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Resumo de Serviço Social em tempo de Capital Fetiche - Marilda Villela Iamamotto.

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No primeiro ponto do segundo capitulo do livro “Serviço Social em tempo de capital Fetiche”, a autora disserta sobre quais são as particularidades da formação histórica brasileira e sobre a questão social. Assim, Iamamoto começava falando que estas desigualdades existentes durante todo o processo de desenvolvimento do Brasil, têm suas particularidades voltadas pelo viés da herança colonial e patrimonialista. Ou seja, em vez de se construir algo novo e moderno, o que ocorre é apenas uma atualização, o “novo” é criando sob bases arcaicas. Em outras palavras é isto que ocorre no contexto de mundialização do capital sob a forma de hegemonia financeira.
Desta forma, o país se insere na divisão internacional do trabalho, sendo considerado um país de economia “emergente”. A modernização conservadora foi utilizada pela ordem vigente para explicar incorporação, ou criação, destas relações sociais arcaicas nos setores de ponta na economia, estas sendo principalmente a peonagem, a escravidão por divida, a clandestinidade nas relações de trabalho e sua precarização dos direitos sociais e trabalhistas.
A transição do capitalismo competitivo para o monopolista se deu através de uma burguesia que exercia uma “democracia restrita”. Era restrita porque somente atendia aos membros das classes dominantes, que universalizam seus interesses pessoais como classe em nome dos interesses das classes subalternas, isto conforme o intermédio do Estado e dos seus organismos privados de hegemonia. Ocorria assim uma transformação capitalista que por conta dos acordos feitos entre as classes dominantes, juntamente com a exclusão das camadas subalternas e a utilização permanente dos aparelhos repressivos do Estado, começava a ocorrer no país, de forma elitista e antipopular.
 O Brasil deixava de ser a “democracia dos oligarcas” e agora passava a ser a “democracia do grande capital”, abrindo o mercado para as grandes corporações estrangeiras, que começam a atuar no país diretamente ou por meio de filiais. Essa internacionalização do mercado brasileiro, a partir do investimento do capital estrangeiro contribui para que o país ficasse mais moderno, elevou a taxa de urbanização e reforçou a complexa estrutura social existente.
Em síntese, no caso brasileiro, a expansão monopolista faz-se, mantendo, de um lado, a dominação imperialista e, de outro, a desigualdade interna do desenvolvimento da sociedade nacional. Ela aprofunda as disparidades econômicas, sociais e regionais, na medida em que favorece a concentração social, regional e racial de renda, prestigio e poder. Engendra uma forma típica de dominação politica, de cunho contra revolucionário, em que o Estado assume papel decisivo não só na unificação dos interesses das frações e classes burguesas, como na imposição e irradiação de seus interesses, valores e ideologias para o conjunto da sociedade. O Estado é capturado historicamente pelo bloco do poder, por meio da violência ou de cooptação de interesses. Perfila-se, em consequência, um divorcio crescente entre o Estado e as classes subalternas, ”em que o povo se sente estrangeiro em seu próprio país e emigra para dentro de si mesmo” apesar das formulas politico-jurídicas liberais estabelecidas nas constituições republicanas. (Iamamoto, 2010, p.132).
 As raízes da burguesia brasileira têm suas bases fundamentadas no poder oligárquico e a sua reformulação mediante a expansão dos interesses comerciais, financeiros e industriais. Essa expansão determinou uma diferenciação e reintegração do poder, a velha oligarquia agraria visando ainda se manter no bloco do poder, recompõe-se e moderniza-se economicamente, refaz alianças, e também busca influenciar as novas bases conservadoras da dominação burguesa. 
Historicamente, foi por conta da agricultura que ocorreu a grande acumulação de capital, tanto no âmbito do comercio quanto no da indústria, a dominação burguesa é marcada pelo selo do mundo rural, tendo os proprietários das terras como protagonistas. 
O Ideário liberal chega ao Brasil e é incorporado a Constituição de 1824, ocorre que os princípios liberalistas em suas origens foram definidos pela tradição escravista, como também pela sobrevivência das estruturas arcaicas de produção e pela dependência colonial nos quadros do sistema capitalista internacional. Ou seja, o liberalismo brasileiro nasceu tendo como base social as classes de extração rural e sua clientela. No inicio do século XX, tardiamente, a industrialização no Brasil começa a se consolidar. 
A burguesia adapta-se a industrialização, visando à consolidação da economia brasileira como uma economia de regulação monopolista, o que gera o agravando do desenvolvimento desigual interno e intensifica a dominação externa. A aliança do capital financeiro nacional e internacional, juntamente com o Estado, passa a conviver com os interesses oligárquicos e patrimoniais, que também se expressam nas politicas e diretrizes governamentais, imprimindo um ritmo lento à modernização capitalista da sociedade. 
A questão social fica cada vez mais refratária e agravada. A economia e o aparelho de Estado modernizam-se, entretanto, o desencontro entre a economia e a sociedade ainda é existente, isto porque as conquistas sociais e politicas ainda permanecem defasadas.
O trabalho encontra-se no centro da questão social: tanto as formas de trabalho, quanto a apologia do trabalho, ou seja, sua louvação ou beatificação expressa na “ética do trabalho”. Todavia, no pensamento social brasileiro (de Nina Barreto a Tobias Barreto), a questão social recebe diferentes explicações e denominações: “coletividades anormais”, “sociedade civil incapaz”, “povo amorfo”, sendo o tom predominante a suspeita que a vitima é culpada, e a pobreza, um “estado da natureza”. Essa tendência de naturalizar a questão social combina-se, no pensamento social brasileiro, com o assistencialismo e a repressão, em uma criminalização “cientifica” da questão social. (Iamamoto, 2010, p.140).
O projeto neoliberal surgiu tendo como função estimular o crescimento da economia, para deter a inflação, obter a deflação como condição de recuperação dos lucros, fez crescer o desemprego e a desigualdade social. Contanto, o projeto falha, isto porque não consegue atingir os fins econômicos para os quais surgiu. Porém, no plano politico-ideológico sai como sendo vitorioso, isto por ampliar as desigualdades sociais ao apostar no mercado como sendo a grande esfera reguladora das relações econômicas, o que dá aos indivíduos a responsabilidade de “se virarem no mercado”. 
Finalizando este primeiro ponto deste capítulo, a autora afirma que o discurso neoliberal atribui titulo de modernidade ao que se é na verdade o que há de mais conservador dentro da sociedade brasileira: a intenção de fazer do interesse privado a medida de todas as coisas, o que acaba obstruindo a esfera publica e a dimensão ética da vida social, através da recusa das responsabilidades e obrigações pertencentes ao Estado, o que traz grandes repercussões na luta por direitos e no cotidiano dos Assistentes Sociais.
No segundo ponto do mesmo capitulo, as discussões são feitas em torno a questão social no Brasil contemporâneo, mostrando que novas mediações históricas reconfiguraram a questão social no contexto da mundialização do capital. Ocorre uma expansão das desigualdades distribuídas territorialmente, assim como o distanciamento entre as rendas de trabalho e capital, isso no rendimento dos trabalhadores considerados qualificados e não qualificados.
Na relação entre Estado e Sociedade civil ocorrem drásticas mudanças guiadas pela lógica neoliberal, onde por meio da intervenção estatal conclama-se a necessidade de reduzir a ação do Estado para o atendimento das necessidades das grandes maiorias mediante a restrição de gastos sociais, em nome da chamada crise fiscal do estado. 
A conhecida e “velha questão social” metamorfoseia-se, tendo novas roupagens. As desigualdades e níveis de exploração aumentam drasticamente,juntamente com as insatisfações e resistências presentes nas lutas do dia-a-dia. Iamamoto coloca como sendo as principais expressões da questão social: o aumento significativo do desemprego e da pobreza, que agrava as desigualdades nos extratos socioeconômicos, de gênero e localização geográfica urbana e rural. 
Por ultimo, afirma que a questão social na contemporaneidade assume proporções de um desastre social. Entretanto, as múltiplas manifestações da questão social começam a ser objeto de ações filantrópicas, ou seja, a implementação passa a ser delegada a organismos privados da sociedade civil, conhecido como sendo o Terceiro Setor, que se expande a compra e venda de bens e outros serviços, sendo alvo de investimentos empresariais que avançam no campo das políticas públicas brasileiras.

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