manhã, ou então após retenção vesical de 2 a 3h. • Para adultos: realizar antissepsia rigorosa da genitália com água limpa e sabão neutro ou lenço adequado a coleta. O primeiro jato deve ser desprezado no vaso. Colher o jato médio em frasco fornecido pelo laboratório (um pouco mais da metade do frasco). No caso das crianças, fazer uso de saco coletor, masculino ou feminino. Deve-se fazer higienização previa do períneo, coxas e nádegas com água e sabão neutro. 23 24 26/02/2021 13 Swab anal • Inserir o swab cerca de 1 cm do canal anal e fazer movimentos de lado a lado para coletar material das criptas anais. • Colocar a amostra em meio de transporte e enviar o swab imediatamente ao laboratório. Swab retal • Usar swab de algodão, certificando-se de que a ponta da haste que suporta o algodão está bem revestida. • Umedecer o swab em salina estéril (não usar gel lubrificante) e inserir no esfíncter retal, fazendo movimentos rotatórios. • Ao retirar, certifique-se que existe coloração fecal no algodão. O número de swabs depende das investigações solicitadas. • Identificar a amostra e enviar ao laboratório no intervalo de 30 minutos ou utilizar o meio de transporte fornecido SECREÇÃO ANAL/RETAL COPROCULTURA Devem ser coletadas no início ou fase aguda da doença, quando os patógenos estão usualmente presentes em maior número e, preferencialmente, antes da antibioticoterapia. • Coletar as fezes e colocar em um frasco contendo o meio para transporte (Cary-Blair ou salina glicerinada tamponada), fornecido pelo laboratório, em quantidade equivalente a uma colher de sobremesa. Preferir sempre as porções mucosas e sanguinolentas. • Fechar bem o frasco e agitar o material. • Se a amostra não for entregue no laboratório em uma hora, conservar em geladeira a 4ºC, no máximo por um período de 12 horas. Marcar o horário da coleta. 25 26 26/02/2021 14 FLUXOGRAMA LABORATORIAL 27
Compartilhar