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RESUMO DIREITO CIVIL OBRIGAÇÃO NP1

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RESUMO DIREITO CIVIL OBRIGAÇÃO NP1 
FRANCISCA JERLANDIA CLARENTINO DA SILVA – @JER_ESTUDANTE 
Fichamento da obra de Pablo Stolze. 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das 
relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe 
o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
Deslocando-se a sua garantia da pessoa do devedor para o seu patrimônio. O que possibilitou, 
inclusive, a transmissibilidade das obrigações, não admitida entre os romanos. 
 Os bens do devedor são a garantia comum de seus credores. 
 
ÂMBITO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
 Espécie de direito subjetivo. Somente aqueles de conteúdo econômico (direitos de crédito), 
passíveis de circulação jurídica, poderão participar de relações obrigacionais, direito de 
crédito, a que corresponde o dever de prestar, é de natureza essencialmente pessoal, não se 
confundindo, portanto, com os direitos reais em geral. 
 O contraente credor passou a ser, em virtude do negócio jurídico, titular de um direito 
pessoal exercitável contra o devedor, a quem se impõe o dever de prestar (dar, fazer ou não 
fazer). 
 O credor não tem poderes de proprietário em relação à coisa ou à atividade objeto da 
prestação. Não exerce, pois, poder real sobre a atividade do devedor, nem, muito menos, 
sobre a sua pessoa. 
 Direito eminentemente pessoal, cuja correlata obrigação (dever de prestar) é a própria 
atividade do devedor de dar, fazer ou não fazer. 
 
DISTINÇÕES FUNDAMENTAIS ENTRE DIREITOS PESSOAIS E REAIS: 
 
 “direito real é aquele que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos 
respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. O direito pessoal é o direito 
contra determinada pessoa”. 
 Para os direitos reais, o sujeito passivo e a sua correspondente obrigação somente surgem 
quando houver a efetiva violação ou ameaça concreta de lesão. 
 
Características dos direitos reais: 
 
 Legalidade ou tipicidade — os direitos reais somente existem se a respectiva figura estiver 
prevista em lei. 
 Taxatividade — a enumeração legal dos direitos reais é taxativa (numerus clausus), ou seja, 
não admite ampliação pela simples vontade das partes. 
 Publicidade — primordialmente para os bens imóveis, por se submeterem a um sistema 
formal de registro, que lhes imprime essa característica. 
 Eficácia erga omnes — os direitos reais são oponíveis a todas as pessoas, indistintamente. 
 Inerência ou aderência — o direito real adere à coisa, acompanhando-a em todas as suas 
mutações. 
 Sequela — como consequência da característica anterior, o titular de um direito real poderá 
perseguir a coisa afetada, para buscá-la onde se encontre, e em mãos de quem quer que 
seja. 
 
Figuras híbridas entre Direitos Pessoais e Reais: 
 
Figuras jurídicas situadas em uma área intermediária. 
 Existem obrigações, em sentido estrito, que decorrem de um direito real sobre 
determinada coisa, aderindo a essa e, por isso, acompanhando-a nas modificações do 
seu titular. São as chamadas obrigações in rem, ob rem ou propter rem. 
 As obrigações propter rem se transmitem automaticamente para o novo titular da coisa 
a que se relacionam. 
 
CONSIDERAÇÕES TERMINOLÓGICAS: 
 
Obrigação, segundo difundida definição, significa a própria relação jurídica pessoal que vincula duas 
pessoas, credor e devedor, em razão da qual uma ficam “obrigados” a cumprir uma prestação 
patrimonial de interesse da outra. 
 Caráter transitório. 
 À prestação positiva ou negativa se refere à modalidade de prestação (fazer/dar ou não 
fazer). 
 
Conceitos correlatos: 
 
 Não se deve confundir, ainda, obrigação (debitum) e responsabilidade (obligatio)17, por 
somente se configurar esta última quando a prestação pactuada não é adimplida pelo 
devedor. A primeira corresponde, em sentido estrito, ao dever do sujeito passivo de 
satisfazer a prestação positiva ou negativa em benefício do credor, enquanto a outra se 
refere à autorização, dada pela lei, ao credor que não foi satisfeito, de acionar o devedor, 
alcançando seu patrimônio, que responderá pela prestação. 
 
Estrutura da Obrigação: 
 
A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais: 
 
 Subjetivo ou pessoal: sujeito ativo (credor) — sujeito passivo (devedor). 
 Objetivo ou material: a prestação. 
 Ideal, imaterial ou espiritual: o vínculo jurídico. 
 
o Nas relações obrigacionais mais simplificadas, o sujeito passivo (devedor) obriga-se a cumprir 
uma prestação patrimonial de dar, fazer ou não fazer (objeto da obrigação), em benefício do 
sujeito ativo (credor). 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: SUJEITOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL: 
 
O credor, sujeito ativo da relação obrigacional, é o titular do direito de crédito, ou seja, é o detentor 
do poder de exigir, em caso de inadimplemento, o cumprimento coercitivo (judicial) da prestação 
pactuada. 
 
 O devedor, por sua vez, sujeito passivo da relação jurídica obrigacional, é a parte a quem 
incumbe o dever de efetuar a prestação. 
 Devem ser determinados, ou, ao menos, determináveis. 
 Poderá ocorrer a indeterminabilidade subjetiva passiva da relação obrigacional. Neste caso, 
não se pode, de antemão, especificar quem é o devedor da obrigação. É o que acontece com 
as obrigações propter rem, prestações de natureza pessoal que acedem a um direito real, 
acompanhando-o em todas as suas mutações. 
 
ELEMENTO OBJETIVO: A PRESTAÇÃO: 
 
A obrigação possui dois tipos de objeto: 
 
 Objeto direto ou imediato. 
 Objeto indireto ou mediato. 
o O objeto imediato da obrigação (e, por consequência, do direito de crédito) é a própria 
atividade positiva (ação) ou negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do 
credor. 
 
As prestações, que constituem o objeto direto da obrigação, poderão ser: 
 
 
 As prestações de dar coisa certa, poderíamos referir aquela pactuada para a entrega de 
determinado veículo. 
 Já a prestação de dar coisa incerta, por sua vez, existirá quando o sujeito se obriga a alienar 
determinada quantidade de café, esta prestação, por meio de uma operação determinada 
concentração do débito — que consistirá na escolha da qualidade do produto —, converter-
se-á em prestação de dar coisa certa, viabilizando o seu adimplemento. 
 As prestações de não fazer que consistam, sinteticamente, em abstenções juridicamente 
relevantes. 
 Compreensão do objeto indireto ou mediato da obrigação: próprio bem da vida posto em 
circulação jurídica. Cuida-se, em outras palavras, da coisa, em si considerada, de interesse do 
credor. 
 Objetos direto (prestação) e indireto (bem da vida). 
 
o O objeto da obrigação não deve ser confundido com o seu conteúdo. Enquanto aquele diz 
respeito à atividade do próprio devedor (prestação de dar, fazer ou não fazer), este último 
consiste no “poder do credor de exigir a prestação e a necessidade jurídica do devedor de 
cumpri-la”. 
 
ELEMENTO IDEAL: O VÍNCULO JURÍDICO ENTRE CREDOR E DEVEDOR: 
 
Elemento espiritual ou abstrato da obrigação, consistente no vínculo jurídico que une o credor ao 
devedor. 
 
Fontes das Obrigações: 
 
 A lei é a fonte primária das obrigações em geral. 
 
As fontes mediatas das obrigações: 
 
 Os atos jurídicos negociais (o contrato, o testamento, as declarações unilaterais de vontade). 
 Os atos jurídicos não negociais (o ato jurídico stricto sensu, os fatos materiais — como a 
situação fática de vizinhança etc.) 
 Os atos ilícitos (no que se incluem o abuso de direito e o enriquecimento ilícito) - 
comportamento humano voluntário, contrário ao direito, e causador de prejuízo de ordem 
material ou moral. 
 
 O contrato — fonte negocial mais relevante para o Direito das Obrigações. 
 
o “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamentemoral, comete ato ilícito” — de forma que 
o agente (devedor) ficará pessoalmente vinculado à vítima (credor), até que cumpra a sua 
obrigação de indenizar. 
o “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes”. 
 
AS FONTES DAS OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL DE 1916 E NO NOVO CÓDIGO CIVIL: 
 
o O contrato. 
o A declaração unilateral de vontade. 
o O ato ilícito. 
 
Objeto da Obrigação — A Prestação: 
 
 O objeto imediato da obrigação — a prestação. 
 Fundamentalmente, a prestação — entendida como a atividade do devedor direcionada à 
satisfação do crédito — poderá ser positiva (dar, fazer) ou negativa (não fazer). 
 “a patrimonialidade da prestação, objetivamente considerada, é imprescindível à sua 
caracterização”. 
 O direito obrigacional está calcado na ideia de patrimonialidade, direitos da personalidade 
em geral (honra, imagem, segredo, vida privada, liberdade etc.) — escapam de seu âmbito 
de atuação normativa. 
 A prestação, no caso, não é marcada pela economicidade, e, nem por isso, se nega a 
existência de uma relação obrigacional. 
 A prestação, de per si, não tem um conteúdo econômico, mas a disciplina, no caso do 
inadimplemento, deverá tê-lo. 
 
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DA PRESTAÇÃO: 
 
A prestação poderá também ser negativa - Neste caso, o devedor obriga-se a não realizar 
determinada atividade, sob pena de se tornar inadimplente. Dessa forma, a sua prestação consiste 
em uma abstenção juridicamente relevante, um não fazer em benefício do credor. 
 
 O objeto indireto ou mediato da obrigação é o próprio bem da vida posto em circulação 
jurídica. Cuida-se, em outras palavras, da coisa, em si considerada, de interesse do credor. 
 Objeto direto ou imediato é a prestação. 
 A prestação, portanto, para ser considerada válida, deverá ser lícita, possível, determinável. 
 
 
Licitude: 
 
A licitude da prestação implica o respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral. 
 
 Prestação juridicamente impossível e a prestação ilícita, nos seguintes termos: a primeira é 
aquela simplesmente não admitida pela lei; a segunda, por sua vez, além de não ser 
admitida, constitui ato punível. 
 
Possibilidade: 
 
A prestação, para que seja considerada viável, deverá ser física e juridicamente possível. A prestação 
é considerada fisicamente impossível quando é irrealizável, segundo as leis da natureza. 
 
 Vale lembrar que, para se considerar inválida (nula) toda a obrigação, a prestação deverá ser 
inteiramente irrealizável, por quem quer que seja. Isto é, se a impossibilidade for parcial, o 
credor poderá (a seu critério) aceitar o cumprimento parcial da obrigação, inclusive por 
terceiro (se não for personalíssima), a expensas do devedor. 
 A impossibilidade, a depender do momento de sua ocorrência, poderá ser: 
 
 Originária. 
 Superveniente. 
 
A impossibilidade originária ocorre ao tempo da formação da própria relação jurídica obrigacional. 
 O negócio jurídico (fonte da obrigação) estar subordinado a uma condição suspensiva e a 
impossibilidade de a obrigação nascente ser sanada antes do implemento da referida 
conditio. 
 
Determinabilidade: 
 
 Toda prestação, para valer e ser realizável deverá conter elementos mínimos de identificação 
e individualização. 
 A prestação determinada é aquela já especificada, certa, individualizada. 
 A prestação determinável, por sua vez, é aquela ainda não especificada, mas que contém 
elementos mínimos de individualização. 
 Assim, quando o sujeito se obriga a dar coisa incerta (obrigação genérica), no momento de 
cumprir a obrigação, o devedor ou o credor (a depender do contrato ou da própria lei) 
deverá especificar a prestação, individualizando-a. Esta operação de certificação da coisa, 
por meio da qual se especifica a prestação, convertendo a obrigação genérica em 
determinada, denomina-se “concentração do débito” ou “concentração da prestação devida. 
 
PRINCIPAIS MODALIDADES DE PRESTAÇÕES: 
 
 Fala-se em prestação de fato de terceiro, somente possível se a obrigação não for 
personalíssima (intuitu personae). Já as prestações de coisa consistem na atividade 
de dar (transferindo-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se a posse ou 
a detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou a detenção 
da coisa entregue ao devedor). 
 
 Esta solenidade, pois, traduz-se em uma atividade de dar: é a tradição, para os bens móveis; 
e o registro, para os imóveis. 
 As prestações poderão ser instantâneas e contínuas. As primeiras são as que se realizam em 
um só ato, como a obrigação de pagar determinado valor à vista. As contínuas, por sua vez, 
realizam-se ao longo do tempo. 
 
Classificação Básica das Obrigações: 
 
 Obrigações de dar: 
 As obrigações de dar, que têm por objeto prestações de coisas, consistem na 
atividade de dar (transferindo-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se 
a posse ou a detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou a 
detenção da coisa entregue ao devedor). 
 Obrigações de dar coisa certa: 
 Entregar ou restituir coisa específica, certa, determinada: E, se é assim, o credor não 
está obrigado a receber outra coisa senão aquela descrita no título da obrigação. 
 “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que 
mais valiosa”. 
 Aplica-se, também, para as obrigações de dar coisa certa, o princípio jurídico de que 
o acessório segue o principal, o devedor não poderá se negar a dar ao credor 
aqueles bens que, sem integrar a coisa principal, secundam-na por acessoriedade. 
 Quanto ao risco de perecimento ou deterioração do objeto, há que se invocar a 
milenar regra do res perit domino suo. 
 
 Em caso de perda ou perecimento (prejuízo total), duas situações diversas, todavia, podem 
ocorrer: 
 
 Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (da entrega da coisa), 
ou pendente condição suspensiva (o negócio encontra-se subordinado a um 
acontecimento futuro e incerto: o casamento do devedor, por exemplo), fica resolvida 
a obrigação para ambas às partes, suportando o prejuízo o proprietário da coisa que 
ainda não a havia alienado. 
 Se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor 
da coisa), mais perdas e danos, Neste caso, suportará a perda o causador do dano, já 
que terá de indenizar a outra parte. 
 Em caso de deterioração (prejuízo parcial), também duas hipóteses são previstas em lei: 
 Se a coisa se deteriora sem culpa do devedor, poderá o credor, a seu critério, resolver 
a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
 se a coisa se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou 
aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar. 
 
As obrigações de restituir: 
 
Nesta modalidade de obrigação a prestação consiste na devolução da coisa recebida pelo devedor, 
Em todos os casos a coisa já pertencia, antes do nascimento da obrigação, ao próprio credor. 
 
 “Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da 
tradição57, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverão, ressalvados os seus direitos 
até o dia da perda”. 
 De qualquer forma, subsiste a regra de que a coisa perece para o dono (credor), que 
suportará o prejuízo, sem direito a indenização, considerando se a ausência de culpa do 
devedor. 
 Assim, se a coisa depositada gerou frutos até a sua perda, sem atuação ou despesa do 
depositário, que inclusive tinha ciência de que as utilidades pertenceriam ao credor, este 
terá direito sobre elas até o momento da destruição fortuita da coisa principal. 
 Entretanto, em caso de simples deterioração, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem 
direito a indenização. 
 se a coisa se perde por culpa do devedor, quenão poderá mais restituí-la ao credor, deverá 
responder pelo equivalente. 
 
 Se, todavia, a coisa restituível apenas se deteriora, a solução da lei é no sentido de se aplicar 
a mesma regra acima citada (art. 239), ou seja, a imposição ao devedor de responder pelo 
equivalente (valor do objeto) mais perdas e danos. Nada impede, todavia, a despeito de o 
Novo Código ser silente a respeito, que o credor de coisa restituível, deteriorada por culpa do 
devedor, opte por ficar com a coisa, no estado em que se encontra, com direito a reclamar a 
indenização pelas perdas e danos correspondentes à deterioração. 
 
 Referência aos melhoramentos, acréscimos e frutos59 experimentados pela coisa, nas 
obrigações de restituir. Se tais benefícios se agregaram à coisa principal, sem concurso de 
vontade ou despesa para o devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
 
 Se, todavia, tais melhoramentos ou acréscimos exigiram concurso de vontade ou despesa 
para o devedor, determina que sejam aplicadas as regras atinentes aos efeitos da posse, 
quanto às benfeitorias realizadas, Assim, se os acréscimos traduzem benfeitorias necessárias, 
ou úteis, o devedor de boa-fé terá direito de ser indenizado, podendo, inclusive, reter a coisa 
restituível, até que lhe seja pago o valor devido (direito de retenção). No que tange às obras 
voluptuárias. 
 Poderá o devedor levantá-las (retirá-las), se não lhe for pago o valor 
devido, desde que não haja prejuízo para a coisa principal. 
 Estando de má-fé61, o devedor só terá direito a reclamar a indenização 
pelos acréscimos necessários, sem possibilidade de retenção da coisa. 
 “frutos podem ser definidos como utilidades que a coisa principal 
periodicamente produz cuja percepção não diminui a sua substância.” 
 
Dessa forma, se, em vez de acréscimos, melhoramentos ou benfeitorias, a coisa restituível gerar 
frutos, deveremos perquirir o elemento anímico do devedor — a sua boa ou má-fé —, para que 
possamos extrair as consequências jurídicas apropriadas. Assim, enquanto estiver de boa-fé, o 
devedor tem direito aos frutos percebidos,. 
 
 Os frutos pendentes (ainda não destacados da coisa principal), por sua vez, deverão ser 
restituídos, ao tempo em que cessar a boa-fé, deduzidas as despesas de produção e custeio. 
 Se o devedor estiver de má-fé, deverá responder por todos os frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber (percipiendos), desde o momento 
em que se constituiu de má-fé, assistindo-lhe, todavia, direito às despesas de produção e 
custeio. De tal forma, se não puder restituir ao credor esses frutos, deverá indenizá-lo com o 
equivalente em pecúnia. 
 
Obrigações de dar coisa incerta: 
 
As obrigações de dar coisa incerta, cuja prestação consiste na entrega de coisa especificada apenas 
pela espécie e quantidade. 
 
Trata-se das chamadas obrigações genéricas. 
 
 “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. 
 Essa indeterminabilidade do objeto há que ser meramente relativa - a prestação genérica 
(“dar duas sacas de café”) deverá se converter em prestação determinada, quando o 
devedor ou o credor escolher o tipo de produto a ser entregue, no momento do pagamento. 
 “O estado de indeterminação é transitório, sob pena de faltar objeto à obrigação. Cessará, 
pois, com a escolha, a qual se verifica e se reputa consumada, tanto no momento em que o 
devedor efetiva a entrega real da coisa, como ainda quando diligencia praticar o necessário à 
prestação”. 
 Essa operação, por meio da qual se especifica a prestação, convertendo a obrigação genérica 
em determinada, denomina-se “concentração do débito” ou “concentração da prestação 
devida”. 
 
 Mas a quem caberia a escolha? Ao credor ou ao devedor? 
Em quase todas as suas normas, prefere o devedor, quando a vontade das partes não houver 
estipulado a quem assiste determinado direito. 
 
A regra geral, a concentração do débito efetuar-se-á por atuação do devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação. 
 
 O devedor não poderá dar a coisa pior, optar por aquele de qualidade intermediária, se não 
tiver havido convenção em sentido contrário. 
 Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o 
contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será 
obrigado a prestar a melhor. 
 Por óbvio, se nas obrigações de dar coisa incerta a prestação é inicialmente indeterminada, 
não poderá o devedor, antes de efetuada a sua escolha — isto é, antes da concentração do 
débito —, alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
 O gênero, segundo tradicional entendimento, não perece jamais (genus nunquam perit). 
 “Se alguém se obriga a entregar mil sacas de farinha de trigo, continuará obrigado a tal, 
ainda que em seu poder não possua referidas sacas, ou que parte ou o total delas se tenha 
perdido. Já se o devedor se tivesse obrigado a entregar uma tela de pintor famoso, a perda 
da coisa, sem sua culpa, resolveria a obrigação”. 
 
Obrigações de fazer: 
 
Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. 
 
o A prestação do fato poderá ser fungível ou infungível. A obrigação de fazer será fungível 
quando não houver restrição negocial no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. 
 
o Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do 
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo 
único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, 
executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
 
o Assim, poderá o credor, independentemente de autorização judicial, contratar terceiro para 
executar a tarefa, pleiteando, depois, a devida indenização. 
 
o Por outro lado, se ficar estipulado que apenas o devedor indicado no título da obrigação 
possa satisfazê-la, estaremos diante de uma obrigação infungível. Trata-se das chamadas 
obrigações personalíssimas (intuitu personae), cujo adimplemento não poderá ser realizado 
 
o por qualquer pessoa, em atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. 
 
Quais são as consequências do descumprimento de uma obrigação de fazer. 
 
 Se a prestação do fato torna-se impossível sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, 
sem que haja consequente obrigação de indenizar. 
 se a impossibilidade decorrer de culpa do devedor, este poderá ser condenado a indenizar a 
outra parte pelo prejuízo causado. 
 Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; 
se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
 
“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz 
concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências 
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 
 
§ 1.º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a 
tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. 
§ 2.º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa 
 
 Se, todavia, ainda é possível cumprir-se a obrigação pactuada, deve a ordem jurídica buscar 
satisfazer o credor com a efetiva prestação pactuada, proporcionando, na medida do 
praticamente possível, que quem tem um direito receba tudo aquilo e precisamente aquilo 
que tem o direito de obter, e não impor indenizações equivalentes, haja vista que isso não 
realiza o bem da vida pretendido. 
 A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se 
impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. 
 
Obrigações de não fazer: 
 
A obrigação de não fazer tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do 
devedor. 
 
 Quais seriam os efeitos decorrentesdo descumprimento das obrigações negativas? 
 Se o inadimplemento resultou de evento estranho à vontade do devedor, isto é, 
sem culpa sua, extingue-se a obrigação, sem perdas e danos: “Art. 250. Extingue-
se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne 
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar”. 
 “Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor 
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo 
as culpadas perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o 
credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, 
sem prejuízo do ressarcimento devido”. 
 Havendo o inadimplemento culposo, o credor, além das perdas e danos, poderá 
lançar mão da tutela específica, assim como previsto para as obrigações de fazer, 
podendo, inclusive, atuar pela própria força, em caso de urgência, 
independentemente de autorização judicial. 
 
Descumprimento culposo das obrigações de não fazer: a sua tutela jurídica: 
 
 
“Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o 
pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de 
tutela pelo resultado prático equivalente. Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica 
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é 
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo”. 
 
 
RESUMO CIVIL – OBRIGAÇÕES np1 
 
RESPONSABILIDADE / TARTUCE 
 
VISÃO GERAL ESTRUTURAL: 
 
 Três elementos, a saber: a) existência de uma ação, comissiva ou omissiva, qualificada 
juridicamente, isto é, que se apresenta como ato ilícito ou lícito, pois ao lado da culpa como 
fundamento da responsabilidade civil há o risco; b) ocorrência de um dano moral ou 
patrimonial causado à vítima; c) nexo de causalidade entre o dano e a ação, o que constitui o 
fato gerador da responsabilidade. 
 
 Prevalece o entendimento pelo qual a culpa em sentido amplo ou genérico é sim elemento 
essencial da responsabilidade civil. 
 
Quatro pressupostos do dever de indenizar: 
 
 Conduta humana; 
 Culpa genérica ou lato sensu; 
 Nexo de causalidade; 
 Dano ou prejuízo. 
 
CONDUTA HUMANA COMO ELEMENTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 
 
Assim sendo, a conduta humana pode ser causada por uma ação (conduta positiva) ou omissão 
(conduta negativa) voluntária ou por negligência, imprudência ou imperícia. 
 
 
A CULPA GENÉRICA OU LATO SENSU: 
 
 Quando se fala em responsabilidade com ou sem culpa, deve-se levar em conta a culpa em 
sentido amplo ou a culpa genérica (culpa lato sensu), que engloba o dolo e a culpa estrita 
(stricto sensu). 
 
Do dolo: 
 
O dolo constitui uma violação intencional do dever jurídico com o objetivo de prejudicar outrem. 
 
 Assim, no que se refere à indenização, esta deve ser fixada de acordo com o grau de culpa 
dos envolvidos, ou seja, segundo a sua contribuição causal. 
 
Da culpa estrita ou stricto sensu: 
 
A culpa pode ser conceituada como o desrespeito a um dever preexistente, não havendo 
propriamente uma intenção de violar o dever jurídico, que acaba sendo violado por outro tipo de 
conduta. 
 
 Três elementos na caracterização da culpa: a) a conduta voluntária com resultado 
involuntário; b) a previsão ou previsibilidade; e c) a falta de cuidado, cautela, diligência e 
atenção. 
 Para o Direito Civil não importa se o autor agiu com dolo ou culpa, sendo a consequência 
inicial a mesma, qual seja a imputação do dever de reparação do dano ou indenização dos 
prejuízos. 
 Haverá obrigação de indenizar somente se houver culpa genérica do agente, sendo certo que 
o ônus de provar a existência de tal elemento cabe, em regra, ao autor da demanda. 
 O desrespeito à boa-fé objetiva pode gerar a responsabilidade pré-contratual, contratual e 
pós-contratual da parte que a violou. 
 
 
Mas qual seria a diferença prática entre a culpa presumida e a responsabilidade objetiva? 
 
 Tanto na culpa presumida como na responsabilidade objetiva inverte-se o ônus da prova, ou 
seja, o autor da ação não necessita provar a culpa do réu. Todavia, como diferença fulcral 
entre as categorias, na culpa presumida, hipótese de responsabilidade subjetiva, se o réu 
provar que não teve culpa, não responderá. Por seu turno, na responsabilidade objetiva essa 
comprovação não basta para excluir o dever de reparar do agente, que somente é afastado 
se comprovada uma das excludentes de nexo de causalidade. 
 
O NEXO DE CAUSALIDADE: 
 
 O nexo de causalidade ou nexo causal constitui o elemento imaterial ou virtual da 
responsabilidade civil, constituindo a relação de causa e efeito entre a conduta culposa ou o 
risco criado e o dano suportado por alguém. 
 Como é um elemento imaterial ou espiritual, pode-se imaginar que o nexo de causalidade é 
um cano virtual, que liga os elementos da conduta e do dano. 
 Na responsabilidade subjetiva o nexo de causalidade é formado pela culpa genérica ou lato 
sensu, que inclui o dolo e a culpa estrita. 
 Na responsabilidade objetiva o nexo de causalidade é formado pela conduta, cumulada com 
a previsão legal de responsabilização sem culpa ou pela atividade de risco. 
 
DANO OU PREJUÍZO: 
 
 Para que haja pagamento de indenização, além da prova de culpa ou dolo na conduta, é 
necessário, normalmente, comprovar o dano patrimonial ou extrapatrimonial suportado por 
alguém. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO CIVIL – OBRIGAÇÕES np1 
 
Obra de Roberto Gonçalves: 
 
Direito das coisas: 
 
 
 Coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com 
exclusão do homem. 
 Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo 
homem, sobre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. 
 
 Direitos reais e pessoais: 
 
 O direito real é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob 
certos respeitos (sob todos os respeitos, se é o domínio; sob certos respeitos, 
se é um direito real desmembrado do domínio, como a servidão), e a segue 
em poder de quem quer que a detenha. 
 
 O direito pessoal, por sua vez, consiste numa relação jurídica pela qual o 
sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui 
uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, o sujeito ativo, o 
sujeito passivo e a prestação. Os direitos reais têm, por outro lado, como 
elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito 
sobre a coisa, chamado domínio. 
 
 
 Princípios fundamentais dos direitos reais: 
 
 a) Princípio da aderência, especialização ou inerência: Estabelece um vínculo, uma relação 
de senhoria entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito 
passivo para existir. O aludido direito segue a coisa (jus persequendi), em poder de quem 
quer que ela se encontre. 
 
 b) Princípio do absolutismo: Osdireitos reais se exercem erga omnes, ou seja, contra todos, 
que devem abster-se de molestar o titular. Surge, daí, o direito de sequela ou jus 
persequendi, isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que 
esteja (ação real), Direito de sequela, segundo a lição de Orlando Gomes, “é o que tem o 
titular de direito real de seguir a coisa em poder de todo e qualquer detentor ou possuidor. 
Para significá-lo, em toda a sua intensidade, diz-se que o direito real adere à coisa como a 
lepra ao corpo (uti lepra cuti). Não importam usurpações; acompanhará sempre a coisa. 
 
 c) Princípio da publicidade ou da visibilidade: O registro e a tradição atuam como meios de 
publicidade da titularidade dos direitos reais. Os pessoais ou obrigacionais seguem o 
princípio do consensual ismo: aperfeiçoam-se com o acordo de vontades. Os direitos reais só 
se podem exercer contra todos se forem ostentados publicamente. 
 
 d) Princípio da taxatividade ou numerus clausus:Os direitos reais são criados pelo direito 
positivo por meio da técnica denominada numerus clausus. A lei os enumera de forma 
taxativa, não ensejando, assim, aplicação analógica da lei. O número dos direitos reais é, 
pois, limitado, taxativo, sendo assim considerados somente os elencados na lei (numerus 
clausus). 
 
 e) Princípio da tipicidade: Os direitos reais existem de acordo com os tipos legais. São 
definidos e enumerados determinados tipos pela norma, e só a estes correspondem os 
direitos reais, sendo, pois, seus modelos. Somente os direitos “constituídos configurados à 
luz dos tipos rígidos (modelos) consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como 
reais. Estes tipos são previstos pela lei de forma taxativa”. “Se há um numerus clausus, 
também há, necessariamente, uma tipologia de direitos reais. O numerus clausus implica 
sempre a existência de um catálogo, de uma delimitação de direitos reais existentes. 
 
 f) Princípio da perpetuidade: A propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo 
não uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropriação, usucapião, renúncia, 
abandono etc. Já os direitos obrigacionais pela sua natureza, são eminentemente 
transitórios. 
 
 g) Princípio da exclusividade: Não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a 
mesma coisa. 
 
 h) Princípio do desmembramento: Conquanto os direitos reais sobre coisas alheias tenham 
normalmente mais estabilidade do que os obrigacionais, são também transitórios, pois, como 
exposto, desmembram-se do direito-matriz, que é a propriedade. 
 
 
Figuras híbridas ou intermédias: 
 
 Obrigações propter rem, obrigações em consequência da coisa. Elas são ambulatórias, 
acompanham a coisa nas mãos de qualquer novo titular, de tal maneira que, se se vende um 
prédio, transfere-se para o adquirente a obrigação de entrar com sua metade das 
despesas do muro comum, assim como para ele também são transferidas todas as 
obrigações que estão compreendidas na vizinhança. 
 
Obrigações “propter rem”: 
 
 
 Obrigação propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito 
real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de 
detentor de determinada coisa. 
 
 São obrigações que surgem ex vi legis, atreladas a direitos reais, mas com eles não se 
confundem, em sua estruturação. Enquanto estes representam ius in re (direito sobre a 
coisa, ou na coisa), essas obrigações são concebidas como ius ad rem (direitos por causa da 
coisa, ou advindos da coisa). 
 
 
 Um direito misto, constituindo um tertium genus, por revelar a existência de direitos que 
não são puramente reais nem essencialmente obrigacionais. Tem características de direito 
obrigacional, por recair sobre uma pessoa que fica adstrita a satisfazer uma prestação, e de 
direito real, pois vincula sempre o titular da coisa. 
 
Obrigações com eficácia real: 
 
 Obrigações com eficácia real são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, 
transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Certas 
obrigações resultantes de contratos alcançam, por força de lei, a dimensão de direito real.

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