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MÓDULO O SURDO NA SOCIEDADE ICONOGRÁFICOS ICONOGRÁFICOS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam: RESUMINDO Uma síntese das últi- masabordagens; CITAÇÃO Parteretiradadeum texto; TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo; IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado; DICA Umatalho pararesolver algo quefoi introduzido noconteúdo; EXPLICANDO DIFERENTE Umjeito diferentee mais simples deexplicaro que acaba deserexplicado; EXEMPLO Explicação do conteúdo ou conceito partindo de umcasoprático; PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoale particular do autorda obra. CURIOSIDADE Indicaçãodecuriosidades efatosparareflexãosobre otemaemestudo; REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão. SAIBA MAIS Informações adicionais sobreoconteúdoetemas afins; SOLUÇÃO Resoluçãopassoapasso de um problema ou exercício; ACESSE Links úteis para fix- ação do conteúdo; DEFINIÇÃO Definição de um conceito; + OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendiza- gem; OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito; ++ +++ A LIBRAS foi idealizada para que estudantes tenham contato com a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais, que envolve os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e, também, as Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos. A Língua de Sinais é a língua materna dos surdos, reconhecida como um meio de comunicação legal, reconhecida pela Lei10.436 de 2002. É a partir dessa leique os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia e licenciaturas têm a garantia do contato com disciplina de Libras para a sua formação, o que é um avanço relevante tantos para esses profissionais quanto para a comunidade surda. O que você receberá aqui são informações que, com certeza, irão lhe auxiliar na tomada de decisões em seu percurso profissional, caso em sua rotina diária você encontre pessoas surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. O contexto histórico de lutas e exigências quanto a Educação dos Surdos no Brasil é cheio de acontecimentos, proibições e conquistas, será feito um retrospecto d esses fatos. A partir da convivência comos Surdos, conforme estudarmos, perceberemos que é uma comunidade que lida em sua maioria com “guetos”, geralmente optam por parceiros com características em comum. Muitos se mostram inseguros com a aproximação e presença de ouvintes, por conta da incompreensão, este comportamento é resultado das ações que perduram por muitos anos, o que ainda perdura até hoje, porém, as dificuldades que foram vista no passado serviu para se chegar a um momento mais pertinente e acessível. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO 1 2 3 4 estudos: Olá! Se bem-vindo ao MÓDULO 1, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de Compreender as diferenças à respeito do surdo. Aplicar as técnicas de comunicação. Identificar e solucionar problemas relacionados a convivência. Executar os procedimentos que envolvem o aprendizado e aspectos da cultura surda. Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS O surdo no contexto histórico das sociedade, a aceitação da língua de sinais como língua natural da comunidade surda, culturas e identidades surdas. Quais conhecimentos você tem sobre deficiência auditiva? Com certeza já ouviu falar a respeito dos surdos, deve ter visto pessoas dizendo: “todo surdo é mudo”, “são muito agitados, se irritam fácil”, “leem nossos lábios”. Mas, a maioria das informações que adquirimos através do senso comum sobre esse assunto não são reais. Então, o objetivo deste estudo é esclarecer tais informações equivocadas e mostrar a realidade sobre a comunidade surda. A deficiência auditiva é uma diferença de atuação na sociedade entre um indivíduo e a sua capacidade para a retenção dos sons. A deficiência auditiva exibe uma abrangência no Brasil e, segundo os Decretos nº 3.298/99 e nº 5.5296/04, art. 4º, inc. II (BRASIL, 1999), é considerada “a perda ambilateral, restrito ou na totalidade, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hertz (Hz), 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz”. Saber diferenciar a pessoa surda, entender que a surdez é a perda da audição que em muitos casos ocasiona a perda congênita, o que por consequência surge a necessidade de comunicar-se pela língua de sinais, porque quem nasce surdo, não capta som nenhum, e por isso não adquiri a língua falada como forma de expressão. CITAÇÃO CONCEITO Crianças que nascem com a audição intacta podem ter a audição comprometida, a dificuldade pode acontecer por doença que causa a inutilidade da audição ou até traumatismos e/ou lesões. Na maioria das situações, a pessoa que aprendeu a expressar-se, após o ocorrido da lesão que ocasionou a perda auditiva, adquirirá outra forma de comunicação. Já os surdos de nascença, eles não são considerados deficientes porque já se adaptaram a outros meios compensatórios de interação e comunicação. Em ambas, mesmo com as dificuldades é importante o convívio na sociedade, porque em vários ambientes as duas características de dificuldade auditiva estão presentes. Deixar claro essa diferença já é um bom começo para o entendimento da cultura surda, porque ela é bem vivenciada no ambiente da comunidade. Pertencem à cultura surda aqueles que não tem audição e se apropriam da língua de sinais para se expressar. Os deficientes auditivos, que por alguma lesão ou trauma em algum momento da vida, adquiriram a surdez aprenderão e se beneficiarão da nova forma de comunicação. Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de história visto por duas expectativas, que é o olhar doutrinário e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária, religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os surdos não ouviam se comunicavam pela fala, não poderiam ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados ao inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os membros do clero na prática da assistência a essa pessoas surdas, assim, os padres e demais religiosos tornaram-se responsáveis, zelando e cuidando da educação dos surdos. CONCEITO E diante desse olhar, antes de entender que nem todo surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação com a surdez, como ainda não havia motivação para que os surdos desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que “todo surdo é mudo” que na verdade não deve ser usada. As terapias de fala auxiliaram nessa quebra de mito, porque desenvolvem a fala dos surdos e isso é um estímulo, se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente não é mudo. Porém, provavelmente não obteve orientações para o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam a comunicação oral. Figura 1 – Mudez x Surdez. Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay CONCEITO A cultura dos surdos As crenças criadas por falta de entendimento possibilitaram que muitos mitos se disseminassem, mas a partir do momento que foi aberto o acesso à comunicação para o surdo ele passou a interagir socialmente em vários ambientes dando origem a formação de grupos sociais, nos dando a oportunidade de identificar a sua cultura e peculiaridades. Figura 2 – Cultura Surda Fonte:Ivanovgood/Pixabay A história da cultura surda supera séculos, concordava- se que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a oralização não trazia sentido, o vocabulário não remetia a nenhum significadoe, a partir da introdução da língua de sinais, foi possível a compreensão da linguagem e de tudo que lhe rodeava. CULTURA Mundo solitário O livro chamado O voo da gaivota, que é a autobiografia de uma autora surda chamada Emanuelle Laborit, relata a sua rotina solitária, que por orientação médica foi recomendada não relacionar-se com nenhum surdo, porque deveria ter em mente o aprendizado da língua oral. Mesmo fazendo uso do aparelho auditivo, as palavras expressadas oralmente não faziam sentido: “Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria que se esforçassem” (LABORIT, 1994, p. 39). Figura 3 – Surdo com aparelho auditivo. Fonte:Kalhh/Pixabay Por volta dos seus 7 anos de idade, seu pai ouviu no rádio uma notícia que envolvia a surdez e a língua de sinais, se interessou e pensou que sugeriu que para ela seria uma esperança de forma de comunicação. Após esse dia, a autora relata a importância da língua de sinais para a sua vida, seu cotidiano. CULTURA A esperança de um novo nascimento, o início da vida novamente. O primeiro muro caiu. Havia ainda outros em torno de mim, mas foi aberta a primeira brecha em minha prisão, iria compreender o mundo com os olhos e com as mãos. Sonhava. Estava tão impaciente! Diante de mim, havia aquele homem maravilhoso que me ensinava o mundo. O nome das pessoas e das coisas; há um sinal para Bill, um para Alfredo, um para Jacques, meu pai, minha mãe, minha irmã, para a casa, a mesa, o gato... Vivia! E tinha tantas perguntas a fazer! Tantas e tantas. Estava ávida, sedenta de respostas, já que podiam me responder! (LABORIT, 1994, p. 48). Após esse relato, atesta-se que a língua de sinais auxilia em um novo sentido como surda, abrindo os caminhos para a comunicação e compreensão daquilo que ainda era desconhecido, possibilitando a comunicação. Acesso e conhecimento A língua de sinais abriu caminhos e ajudou no desenvolvimentos dos surdos, possibilitando o acesso a novas culturas. Segundo Santana e Bergamo (2005, p. 572), “a língua e a cultura são dois artefatos que caminham juntos, e mais, é uma ferramenta na construção da cultura”. É bem normal relacionarmos a palavra cultura à língua de sinais, como se a cultura fosse formada apenas pela representação linguística. A língua de sinais foi uma estratégia de relacionamento com o mundo, ajudou a tirá- lo do isolamento que o cercava. A língua de sinais propiciou a formação de grupos sociais que interage e participa de uma comunidade surda. É notória a diferença entre a comunidade e a cultura surda, segundo Padden (1989, p. 5 apud FELIPE, 2007, p. 45), uma estudiosa linguista surda: CULTURA Fonte: Sasint/Pixabay CITÇÃO A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas que moram em determinadas localizações, que buscam as mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também pode ter ouvintes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de forma universal somente pelos surdos, pois os membros da cultura surda comportam-se como pessoas surdas, utilizam a língua de sinais e compartilham de crenças de pessoas surdas (FELIPE; 2007, pág.45). Para falar sobre a comunidade surda, precisamos entender que ela é regional, ou seja, formada por pessoas que moram em determinadas regiões, que almejam os mesmos objetivos e ela também pode ter ouvintes, já a cultura surda é compartilhada de forma mais ampla, universal, aceita somente surdos, pois os membros da cultura surda demonstram um comportamento singular comportam-se como surdos, comunicam-se através da língua de sinais e repartem experiências e crenças. Figura 4 – Interação e Comunicação. CULTURA É importante compreender e considerá-los como um grupo social, que pratica interação, se expressa e produz conhecimento como qualquer outro cidadão, não entendem como problema a deficiência, valorizam o uso da língua de sinais que sobrepõe a capacidade de expressão verbal. Dessa forma, quando se pensar em cultura, deve-se ter um conceito de um conjunto de práticas simbólicas de um determinado grupo: que usa a língua, as artes (literatura, música, dança, teatro), a religião, o sentimento, as ideias, as ações, o modo de vestir, de falar, entre tantas outras (SANTANA; BERGAMO, 2005, p.130). Esse debate de conceitos, de estudos não finda de forma fácil, segundo Laraia (2008, p. 63), “provavelmente nunca terminará, pois uma compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana, tema perene da incansável reflexão humana”. Existe uma cultura para o surdo, é a comunidade onde ele está inserido, onde se comunica e desenvolve signos para expressar interação na língua que é de sua propriedade. Esse reconhecimento traz uma bagagem de perseverança, persistência e a diversidade e aquisição pelo respeito à língua dos surdos. Há muitas realizações a se concretizarem com o crescimento regular da comunidade surda: CULTURA CULTURA OBSERVAÇÃO Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato cultural para os surdos. Um passado imerso na obrigação de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca mais deprimente. Diante disto, surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Neste sentido, se prosseguirmos com as velhas realidades, narradas como que no tempo colonial, perigamos escrever uma história de holocausto, de dominação, de lamentos. Mas não é por aí... Temos outros caminhos que, mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona, vivenciados e narrados por constituírem a genuína história natural e cultural dos surdos. De fato, temos nossas lutas de significação quais sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades, por posições de igualdade, por ter intérpretes de língua de sinais e por serem válidos os nossos direitos. Além desses, há muitos espaços que possibilitam novos signos e significados que nos motivam, estando presentes em nosso cotidiano e que nos trazem algo mais desejado – encarnar essas possibilidades ‘como pessoas completamente diferentes’ (PERLIM; STROBEL, 2014, p.20). + Ahistória de Emanuelle Laborit (1994) traz informações sobre a sociedade surda e a língua de sinais. Laborit, retrata o quanto conseguiu se encontrar, a proximidade com surdos e com a língua de sinais proporcionou uma releitura de sua identidade e a sentir-se pertencente a alguém. A identidade relatada foi buscada com a ajuda da cultura surda, que opera de maneira individual no âmbito da aprendizagem, diferente da vivência anterior. Reconhecer a si mesma pode ser chamada de uma identidade, há uma autenticidade para o surdo que é diferente do ouvinte, e até entre os próprios surdos. Há 5 possibilidades de identidade para o surdo: Identidade surda – Geralmente, a identidade relaciona- se aos filhos surdos de pais surdos, instruídos a conviver com a percepção visual. Uma autenticidade que se destaca na atuação pelos direitos do surdo, que necessita da língua de sinais para desenvolver uma linguagem. Identidade surda híbrida – É uma percepção evidente nos surdos que nasceram com a audição intacta e lidam com a língua portuguesa e a língua de sinais. É uma analogia peculiar em diferentes momentos, porque são conhecedores da estrutura do português verbalizado. Identidade de transição – Os surdos mantidos em cárcere na igualdade de ouvinte, viveram parte da sua vida contatando pessoas que expressavam-se verbalmente e não relacionaram-se com surdos. Essa mudança acontece ao conhecer a comunidade surda e daí passarem pelo processo de “des-ouvintização” comumente, grande número de surdos passa por esse estágio, posto que são filhos de ouvintes. IDENTIDADE SURSA Identidade surda incompleta – Nessa identidade, o surdo encontradificuldade para assumir-se, para ingressar na comunidade surda por não fazer talvez uso total da língua de sinais, persiste percorrer ambientes que fazem parte da rotina dos ouvintes, não compreende e não fala na mesma simetria do ouvinte e por isso não está inserido em nenhum dos grupos. Identidade flutuante – São surdos que se expõe a partir do domínio dos ouvintes. Retratado pelo surdo que tem ciência ou não, que é surdo, mas a sua postura é de um ouvinte e insistem nisso a qualquer custo, assimilam que são surdos, se esforçam e pensam que a vida seria melhor como ouvintes. Nessa identidade, o surdo despreza ou não tem compromisso com a cultura surda e vive em uma situação de conformidade (PERLIN, 1998). Conceito sobre Surdez e surdez na visão clínica e sócio-antropológica Além dos mitos que ouvimos sobre a cultura surda, existem outras crenças sobre a língua de sinais que é importante sabermos ao certo, como por exemplo, a mímica pode ser considerada sinais, a língua de sinais expressa pensamentos, percepções, opiniões, possibilita a discussão e resolução de assuntos e convicções complexos, porém, importante como assuntos relacionados a nação. A expressão que a língua de sinais é universal também é mito, e essa afirmação incoerente porque não é possível ter uma comunicação gestual igualitária, com entendimento geral, para todos, da mesma maneira que existe as diversidades na língua falada, também a língua sinais sofre diferenças, ela respeita fatores gramaticais, geográficos e culturais. IDENTIDADE SURSA Há tempos que o estudo da linguística se limitava apenas às línguas orais, mas o advento do reconhecimento da língua de sinais trouxe uma nova perspectiva de abrangência que com o tempo vem ganhando espaço e se estabelecendo. As abordagens orientadas a LIBRAS vêm com alcance específico educacional na defesa da cultura surda. Essas variações não se resumem apenas à comparação dos processos que promove um enriquecimento do vocabulário, mas estão relacionadas à percepção de mundo e à condição de complexidade em decorrência do processo de aquisição da língua, aspectos culturais e até impacto político e social na vida dos surdos. É importante apontar para aspectos relacionados à organização da gramática e seu funcionamento. Há uma delimitação entre gesto, língua de sinais e aprendizado de uma segunda língua, o que gera, muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, por não terem orientação, não se identificam com outros surdos quando se cria um sinal determinado. As escolas de surdos que adotam uma proposta bilíngue, proporciona a interação do surdo com outros, o que incentiva aquisição da língua por parte das crianças, jovens e adultos. Para o surdo, o significado de cultura é compreender o mundo ao redor e torná-lo ao alcance e habitável, adequar com as suas impressões visuais, que colabora para o sentido das identidades surdas (STROBEL, 2008, p. 30), que contempla a língua, e hábitos. Ainda sobre os mitos que envolve a relação dos surdos, mesmo após a conquista da inserção da língua de sinais, enfrentaram impedimentos que dificultavam a aceitação por parte da sociedade, presença de intolerância no ambiente familiar e escolar. Segundo Strobel (2008), nas décadas de 1970 e 1980, a aquisição de aprendizagem era indiferente, de controle e de disciplinamento, as crianças surdas eram proibidas de se articular gestualmente, as consequências era serem comparadas aos macacos, eram obrigadas a expressar-se oralmente para serem respeitados. IDENTIDADE SURSA Os surdos viam-se obrigados a todo custo a desenvolver a expressão oral e a leitura labial, o que gera o mito, que é o de que os surdos compreendem as demonstrações orais. Witkoski (2009) desmistifica esse mito ao expor que os surdos na sua maioria não fazem leitura labial, vários fatores envolvem o sucesso nessa técnica, como a articulação, a proximidade, são fatores que colabora ou atrapalha a leitura labial, que para obter habilidade deve ser aprendido, depende muito da postura do locutor, não é uma prática simples, o sujeito deve estar de frente com os lábios do receptor, a similaridade nas articulações específicas letras e o conhecimento anterior das palavras proferidas influência no processo de leitura labial. IDENTIDADE SURSA CITAÇÃO [...] o ambiente de conversação usual não se constitui num ideal de apreensão visual ao surdo; ao contrário. Em geral este é caracterizado pela presença de um falante distante, em permanente movimento (quando não está inclusive ausente do seu foco visual), que realiza trocas verbais com outras pessoas as quais não poderão ser observadas concomitantemente. Estas são as características mais comuns do diálogo entre ouvintes, sendo inclusive também as da sala de aula no ensino regular (WITKOSKI, 2009, p. 569). A autora ainda ressalta que, Não é possível realizar leitura labial em toda situação, até porque a leitura não supre a falta de audição por conta do acesso às palavras expressas oralmente e identificadas pela leitura labial, essa ação não garante a compreensão de tudo o que é verbalizado. Essa ideia equivocada da leitura labial, que motiva o surdo a interagir de forma falada com um ouvinte, traz a tona outro mito, que os surdos ouvem algumas coisas que são do interesse próprio, e ainda que consigam e se esforcem para compreender uma informação, é muito difícil assimilar o diálogo na sua totalidade, até com o uso do aparelho auditivo existe a dificuldade em adaptar-se com os ruídos que o aparelho capta, o que dificulta a recepção da mensagem, e se o receptor não entende a língua de sinais, é possível que não se estabeleça uma interação. Veja a seguir o relato da experiência de Witkoski (2009, p. 571). Em relação a essa caracterização do comportamento do surdo como patológica, resgato a situação de uma linda menina surda, de sete anos, que conheci. Estava numa escola de surdos de Curitiba conversando com a professora da turma, enquanto acompanhava a harmonia com que os alunos interagiam através da língua de sinais. Nessa hora chegou a mãe de uma das alunas, que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando em Libras. Vendo o comportamento da filha, a mãe fez o seguinte comentário: ‘Engraçado como aqui ela se comporta bem. IDENTIDADE SURSA Em casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não vai; ficar só deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às vezes ela começa a gritar, cada grito, que chega a doer os meus ouvidos!’. Perguntei se ela sabia a língua de sinais. Respondeu: ‘Não, não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar, muito trabalho’. (Witkoski; Surdez e preconceito. A norma da fala e o mito da leitura da palavra falada; 2009, p. 571) Na situação apresentada a filha não atende ao pedido da mãe, que relaciona-se apenas com amigos da escola, em casa demonstra que é “surda”, porém essa postura está relacionada com a apreciação que a filha tem pelo o uso da língua de sinais. Figura 6 – Língua de sinais. Fonte: Clker-Free-Vector-Images/Pixabay IDENTIDADE SURSA A identidade surda está ligada à língua de sinais, essa relação depende de como a língua de sinais é inserida como uma possibilidade de comunicação. Figura 7 – Criança aprende a língua de sinais. Fonte: OpenClipart-Vectors/Pixabay Vygotsky (1991), cita que as ações cognitivas essenciais de um ser humano tem relação direta com a sua história social, que traz a memória da sociedade na qual a criança desenvolve- se socialmente, o que é bem relevante para a formação do pensamento, e no processo de aquisição de conhecimento, a língua tem um papel fundamental na designação de como a criança desenvolverá o seu aprendizado. O contato da criança com a língua de sinais influencia na capacidade da formação de pensamento, e o ambiente em que ela está inserida deverá proporcionar o servir dessa língua. Aspectos filosófico e legal na educação do surdo Santana e Bergamo(2005), diz que essa relação de que a identidade do surdo é ligada à língua de sinais vem de pesquisas mostram: do contato do surdo com outro surdo que faz uso da língua de sinais expandem-se novas possibilidades de interação e compreensão, que não acontece por meio da língua oral. Perlin (1998), chama a atenção para a aquisição de uma identidade que é repelida ao indivíduo no ambiente em que ele habita, um surdo que tem contato contínuo e direto com um ouvinte irá ponderar a surdez como uma deficiência tratável, e guiará a sua identidade sob essa perspectiva. Por outro lado, é positivo o surdo que tem a oportunidade de conviver e vivenciar uma comunidade de surdos com ouvintes, porque essa relação desenvolverá uma identidade que favorece e evidencia a diferença e não da deficiência. Para Felipe (2007, p. 82), é provável identificar características do tipo: - A maioria das pessoas Surdas sentem-se mais a vontade para ter relacionamento e dividir sentimentos e tal com outra pessoa Surda; - As frases com gênero humorístico em tom de piadas afasta o desejo de conhecimento sobre a língua de sinais e sua cultura; - A abordagem sobre assuntos de relacionamento, educação e olhar de mundo, pode ser representado em cenas teatrais; O surdo tem um olhar diferenciado de mundo, ele se identifica com as expressões faciais e corporais que são representadas com as mãos, que devem ser usada de forma necessária com agilidade e fluência, dando sentido a mensagem transmitida. O surdo possui uma identidade própria, independente do seu acesso a língua ou não, a diferença é a sua própria aceitação como surdo junto com a língua de sinais, observe que aquele que se aceita consegue desenvolver-se e interage com o mundo positivamente, sob o olhar da sua comunidade e cultura surda. Aspectos filosófico e legal na educação do surdo O bilinguismo na educação de surdos Quando pesquisamos Educação bilíngue para surdos nos reportamos a um trabalho pedagógico que faz uso de línguas no desenvolvimento do processo de aprendizagem, de forma inclusiva. Libras - Língua de Sinais Língua Portuguesa escrita Os surdos precisam e deve ter acesso a uma educação bilíngue, que dê ênfase a língua de sinais como sua língua natural, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como segunda língua” (BRASIL, 2006, p. 71). O bilinguismo, porém, reconhecido como política pública brasileira, surgiu a pouco tempo, mas já existe registro de ações de sucesso. Temos um exemplo real presente na administração municipal de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. Em 2012 o município de ensino da cidade criou as Escolas Polo para priorizar a educação de alunos surdos. Essas instituições escolares regulares são de educação básica, que possuem toda a estrutura física e pedagógica para recepcionar e prestar atendimento adequado aos alunos. Alguns professores tem habilidade regular a Libras e são bilíngues, pois são os responsáveis pelas turmas e realizam os encaminhamentos das disciplinas ativas, são também os intérpretes de Libras. No horário oposto das aulas comuns, há atividades complementares prática de Libras e quem ministra é sempre um professor surdo. Essa é uma das iniciativas escolares que prioriza a educação em duaslínguas. Depoimento da professora Nadia Aparecida Issa Pina. Aspectos filosófico e legal na educação do surdo ACESSE A Determinação Federal nº 5.626, de 2005, e a Política Nacional de Educação Especial no Panorama da Educação Inclusiva, de 2008, são dois documentos essenciais que discorre do assunto: Já ouviu falar? Vamos tratar deles agora! Escolas bilíngues na Determinação Federal nº 5.626/2005 Mais adiante veremos os documentos oficiais, as leis e decretos, vamos no momento conhecer a relevância do decreto que apoia e estabelece o bilinguismo e a escola bilíngue no atual contexto educativo brasileiro. O Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei nº10.436/2002 (BRASIL, 2002), tornando reconhecida a Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação da comunidade surda, de mesmo modo a regulamentação do artigo 18 da Lei nº 10.098/2000 (BRASIL, 2000), que trata da realização da formação de profissionais intérpretes para a Libras, para viabilizar a interação com os surdos. Encontra-se em vigor após o reconhecimento da Libras, em 2002, e sob a importância dos demais documentos que O decreto foi desenvolvido em acordo com a academia e com a cultura surda. O documento estabelece: Intitula-se Escolas de Educação Bilíngue aquelas em que a Libras e a escrita da Língua Portuguesa representam línguas de instrução inseridas no desenvolvimento do processo educativo. É um direito dos estudantes à escolarização em um período oposto ao atendimento educacional especializado para a complementação curricular, com aproveitamento de equipamentos de tecnologias de informação (BRASIL, 2005). Aspectos filosófico e legal na educação do surdo Segundo o Decreto Federal (BRASIL, 2005), essa educação está dividida seguindo os seguintes critérios: Ensino infantil e Anos iniciais do fundamental: formação obrigatória de professores bilíngues para atuação em escolas e classes de educação. Anos finais do ensino fundamental, Médio e no Técnico Profissional: não se faz obrigatório que os professores sejam bilíngues, porém, importante conhecer as especificidades linguísticas e o processo de ensino-aprendizagem, dos alunos surdos. Imprescindível a presença de Tradutores e Intérpretes da Libras-Língua Portuguesa, embora, que nessas fases não se torna obrigatório que as escolas e/ou classes sejam bilíngues: esses níveis de ensino também pode se realizar em escolas de ensino básico comum, desde que atenda as condições expostas. Segundo Lodi (2013, p. 54), para que a língua inicial de instrução escolar seja a Libras, é necessário mudanças e reivindicações, uma vez que até mesmo a escrita das duas línguas é diferente. A presença da escrita do português nos processos educacionais é inerente à estruturação pedagógica, que insere e garante status de língua de instrução, o desenvolvimento de linguagem/apropriação da Libras pelos alunos surdos nos primeiros anos escolares é garantido e, consequentemente adquire-se uma base educacional. Após aquisição da língua materna, a Língua de Sinais, os alunos podem praticar com professores nativos da Língua Portuguesa, com o auxilio de um tradutor intérprete. Aspectos filosófico e legal na educação do surdo O ensino infantil e os primeiros anos do fundamental deve ser cursado obrigatoriamente em escolas bilíngues, os demais níveis, podem ser frequentado em escolas comuns, sob a orientação de professores com o perfil conhecedor da língua e intérpretes contratados, objetivando facilitar o acesso aos conteúdos curriculares, em todas as atribuições didático- pedagógicas e no auxilio e facilidade às atividades institucionais. Embora a escolarização do aluno surdo possa aconteça por intermédio de docentes que entendam as particularidades do ensino de surdos, fica notório que essa organização não descaracteriza uma escola bilíngue. O instrumento ao informar que as instituições federais de ensino devem abastar específicas constituições, também detalha os papéis dos agentes docentes inseridos nas escolas bilíngues: professor ou instrutor de Libras; tradutor e intérprete da Libras para a Portuguesa e vice-versa; professor para o ensino, como segunda língua para os surdos, do português; e professor regente de classe geral, nas várias áreas de conhecimento, com ciência da originalidade linguística dos alunos surdos. Frequentemente existe nas escolas, debates sobre os limites entre a ação do professor na sala de aula e o intérprete, e fica claro que o intérprete transmite a informação que é produzida pelo professor sem interferência sobre o raciocínio do professor. “É imprescindível ofertar, desde a educação infantil, o ensino daLibras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos” (Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005). E para que isso seja realidade deve-se pensar em formas singulares de avaliação, que contemple o ensino de Libras e Língua Portuguesa. Aspectos filosófico e legal na educação do surdo O decreto também define que se deve: essa formação à atuação nos diferentes níveis educacionais e recomenda que pessoas surdas tenham prioridade em todos os processos formativos, visando garantir, assim, que a apropriação dessa língua pelos alunos surdos ou sua aprendizagem por ouvintes, seja realizada por meio de seus usuários (LODI, 2013, p. 57). Aspectos filosófico e legal na educação do surdo CITAÇÃO [...] adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos (Fonte: Brasil, 2005. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.) A formação de professores para o ensino de Libras éum ponto importante dessa visão é que ela deve ser: [...] posta em diálogo com a formação necessária para o ensino do português como segunda língua. No que diz respeito ao ensino de Libras, o documento, uma vez mais, relaciona essa formação à atuação nos diferentes níveis educacionais e recomenda que pessoas surdas tenham prioridade em todos os processos formativos, visando garantir, assim, que a apropriação dessa língua pelos alunos surdos ou sua aprendizagem por ouvintes, seja realizada por meio de seus usuários (LODI, 2013, p. 57). QUADROS, R. M. Língua de S i n a i s Brasileiras: estudo linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. STROBEL, K. L. Surdos: vestígios culturais não registrados na história. 2008. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. REFERÊNCIAS
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