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Etica nas organizacoes 2

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Ética nas Organizações
Resumo
Hoje, para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela engloba outros itens relacionados ao portfólio da empresa e a ética é um desses itens. Nossa sociedade vive na atualidade uma redescoberta da ética. Há exigências de valores morais em todas as instâncias sociais. Nossa sociedade passa por uma grave crise de valores, identificada por alguns como falta de decoro e por outros como falta de respeito. Este artigo tem por objetivo discutir a importância da ética dentro das organizações, de maneira a contribuir para a reflexão das práticas administrativas atuais. A motivação para este estudo fundamenta-se na premissa de que a ética, entendida como a ciência dos costumes ou dos atos humanos, passa a ser uma questão de sobrevivência para organizações submetidas a pressões constantes, nos setores mais dinâmicos da empresa. 
Introdução
Nas relações empresariais atuais tem-se a identificação de que a ética pode ser considerada uma essência de sucesso para as organizações modernas. Esta essência apresenta-se por meio das ações entre agentes empresariais, como por exemplo, clientes, fornecedores, concorrentes e entre os próprios colaboradores da empresa.
O agir com ética, nesse contexto, significa agir de acordo com determinadas regras e preceitos. Porém verifica-se que muitas empresas divulgam regras, ou até mesmo códigos de ética, mas não os cumprem. Com isso observa-se a dificuldade de se coordenar o discurso com a prática diária. Mas como se podem disseminar tais valores e ao mesmo tempo obter sua aplicação? Como gerenciar os mais diversos interesses dos colaboradores levando-se em consideração a importância da ética? Estas são algumas das questões que o artigo apresenta para reflexão a partir de exemplos práticos, incluindo a exibição dos conceitos envolvidos.
A razão de ser da discussão dessas questões se deve ao fato de que as pessoas demonstram níveis mais elevados de comprometimento ao sentir que suas empresas trabalham com lisura e integridade. É o chamado exemplo, o qual contribui para a disseminação destes valores dentro das organizações.
1. Definições
A discussão ética passa a ser mais abrangente a partir da compreensão conceitual envolvida. Pode-se dizer que a ética estuda uma forma de comportamento humano na qual os homens julgam valioso. Ela é também a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. 
A ética é a ciência da Moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano. Etimologicamente, as duas palavras possuem origens distintas e significados idênticos. Moral vem do latim mores, que quer dizer costume, conduta, modo de agir, enquanto ética vem do grego ethos e, do mesmo modo, quer dizer costume, modo de agir. Essa identidade existente entre elas marca a tendência de serem tratadas como a mesma coisa. Porém a Moral não pode ser considerada como ciência, mas sim como objeto dela e, dessa forma, é por ela estudada e investigada. A ética também não é Moral e, portanto, não pode ser reduzida a um conjunto de normas e prescrições; seu objetivo é explicar a Moral efetiva e, neste sentido, pode influir na própria Moral. Seu objeto de estudo é constituído por um tipo de atos humanos: os atos conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outros, incluindo determinados grupos sociais ou a sociedade como um todo.
Para Gouvêa (2002:13), “se desobedecer aos preceitos e não conseguir seguir os padrões de conduta, a pessoa vive na imoralidade. Se os preceitos e padrões do grupo social a que a pessoa pertence tornam-se irrelevantes para ela, então pode ser chamada de “amoral”. Se também confundir a moral de sua cultura ou a de seu grupo social com ética, torna-se um moralista. O moralismo é absolutização e universalização de sua própria moral”.
Dessa maneira, ética e moral se relacionam como uma ciência específica e seu objeto. A palavra moral vem do latim “mos” ou “mores”, “costume” ou “costumes” como dito anteriormente, no sentido de abordar o conjunto de normas e regras adquiridas por hábito. A Moral se refere, então, ao comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo homem. Já a palavra ética vem do grego “ethos”, significando “caráter” enquanto forma de vida, também adquirida ou conquistada pelo homem. Ao aproximar este conceito junto ao ambiente corporativo, tem-se que a ética pode representar a natureza das empresas, uma vez que estas são formadas por um conjunto de pessoas. A ética é, portanto, um conjunto de princípios e valores que têm por objetivo guiar e orientar as relações humanas.
Entende-se, pois, que a ética está intimamente comprometida com alguns valores, tais como respeito, confiabilidade e segurança, fatores estes que constroem ou destroem a imagem das organizações.
Segundo Vasquez (1975:12) “a Ética é a ciência que estuda o comportamento moral dos homens na sociedade”. Esta definição nos remete a duas questões importantes, segundo Passos (2004:23): “ao caráter social da moral e a seu aspecto dialético. O primeiro relaciona-se com o papel que ela desempenha na sociedade, no sentido de possibilitar um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade; assim, não existe uma moral individual; ela é sempre social, pois envolve relações entre sujeitos. Diante disso, as normas morais são colocadas em função de uma concepção teórica em vigor, que é quase sempre a concepção dominante”.
No segundo aspecto, é sabido que os valores morais expressam uma cultura. Dessa forma, variam historicamente, pois cada sociedade edifica suas normas a partir das suas crenças, modelo social, formação econômica e social. É nesse sentido que Vaz (1993) relembra que a ética desde a sua acepção inicial dirigiu-se à cultura e foi entendida como morada do homem, como abrigo protetor do ser humano, ou seja, como a condição de sobrevivência e de convivência social.
Segundo Rosini (2003:146), “a ética é definida como o estudo de juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, relativamente à determinada sociedade, ou de modo absoluto”. No ambiente corporativo, ela procura guiar o indivíduo na tomada de decisões levando-se em conta o ponto de vista predominante na sociedade, num determinado espaço de tempo.
É preciso reconhecer os múltiplos significados éticos de cada mínimo ato e palavra proveniente de cada pessoa, lembrando-se que ignorar este fato também é uma escolha pessoal com profundas implicações éticas.
Porém, o assunto permanece controvertido, isto por causa da diferente interpretação que pode ocorrer do que seja eticamente correto para cada pessoa. Por este motivo, a sociedade tende a definir a ética em termos de comportamento. A ética, neste contexto, constitui o alicerce do tipo de pessoa que se pode ser e do tipo de organização que se pode representar.
Já as práticas empresariais éticas originam-se em culturas corporativas éticas. Mas para estimular este comportamento ético torna-se prioritário desenvolver uma cultura corporativa que possibilite ligar padrões éticos com as práticas empresariais. E para institucionalizar tais padrões pode-se iniciar o processo a partir da compreensão da filosofia da ética, que tem como alicerce mecanismos como, por exemplo, crenças, códigos, comissões e auditorias sociais da empresa.
Uma cultura organizacional ética proporciona também a elevação do clima de confiança e respeito entre os integrantes da empresa, relacionando-se de forma direta ou indireta com a instituição. Outro benefício complementar diz respeito à redução de custos e aumento de produtividade unida ao crescente nível de satisfação geral advindos do clima ético de trabalho.
Para ilustrar essa questão, tem-se mais uma contribuição de Rosini (2003:147), o qual registra que “nas atuais economias nacionais e globais, as práticas empresariaisdos administradores afetam a imagem da empresa para a qual trabalham”. Sendo assim, para a empresa competir com sucesso nos mercados nacional e mundial, será preciso manter uma sólida reputação de comportamento ético.
2. Ética: Histórico
A discussão sobre ética tem sido uma constante na vida das pessoas desde os primeiros séculos. Para se ter uma idéia, desde a antiga Grécia, a palavra “ética” sempre foi utilizada por aqueles que se dispunham a investigar as questões referentes ao comportamento humano e à vida em sociedade.
De acordo com a necessidade de se organizar a vida e as relações interpessoais dos grandes aglomerados populacionais existentes na Antiguidade, muitos grupos étnicos acabaram por desenvolverem diferenciados e complexos sistemas legais e consuetudinários. 
Para Gouvêa (2002:14), “a ética, no sentido mais estrito do termo, é filha da cultura dos antigos helenos, e não surgiu plenamente senão durante o grande iluminismo ateniense que teve lugar a partir do século V antes da era cristã, há cerca de 2.500 anos”.
A partir dessa época, o povo grego é quem passa a contribuir para o aprimoramento conceitual da ética. Com Sócrates e os sofistas a filosofia grega volta-se para os seres humanos, entendidos agora como “medida de todas as coisas” (Protágoras). O importante não era mais conhecer o mundo, mas antes “conhecer-se a si mesmo” (Sócrates). Dessa forma os conceitos passaram a ser analisados cuidadosamente por Sócrates e seus discípulos, incluindo a virtude, a justiça, o conhecimento, a alma, o amor, entre outros. E nenhuma idéia relevante poderia continuar sendo usada de maneira irresponsável, como se o seu significado fosse óbvio.
Em seguida tem-se a contribuição de Platão, o qual construiu um complexo sistema filosófico que é extremamente popular e influente até os dias atuais. Segundo Gouvêa (2002:15), “Platão desenvolveu uma teoria racional sobre a constituição da alma humana que julgava ser eterna, estabelecendo a supremacia e autonomia da razão sobre as emoções e os impulsos ou a vontade”. Platão tornou evidente a centralidade da ética na filosofia e a necessidade de pensar racionalmente as questões éticas da sociedade na qual estava inserido.
Mas foi a ética de Aristóteles que tornar-se-ia a base de toda reflexão ética ocidental. Ele sugere ser a virtude, entendida como perfeição da condição humana, a base de toda reflexão ética racional.
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, foi discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno. Foi um dedicado discípulo da Academia de Platão e mais tarde fundou sua escola, o Liceu, que se tornou um centro de estudos das ciências naturais.
Diferentemente de Platão, seu mestre, não desprezou o mundo sensível, mas buscou unir as observações desse à ciência e à filosofia. Também rejeitou o mundo inteligível, por vê-lo como incapaz de oferecer explicações sobre as questões ligadas aos sentidos. O conhecimento deveria ser do real e não de sua idéia, portanto, parte dos sentidos.
Também se preocupou com a forma como as pessoas viviam na sociedade. Assim, escreveu obras importantes sobre ética: Ética a Eudemo, Ética a Nicômano e uma Magna Ética. Sua ética era finalista, no sentido de visar a um fim, no caso, que o ser humano pudesse alcançar a felicidade. Entendia a moral como um conjunto de qualidades que definia a forma de viver e de conviver das pessoas, uma espécie de segunda natureza que guiaria o ser humano para a felicidade, considerada a aspiração da vida humana. (Passos, 2004).
Portanto, o comportamento ético adequado está relacionado com o aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, e as principais virtudes decorrentes deste desenvolvimento são: a justiça (que inclui honestidade e retidão nos julgamentos), prudência (que inclui a paciência, a mansidão, a cautela), a coragem (que inclui a ousadia, a disposição ou prontidão, a perseverança e a resistência) e a moderação (a virtude encontra-se no equilíbrio).
Epicuro (341-270 a.C.), criador do epicurismo, é filho de um mestre-escola e de uma cartomante. Nasceu em Samos, colônia de Atenas. De cultura requintada e saúde frágil, levou uma vida regrada e dedicada à ciência. No ano de 306, fundou em Atenas a Escola do Jardim, onde vivia com seus discípulos. Sua filosofia estava dividida em três partes: canônica, física e ética. A última é considerada a mais importante, por ser a que indicaria o caminho da sabedoria e, portanto, da felicidade.
Outros filósofos na Idade Média trataram da Ética com um forte traço do cristianismo, onde se tem Santo Agostinho e São Thomas de Aquino.
Na Idade Moderna as questões éticas complicaram-se ainda mais com o aparecimento da teoria da evolução e a tradição intelectual que se originou com ela. Mais complicações surgiram com o aparecimento e desenvolvimento das idéias psicanalíticas. Agora o ser humano não podia mais manifestar suas reais intenções em suas ações, pois suas verdadeiras razões podem ter permanecido ocultas em seu inconsciente. 
De acordo com Gouvêa (2002:23), “uma contribuição importante da reflexão ética do século XX foi a crescente preocupação com as relações interpessoais e o respeito pela alteridade”. Esta mudança de paradigma implicou em uma nova cosmovisão, a qual foi gerada paulatinamente por todo século XX e gerou movimentos de contestação e de busca de direitos humanos como o feminismo, o movimento hippie, as lutas pelos direitos de minorias étnicas e religiosas, entre outros. Ocorre assim um real despertamento ético, o qual não tolera desigualdade entre sexos, abuso de menores, racismo, guerras de expansão territorial ou bélica, destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos humanos e aos direitos do cidadão. Pode-se dizer que nunca se viveu em um ambiente tão consciente dos deveres éticos que impedem que mais desrespeitos sejam cometidos à vida e ao planeta. 
3. Ética e Transformações Sociais
O processo de transformação da base econômica da sociedade atual tem ocasionado mudanças rápidas e profundas, gerando assim grandes modificações na concepção do cotidiano das pessoas. Tais modificações podem ser acompanhadas por meio da troca do conceito de tempo, das alterações ambientais, no surgimento de novos produtos e serviços, entre outras.
Segundo Gouvêa (2002:25), “dentre as muitas questões específicas discutidas pela ética contemporânea está o problema da crise ambiental ou da relação entre os seres humanos e o meio ambiente em que habitam, a saber, a biosfera. Hoje se tornou claro que não é mais possível explorar os recursos naturais de forma irresponsável, pois isto significaria o fim da espécie humana”. Trata-se de mais um desafio ético para a humanidade.
Para acompanhar esse processo, recomenda-se que as empresas assumam seu papel de maneira mais ampla na sociedade. Isso envolve a participação efetiva de seus colaboradores no sentido de impedir que fatores como tecnologia e maior acesso às informações do cotidiano se sobreponham aos valores éticos envolvidos nas relações entre organizações e seu ambiente. 
Outra constatação relevante caracteriza-se pelos rápidos movimentos das organizações, as quais procuram valorizar seus clientes e seus mercados, provocando mudanças representativas nas normas, políticas e culturas vigentes.
Agora o século XXI será marcado pelo aceleramento progressivo de duas grandes cadeias de acontecimentos na história das idéias. Uma delas ocorreu no início da década de 90 a partir da revolução dos processos de comunicação, os quais têm transformado o planeta numa pequena aldeia, oferecendo assim a possibilidade de aprimoramento da capacidade intelectual dos indivíduos. A outra cadeia surgiu com a liberação das energias atômicas e do início das explorações espaciais, que tornam a humanidade capaz de executar sua própria extinção e, ao mesmo tempo, apresenta a inferioridade do homem diante dos infinitos desafios deste futuro incerto.
De acordo com Gouvêa (2002:09), “todos aqueles que entendem a intensidade e a importância das transformações da humanidade também compreendem, cheios de ansiedade,que é necessário que pensemos acerca de todas as implicações éticas, políticas, socioculturais, filosóficas e religiosas que tais transformações acarretam”.
Com essa citação pode-se refletir a respeito da forma como as pessoas deverão se comportar para levar adiante suas vidas, sem se esquecer da importância dos relacionamentos, para assim manter ou reconstruir sua existência dentro da sociedade.
A liberdade é um dos fundamentos da ética. Já o apego ao dinheiro constitui-se como a raiz de muitos males. Isto porque quando uma sociedade torna-se cativa dos interesses econômicos, incluindo o sacrifício de sua alma em troca da estabilidade e do progresso financeiro, tem-se descaso da ética, pois esta não admite tais discrepâncias.
Toda contribuição passa a ser fundamental neste empenho multidisciplinar pela busca de valores sociais universais, sendo indispensável para o futuro da espécie humana, para o bem-estar social e sobrevivência das organizações.
4. A Ética nas Organizações
Segundo Nasch (1993:06) a define como “o estudo da forma pela qual normas morais e pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos de uma empresa comercial”. Com isso, o que a autora afirma é que a ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade.
Normalmente, o mundo de uma organização é permeado por conflitos, por choques entre interesses individuais e, muitas vezes, entre esses e os da própria organização, de modo que a ética servirá para regular essas relações, colocando limites e parâmetros a serem seguidos. 
5. A valorização da ética na administração
A ética na administração tem sido discutida com mais ênfase em virtude da reflexão sobre as situações relacionadas com o negócio das empresas.
Na escala de valores que começa a se disseminar, contratar um parente incompetente ou discriminar um colega por razões raciais, de aparência ou escolaridade são comportamentos equiparados ao uso da propaganda enganosa, à poluição ambiental, à espionagem industrial ou ao suborno para levar vantagem numa negociação. A forma como a empresa vende seus produtos, relaciona-se com o governo ou enfrenta a concorrência define a conduta da empresa.
Como exemplos de condutas antiéticas praticadas em algumas empresas, tem-se: a contratação de pessoal do concorrente para obter informações; subfaturar o produto pagando o restante por fora para diminuir os encargos; a empresa que investe em filantropia e adota uma política de baixos salários para seus empregados.
Segundo Srour (203:13) “o grande desafio consiste em saber como coibir atos que só beneficiam interesses restritos, para não dizer egoístas”.
Mas o quê, então, estuda a ética? Pode-se dizer que envolve os fenômenos morais e, de uma maneira mais profunda, as morais históricas, os códigos de normas que regulam as relações e as condutas dos agentes sociais e também os discursos normativos que identificam, em cada coletividade, o que é certo ou não fazer.
O pensar ético também gira em torno de duas questões fundamentais: o que é o bem, o que é o mal; que são coisas aceitáveis ou não. Com isso pode-se perceber que a reflexão ética deve partir sempre de um saber espontâneo, de maneira que todo homem deve entender que há ações que devem ser praticadas e outras não. Dessa forma, observa-se que a ética estabelece padrões sobre o que é bom ou mau na conduta humana e na tomada de decisões, tanto no plano pessoal, quanto sob a ótica organizacional.
Outro aspecto importante abordado por Andrade (2004:19), o qual faz uma reflexão sobre dois componentes que afetam a forma de agir das pessoas: o domínio da legislação, que contém os princípios éticos estabelecidos por lei, e o domínio da livre escolha, ou seja, a condição social de todo ser livre, de fazer suas escolhas e de agir de maneira que melhor lhe convier, em cada situação de sua vida pessoal e profissional. Segundo Andrade, “entre ambos, encontra-se o campo da ética, o qual leva a que, a partir dos dois extremos, cada indivíduo defina seus padrões éticos, considerando suas questões individuais, porém levando também em conta as inferências que a sociedade e a legislação imprimem-lhe em suas escolhas pessoais”.
Em conformidade com este raciocínio, percebe-se que a convivência social, feita de cooperação necessária e de entendimento, fica da mesma forma sujeita à falta de escrúpulos e aos conflitos de interesse, de modo que a mútua vigilância faz-se indispensável para que interesses pessoais não se sobressaiam aos interesses coletivos.
Ainda segundo Srour (2003:50), “as decisões empresariais não são inócuas, anódinas ou isentas de conseqüências: carregam um enorme poder de irradiação pelos efeitos que provocam”. Nas práticas organizacionais, afetam os agentes que participam das ações relacionadas com a gestão da empresa. Na frente interna, têm-se os trabalhadores, gestores e proprietários (acionistas ou quotistas). Já na frente externa, têm-se clientes, fornecedores, prestadores de serviços, agentes governamentais, instituições financeiras, concorrentes, mídia, comunidade local e entidades da sociedade civil. Todos eles acabam sofrendo efeitos que variam de acordo com a grandeza dos interesses entre os partícipes.
Pode-se verificar também que a política pela ética tem boas perspectivas para florescer quando o denominado poder de mercado das empresas está distribuído, quando existe efetiva competição e possibilidades reais de escolha por parte de clientes e usuários finais. Mesmo assim, o respeito à escolha dos clientes ainda não é verificada em muitas empresas modernas. Isto só ocorre quando eles se manifestam ou fazem um escândalo.
A partir destas constatações, entende-se que a questão ética torna-se um imperativo no universo das organizações modernas. E também foi extendida para o ambiente acadêmico dos cursos de Administração, onde são ministradas disciplinas obrigatórias que envolvem o estudo desta temática.
Em se tratando de processo evolutivo, tais fatos demonstram a crescente demanda por valores como transparência e probidade, tanto no trato da coisa pública como também no fornecimento de produtos e serviços ao mercado. Seria oportuno, então, que as empresas passassem a praticar algum código de conduta em sintonia com essas expectativas. Mas também não se pode deixar de implementar um conjunto de mecanismos de controle, no sentido de evitar possíveis transgressões às orientações adotadas.
Para se disseminar tais valores dentro da organização pode-se pensar na implantação de um programa de ética. Mas a eficácia desse processo depende da consideração de alguns passos fundamentais. Segundo Moreira (2002) “o primeiro passo para estabelecer um programa de Ética numa empresa é a criação de um código com a participação de todos os níveis da organização. A segunda etapa é a de treinamento para a aceitação dos valores do código e, neste caso, para que funcione efetivamente deve ser transmitido pelo chefe direto do funcionário. O compromisso com o código de ética como um todo deve valer também para os chefes, gerentes e/ou diretores, que serão avaliados como qualquer funcionário”.
Uma boa conduta para garantir o funcionamento do programa de ética é a criação de um canal de comunicação interno na empresa, inclusive com a instalação do cargo de “ombudsman interno” divulgando seu funcionamento e sua atuação.
Muitas empresas também formam comissões de ética, que são grupos de executivos que têm como função fiscalizar a ética empresarial, por meio de regras estabelecidas em alguns aspectos considerados questionáveis, além de questões que envolvem a violação da disciplina.
Outro aspecto relevante nessa discussão diz respeito às ações das pessoas levando-se em conta os interesses e necessidades dos outros. Segundo Srour (2003:61), “ser altruísta significa levar em consideração os interesses da maioria, tomar decisões que beneficieme não prejudiquem os demais e agir visando ao bem-estar de todos”.
Dessa forma, ser “ético” significa brevemente refletir sobre as decisões e ações a serem tomadas e praticadas, importando-se com os outros e buscando praticar o bem, além de responder por tudo aquilo que se faz.
Para se chegar à prática das ações éticas mencionadas é preciso combater o oportunismo que é convertido por vezes no espírito do jogo de soma zero. Trata-se do combate à esperteza, aos “jeitinhos”, à sonegação de impostos, ao uso e abuso de propinas, ações estas que resultam no “passar os outros para trás”.
Pode-se aqui discutir a relação de tais abusos com o aspecto do poder exercido erroneamente por algumas pessoas para a concretização dos mesmos. Mas não se pode esquecer que o poder não corrompe, mas sim revela!
Além disso, quando os gestores perdem a conduta ética, a contrapartida imediata passa a ser a perda do respeito por parte dos colaboradores. É preciso que as lideranças busquem mostrar bons exemplos, para que os mesmos possam gerar relações de maior confiabilidade e segurança.
Para aprofundar esta reflexão pode-se perguntar para os atuais tomadores de decisão sobre suas capacidades de questionar evidências e enfrentar os dogmatismos. Observa-se que muitas opiniões induzidas pelo barulho estridente de algum “formador de opinião” e compartilhadas pela maioria geralmente revelam-se falsas e criam situações irreversíveis e, às vezes, mortais para as organizações.
Nesse novo panorama que se apresenta, a qualificação, o esforço pessoal e a chamada meritocracia ganham relevo nas práticas organizacionais. Segundo Srour (2003:294), foi feita uma declaração pelo ex-presidente do Banco Mundial, o Sr. Jim Wolfensohn: “A administração ética nas empresas traz um valioso progresso social. Ambos andam de mãos dadas. Assim como nos governos, a administração de empresas deve ser transparente e responsável”. Torna-se necessário conciliar a ética com a busca da maximização dos lucros. 
Sobre o Brasil, Srour (2003:381) registra uma mensagem de Herbert de Souza (Betinho): “O Brasil tem fome de ética e passa fome em conseqüência da falta de ética na política”. Outra vez é possível verificar a necessidade de se coordenar esforços na direção da ética, sendo ela inserida em todos os setores relacionados com a empresa, pois dessa forma resultará no desenvolvimento das relações empresariais.
6. Ética como instrumento para tomada de decisões
Como visto anteriormente, não basta que as organizações tomem decisões certas, mas, elas precisam tomar as decisões certas nos momentos certos e a ética se caracteriza como uma orientação segura na tomada de decisões no mundo organizacional.
O gerente ou o responsável é a pessoa chave e a ele é confiado, além dos objetivos da organização, sua imagem. As decisões tomadas por ele terão impactos significativos em toda organização. É, portanto, uma situação complexa, pois envolve não só lucro, mas pessoas. Nesse sentido a ética se aplica não somente nas organizações, mas também para os empregados comuns que verão seus direitos respeitados e o gerente que terá nela um rumo, uma direção a seguir.
O princípio definidor de qualquer decisão, seja ela na sociedade ou em uma organização, é o respeito à pessoa. Nesta condição, alguns elementos de ordem prática apresentam-se como condições para a tomada de decisão. Alguns itens destacam-se:
• Refletir sobre o problema ao invés de partir para a ação.
• Reunir todos os elementos considerados relevantes sobre o problema em questão.
• Fazer um levantamento sobre os pontos de vista sobre o assunto, inclusive os opostos. 
Tomar a decisão correta exige observação, reflexão, análise, julgamento e decisão, o que deve ser feito levando-se em conta a categoria da totalidade, que significa entender que o problema faz parte de uma realidade maior e mais complexa e precisa ser analisado de forma articulada e não isoladamente. (Passos, 2004).
Considerações Finais
Com a abordagem deste artigo pode-se constatar que uma das palavras-chave da reflexão ética é a palavra responsabilidade, ou seja, o dever de responder pelas consequências dos seus atos.
Muitos podem imaginar que é difícil pensar em consequências de médio ou longo prazo quando falta tempo para tudo e a velocidade dos acontecimentos parece tirar toda possibilidade de uma reflexão mais criteriosa. Porém os mais ocupados são os possuidores de maior tempo!
Mas em todas as grandes decisões que se toma está em jogo uma escolha fundamental em relação à identidade humana de cada um. Com isso, nada é definitivamente seguro e a reflexão ética passa a ser um desafio constante, pois o esforço de construir vínculos verdadeiros é diário. Se for seduzido pelo brilho do jogo competitivo, pode-se esquecer que o outro nome do progresso e do conhecimento individual e coletivo é solidariedade, que seria, segundo Dalai Lama (2000), o sentimento humano básico.
Dessa forma, a ética deve estar de acordo com os limites que a pessoa se impõe na busca de sua ambição. Deve ser tudo o que ela não quer fazer na luta para conseguir realizar seus objetivos, ou seja, não subtrair, tendo em vista seus valores e sua conduta.
Este aspecto transforma-se num problema no mundo empresarial quando o gestor decide sua ambição antes de sua ética, quando o correto seria o contrário. Mas por quê? Bem, dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará seus objetivos. Porém quando se percebe que não conseguirá alcançar tais objetivos, a tendência é alterar os planos de ação.
À guisa de síntese, a solução para os conflitos não reside na guerra, mas sim na tolerância; ninguém sabe qual mundo é o melhor, por mais convicto que esteja. Para praticar a ética dentro da organização torna-se necessário questionar mais as teorias administrativas, para assim aprimorar o próprio senso de observação, reavaliando de tempos em tempos as premissas, na busca de ações embasadas na ética e cidadania para o sucesso das empresas. 
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