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Etica e Responsabilidade Socioambiental COMPLETO

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ÉTICA E RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL 
Prof. Me. Octávio Forti Neto 
 
 
 
Prof. Guilherme Bernardes Filho 
Diretor Presidente 
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes 
Diretor Tesoureiro 
Prof. Frederico Ribeiro Simões 
Reitor 
 
UNISEPE – EaD 
Prof. Me. Igor Gabriel Lima 
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa 
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres 
 
Material Didático – EaD 
 
Equipe editorial: 
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395 
Isis Gabriel Alves 
Laura Lemmi Di Natale 
Pedro Ken-Iti Torres Omuro 
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz 
 
Apoio técnico: 
Alexandre Meanda Neves 
Anderson Francisco de Oliveira 
Gustavo Batista Bardusco 
Matheus Eduardo Souza Pedroso 
Vinícius Capela de Souza 
 
Equipe de diagramação: 
Laura Michelin de Oliveira Machado 
 
Equipe de revisão: 
Prof.ª. Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Marcela Gonçalves 
Ferreira Camillo. 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR 
Prof. Me. Octávio Forti Neto 
O professor responsável pela disciplina é Octávio Forti Neto das Faculdades Integradas do Vale 
do Ribeira. 
Formação 
Graduação em Relações Internacionais na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita 
Filho” (UNESP- campus Franca). Mestrado pelo programa de pós-graduação – strictu senso – 
em Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente, 
doutorando pelo programa de pós-graduação – strictu senso – em Ciência das Relações 
Internacionais – Instituto de Relações Internacionais, pela Universidade de São Paulo (USP). 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
Caro aluno, A disciplina de Ética e Responsabilidade Socioambiental é uma das disciplinas 
bases mais importantes para qualquer profissional da área de Administração, Ciências 
Contábeis e cursos de tecnologias em gestão. É uma disciplina muito ampla, que abrange uma 
infinidade de temas e assuntos. Por isso, de antemão, gostaria de esclarecer que o espaço 
desta apostila não é suficiente para esgotar toda a temática que, há décadas, vem se 
desenvolvendo não somente no Brasil, mas no mundo. A globalização tem trazido desafios 
importantes para a questão ética em todos os níveis, desde o econômico, político, jurídico, 
social até, mais recentemente, o ambiental. O pensamento ético não é apenas um assunto dos 
antigos ou da antiguidade clássica. É uma realidade atual. Nunca antes foi tão importante falar 
da ética dentro das empresas e das organizações em geral. Os vários casos de corrupção que 
o nosso país tem sofrido, em muito, pesa o papel das grandes corporações, seja no 
beneficiamento de empresas por políticos, seja na ótica de que o bem público tem sido 
confundido com o bem privado. A matéria de Ética e Responsabilidade Socioambiental surge 
com o objetivo de maximizar a sua percepção sobre a relação entre ética, meio ambiente e 
responsabilidade social. São temas muito importantes e que, em certa medida, você terá 
contato ao longo do seu curso. Este livro-texto está dividido em três unidades, que seguem uma 
linha lógica e teórica. Evidentemente, muitos autores podem ter uma percepção diferente. 
Contudo, a escolha exercida por este autor conteudista é baseada em bibliografia e na busca 
de sistematizar de maneira didática um assunto tão complexo e atual. Nesse sentido, a Unidade 
I tem como objetivo trazer a definição da ética geral e sua tipologia ao longo da história. Dessa 
forma, vamos tratar os clássicos da ética empírica, dos bens, formal, dos valores, cristã e de 
ideias contemporâneas. Importante frisar que para eventuais dúvidas, busque a bibliografia ou 
os professores designados. A Unidade II é a busca de trazer a ética para a prática do nosso dia 
a dia. No primeiro momento, vamos explicitar sobre a relação da ética e as temáticas do 
cotidiano. Por exemplo, a ética, a sociedade e a consciência ética. Na segunda parte da 
unidade, vamos nos focar na ética empresarial e os códigos de conduta profissional. Por fim, a 
Unidade III, é bem relevante no que concerne às questões sociais, ambientais e a ética. 
Falaremos sobre os códigos de conduta ética, educação ambiental, sustentabilidade, 
responsabilidade social corporativa e da temática relacionada à contemporaneidade 
socioambiental, juntamente com seus indicadores de desempenho. Esperamos que, após o 
término deste livro-texto, você saiba os principais conceitos e como implementá-los em sua 
realidade organizacional. Durante todo o livro-texto, diferentes ícones lhe darão apoio, bem 
como atividades de fórum e de fim de unidade permitirão desenvolver melhor os capítulos 
estudados. 
Bons estudos! 
 
 
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar 
a organização e a leitura hipertextual. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE I..............................................................................................05 
1. Definição de ética.....................................................................05 
2. Tipologia Ética: Ética dos bens.................................................13 
 
UNIDADE II..............................................................................................28 
3. Ética e a sociedade (cidadania).................................................28 
4. Perspectiva histórica dos estudos em ética empresarial...........37 
 
UNIDADE III.............................................................................................59 
5. Códigos de ética........................................................................59 
6. Responsabilidade social e ambiental e stakeholders...............73 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
UNIDADE I 
CAPÍTULO 1 - Definição de Ética 
Introdução 
Ética é uma palavra bem utilizada nos nossos dias. Em todo lugar há situações em que julgamos 
as condutas das pessoas como éticas e não éticas. Desde o atendimento em um consultório 
médico até a fila de um caixa de supermercado nos deparamos com esta contraposição – ser ético 
ou não ser. O que é importante sabermos, de antemão, que a “ética é a condição necessária para 
a vida humana” (ARRUDA et al, 2005, p. 21). 
Neste primeiro capítulo vamos começar a definir o que é ética, o que é moral e os estudos 
que envolvem o objeto da ética. Para tanto, teremos como base o capítulo dois de Arruda et al 
(2005) e Valls (2008). 
 
1.1 Definição de Ética 
Os estudos de ética precisam ter uma base e, a definição é um bom ponto de partida para, 
posteriormente, aprofundarmo-nos nas tipologias existentes de ética. Por isso, a literatura costuma 
distinguir entre ÉTICA e MORAL. É importante conhecer que para muitos autores, inclusive da 
bibliografia desta apostila, os termos ética e moral são tomados como sinônimos. Contudo, neste 
primeiro capítulo, vamos distingui-los de maneira mais real. 
O Quadro 1 mostra a diferença entre ambos os conceitos: 
 
 
QUADRO 1 – ÉTICA X MORAL 
Ética Moral 
É uma palavra que surge do grego – ethos – 
que significa maneira habitual de agir e 
índole. 
Nível individual 
Do latim – mos ou moris – que possui um 
significado mais amplo e subjetivo, o qual 
envolve costumes. 
Nível coletivo 
 
 
 
 
 
Fonte: Arruda et al (2005) e Vall (2008). 
 
 
 
 
6 
 
 
O que, de fato, o Quadro 1 quer dizer? 
Em simples palavras quer dizer que a ética é a forma pela qual a sociedade regulamenta 
sua moral. Podemos inferir que a moral é como as pessoas de uma dada sociedade pensam e 
agem, incluindo normas, e a ética é como esta sociedade julga as condutas de seus indivíduos, 
como boas ou ruins. Para nossos estudos, a diferença entre um e outro não será relevante para o 
entendimento da disciplina e deste livro-texto. 
Assim, segundo Arruda et al, temos que a: “ética é a parte da filosofia que estuda a 
moralidade do agir humano; quer dizer, considera os atos humanos enquanto são bons ou maus” 
(2005, p. 42). 
 
 
No vídeo do famoso filósofo Mário Sérgio Cortella, emquinze segundos, ele simplifica ética na prática do dia 
a dia. Vale a pena! 
 
Disponível em: <https://goo.gl/y8QBvP> 
Acesso em: 20 jan. 2018. 
 
 
1.2 Ética como ciência e sua aplicação 
Ética está no campo da Ciência Normativa. Há sempre uma relação dual entre a conduta do 
indivíduo e seu comportamento diante de uma dada sociedade. Os estudos da ética têm sempre 
como fonte primária a realidade humana. E, como fontes secundárias, a história, a sociologia e a 
psicologia (ARRUDA et al, 2005). 
Contudo, é na empiria (prática) que, de fato, conseguimos extrair a ética do nosso dia a dia. 
Em outras palavras, a experiência moral diante dos valores de uma determinada sociedade inserida 
em um contexto específico. Aqui, atrelamos outros fatores como o direito, a política, a religião, a 
economia, o ambiente social, entre outras variáveis importantes para a construção e ou percepção 
da ética. 
Antropologicamente, toda sociedade possui valores, persegue objetivos e prioriza aquilo que 
lhe é mais importante. Toda a sociedade possui inteligência, consciência, liberdade (arbítrio) e a 
busca pelo bem supremo, isto é, plena realização e satisfação do seu ser (felicidade). 
 
 
 
https://goo.gl/y8QBvP
 
 
 
7 
 
 
 
 
A entrevista, da revista “Isto é”, com o escritor e filósofo contemporâneo Zygmunt Bauman, fala sobre a 
sociedade atual nos seus “Tempos líquidos”. A modernidade atual e os relacionamentos humanos. 
 
Disponível em:<https://goo.gl/FXjEVH> 
Acesso em: 20 jan. 2018. 
 
 
 
1.3 "Coisas" Éticas 
Na nossa atualidade temos erroneamente caracterizado objetos como sendo éticos ou não. Seja o 
Congresso Nacional, ou, mesmo, qualquer órgão público ou privado, temos, muitas vezes, chamado 
de corrupto. 
Casos de corrupção, superfaturamento de obras, fraudes em licitações, sonegação, colar na 
prova etc., na maioria das vezes acaba por punir a instituição “física” – concreto e tijolos – e não os 
verdadeiros responsáveis – os indivíduos que trabalham nas instituições. 
É importante indagarmos e entendermos que o comportamento ético é sempre analisado pelo 
fator individual. Isto é, somente ao ser humano, em seu individualismo, é suscetível de valoração 
moral. Nesse sentido, não existem instituições, organizações e estruturas antiéticas. O ambiente 
moral influencia as organizações. Nas Unidades II e III desta apostila vamos aprofundar nestas 
questões ao acrescentarmos a lógica da organização. 
 
 
 
Sugere-se como leitura de aprofundamento o texto de Marilena Chauí (2000), chamado “Os Constituintes do 
Campo Ético”. O ser autônomo é importante para a ética. 
 
Disponível em: <https://goo.gl/wfzLZF>. 
Acesso em: 20 jan. 2018. 
 
 
 
1.4 Concepção de Ética: Estudos sobre seus conceitos e correntes filosóficas 
Após vermos a definição simples de ética e alguns pressupostos importantes para o seu 
entendimento, adentraremos aos estudos sobre as correntes filosóficas e os conceitos que davam 
aos diferentes tipos de ética. Tais correntes, vão demonstrar basicamente a diferença entre a questão 
https://goo.gl/FXjEVH
https://goo.gl/wfzLZF
 
 
 
8 
 
 
de poder fazer algo fisicamente e eticamente. Além disso, o que é válido eticamente? O que faz 
crescer o bem do homem? Entre outros aspectos importantes. 
Nossos estudos se baseiam nos escritos de Arruda et al (2005), Valls (2008) e Nalini (2008), 
e os objetivos deste capítulo são: entender as diversas correntes filosóficas e os seus significados 
de ética; e, as concepções de ética que cada linha filosófica expõe. É importante que este capítulo 
apenas apresentará a ética empírica e suas ramificações. Os outros capítulos tratarão de outros tipos 
até o fim da Unidade I. 
 
1.5 Tipologias da ética 
O quadro 2 resume os tipos de ética que veremos até o fim da Unidade I, deste livro-texto. Esta 
tipologia tem como base os autores supracitados. 
 
QUADRO 2 - TIPOLOGIA E RAMIFICAÇÕES DE ÉTICAS 
 
Tipo de ética Ramificações 
Empírica 
Anarquista 
Utilitarista 
Ceticista 
Subjetiva 
Dos Bens 
Socrática 
Platônica 
Aristotélica 
Epicurista 
Estoica 
Formal --------------- 
Dos Valores --------------- 
Pós-moderna --------------- 
 
 
Fonte: Própria do autor do livro-texto. 
 
 
 
9 
 
 
1.6 Ética empírica 
Por definição, ética empírica é “aquela que pretende derivar seus princípios da mera observação 
dos fatos” (NALINI, 2008, p. 27). A palavra empiria já indica que a ética, neste contexto, envolve a 
prática cotidiana. O exame da vida moral e o homem na sua face real e NÃO ideal. 
Contudo, a questão que permanece: é válido adotar normas éticas resultantes da observação 
da conduta costumeira das pessoas? Podemos dizer que nossas condutas do dia a dia são tão éticas 
a ponto de construirmos um manual ético? 
Obviamente, a ética empírica é muito perigosa e problemática. Arruda et al (2005) e Nalini 
(2008) indicam que tenderíamos ao relativismo, pois a sociedade pode ser desmoralizada. Ou 
aqueles que são ricos teriam mais privilégios a ponto de não serem presos por condutas criminosas, 
por exemplo. 
Apesar de existir situações e sociedades que demonstrem boas condutas éticas, não há 
garantias perenes de que sempre haverá essas boas condutas. A ética empírica está baseada, 
sobretudo, no subjetivismo ético, que varia de lugar para lugar, mídia, contexto religioso, leis, entre 
outras variáveis que impactam o modo como uma dada sociedade vê o mundo (ARRUDA et al, 2005; 
NALINI, 2008). Infelizmente, a sociedade pode desembocar em uma ética de conveniência, na qual 
cada sujeito estabeleceria o seu padrão ético. 
Dentro da ética empírica temos as seguintes ramificações: ética anarquista; ética utilitarista, 
ética ceticista; e, por fim, a ética subjetiva. 
 
O filme O Jardineiro Fiel é muito interessante sobre a relação entre uma indústria farmacêutica e a ética. A 
indústria, na busca de mais lucros, destruiu ao longo das décadas, milhares de vidas. Animais foram utilizados 
como cobaias em experimentos para fabricação de cosméticos ou medicamentos. O ser humano também sofre 
bastante com a falta de escrúpulos das grandes corporações em nome do lucro, emprego e facilidades do dia 
a dia. 
 
O Quadro 3, a seguir, sintetiza as principais ideias de cada ramificação da ética empírica. 
 
QUADRO 3 – SÍNTESE DAS RAMIFICAÇÕES DA ÉTICA EMPÍRICA 
Ética anarquista Ética utilitarista Ética ceticista 
Liberdade de agir sem se 
submeter a qualquer 
autoridade. 
Relativista; (os conteúdos 
éticos mudam com o tempo). 
Contraposição ao 
dogmatismo. 
 
 
 
10 
 
 
Ética anarquista Ética utilitarista Ética ceticista 
Determinação individual Utilidade – bom o que é útil. 
Cético não é o que nega, 
nem o que afirma, mas o que 
se abstém de julgamento. 
Hedonismo 
Conduta ética desejável é a 
conduta útil – Adota-se uma 
postura ética apenas porque 
isso se mostra de alguma 
utilidade. 
Constante atitude dubitativa 
em todos os graus e formas 
de conhecimento. 
Comum no sindicalismo 
brasileiro com os imigrantes 
do século XIX e XX. 
O objetivo é a maior 
felicidade para o maior 
número de pessoas. 
Felicidade: presença do 
prazer e ausência da dor. 
Ética ceticista: crença de que 
não existem métodos 
racionais para determinar a 
validez de juízos valorativos 
ou morais. 
 
 
Perceba que as éticas são todas oriundas da ética empírica, por isso há algumas 
similaridades entre elas. 
 
• Ética anarquista 
O pressuposto básico desta ramificação da ética empírica é a liberdade. A vontade do 
indivíduo é fundamental. Os obstáculos deste tipo ético é a natureza, a comunidade em geral, o 
senso comum e as opiniões. O egoísmo prevalece, uma vez que o mais importante é a vontade 
própria. Não há padrões de conduta ou preocupação com algum padrão dentro desta ética. 
Dentro desta lógica, o hedonismo – prazer e não dor - é um dos pressupostos importantesnesta ramificação. Arruda et al (2005) e Sá (2010) apontam que, historicamente, houve vertentes 
comunistas e individualistas sobre esta ramificação ética. Enfim, este tipo foi muito comum no 
sindicalismo brasileiro com a entrada de imigrantes europeus no século XIX e XX. Atualmente, 
poucos a aceitam, devido à preponderância da lógica capitalista sobre ideias como o anarquismo. 
• Ética utilitarista 
O utilitarismo é uma visão ética muito recorrente na sociedade moderna e contemporânea. 
Jeremy Bentham (1748-1832), apud Arruda et al (2005), entende utilidade como tudo aquilo que 
cause vantagem, benefício, prazer, bem ou felicidade ou que previna contra dor, mal ou infelicidade. 
Fonte: Arruda et al (2005); Nalini (2008). 
 
 
 
 
11 
 
 
Para os utilitaristas, o objetivo deste tipo de ética é a felicidade para o maior número de 
pessoas. Nota-se que a felicidade envolve a presença do prazer e, como oposição, a ausência da 
dor (NALINI, 2008). 
O relativismo é um ponto importante para entender este tipo de ética, uma vez que expressa 
as mudanças de seus conteúdos ao longo do tempo. Além disso, o utilitarismo possui uma base no 
comunitarismo, cujos alicerces estão na humanidade e no bom senso de viver coletivamente. 
A ideia é considerar bom o que é útil. A conduta desejável é aquela útil para se atingir a 
felicidade. A finalidade é que dá o sentido às atitudes, comportamentos e relacionamentos. Para 
Stuart Mill, apud Arruda et al (2005) “A doutrina utilitarista afirma que a felicidade é desejável, é a 
única coisa desejável como fim, sendo todas as demais desejáveis só como meios para esse fim” 
(2005, p. 75). 
• Ética ceticista 
Este tipo de ramificação de ética é contrário à ideia de dogmatismo¹, que possui verdades 
bem estabelecidas, já o ceticismo sempre impõe algum tipo de dúvida sobre as formas de 
conhecimento, salientando a incerteza. Em geral, o cético não acredita em nada e se abstém de 
julgamentos (ARRUDA et al, 2005). 
A dúvida faz parte do cotidiano daqueles que pensam este tipo de ética. Dessa forma, os 
métodos racionais que estabelecem padrões de conduta são repletos de incerteza, pois tudo é 
duvidoso e desprovido de julgamento. 
Mas como este tipo de ética lida com as situações cotidianas? A tolerância seria uma solução 
dentro desta lógica, pois a sociedade tem diferentes modos de vida e, sobretudo, religiões. As leis 
são importantes para que as pessoas não interfiram no direito e na liberdade do outro (NALINI, 2008). 
O problema, nesta concepção, é que as leis podem servir diferentes interesses, visto que 
também não está desprovida de julgamentos e legisladores com crenças próprias. A tolerância pode 
estar ameaçada. 
 
 
A partir das concepções acima – anarquista, utilitarista e ceticista – você conhece alguém que vive em uma 
delas? Você já se percebeu utilitarista em suas relações sociais? 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Preceitos incontestáveis, geralmente vinculados ao aspecto religioso. 
 
 
 
 
12 
 
 
• Ética subjetiva 
A ética subjetiva é uma das mais perigosas em uma sociedade. Quando o foco está no sujeito e o 
indivíduo como fonte de conduta moral, pendemos ao subjetivismo ético. Arruda et al (2005) e Nalini 
(2008) traduzem o subjetivismo ético como a forma pela qual as pessoas encaram as situações 
cotidianas por um ponto de vista estritamente pessoal. 
Em outras palavras, consiste nas pessoas em adotar uma conduta ética mais conveniente 
aos seus objetivos de vida. Como Protágoras coloca “o homem é a medida de todas as coisas” 
(NALINI, 2008, p. 27). O problema consiste em que há diferentes verdades para diferentes pessoas. 
A situação se torna mais complicada quando há o subjetivismo ético social, que resulta da 
convergência de opiniões sobre algo. Quando uma parcela da sociedade (maioria) julga algo como 
válido para todos, independentemente das diferentes concepções, pode haver constrangimento das 
minorias. 
 
 
O subjetivismo ético social é positivo ou negativo? Nem sempre a maioria está com a razão. Exemplo: redução 
da maioridade penal seria o mais correto a se fazer? E a eutanásia, aborto, casamento homoafetivo, clonagem 
etc. O nazismo era legitimado pela maioria dos cidadãos alemães. Em Guiana, um seguidor religioso decretou 
suicídio coletivo. A volta do militarismo, entre diversos outros temas que servem à conveniência de poucos. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
UNIDADE I 
CAPÍTULO 2 - Tipologia ética: ética dos bens 
 
Introdução 
O capítulo a seguir tratará sobre a questão do bem dentro do contexto ético. Para os autores Sá 
(2010), Nalini (2008) e Arruda et al (2005), o bem é a força ordenadora da ética. Estudaremos as 
correntes gregas de ética e os seus autores. 
 
 
 
 
O Mundo de Sofia é um filme muito interessante para entender questões filosóficas e a ética. Sofia Amudsen, 
personagem principal, é uma estudante que, por meio de cartas anônimas com as mais diversas questões 
existenciais, vê a sua vida se transformar. Questões como: quem é você? De onde você vem? Como começou 
o mundo? A partir disso, ela viaja por meio da história da filosofia, conhecendo os grandes filósofos e seus 
pensamentos. Os conceitos de ética de Aristóteles e de vários outros grandes filósofos da história ocidental. 
 
 
 
2.1 Ética dos bens 
Para esta tipologia ética, a vida humana é o caminho na busca do bem. Para Nalini (2008), esta ética 
tem como valor fundamental o bem supremo, sendo este tudo aquilo que os indivíduos desejam. As 
perguntas que pautam este tipo de ética são: qual o objetivo da vida? Quais as suas metas? Quais 
são as suas ambições? 
O bem supremo, segundo os autores deste capítulo, é tudo aquilo que se coloca como um 
fim ou uma satisfação completa. Isto é, ele não pode ser um meio para se alcançar um outro fim. Por 
exemplo, para algumas pessoas seria o casamento, o amor, um filho etc. Depende da ordem de 
prioridades que a pessoa possui. 
As manifestações mais significantes da ética dos bens envolvem o eudemonismo, idealismo 
ético e o hedonismo. O Quadro 4 mostra as três vertentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
QUADRO 4 – TRÊS VERTENTES DA ÉTICA DOS BENS 
 
Eudemonismo 
(felicidade) 
Idealismo Hedonismo 
Doutrina que considera a 
busca de uma vida feliz o 
princípio e o fundamento dos 
valores morais. 
 
Avalia como eticamente 
positivas todas as atitudes 
que aproximem o homem da 
felicidade. 
 
Felicidade é o bem supremo, 
porque é um fim que não 
possui um caráter de meio. 
A finalidade última do 
homem é a prática do bem. 
 
Por intermédio das virtudes 
se atinge o bem. 
A felicidade está no prazer. 
 
A sociedade atual é 
considerada hedonista, 
pois troca todos os demais 
objetivos pela busca do 
prazer. 
 
 
 
Estas formas de ética dos bens podem se misturar. Os gregos contribuíram para a 
existência delas, conforme será visto a seguir. Os pensadores gregos serão expostos de maneira 
sintética, a fim de que possamos ver apenas alguns pontos essenciais, que permitirão uma visão 
mais ampla sobre a ética dos bens. A bibliografia da disciplina oferece uma leitura mais completa 
sobre os tópicos a serem citados. 
 
Saiba mais sobre a ética dos gregos, neste curto artigo Ética no Mundo Grego, de Ana Patrícia Gonzalez da 
Silva. 
 
Disponível em: <https://goo.gl/8bR1b>. 
Acesso em: 21 jan. 2018.
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Nalini (2008) e Arruda et al (2005). 
https://goo.gl/8bR1b
 
 
 
15 
 
 
2.1.1. Ética Socrática 
Sócrates (470-399 a.c.) foi um filósofo de Atenas, que nunca deixou nada relatado por si só, inclusive 
Platão foi sua testemunha e aprendiz. Para nossos estudos, é importante pinçarmos de suas várias 
contribuições o “método socrático” ou conhecido como Maiêutica. 
Este método consistia em contínuas indagações em praças públicas, que consistiam em 
perguntas e mais perguntas para que as pessoas conhecessem o próprio significado de suas 
palavras (ARRUDA et al, 2005). O termo “maiêutica socrática” significado latim “dar à luz”, neste 
caso, ao conhecimento. A ideia do filósofo era fazer com que a verdade surgisse na medida em que 
as perguntas simples eram respondidas e, sua morte foi em virtude deste método. 
Sócrates ainda é o criador da máxima “só sei que nada sei”, como forma de revelar a 
ignorância humana. Além disso, “conhece-te a ti mesmo”, isto é, conhecer você mesmo em 
profundidade (NALINI, 2008). Para Sócrates, a alma humana era o verdadeiro objeto de 
conhecimento. E, a partir do momento que reconhecemos tais máximas, a bondade é o resultado do 
saber. 
Para o pensamento socrático, a maldade significa a falta de conhecimento. O conhecimento 
do bem determina a virtude e sua prática. A ignorância torna as pessoas más. A partir do momento 
que conhecemos o bem, praticaremos a virtude, e o exercício da mesma leva à felicidade (NALINI, 
2008; ARRUDA et al, 2005). 
Outro ponto importante de Sócrates é que o ser social se sobrepõe ao isolado na construção 
do conhecimento e do bem. O aperfeiçoamento do indivíduo ocorre em comunidade. O homem sábio 
não é apenas bom, mas também um bom cidadão. 
 
2.1.2 Ética Platônica 
Platão viveu entre 427 a 347 a. C. e aperfeiçoou a técnica de seu mestre Sócrates: a Maiêutica. O 
aspecto acrescentado por Platão foi a dialética, isto é, a partir das perguntas realizadas, a pessoa 
responde e o diálogo ou a contraposição leva à retificação da resposta anterior (NALINI, 2008). 
Além disso, Platão foi importante para o que foi chamado de Teoria das Ideias, a qual 
pressupunha que a alma coleta respostas nela mesma sobre os conceitos universais. Chamada 
também de Teoria das Formas, a Teoria das Ideias explica que o meio não material (substanciais e 
imutáveis) é que demonstra a realidade (NALINI, 2008). 
Nesse sentido, o idealismo platônico mostra-se em dois mundos: o sensível (material) e o 
ideal (abstrato e ideal-perfeito). O ideal sempre terá influência sobre o sensível, em um processo 
dialético de retificação. A ideia do bem é a mais valiosa, pois todas as virtudes vão depender dessa 
ideia (NALINI, 2008). Para Platão, as virtudes são a sabedoria, o valor e a temperança. 
Como em Sócrates, a coletividade é importante dentro da construção do ser. O Estado seria 
não apenas organizador de poderes, mas a instituição que educa o povo para as virtudes e, 
consequentemente, a felicidade (ARRUDA et al, 2005). A educação possui um papel não técnico, 
 
 
 
16 
 
 
mas de inserção das virtudes supracitadas. O ser humano só alcança sua felicidade (virtudes) no 
âmbito da cidade (cidadania). 
O convívio social é uma condição de oportunidade para o aperfeiçoamento da virtude. A 
intelectualidade, proporcionada no âmbito da cidade, tornaria os seres humanos virtuosos e, assim, 
sem maldades. 
 
2.1.3 Ética Aristotélica 
Na mesma entoada de discípulos, Aristóteles (384 - 322 a. C.) foi aprendiz de Platão. Além disso, foi 
professor de Alexandre, o Grande. Para Aristóteles, a finalidade principal da ética era descobrir o 
bem absoluto. A felicidade está na verdade. Os meios para se chegar à felicidade são as virtudes, 
como expressadas em Platão. 
As virtudes são alcançadas por meio dos hábitos e da disposição humana na realização das 
obras. As obras seriam o ato virtuoso de maneira contínua. O homem virtuoso é aquele que consegue 
desenvolver de maneira integral a realização de suas obras dentro de sua comunidade. Assim, a 
virtude se caracteriza na ação na comunidade, isto é, papel social ou a cidadania (ARRUDA et al, 
2005). 
Como em seus antecessores, a prática na comunidade nos leva a aperfeiçoar as ações éticas. 
É como se fosse um treino contínuo que se torna um hábito. Assim, para o filósofo, há duas espécies 
de virtudes: as intelectuais – seriam as teorias (sabedoria e contemplação); e as éticas – parte do 
ser humano em querer ou não as desenvolver, tais como prudência, temperança e justiça (NALINI, 
2008). 
Aristóteles criou a Teoria do Justo Meio, na qual explicava que as virtudes estão no meio 
termo entre os vícios extremos. Por exemplo, o autor expõe que o valor estaria entre a temeridade e 
a covardia. As virtudes nos colocam em um caminho equilibrado, sem excessos. A justiça seria a 
síntese de todas as virtudes, pois parte da ideia de equidade na comunidade (NALINI, 2008). 
Enfim, a finalidade do homem é a prática do bem, que só ocorre no seio da comunidade. O 
ser humano bom é aquele que exerce bem sua função na comunidade e a ética permite viver bem 
em comunidade. 
 
 
Até aqui temos visto muitas palavras diferentes do nosso cotidiano. Por isso, gostaria que fizesse um exercício 
rápido de ir ao dicionário e procurar os significados das seguintes palavras: virtude; justiça; temperança; 
prudência e hedonismo. Com certeza, será mais fácil para entender este capítulo. 
 
 
 
 
 
17 
 
 
2.1.4 Ética Epicurista 
A ética epicurista é uma das mais mal interpretadas na atualidade. Epicuro (342 - 270 a. C.) foi um 
filósofo grego que contrapôs os pensamentos de Platão e Aristóteles, pois divergiam sobre a 
natureza do bem supremo. Para Epicuro, a finalidade do ser humano era o prazer (NALINI, 2008). 
A ideia é que o materialismo sobrepõe as ideias. O ideal ético é o hedonista, isto é, o prazer 
como bem supremo. Assim, o gozo e a satisfação da vida. O prazer está longe daquilo que hoje 
chamamos de perversão, luxúria etc. Epicuro hierarquizava os tipos de prazer; o prazer do intelecto, 
a serenidade, as amizades são muito mais importantes que o sexo e o luxo (NALINI, 2008). O prazer 
do equilíbrio e não do excesso. 
Há três tipos de prazeres: os naturais necessários, como beber, comer (preservar a vida); os 
naturais e não necessários, tais como ostentação e luxo (gula, embriaguez, roupas caras etc.); e, 
aqueles que não são naturais e nem necessários: a busca pela riqueza, estima, poder e honra. Para 
Epicuro, devemos satisfazer o primeiro, ceder, algumas vezes ao segundo e evitar o terceiro 
(ARRUDA et al, 2005). 
Veja que este tipo de ética está voltado para o indivíduo e não à coletividade. A busca própria 
do seu bem-estar. A ética, assim, tem finalidade crítica, pois termina com as superstições, e 
construtiva, ao criar regras para tornar o indivíduo feliz. O Estado seria o garantidor da justiça ao 
regrar as pessoas a não infringir o bem-estar dos outros. 
 
Um documentário curto de 24 minutos conta mais sobre a filosofia epicurista e como o mesmo entendia, de 
verdade, a felicidade. 
 
Disponível em: <https://goo.gl/51mWHL/>. 
Acesso em: 21 jan. 2018.
 
 
2.1.5 Ética Estoica 
A ética estoica exerceu profunda influência na ética cristã em nossos dias. A doutrina foi fundada por 
Zenão de Cício (355 - 264 a. C.) e desenvolvida por vários outros filósofos. A ideal geral é que 
devemos extirpar as paixões e aceitar de maneira resignada o destino que nos foi dado. A aceitação 
resignada e a extirpação de paixões são as referências de um homem sábio e, assim, o único pronto 
para sentir a verdadeira felicidade (ARRUDA et al, 2005). 
Neste contexto, duas máximas importantes: “viver de acordo contigo mesmo” e “viver de 
acordo com a natureza”, regem o pensamento estoico. As máximas remetem à razão. Virtude é o 
https://goo.gl/51mWHL/
 
 
 
18 
 
 
bem maior e sua contraposição seria o vício, o único mal. O homem sábio é aquele se livra das 
paixões e busca a razão. Além disso, o homem deve controlar suas dores e não buscar o prazer. 
Nascemos com o conhecimento de distinguir entre o bem e o mal, podendo ser moldável a 
situações de virtude e de vícios. A ética seria o caminho na busca para a virtude, que se exterioriza 
em prudência, coragem, temperança e justiça (NALINI, 2008). Enfim, o homem não pode alterar os 
acontecimentos ou o percurso das coisas. A ética, nesta lógica, é algo que está sob o controle dos 
seres humanos e que devemos praticá-la. 
 
A partir do estoicismo ético, quais as relações são percebidas com o cristianismovivido em nossos dias? Há 
relação? Justifique sua resposta.
 
 
Vimos que a ética dos bens é bem extensa. Na realidade, este livro-texto apenas aponta um breve 
escopo sobre os diferentes filósofos gregos. Veja que a relação entre eles sempre está em torno da 
busca pelo bem supremo e este sempre envolve, de uma maneira ou outra, as virtudes, como a 
temperança, prudência, coragem e justiça. Os meios e os métodos, muitas vezes, diferenciam-se. 
 
2.2 Tipologia Ética III: A ética formal e a ética dos valores 
Agora vamos explicar duas novas tipologias de ética: a Formal, idealizada por Immanuel Kant, e a 
dos Valores, tendo como precursores Max Scheler e Nicolai Hartman. Veremos que a ética formal 
ajudou em muito na construção também de uma ética cristã. Este capítulo conta com a contribuição 
da nossa bibliografia da disciplina, tais como, Nalini (2008), Arruda et al (2005) e Daft (2010). 
Na primeira parte, será exposto sobre a ética formal e, na segunda, sobre a ética dos valores 
e seus pressupostos teóricos. 
 
Saiba mais sobre a biografia do filósofo Immanuel Kant. O link a seguir conta um pouco sobre a vida do filósofo 
prussiano. 
 
Disponível em:<https://goo.gl/1sKPAj/>. 
Acesso em: 21 jan. 2018.
 
 
https://goo.gl/1sKPAj/
 
 
 
19 
 
 
2.3 Ética Formal 
Veja que até aqui, ao explanarmos sobre a ética empírica e a dos bens, vimos que o foco estava nos 
resultados do agir humano diante da cidade ou no individualismo. Isto é, a exteriorização conta como 
ponto importante nas éticas supracitadas. Já a ética formal vai para outro caminho, buscando a lógica 
da interiorização ou a retidão de propósitos. 
Immanuel Kant (1724-1804), filósofo prussiano, foi o idealizador deste tipo de ética. Para ele, 
a significação moral do comportamento humano não está sobre a externalidade da ação, mas na 
pureza da vontade e na retidão dos propósitos (NALINI, 2008). O foro íntimo faz a diferença em 
nossas ações externas, isto é, a moralidade está dentro de nós. 
Aqui, Kant traz para a discussão o que chama de imperativo categórico, ou seja, traz a lei 
moral, a ideia de que o seu agir tem que se tornar, aos seus próprios olhos e a dos outros, como 
uma lei universal. A ética está no dever; o que é moralmente valioso é cumprir a norma, não por 
obrigação, mas por vontade própria. O que Kant chama de dever pelo dever (NALINI, 2008). 
A sua atitude só terá valor ético se você cumprir as exigências éticas de maneira racional, de 
forma que sua conduta deve vir de uma compreensão própria daquilo que se faz. Temos que ser 
conscientes de nossas atitudes (ARRUDA et al, 2005). Diferente dos gregos, a experiência ou o 
hábito de nada servem se não há vontade “racional” em sua exteriorização. 
Em geral, o seu ato tem que ser aplicado de maneira racional para valer como ético. Nesse 
sentido, surge o conceito de consciência moral, que é o número de princípios em virtude dos quais 
as pessoas regem suas vidas (NALINI, 2008). É uma situação de ajustamento entre condutas 
(externas) aos princípios (internos). 
Outro ponto importante, as coisas em si não possuem valoração ou categorias de boas ou 
más, depende da intenção da pessoa em fazê-las. Os seres humanos, por meio da intenção, acabam 
por definir se a atitude é ética ou não. Se a atuação do indivíduo for de maneira utilitarista, pensando 
em recompensas, mesmo que tenha efeito positivo, ela não é ética. 
Adam Smith (1723-1790), de maneira similar, pensou a ética da simpatia, nos mesmos 
moldes que Kant. Arruda et al citam a máxima de Smith: “Atue de tal modo que o observador imparcial 
possa simpatizar com sua conduta” (2005, p. 35). A simpatia seria o fiel da balança ao julgar 
situações. Algo perigoso e confuso como método. 
Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio 
universal de conduta. 
 
Imperativo categórico. 
(Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII). 
 
 
 
20 
 
 
 
 
As suas atitudes, condutas ou comportamentos se encaixam na máxima de Immanuel Kant? 
Reflita sobre isto e como reflete na ação e na forma de atuar dos políticos brasileiros eleitos por você. 
 
 
2.4 A Ética dos Valores 
A ética dos valores pelo seu próprio nome tem como foco o “valor”. Na realidade, a ideia é que todo 
dever tem fundamentação em algum tipo de valor. Lembrando, de certa forma, a ética utilitarista, do 
capítulo 2 deste livro-texto, as suas ações precisam encontrar algum valor para que sejam realizadas. 
Esta última frase contraria a ideia da lei moral de Kant, explicada anteriormente. 
Os pressupostos modernos, deste tipo de ética, estão pautados, sobretudo, por uma lógica 
capitalista pós revolução industrial. Os baluartes da liberdade de escolha e autonomia do ser humano 
(liberalismo político e econômico) salientam a independência do indivíduo dentro de uma sociedade 
complexa e interligada. 
Dessa forma, de acordo com Nalini (2008) e Arruda et al (2005), a ética seria a forma pela 
qual podemos aperfeiçoar nossos critérios de escolhas diante de uma sociedade complexa e 
globalizada. O valor, neste contexto, é indefinível, mas perceptível por intermédio de suas 
qualificações, tais como, valente, trágico, bom, mau etc. 
Mas, para a sociedade moderna, o que seria o valor? Atualmente, ouvimos de maneira 
corriqueira o uso da palavra valor em referência à dignidade e outras qualificações. Contudo, o valor 
é algo abstrato (NALINI, 2008), cada um tem o seu, de forma subjetiva. Não se quantifica 
cientificamente, visto que é algo construído internamente aos indivíduos. A consciência é o ente 
encarregado de filtrar as ações e confrontar os valores morais. 
Em geral, podem-se hierarquizar os valores, tais como, duradouros, permanentes, 
indivisíveis, de satisfação, agradáveis ou desagradáveis, vitais, espirituais, religiosos, entre outros 
tipos (NALINI, 2008). Perceba que é subjetivo, complexo e comum da nossa sociedade. Sá (2010) 
expõe que o amor é o maior valor de todos. Atualmente, os movimentos de diferentes frentes 
levantam a bandeira do amor como valor universal, pautado, sobretudo, conscientemente ou não, 
nas ideias do Cristo bíblico. 
Na ética do valor, há liberdade de agir, ou não, eticamente. O remorso e a culpa serão os 
grandes acusadores. Além disso, o senso de responsabilidade também faz com que atuemos de 
forma correta. Embora a nossa sociedade tenha o senso de liberdade, pautado em uma lógica 
democrática e liberal (política e econômica), as leis serão aplicadas para aqueles que tiverem valores 
fora daquilo que é aceitável para dada sociedade. 
 
 
 
21 
 
 
 
 
Os Direitos Humanos são universais? 
Boa Ventura de Sousa Santos faz uma discussão sobre o conceito de direitos humanos, valor e sua relação 
com nossa sociedade multicultural atual. Uma leitura histórica, abrangente e fora do senso comum sobre os 
direitos humanos. 
 
Disponível em: < https://goo.gl/fGZDTq >. 
Acesso em: 21 jan. 2018. 
 
Tanto a ética formal quanto a do valor estão em escopos subjetivos do indivíduo, muito diferente da 
ideia da ética dos bens. Enquanto a ética formal não vê utilidade no parecer ético se não há uma 
vontade própria em tal ação, para a ética do valor o importante é dar significados às minhas ações, 
que só possuem relevância se pensadas no foro íntimo. Para o primeiro, é dever pelo dever, para o 
segundo é o livre-arbítrio em poder buscar meus próprios objetivos. 
 
Faça uma lista de possíveis críticas a ética do valor. 
Após isto, faça um link entre a ética do valor e parcela dos políticos brasileiros. Existe relação? Justifique
 
 
2.5 Tipologia Ética IV: Ética Cristã e Ética Pós-Moderna 
As éticas a seguir são refletidas de maneira muito mais nítidas em nosso dia a dia. Todo mundo, em 
certo grau, já teve contato com a ética cristã e com as ideias da pós-modernidade. Por isso, este 
capítulo tem como objetivo fechar a Unidade I desta apostila, mostrando as principais ideias de 
ambos os tipos de ética.Evidentemente, se você é religioso de qualquer denominação cristã, já conhecerá alguns 
pressupostos básicos da ética cristã. Os autores base deste capítulo são: Sá (2010), Arruda et al 
(2005) e Nalini (2008). O capítulo está dividido em ética cristã e ética pós-moderna. 
 
2.6 Ética Cristã 
A ética cristã ou a moralidade cristã se tornou tão comum em nossos dias que muitas vezes não 
percebemos o quanto ela é evidenciada em nossas ações, condutas e comportamentos. Mesmo a 
pessoa mais descrente, em algum grau, partilha de princípios de uma moralidade cristã arraigada. 
https://goo.gl/fGZDTq
 
 
 
22 
 
 
Todo cristão, em algum momento, já leu algum livro ou trecho do antigo testamento bíblico, 
que expõe as leis judaicas. A ética cristã tem base não só no antigo testamento, mas também no 
novo, com os testemunhos da vida de Jesus, das cartas paulinas e outros seguidores de Cristo. 
Muitos autores fizeram contribuições valiosas para o entendimento da ética cristã, tais como, 
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Jacques Maritain, Frei Beto, Dom Hélder Câmara, entre 
tantos outros ao longo dos séculos. Certamente, os reformadores também tiveram sua parcela, 
permitindo criar outras correntes cristãs. 
A fonte moralizadora para a ética cristã é a Bíblia Sagrada. Deus, na figura de Jesus, é o ideal 
supremo a ser imitado pelo homem, que é a criatura mais especial dele (NALINI, 2008). O homem 
nasce pecaminoso e, sua vida, é a busca da redenção e santificação. O ser humano faz isto, 
obedecendo aos mandamentos de Deus. 
De acordo com a ética cristã, os mandamentos máximos, ou supremos, de Jesus foram dois: 
amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo. A ética cristã passa a tratar, 
de maneira evidente, que o seu inimigo também deve e merece ser amado. O amor é o pilar de todo 
relacionamento, que leva à caridade, à fé e à esperança, como Paulo apresentou (NALINI, 2008). 
A ética cristã, partindo de uma lógica platônica – a ver o mundo ideal, acredita também que 
no “céu” tudo será perfeito. No caso cristão, o belo (Deus criador) preza pelas suas criaturas (filhos) 
e não as deixa desamparadas (Idem). A lei moral do cristianismo entende que o livre-arbítrio nos 
permite escolher entre fazer o bem e o mal. Contudo, por saber que existe um ente (Deus) que se 
preocupa com as pessoas e preza pelo certo, honesto, justo etc. Como seguidor, farei aquilo que o 
agrada de maneira consciente. 
Perceba que a ética formal, também se apresenta à ideia cristã de ética, visto que não basta 
apenas parecer ético, seu coração deve querer também fazer o certo. Como nos gregos, as virtudes 
não são dons naturais, mas práticas que exercemos em comunidade. O amor é a maior das virtudes, 
há também justiça, caridade, temperança, prudência, entre outras virtudes (NALINI, 2008). 
Enfim, a ética cristã de maneira consciente e racional abarca todas as áreas da vida de uma 
pessoa, pois o Deus, que as pessoas seguem, gosta do bom comportamento de seus seguidores 
em todas as áreas da vida. 
 
 
 
O livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo traz uma visão panorâmica do papel cristão protestante 
e o desenvolvimento do capitalismo industrial no período durante e após a revolução industrial. 
 
 
 
 
 
23 
 
 
2.7 Ética Pós-Moderna 
Não existe um traço comum e linear sobre a ética pós-moderna ou contemporânea. Alguns filósofos, 
em nossos dias, como Zygmunt Bauman acabam por escrever sobre o tema, trazendo algumas 
ideias que refutam as éticas estudadas até aqui. 
Para os defensores de uma ética mais atual, a nossa agenda moral possui questões que 
nunca passaram pela cabeça dos antigos pensadores de ética. Por exemplo, as novas configurações 
familiares, a clonagem, neuropsicologia, biogenética, segurança virtual, a internet, entre diversos 
outros temas. 
Nalini (2008) e Arruda et al (2005) apontam que a moralidade humana, ao tentar se colocar 
em códigos de ética insuscetíveis de falhas, gerou frustrações, pois nunca foi algo planejado para 
ser introduzido na conduta dos homens. Para os autores, o planejamento de uma moralidade seria 
um ponto importante para que ela funcione. 
As características do ser humano nesta ética pós-moderna, de acordo com Nalini (2008), são: 
• contradição – o ser humano é ambivalente, isto é, pode ser bom ou mau ao mesmo 
tempo; 
• fenômenos morais não são racionais – não existe regularidade, previsibilidade e 
monotonia neles, os quais possam ser colocados em códigos de conduta; 
• ambiguidade – nunca estamos certos de nossas escolhas, muitas são impulsivas e 
contraditórias; 
• não universalidade da moral – autonomia para as pessoas decidirem; 
• irracionalidade – o ser humano é movido por emoções, as quais sempre o envolverá em 
escândalos. 
Bauman e outros pensadores contemporâneos não se arriscam a criar um código próprio de 
ética, pois a sociedade é muito fluída. Muitos acontecimentos ao mesmo tempo, com diferentes 
pessoas e ideologias. De forma crítica, Bauman, em seu livro Tempos Líquidos, fala sobre as 
dificuldades que temos em nos relacionar em um mundo cada vez mais veloz e conectado. A 
objetificação dos relacionamentos é a característica da contemporaneidade. 
As pessoas são tratadas como bens de consumo e os relacionamentos em todos os níveis 
também. O amor possui diferentes significados, que não se relacionam com a ideia da ética cristã ou 
dos valores, mas sim com barganha ou troca. Há incerteza em tudo, emprego, relacionamentos, 
condições de vida, bem-estar etc. Além disso, existem aqueles que não se inserem na sociedade de 
consumo: os excluídos socialmente, que são vistos do ponto de vista individual como “vagabundos 
e vadios” e não como efeitos colaterais de um sistema desigual em que privilegia poucos. 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
O vídeo expõe a entrevista de Zygmunt Bauman sobre nossa modernidade e ideia da ética contemporânea. 
Vale a pena ver. 
 
Disponível em:<https://goo.gl/YHhjf7>. 
Acesso em; 21 jan. 2018. 
 
 
 
Considerações Finais 
Conclui-se este capítulo expondo de maneira sucinta as ideias da ética cristã e da ética 
contemporânea. Ambas são bem comuns em nosso dia a dia e precisam de bastante reflexão sobre 
os seus futuros. Para muitos, a ideia de uma sociedade violenta é a diluição dos valores cristãos. 
Para outros, é a falta de compreensão estrutural e sistêmica de um mundo cada vez mais desigual, 
que gera os excluídos do sistema. Em certa medida, não se pode excluir a junção dos dois 
pensamentos. 
Esta Unidade I termina aqui. O objetivo foi apresentar uma visão panorâmica sobre a 
compreensão da ética em diferentes vertentes ao longo dos séculos. Evidentemente, são ideias bem 
sucintas que exigem aprofundamento para aqueles que quiserem entender melhor cada tema 
exposto. 
Na próxima unidade, o foco será mais prático, envolvendo situações cotidianas e 
profissionais. 
 
 
 
1. Responda a partir da seguinte afirmação: 
 
Não existem instituições, organizações e estruturas antiéticas. O ambiente moral influencia as organizações. 
 
Podemos dizer que: 
 
A. A afirmação é parcialmente verdadeira, pois o mais importante é o comportamento ético da instituição. 
B. A afirmação é falsa, pois as instituições em si influenciam as condutas individuais. 
C. A afirmação é verdadeira, uma vez que a análise do comportamento ético é feito no âmbito individual. 
Somente o indivíduo é suscetível de valoração moral. 
D. A afirmação é absolutamente falsa, as organizações podem transmitir um senso ético aos seus 
participantes que independe dos fatores individuais. 
E. Nenhuma das alternativas anteriores. 
https://goo.gl/YHhjf7
 
 
 
25 
 
 
 
 
2. A quem pertence esta máxima “Conhece-te a ti mesmo”: 
 
A. Kant 
B. Epicuro 
C. Aristóteles 
D. Adam Smith 
E. Sócrates 
 
 
3. O que é o método de Maiêutica: 
 
A. Perguntas simples que geram reflexões. 
B. Método de ensinar nas árvores. 
C. É o mesmo que o peripatético.D. Método pelo qual as pessoas ficam irritadas. 
E. Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
 
4. Como poderíamos definir o “BEM”: 
 
A. caridade; 
B. sensibilidade; 
C. alegria; 
D. felicidade; 
E. acumulação. 
 
 
5. Qual dos tipos de ética estudada está relacionada ao hedonismo, utilitarismo, prazeres naturais e 
necessários: 
 
A. Kant (1724-1804) – ética do dever; 
B. Adam Smith (1723-1790) – ética da simpatia; 
C. Zenon, Marco Aurélio e Sêneca – ética estoica; 
D. Jeremy Bentham (1748-1832) – ética comunitária; 
E. Epicuro (341-270 a.C) – ética epicurista. 
 
 
6. Considerando nossos estudos, o que é ética? (Explique e justifique sua resposta). 
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________________________
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26 
 
 
 
Leia o texto a seguir: 
Artigo: Rumo a um Mundo Sustentável Plano de Ação da UNESCO 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a ser realizada no Rio de 
Janeiro, Brasil, de 20 a 22 de junho de 2012, oferece extraordinária e única oportunidade para reajustar o 
mundo rumo ao desenvolvimento sustentável. Apesar das substanciais melhorias nos últimos 20 anos em 
várias áreas-chave do desenvolvimento sustentável, o mundo não está no caminho certo para alcançar as 
metas traçadas na Agenda 21, adotadas no Rio de Janeiro, em 1992, e reiteradas em conferências mundiais 
subsequentes, como a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, em 
2002. Mesmo que alguns êxitos tenham sido alcançados com a Agenda 21, incluindo a implantação dos 
capítulos sobre a ciência para o desenvolvimento sustentável e sobre promoção da educação, da 
consciência pública e da formação, em que a UNESCO foi designada como agência líder, muito ainda 
precisa ser feito. O aumento de disparidades, desigualdades e iniquidades sociais, a crescente deterioração 
do meio ambiente e dos recursos, assim como as simultâneas crises energética, alimentar e financeira, 
refletem a inadequação do atual paradigma mundial de desenvolvimento. Nenhum modelo de 
desenvolvimento que deixe um bilhão de pessoas socialmente excluídas, com fome e na pobreza, será 
sustentável. A Rio+20 deve consubstanciar um processo mais amplo e de longo prazo de reparação de 
desequilíbrios, um repensar de prioridades e a reforma institucional necessária para proporcionar coerência 
às políticas econômica, ambiental e social que beneficiem todos os membros da sociedade. 
Para traçar um caminho a ser seguido de maneira sustentável, deve-se iniciar pelo reconhecimento de que o 
mundo mudou de forma fundamental, com alterações em aspectos como crescimento demográfico, consumo 
de recursos, padrões de produção, mudança climática e crescentes desastres naturais causados pela ação 
do homem. Houve muitos progressos tecnológicos importantes, desde energias renováveis a novos veículos 
para o diálogo social, como as mídias sociais. Houve conquistas parciais em relação aos Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (ODMs)¹ e à Educação para Todos (EPT). Tudo isso tem profundas implicações 
para a UNESCO e para as suas atividades. 
 
1 Para mais informações sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio veja: 
<https://goo.gl/C86QFF >. Acesso em 20 jan. 2018. 
 
FIGURA 1 - OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
https://goo.gl/C86QFF
 
 
 
27 
 
 
 
Disponível em: <https://goo.gl/4xpu7p>. 
Acesso em: 20 jan. 2018. 
 
Responda no fórum, conforme seus conhecimentos, o texto anterior e o link sobre os objetivos de 
desenvolvimento do milênio na nota de rodapé desta página: 
 
1. Você acredita que o problema do meio ambiente se relaciona com a ética? Se sim, por quê? Se não, 
justifique. 
 
2. Por que o texto fala que o nosso modelo de desenvolvimento, isto é, a forma pela qual consumimos nosso 
planeta, que gera extremos de pobreza e de riqueza, não é sustentável? 
 
3. Como o “mundo” – organizações de todos os tipos e Estados – está trabalhando para enfrentar o problema 
do meio ambiente? Há sucesso? Justifique. 
 
4. Como a ética pode ajudar na forma pela qual tratamos os recursos do nosso planeta? 
 
 
As capas, a seguir, se referem aos livros da bibliografia desta disciplina e estão representados ao longo da 
matéria. Se você tiver alguma dúvida, terá como opção a consulta direta aos livros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://goo.gl/4xpu7p
 
 
 
28 
 
 
UNIDADE II 
CAPÍTULO 3 - Ética e a Sociedade (cidadania) 
 
Introdução 
O estudo da ética e a sociedade não é algo tão óbvio quanto parece. Certamente, o tema central 
são os deveres éticos na sociedade. Contudo, trata-se de um assunto tão amplo que as poucas 
páginas deste capítulo não serão capazes de abranger a totalidade. 
Para Nalini (2008), a sociedade é a conjunção moral de uma pluralidade de pessoas, que 
buscam atingir finalidades comuns, por intermédio de meios próprios. É um agrupamento constante 
que possue laços fortes e estáveis. Como você já ouviu falar em suas aulas do ensino médio, o 
homem é um ser político e precisa do outro para sobreviver em sociedade, ainda mais na sociedade 
moderna. 
Dessa forma, a família é o primeiro contato que temos com um grupo social, após isto, o 
Estado e suas diversas organizações são outras instituições importantes que regulamentam a 
sociedade. Nessa lógica, este capítulo tratará sobre a sociedade em si, questão da cultura e, por fim, 
o papel do Estado. 
 
O filme O Show de Truman é bem relevante sobre a temática deste capítulo. 
 
Truman é um vendedor de seguros que leva uma vida simples, mas alguns acontecimentos fazem com que 
ele descubra que a vida dele, em sociedade, era uma grande mentira.
 
3.1 Realidade da sociedade brasileira 
A sociedade brasileira é complexa, com uma diversidade de raças, pensamentos e padrões sociais 
presentes, muitas vezes, em um mesmo espaço público. Há desigualdades sociais gritantes, 
educação deficiente e um Estado fraco em diversas partes de seu território. Infelizmente, parcela 
considerável de nossa sociedade vive na pobreza extrema e depende do assistencialismo (NALINI, 
2008). 
A educação no país é também problemática e deficiente, produzindo cidadãos imediatistas, 
sem criticidade, mergulhados na realidade de uma mídia televisiva, abastecida pelo consumismo. 
Programas que televisionam a violência, constantemente, alcançam altos índices de espectadores. 
 
 
 
29 
 
 
Além disso, denúncias de corrupção percorrem os noticiários quase que instantaneamente. 
Não somente na política, no nosso cotidiano nos deparamos com pessoas que agem de maneira não 
ética, ao furar filas, colar na prova, sonegar impostos, burlar programas sociais, entre diversas outras 
condutas problemáticas. 
Nalini (2008), diante da diversidade de problemas que a nossa sociedade sofre, explica que 
o corpo, na sociedade brasileira, possui papel central em todas as classes sociais. O culto ao corpo 
tem uma relevância na vida social do brasileiro. A TV, as revistas, a internet estão cheias de soluções 
mágicas para deixar o corpo perfeito. As notícias de mães que acabaram de ter filhos e já estão 
magras e bonitas novamente são constantes. 
Sem uma exposição aprofundada dos fatores sociológicos que leva o brasileiro a este tipo de 
comportamento, Nalini (2008) explica que, especialmente os jovens, tem no corpo algo único que 
eles podem controlar. A falta de controle em uma sociedadefluída e inconstante leva ao corpo a 
única “coisa” em que posso chamar de MEU. 
Ainda segundo o autor, e mesmo como pensado por Bauman, a hiperindividualidade, causada 
por um sistema em que predomina o utilitarismo nas relações sociais é também um sério problema 
na sociedade atual. Isto em todas as esferas da vida, na faculdade, na família, no trabalho etc. 
FIGURA 2 – RANKING DE CIRURGIAS PLÁSTICAS NO MUNDO 
 
Fonte:< https://goo.gl/7zZtHu >. 
Acesso em: 21 jan. 2018. 
https://goo.gl/7zZtHu
 
 
 
30 
 
 
Para Nalini (2008), a sociedade tende a colocar no corpo sua bagagem cultural, seu ideal de 
corpo bem-sucedido. O Brasil assume um dos primeiros lugares no mundo em cirurgia plástica por 
razões estéticas. Para o autor, o prazer desenfreado, o apego visual e sensual são signos 
característicos da sociedade brasileira. 
A Figura 2 mostra o ranking da cirurgia plástica em 2015. O Brasil ocupa o segundo lugar. 
 
Pense: você concorda com o tópico 3.1 desta apostila? 
 
Você acredita que a sociedade brasileira, de fato, valoriza muito o corpo? Como isto interfere em outras 
áreas da vida do brasileiro?
 
 
Há muitos problemas dentro do ponto de vista da sociedade brasileira; alguns mais evidentes 
outros menos. Este tópico levantou alguns aspectos, os quais com toda certeza podem ser refutados. 
 
3.2 A ética e o estado 
O Estado não é ético e nem aético, pois somente as pessoas têm o poder de serem éticas, conforme 
visto no capítulo 1 desta apostila. Evidentemente, o Estado difunde uma moralidade, a partir de suas 
leis e políticas (NALINI, 2008). Certamente, a ideologia toma um papel relevante em diferentes 
frentes, tais como, a econômica, política, social e religiosa. 
A função ética do Estado é a garantia de que exista o limiar ético, mediante a ordem jurídica. 
Dentro das concepções de teoria do Estado e teoria política moderna e contemporânea, o Estado 
possui o monopólio da força (WEBER, 2017), é a autodefesa dos indivíduos dentro de seu território. 
O Estado assegura a vida em coletividade. Não cabe divagar sobre a existência do Estado, mas o 
mundo não vive sem a existência dos Estados soberanos. As pessoas abrem mão de sua liberdade 
para entregá-la ao campo estatal. 
Não apenas no tópico da segurança, mas em outros meios, como o político, econômico, social 
e, mesmo em alguns Estados, o religioso. Perceba que o Estado é o ente mais bem capacitado para 
nos proteger contra as ameaças externas ou mesmo contra nós mesmos. A ética, juntamente ao 
aporte jurídico estatal, aparece para que regulamente as relações em coletividade. Nalini (2008) 
explica que o Estado é o instrumento para alcançar o objetivo ético do ser humano. 
É importante acrescentar que, muitas vezes, os indivíduos precisam ser protegidos contra 
seus próprios Estados. Muitas organizações internacionais e regionais atuam no monitoramento da 
violência do Estado para com seus cidadãos, como, por exemplo, repressão aos veículos da mídia, 
ao direito de greve, às garantias fundamentais como seres humanos, ao direito de voto, às liberdades 
individuais e direitos humanos. 
 
 
 
31 
 
 
Dentro dessa lógica, no Brasil, temos percebido ou, pelo menos, descoberto um número alto 
de casos de corrupção. Aqueles que praticam a administração pública têm cometido imoralidades 
com o dinheiro público. Nalini (2008) explica que o brasileiro precisa de um salto qualitativo ético em 
todas as áreas da vida. O voto coeso e correto seria um ponto de partida, mas não o único. 
A ideia de bem público é abstrata e subjetiva no Brasil. Martins (1997) aponta: “Cada brasileiro 
deve ter consciência de que o governante está a seu serviço e não ele a serviço do governante, e de 
que é bom governante apenas aquele que tem como meta exclusiva servir ao cidadão¹”. A cidadania 
precisa de cidadãos honestos, que prezem pelo bem público mais do que pela vantagem individual. 
1 Disponível em: <https://goo.gl/1eS4bb>. 
Acesso em: 21 jan. 2018. 
 
Enfim, um Estado ético é aquele em que seus cidadãos busquem ser éticos. O Brasil não 
apenas possui políticos corruptos, mas cidadãos corruptos. É preciso um salto qualitativo em todos 
os níveis do ser humano para que a situação mude. Obviamente, a discussão não se esgota nos 
poucos parágrafos deste livro-texto. 
 
Saiba mais sobre a discussão mais atual sobre o Estado Mínimo. Muitos têm defendido privatizações e 
criticado os programas sociais em todos os níveis do governo. Um contraponto a este pensamento é o artigo 
curto de Antônio Carlos de Morais, O Projeto Neoliberal e o Mito do Estado Mínimo. 
 
Disponível em: < https://goo.gl/JaL7Ci >. 
Acesso em: 21 jan. 2018.
 
 
3.3 Existe ética em uma nação cujo povo passa fome? 
Esta é uma pergunta complexa, mas importante para as discussões sobre a nossa sociedade atual. 
Nalini (2008) aponta que existe algo muito incoerente em uma sociedade em que poucos esbanjam 
e desperdiçam e muitos padecem do mínimo para a sobrevivência. De fato, não apenas o Brasil, 
mas o mundo sofre dos mesmos males. 
A fome tem sido, por décadas, um dos maiores problemas da África e até do Brasil. As 
organizações não governamentais, a igreja e os programas governamentais não dão conta dos 
problemas da fome em muitos bolsões de pobreza. Nesse sentido, como ficam os cidadãos desses 
Estados? Qual deveria ser o papel dessas pessoas? Para Nalini (2008), a fome do outro deveria 
causar desconforto em qualquer pessoa. 
Segundo o autor, impedir que alguém passe fome é um imperativo ético inquestionável. 
Embora muito criticada, a ética do bote salva-vidas se torna relevante; esta ética é aquela que 
permite salvar, pelo menos, uma pessoa de não morrer afogada, apesar de não poder salvar o navio 
inteiro. 
https://goo.gl/1eS4bb
https://goo.gl/JaL7Ci
 
 
 
32 
 
 
 
Reflita sobre este tópico. 
 
Quais seriam as soluções para Estados como o Brasil? 
 
A resposta está em um político eleito ou em uma sociedade atenta aos seus direitos? Em uma repressão militar 
ou em pessoas qualificadas para o bem público? 
 
Os links a seguir darão suporte para embasar seus pensamentos: 
 
Disponíveis em: <https://goo.gl/QTTpAG e https://goo.gl/iwB4cz>. 
Acesso em: 21 jan. 2018.
 
 
Por enquanto, vimos apenas algumas ideias sobre a ética e o estado. Há todo um aparato teórico 
importante dentro desta discussão que vai além do escopo e dos objetivos deste livro-texto. O 
objetivo foi inserir um ponto de reflexão na relação entre ética e Estado. Um não pode se descolar 
do outro. O Estado precisa da ética para que possa servir qualitativamente seus cidadãos. 
 
3.4 Consciência ética e sua relação com a política, religião e mídia 
Esta Unidade II tem como objetivo trazer os pressupostos éticos visos na Unidade I para a prática. 
Nos tópicos anteriores, vimos que há uma relação intrínseca entre a ética e o Estado. Agora, vamos 
tecer algumas considerações sobre a questão da consciência ética e sua relação com outras áreas 
como a política, religião e a mídia, por intermédio das contribuições de Nalini (2008) e Sá (2010). 
Importante lembrar que já começamos algumas reflexões nos tópicos anteriores. 
 
3.5 Consciência ética 
A consciência é algo que sempre nos persegue em todos os tipos de situação. Sá a define como: 
“[...] a consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo, ou seja, é fruto da conexão 
entre as capacidades do “ego” (eu) e aquelas das energias espirituais, responsáveis pela vida” (2010, 
p. 72). 
Para não gerar qualquer desentendimento, vamos nos ater a primeira parte da definição “a 
consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo [...]”. É a relação do nosso íntimo 
com as situações exteriores a nós, isto é, o ambiente externo. O estudo da consciência foi bem 
evidente na Unidade I com a ética formal, cristã, dos valores, por exemplo. 
https://goo.gl/QTTpAG
https://goo.gl/iwB4cz
 
 
 
33 
 
 
A consciência é entendida como um tribunalque julga nossas ações diante das nossas 
condutas. A consciência ética é um estado, ao qual, por meio de modelos de conduta, condicionamos 
mentalmente as ações, bem como realizamos autocríticas e julgamentos (SÁ, 2010). 
Para melhor compreensão, imagine que a consciência é um capital disponível (dinheiro que 
temos e que circula por meio de entradas e saídas). Dessa forma, a consciência recebe entradas, 
que podem ser informações, ensinamentos, influências, observações, percepções, e selecionamos, 
por julgamento, as nossas saídas. Pagaremos se tivermos dinheiro, agiremos de maneira ética se 
tivermos uma consciência ética. 
Perceba que existem os condicionamentos, que permitem ter uma consciência ética. Praticar 
ou externalizar a ética é algo importante dentro da sociedade atual (SÁ, 2010). Não basta saber o 
que é certo ou errado, mas sim praticar. A forma como terceiros percebem sua atitude pode ser 
considerada um indicador de ética, embora com ressalvas. Na ética empresarial, por exemplo, 
haverá situações em que o funcionário pode ter conflitos de consciência. Isto é, a sociedade vê como 
algo comum e banal, mas seus princípios não. 
 
O artigo curto, no link a seguir, fala sobre a ética e o conflito de interesses. Vale a pena a leitura, pois já estará 
inteirado de alguns tópicos que conversaremos na ética empresarial. 
 
Disponível em: < https://goo.gl/FhNNn3 >. 
Acesso em: 22 jan. 2018.
 
Os tópicos a seguir farão uma breve relação entre ética e a política, a religião e a mídia. 
 
3.6 A ética e a política 
Sabemos que a relação entre política e ética é bem complicada. Há diversas situações em que 
políticos eleitos agiram de má-fé com o seu eleitorado. A pergunta que se segue: é possível os 
cidadãos conferirem ética à vida política? 
Certamente sim, especialmente ao exercer seus direitos políticos. Para isso, o cidadão 
precisa participar da vida política, seja no conselho de bairro, em partidos políticos, em conselhos 
participativos ou, mesmo acompanhando seu próprio político. A ideia é que o eleitor ético, vota em 
político ético (NALINI, 2008). A internet é uma grande aliada nesse sentido. 
A democracia não existe apenas em períodos de eleição. Deve haver a prestação de conta. 
Traços de corrupção ou de descumprimento de promessas devem ser supervisionados e reclamados 
pelo eleitor. O cidadão deve estar atento ao patrimônio do político, ao que implementou enquanto tal 
e possíveis acusações de corrupção (NALINI, 2008). 
https://goo.gl/FhNNn3
 
 
 
34 
 
 
Enfim, pessoas se enganam pelas aparências e por discursos fáceis, que “saem do nada e 
levam a lugar nenhum” ou os políticos falam o que as pessoas querem ouvir. Maquiavel (2015), em 
seus escritos sobre “O Príncipe”, dizia que os tolos são fáceis de serem manipulados, pois se 
impressionam pelas aparências. Como cidadãos devemos estar atentos às aparências e exercer a 
cidadania. 
Tanto a ética quanto a política são temas de uma longa tradição do pensamento 
filosófico e continuam a permear nossa realidade contemporânea por uma razão 
muito simples: não há como pensar a vida em sociedade sem valores morais e sem 
organização política (MEDEIROS, 2016)¹. 
 
1 Disponível em: <https://goo.gl/1oCt68>. 
Acesso em 22 jan. 2018. 
 
 
 
Um seriado muito interessante que fala sobre a relação entre ética e política e diversas outras temáticas 
éticas é House of Cards. 
 
A história de um político o qual passa todas as barreiras éticas para chegar ao poder. 
 
 
 
 
Você já ouviu falar do ranking de políticos? 
Nele você pode conhecer mais sobre os políticos e seus atos como legisladores. Existem vários tipos de 
ranking. Este é um dele. 
 
Disponível em: < http://www.politicos.org.br/ >. 
Acesso em: 22 jan. 2018 
 
 
3.7 Ética e a religião 
Não há muito o que se estender neste tópico. O Brasil possui diferentes confissões religiosas 
(NALINI, 2008). Em muitos casos, vemos certo sincretismo religioso. A religião é algo comum à 
maioria dos seres humanos. Cada um escolhe a religião que quer pertencer. 
O ponto aqui é que, geralmente, as religiões expõem diversos preceitos éticos, que tornam 
ou deveria tornar a sociedade um lugar melhor para se estar (NALINI, 2008). A tolerância religiosa 
também deve ser a máxima em uma nação tão plural quanto à brasileira. É perfeitamente possível a 
coexistência de diferentes religiões em nosso Estado. 
https://goo.gl/1oCt68
http://www.politicos.org.br/
 
 
 
35 
 
 
Nessa lógica, deve-se ter liberdade de consciência, que é construída pela religião também. 
Vimos na Unidade I que a ética cristã marca fundamentalmente nossos dias, e, consequentemente, 
constrói uma consciência ética cristã. Concordando ou não, nossa sociedade tem uma moralidade 
cristã arraigada tanto para o aspecto positivo quanto para o negativo. Isto, em certa medida, é muito 
importante para a convivência em sociedade. 
 
 
Em uma sociedade consumista, guiada pelo materialismo e pela aparência, não são muitos os que se 
dedicam a evoluir em termos religiosos. Isso é um problema na sua opinião? Justifique.
 
 
3.8 Ética e a mídia 
A discussão sobre a ética e a mídia é bem extensa. Podemos pensar tanto para o bem quanto para 
o mal, o uso da mídia a favor ou contra a ética. Na realidade, de acordo com Sá (2010) e Nalini 
(2008), a mídia de massa é a grande detentora de poder em nossa sociedade. Ela consegue, em 
poucos segundos, destruir uma carreira política ou qualquer outra reputação. 
Hoje, na sociedade da informação, quem possui o monopólio ou as fontes hegemônicas tem 
o poder, uma vez que o importante é a narrativa ou a versão e não o fato ocorrido. Dependendo do 
veículo de comunicação, não há moral midiática nenhuma (NALINI, 2008). 
Em geral, a mídia se torna o termômetro de uma sociedade que regride cada vez mais. Os 
critérios de notícias não são claros e se submetem a interesses específicos. As concessões estatais 
de televisão, no caso brasileiro, em muitas situações servem ao alinhamento de políticos 
personalistas, paternalistas, clientelistas, coronéis, entre outras qualificações que afetam a ética. 
Em diversas situações, ainda mais agora com as redes sociais, há o espalhamento das 
notícias falsas (fake news) que agridem a imagem de terceiros. Como mudar isso? Usar os 
mecanismos de contato como e-mails, denúncias e buscar a responsabilização judicial são 
importantes em uma sociedade preocupada com a ética (NALINI, 2008). A ética é fundamental na 
regulamentação da mídia na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
O filme O Abutre é bem pertinente acerca da questão da ética, a mídia e a sociedade de informação que 
consome notícias de desastres. 
 
É a história de um jovem que ao não conseguir emprego formal, busca no jornalismo criminal independente 
uma saída para seus problemas. Ele vai atrás de crimes e acidentes chocantes para depois vender aos 
noticiários. 
 
 
Considerações Finais 
Este capítulo teve como objetivo fazer um breve panorama sobre a ética e as diferentes frentes da 
sociedade. Vimos que a consciência ética é importante como fonte de julgamento para as ações e 
condutas éticas. A ideia é que para termos uma consciência ética é necessário que tenhamos uma 
fonte ética. A educação e a família tendem a ser fontes importantes para que possamos ter uma 
consciência apurada no contexto ético. 
Por fim, uma sociedade consciente é aquela que sabe de seus direitos políticos, respeita as 
pluralidades de opinião, religião e ideologias e que não é manipulada pela mídia. Nesse contexto, a 
sociedade brasileira é ética? 
A partir de agora, vamos entrar na ética empresarial e questões como estas serão levadas 
para o ambiente de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
UNIDADE II 
CAPÍTULO 4 - Perspectiva histórica dos estudos em ética 
empresarial 
 
Introdução 
A ética empresarial é um termo que cada vez mais ganha relevância no meio corporativo. A ética 
empresarial precisaser vista como vantagem competitiva para as organizações e não um fardo. Até 
este capítulo, temos falado da ética no campo macro do Estado e no micro, aspecto individual, mas 
e as entidades que estão entre o Estado e o indivíduo? As empresas, as organizações não 
governamentais e outros tipos de instituições também precisam da ética ou precisam desenvolver a 
ética em seus ambientes. 
É comum vermos notícias sobre sonegação de impostos, mau atendimento ao consumidor, 
inadimplência de empresas, produtos de má qualidade, publicidade enganosa, dumping, cartel, 
abuso físico e moral de funcionários, trabalho análogo ao escravo, desperdício de recursos naturais, 
devastação de matas, poluição de rios, entre diversas outras atividades que afetam a natureza, os 
animais e, sobretudo, os seres humanos. 
Como profissionais precisamos exigir transparência de nossas organizações e das empresas 
nas quais consumimos os produtos. Atualmente, as organizações têm valorizado as atitudes éticas, 
há rankings de ética empresarial e as pessoas se sentem muito mais satisfeitas consumindo em 
empresas confiáveis. 
Os dirigentes e executivos precisam reconhecer que a tendência hoje é seguir a ética, prezar 
pela sustentabilidade e pela responsabilidade social. As empresas estão aprendendo a se tornarem 
éticas, pois isto também é lucrativo. Cada vez mais as organizações têm adotado códigos de ética 
e, acima de tudo, seguem-nos como uma cartilha importante. 
Enfim, a ética empresarial atinge as empresas em geral, envolve códigos de ética, mudanças 
na cultura organizacional e preza por um ambiente sustentável. Por isso, o objetivo deste capítulo é 
introduzir a evolução do pensamento ético empresarial, utilizando a contribuição dos autores Arruda 
et al (2005), Nalini (2008), Daft (2010) e Ashley (2016). 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
4.1 Evolução histórica da ética empresarial 
O Quadro 5 a seguir faz a síntese do pensamento ético empresarial. 
QUADRO 5 – SÍNTESE DA EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ÉTICO-EMPRESARIAL 
 
Ano Acontecimento 
1960 
(Origem) 
Elevação do trabalhador à condição de participantes dos conselhos de 
administração das organizações (Alemanha). 
1960 Criação do código de defesa do consumidor (EUA). 
1970 Ensino da ética em faculdades de administração (EUA). 
1970 Expansão das multinacionais, especialmente, as norte-americanas no mundo. 
1980 Pós-graduação - ética em negócios (EUA e Europa). 
1980 Revista internacional sobre ética empresarial Journal of business ethics. 
1990 
Redes acadêmicas originaram outras revistas na área; Business Ethics 
Quartely (1991) e Business Ethics: a European Review (1992). 
1990 Congresso sobre ética em vários lugares do mundo. 
1990 Estudos da ética na América Latina. 
2000 Relação mais evidente entre ética e responsabilidade social. 
2010 
Estudos mais focados em ética empresarial, comportamento organizacional e 
a responsabilidade social. 
 
Até os anos de 1950, haviam poucos indícios de que existisse uma preocupação com a ética 
empresarial. Ashley (2016) explica que nos EUA e na Europa a responsabilidade social corporativa, 
em si, era um interesse estatal, principalmente, no século XIX. Além disso, no início dos anos de 
1990, Henry Ford e outras companhias tiveram várias disputas judiciais com seus acionistas sobre a 
questão da filantropia empresarial. Contudo, este é um assunto para a Unidade III desta apostila. 
De fato, os trabalhadores ganharam alguns direitos importantes, como férias, descanso 
remunerado, auxílios etc. (MACHADO, 2006). Em vários lugares do mundo houve reformas 
trabalhistas, no Brasil, por exemplo, houve a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). 
Para Arruda et al (2005), o pensamento sobre ética empresarial começa a assumir relevância 
em 1960, na Alemanha, com a elevação dos trabalhadores a condição importante nos conselhos 
administrativos das organizações do período. Para Machado (2006), os anos de 1960 favoreceram 
o início da ética empresarial por conta da moralidade religiosa nos negócios, respeito ao direito dos 
trabalhadores e luta contra a pobreza. Um fato histórico importante foi à criação do código de defesa 
do consumidor nos Estados Unidos, permitindo maior controle sobre as empresas no que se refere 
às atividades ilícitas e ilegais. 
Fonte: Arruda et Fonte: Arruda et al (2005) e própria.
 
 al (2005) e própria. 
 
 
 
39 
 
 
Na década de 1970, o ensino de ética passou a fazer parte da grade curricular dos cursos de 
administração, nos EUA. Filósofos passaram a aplicar o conceito de ética nos negócios e, assim, a 
ética empresarial assumiu uma modelagem mais clara (ARRUDA et al, 2005). O país norte-
americano focou nos estudos sobre a conduta ética profissional e pessoal. Para Machado (2006): 
Durante esse período questões importantes ganharam destaque como a segurança 
de produtos, a preservação do meio ambiente, subornos, cartéis ou a publicidade 
enganosa, alertando o grande público da necessidade de se cobrar das empresas 
um comportamento mais correto e justo em relação à sociedade. 
 
Disponível em: <https://goo.gl/AJmo3N>. 
Acesso em: 22 jan. 2018. 
 
É importante salientar que neste período houve também a expansão das multinacionais norte-
americanas para diversos lugares do sul global, conhecidas como subsidiárias. Conforme Arruda et 
al (2005), houve choques e conflitos muito nítidos entre as subsidiárias e as culturas locais acerca 
da forma de se realizar negócios. Os padrões éticos eram diferentes e se necessitava da criação de 
um código de ética inclusive entre matriz e subsidiária. 
A década de 1980 foi importante pela criação de revistas científicas sobre ética em negócios. 
Professores de pós-graduação dos EUA e Europa criaram uma revista sobre ética empresarial 
Journal of business ethics. Machado (2006) expõe que as empresas norte-americanas saíram dos 
EUA, em razão do estreitamento da ética empresarial. Contudo, tiveram que criar códigos de conduta 
em suas subsidiárias. 
Os anos de 1990 foram bem frutíferos para a ética empresarial. Redes acadêmicas foram 
formadas e outras revistas foram criadas, tais como Business Ethics Quartely (1991) e a Business 
Ethics: a European Review (1992) (ARRUDA et al, 2005). As revistas fazem, até hoje, discussões 
sobre a ética nas organizações. Além disso, houve a universalização do conceito, por meio do 
International Society for Business, Economics, and Ethics (Sociedade Internacional para Negócios, 
Economia e Ética), fórum de discussões e debates sobre ética nas empresas. 
Este fórum permitiu a discussão da ética em diferentes continentes, buscando padronizar o 
conceito de ética empresarial. Três pontos importantes marcaram os estudos de ética nos cinco 
continentes: falar sobre ética, atuar eticamente e pensar sobre ética. A Figura 3 mostra o triângulo 
que marca a sistematização dos pontos fundamentais dos estudiosos sobre a ética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://goo.gl/AJmo3N
 
 
 
40 
 
 
FIGURA 3 – ABORDAGEM SOBRE OS ESTUDOS DE ÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As conclusões dos estudiosos é que, de fato, há diferentes moralidades em diferentes países. 
Contudo, o mais importante é que as preocupações se pautavam na corrupção, na liderança e nas 
responsabilidades corporativas (ARRUDA et al, 2005). Os estudiosos, já neste período, implicavam 
que conforme uma empresa aumentasse seu negócio em uma dada sociedade, mais diretamente 
ela se envolveria com ela, por intermédio do sistema político, cultural e social. 
Nesse sentido, há uma forte ligação entre os valores morais daquela sociedade e a empresa 
em que os cidadãos trabalham. A partir dos anos 2000, o conceito de responsabilidade social passa 
a ser mais utilizado pelas organizações associando-o ao de ética. Machado (2006) explica que ética 
e responsabilidade social: 
 
São termos afins no que tange a seus objetivos e finalidades, mas constituem 
conceitos diferentes

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