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Anatomia Tammi Ráisla Tórax O tórax é a parte do tronco situada entre o pescoço e o abdome. É composto por uma caixa torácica, uma cavidade torácica e uma parede torácica. A caixa torácica inclui o esterno, 12 pares de costelas e cartilagens costais e 12 vértebras torácicas e discos intervertebrais. A cavidade torácica e sua parede têm o formato de um cone truncado; a parte superior é mais estreita e a circunferência aumenta inferiormente, alcançando o diâmetro máximo na junção com a parte abdominal do tronco; é dividida em três espaços principais: o compartimento central, ou mediastino, que aloja as vísceras torácicas, com exceção dos pulmões, e, de cada lado, as cavidades pulmonares direita e esquerda, que abrigam os pulmões. A maior parte da cavidade torácica é ocupada pelos pulmões. A maior parte restante é ocupada pelo coração e pelas estruturas associadas à condução do ar e do sangue que entram e saem dos pulmões. O esôfago, uma estrutura tubular que carreia nutrientes para o estômago, também atravessa a cavidade torácica. A parede da cavidade torácica inclui a caixa torácica, os músculos que se estendem entre as costelas, a pele, a tela subcutânea, os músculos e a fáscia que revestem sua face anterolateral. Funções da parede torácica: ✓ Proteger os órgãos internos torácicos e abdominais contra forças externas; ✓ Resistir às pressões internas negativas geradas pela retração elástica dos pulmões e pelos movimentos inspiratórios; ✓ Proporcionar a inserção para os membros superiores e sustentar seu peso; ✓ Proporcionar a inserção (origem) de muitos músculos; Esqueleto da parede torácica: O esqueleto torácico forma a caixa torácica osteocartilagínea. Consiste em: a) 12 pares de costelas e cartilagens costais associadas, b) 12 vértebras torácicas e os discos intervertebrais interpostos entre elas; c) Osso esterno. Costelas, cartilagens costais e espaços intercostais As costelas são ossos planos e curvos que formam a maior parte da caixa torácica. Cada costela tem um interior esponjoso contendo medula óssea (tecido hematopoiético), que forma as células do sangue. Há três tipos de costelas, que podem ser classificadas em típicas ou atípicas: 1. Costelas verdadeiras (vertebroesternais) (costelas I a VII): Inserem-se diretamente no esterno por meio de suas próprias cartilagens costais. 2. Costelas falsas (vertebrocondrais) (costelas VIII, IX e, geralmente, X): Suas cartilagens unem-se à cartilagem das costelas acima delas; portanto, a conexão com o esterno é indireta. 3. Costelas flutuantes (vertebrais, livres) (costelas XI, XII e, às vezes, a X): As cartilagens rudimentares dessas costelas não têm conexão, nem mesmo indireta, com o esterno; elas terminam na musculatura abdominal posterior. Anatomia Tammi Ráisla As costelas típicas (III a IX) têm os seguintes componentes: a) Cabeça da costela: cuneiforme e com duas faces articulares, separadas pela crista da cabeça da costela; uma face para articulação com a vértebra de mesmo número e outra face para a vértebra superior a ela. b) Colo da costela: une a cabeça da costela ao corpo no nível do tubérculo c) Tubérculo da costela: situado na junção do colo e do corpo; d) Corpo da costela (diáfise): fino, plano e curvo, principalmente no ângulo da costela, onde a costela faz uma curva anterolateral. Obs.: A costela I é a mais larga, mais curta e mais curva das sete costelas verdadeiras. Possui dois sulcos transversais na face superior para os vasos subclávios: sulco da A. subclávia e sulco da V. subclávia. As cartilagens costais prolongam as costelas anteriormente e contribuem para a elasticidade da parede torácica, garantindo inserção flexível para suas extremidades anteriores. a) As sete primeiras cartilagens apresentam inserção direta e independente ao esterno; b) As costelas VIII, IX e X articulam-se com as cartilagens costais imediatamente superiores a elas, formando uma margem costal cartilaginosa, articulada e contínua; c) As cartilagens costais das costelas XI e XII protegem as extremidades anteriores dessas costelas e não alcançam nem se inserem em outro osso ou cartilagem. Os espaços intercostais separam as costelas e suas cartilagens costais umas das outras. Existem 11 espaços intercostais e 11 nervos intercostais. O espaço abaixo da costela XII não se situa entre as costelas e, assim, é denominado espaço subcostal, e o ramo anterior do nervo espinal T12 é o nervo subcostal. Vértebras Torácicas Os aspectos característicos das vértebras torácicas incluem: a) Fóveas costais bilaterais (hemifóveas) nos corpos vertebrais, geralmente em pares, uma inferior e outra superior. Duas hemifóveas assim emparelhadas formam uma única cavidade para receber a cabeça da costela de mesmo número da vértebra inferior b) Fóveas costais dos processos transversos para articulação com os tubérculos das costelas. c) Processos espinhosos longos, com inclinação inferior. Os processos espinhosos que se projetam dos arcos de vértebras torácicas típicas são longos e inclinados inferiormente, em geral superpondo-se à vértebra situada abaixo. Eles cobrem os intervalos entre as lâminas de vértebras adjacentes, impedindo a penetração de objetos cortantes, como uma faca, no canal vertebral e a lesão da medula espinal. A vértebra T I tem forame vertebral e corpo de tamanho e formato semelhantes aos de uma vértebra cervical. As vértebras T II a T IX têm características típicas de vértebras torácicas. A vértebra T XII tem processos ósseos e tamanho do corpo semelhante a uma vértebra lombar. A sobreposição dos forames das vértebras forma o canal vertebral, por onde passa a medula espinal, por onde saem os nervos espinais. Os forames intervertebrais dão passagem aos nervos espinais que partem da medula espinal. Anatomia Tammi Ráisla Esterno O esterno é o osso plano e alongado que forma a região intermediária da parte anterior da caixa torácica. Tem três partes: manúbrio, corpo e processo xifoide. 1. Manúbrio do esterno: É um osso de formato aproximadamente trapezoide; é a parte mais larga e espessa do esterno. O centro côncavo, facilmente palpável, da margem superior do manúbrio é a incisura jugular. A incisura é aprofundada pelas extremidades esternais (mediais) das clavículas, que são muito maiores do que as incisuras claviculares relativamente pequenas no manúbrio que as recebem, formando as articulações esternoclaviculares (ligamento esternoclavicular) Inferiolateralmente à incisura clavicular, a cartilagem costal da costela I está firmemente inserida na margem lateral do manúbrio – a sincondrose da primeira costela, formando o ligamento esternocostal. 2. Corpo do esterno: É mais longo, mais estreito e mais fino do que o manúbrio, e está localizado no nível das vértebras T V a T IX. Sua largura varia por causa dos entalhes em suas margens laterais pelas incisuras costais. 3. Processo xifoide: É a menor e mais variável parte do esterno, é fino e alongado. Sua extremidade inferior situa-se no nível da vértebra T X. O processo xifoide é um ponto de referência importante no plano mediano porque: ✓ Sua junção com o corpo do esterno na articulação xifosternal indica o limite inferior da parte central da cavidade torácica; essa articulação; ✓ É o local do ângulo infraesternal (“ângulo subcostal”) da abertura inferior do tórax; ✓ É um marcador na linha mediana do limite superior do fígado, do centro tendíneo do diafragma e da margem inferior do coração. Aberturas do Tórax Embora a parede periférica da caixa torácica seja completa, existem aberturas nas partes superior e inferior. A abertura superior, muito menor, permite a comunicação com o pescoço e os membrossuperiores. As estruturas que passam entre a cavidade torácica e o pescoço através da abertura superior do tórax oblíqua e reniforme incluem traqueia, esôfago, nervos e vasos que suprem e drenam a cabeça, o pescoço e os membros superiores. Em virtude da obliquidade do 1º par de costelas, a abertura superior do tórax tem inclinação anteroinferior. Possui como limites: ✓ Posterior, a vértebra T I, cujo corpo salienta-se anteriormente na abertura; ✓ Lateral, o 1o par de costelas e suas cartilagens costais; ✓ Anterior, a margem superior do manúbrio do esterno. A abertura inferior, maior, forma a origem, de formato anular, do diafragma que fecha toda a abertura. Ao fechar a abertura inferior do tórax, o diafragma separa quase por completo as cavidades torácica e abdominal. As estruturas que passam do tórax para o abdome ou vice-versa atravessam aberturas no diafragma (p. ex., esôfago e veia cava inferior) ou passam posteriormente a ele (p. ex., aorta). Possui os seguintes limites: ✓ Posterior, a vértebra torácica XII, cujo corpo salienta-se anteriormente na abertura; ✓ Posterolateral, o 11o e o 12o pares de costelas; ✓ Anterolaterais, as cartilagens costais unidas das costelas VII a X, formando as margens costais; ✓ Anterior, a articulação xifosternal. Anatomia Tammi Ráisla Articulações da parede torácica • Articulações costovertebrais: a) Articulações das cabeças das costelas: a cabeça da costela articula-se com a fóvea costal superior da vértebra correspondente (de mesmo número), a fóvea costal inferior da vértebra superior a ela e o disco entre as duas vértebras. b) Articulações costotransversárias: é o ligamento entre o tubérculo da costela com o processo transverso da vértebra de mesmo número. • Articulações costocondrais: entre a extremidade lateral da cartilagem costal com a extremidade esternal da costela. • Articulações intercondrais: entre as cartilagens costais das costelas VI e VII, VII e VIII, e VIII e IX. • Articulações esternocostal: entre o esterno e as cartilagens costais. a) 1a: articulação cartilagínea primária (sincondrose); articulação das primeiras cartilagens costais com o manúbrio do esterno. b) 2a a 7a: articulação sinovial plana; articulação do 2o a 7o pares de cartilagens costais com o esterno. Músculos da parede torácica • Serrátil posterior superior: ação de propriocepção (eleva as costelas) • Serrátil posterior inferior: ação de propriocepção (eleva as costelas) O músculo serrátil posterior é descrito tradicionalmente como músculo inspiratório. Esses músculos, sobretudo o M. serrátil posterior superior, foram apontados como causa de dor crônica nas síndromes de dor miofascial. • Levantador da costela: eleva as costelas. • Intercostal externo: eleva as costelas durante a inspiração forçada. • Intercostal interno e intercostal íntimo: durante a respiração forçada, a parte interóssea abaixa as costelas e a parte intercondral eleva as costelas. Os músculos intercostais ocupam os espaços intercostais. A camada superficial é formada pelos músculos intercostais externos e a camada interna, pelos Mm. intercostais internos. As fibras mais profundas desses últimos estão situadas internamente aos vasos intercostais e nervos e, portanto, são designadas de forma um pouco artificial como um músculo separado, os intercostais íntimos. A função primária dos músculos intercostais na respiração é dar sustentação aos espaços intercostais, resistindo ao movimento paradoxal, sobretudo durante a inspiração, quando as pressões torácicas internas são mínimas. Obs.: Os músculos intercostais íntimos são separados dos intercostais internos pelos nervos e vasos intercostais. • Subcostal: provavelmente atuam da mesma forma que os músculos intercostais internos; insere-se superiormente na face interna das costelas inferiores perto de seus ângulos. Os músculos subcostais têm tamanho e formato variáveis; geralmente são bem desenvolvidos apenas na parede inferior do tórax. • Transverso do tórax: abaixa pouco as costelas; está na face posterior da parte inferior do esterno. A parte inferior do músculo transverso do tórax é contínua com o músculo transverso do abdome na parede anterolateral do corpo. Esse músculo parece ter função expiratória fraca e também fornece informações proprioceptivas. Anatomia Tammi Ráisla Nervos da parede torácica Os 12 pares de nervos espinais torácicos suprem a parede torácica. Assim que deixam os forames intervertebrais nos quais são formados, os nervos espinais torácicos mistos dividem-se em ramos anterior e posterior. Os ramos anteriores dos nervos T1–T11 formam os nervos intercostais que seguem ao longo dos espaços intercostais. O ramo anterior do nervo T12, que segue inferiormente à costela XII, é o nervo subcostal. Os ramos posteriores dos nervos espinais torácicos seguem em sentido posterior, imediatamente laterais aos processos articulares das vértebras, para suprir as articulações, os músculos profundos e a pele do dorso na região torácica. Nervos intercostais típicos: 3 a 6 nervos intercostais. Os ramos de um nervo intercostal típico são: a) Ramos comunicantes: unem cada nervo intercostal ao tronco simpático ipsilateral. As fibras pré-ganglionares deixam as partes iniciais do ramo anterior de cada nervo torácico (e lombar superior) por meio de um ramo comunicante branco e seguem até o tronco simpático. As fibras pós-ganglionares, distribuídas para a parede do corpo e para os membros, seguem dos gânglios do tronco simpático através de ramos cinzentos para se unirem ao ramo anterior do nervo espinal mais próximo, inclusive todos os nervos intercostais. b) Ramos colaterais: originam-se perto dos ângulos das costelas, descem e seguem ao longo da margem superior da costela inferior, ajudando a suprir os músculos intercostais e a pleura parietal. c) Ramos cutâneos laterais: que se originam perto da LAM perfuram os músculos intercostais internos e externos e dividem-se em ramos anteriores e posteriores. Esses ramos terminais inervam a pele da parede lateral do tórax e abdome d) Ramos cutâneos anteriores: perfuram os músculos e as membranas do espaço intercostal na linha paraesternal e dividem-se em ramos mediais e laterais. Esses ramos terminais inervam a pele na face anterior do tórax e abdome. e) Ramos musculares: suprem os músculos intercostal, subcostal, transverso do tórax, levantadores das costelas e serrátil posterior. Nervos intercostais atípicos: a) 1º nervo intercostal – pode participar também da inervação de estruturas do pescoço. b) 2º (e algumas vezes o 3º) nervo intercostal – dá origem a um grande ramo cutâneo lateral, o nervo intercostobraquial, que pode inervar estruturas dos membros superiores; c) 7º a 11º nervos intercostal – inervam também estruturas do abdome. Obs.: O nervo subcostal também inerva estruturas do abdome. Através de seu ramo posterior e dos ramos cutâneos lateral e anterior, do seu ramo anterior, a maioria dos nervos espinais torácicos (T2–T12) supre um dermátomo do tronco em faixa, que se estende da linha mediana posterior até a linha mediana anterior. O grupo de músculos supridos pelo ramo posterior e pelo ramo anterior (nervo intercostal) de cada par dos nervos torácicos constitui um miótomo. Anatomia Tammi Ráisla Artérias da Parede Torácica A irrigação arterial da parede torácica provém da: a) Parte torácica da aorta, através das artérias intercostais posteriores e subcostal – irrigação posterior e lateral. b) Artéria subclávia, através das artérias torácica interna e intercostal suprema c) Artéria axilar, através da artéria torácica superior e artéria torácica lateral (+ a. toracodorsal) As artériasintercostais posteriores: ✓ Dos 1º e 2º espaços intercostais originam-se da artéria intercostal suprema (“superior”), um ramo do tronco costocervical da artéria subclávia. ✓ Dos 3º a 11º espaços intercostais (e a artéria subcostal do espaço subcostal) originam-se posteriormente da parte torácica da aorta. A artéria torácica interna: ✓ Origina-se na base do pescoço, na face inferior da primeira parte da artéria subclávia. ✓ Desce até o tórax posteriormente à clavícula e à 1ª cartilagem costal. ✓ Após ultrapassar a 2ª cartilagem costal, a artéria torácica interna segue anteriormente ao músculo transverso do tórax. ✓ Dá origem diretamente às artérias intercostais anteriores, que suprem os seis espaços intercostais superiores. ✓ Termina no 6º espaço intercostal dividindo-se nas artérias epigástrica superior e musculofrênica. Veias da parede torácica Há 11 veias intercostais posteriores e uma veia subcostal de cada lado. As veias intercostais posteriores anastomosam-se com as veias intercostais anteriores (tributárias da veia torácica interna). A maioria das veias intercostais posteriores (4 a 11) termina no sistema venoso ázigo/hemiázigo, que conduz o sangue venoso até a veia cava superior (VCS). A veia ázigos drena lado direito da parede torácica, vísceras torácicas e parede abdominal posterior e é formada pela junção da: ✓ Veia hemiázigo (veia subcostal esquerda, veia lombar ascendente esquerda, veias intercostais posteriores esquerdas, esofágicas, mediastinais e às vezes a veia hemiázigo acessória); drena lado esquerdo da parte inferior da parede torácica, vísceras torácicas e parede abdominal posterior esquerda. ✓ Veia hemiázigo acessória (junção das veias intercostais posteriores esquerdas); drena lado esquerdo da parte superior da parede torácica e vísceras torácicas. ✓ Veia subcostal direita ✓ Veia lombar ascendente direita. ✓ Veias intercostais posteriores direitas; ✓ Veias esofágicas, mediastinais; pericárdicas; bronquiais. A veia intercostal superior esquerda faz a união da 2º e 3º veias intercostais posteriores e geralmente drena para a veia braquiocefálica esquerda. A veia intercostal suprema esquerda é a continuação da veia intercostal posterior esquerda do 1º EICE e drena para a veia braquiocefálica esquerda. Obs.: Lembrar da veia toracoepigástrica.
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