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Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 1de 8 Antidepressivos e estabilizadores do humor Depressão: doença causada pela redução na transmissão dos impulsos nervosos em áreas do cérebro que regulam o humor e o comportamento, por uma anormalidade na liberação de neurotransmissores monoaminérgicos, especialmente norepinefrina, dopamina e serotonina, relacionados com as sensações de satisfação, prazer, vitalidade, interesse, emoção e alegria. Sintomas mais comuns da depressão: • Emocionais/psicológicos - desânimo, ansiedade, perda de motivação, interesse e prazer, sentimento de culpa, inadequação e feiúra, idéias suicidas, aflição, pessimismo, indecisão, baixa auto-estima, apatia, dificuldade de concentração, aprendizado e memória. • Físicos/biológicos - agitação, mudança de peso, dores musculares, perda de energia, retardo de pensamento, alterações do sono, perda de libido e de apetite. A depressão pode ser a própria doença ou um sintoma de outras doenças como ansiedade, transtorno obsessivo compulssivo, síndrome do pânico, fobias, transtorno bibolar do humor, transtorno pós-traumático, esquizofrenia, bulimia e outras desordens alimentares, obesidade, magreza extrema, câncer, doenças cardiovasculares, doenças que produzem dor aguda ou crônica, entre outros. A depressão pode surgir expontaneamente ou ser deflagrada por algum evento, como morte da família, perda de emprego, rompimento de relação, violência, etc. Dopamina (diidroxifeniletilamina): No sistema nervoso central a dopamina exerce importante papel no comportamento motivado por recompensa, mediando o desejo e a motivação, relacionando-se com o humor, a motivação, à vigília, ao aprendizado e à sensação de recompensa, satisfação e prazer. Neurônios dopaminérgicos também se relacionam com o movimento, funções cognitivas, memória, planejamento de comportamento e pensamento abstrato, e reações emocionais, especialmente em situações de estresse. Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 2de 8 Norepinefrina (noradrenalina): No sistema nervoso central sua ação é excitatória. Durante o sono é pouco liberada mas em vigilia passa a ser liberada em maior quantidade e sua concentração aumenta drasticamente nos eventos estressantes ou perigosos produzindo efeitos como aumento da atenção, motivação, vigilância e da capacidade de criação e evocação da memória, além disso, produz sensação de recompensa e prazer. Serotonina (5-hidroxitriptofano ou 5HT): No sistema nervoso central é um neurotransmissor relacionado a sensações prazerosas de bem estar e felicidade, mas também influencia o humor e a agressividade, a temperatura do corpo, sono/vigília, regulação do apetite, entre outros. A redução nos níveis de serotonina também se relacionam com episódios de obsessão e compulsão. Todos esses neurotransmissores são provenientes de aminoácidos que são obtidos por meio dos alimentos, por exemplo, noradrenalina e dopamina podem ser sintetizadas a partir de tirosina, tiramina e fenilalanina, e a serotonina pode ser sintetizada a partir do triptofano. • Todo antidepressivo atua aumentando as concentrações das monoaminas dopamina, noradrenalina e/ou serotonina nas fendas sinápticas. • Fármacos são ineficazes em cerca de 30% dos casos de depressão. • Placebo é eficaz em até metade dos pacientes deprimidos, sobretudo aqueles com depressão mais leve. • Tratamento farmacológico associado a tratamento psicológico apresenta maior chance de sucesso terapêutico. • Todo antidepressivo pode aumentar o risco de suicídio, sobretudo no início do tratamento medicamentoso (principalmente nas 3 primeiras semanas iniciais) e durante a fase de retirada do psicofármaco. O desmame gradual minimiza esse efeito. • Drogas utilizadas na terapia da depressão maior também são utilizados no transtorno obsessivo compulsivo (TOC), no Transtorno de Defcit de Atenção (TDA) na síndrome do pânico (SP) e no transtorno bipolar do humor (TBH), compulsões alimentares, ansiedade, abstinência do tabaco e outras drogas, cefaléias, enxaquecas, entre outros. Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 3de 8 Classes farmacológicas principais: • inibidores da monoamina oxidase (IMAO) • antidepressivos triciclicos (ADT) • inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) • antidepressivos atípicos Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 4de 8 Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) - bloqueiam a enzima monoamina oxidase, que metaboliza monoaminas como a noradrenalina, a dopamina e a serotonina. Aumentam a meia-vida desses neurotransmissores, elevando suas concentrações na fenda sináptica, promovendo o estímulo dos respectivos receptores. Ex. Tranilcipromina, Fenelzina, Iproniazida, Isocarboxazida, Harmalina, Nialamida, Pargilina, Selegilina, Toloxatona, Moclobemida, Brofaromina, Pirlindol. A ingestão de elevadas quantidades de alimentos que contenham tiramina, tirosina, fenilalanina ou triptofano (precursores de monoaminas), como queijos curados (amarelos), arenques, chocolate, molho de soja, abacate, banana, queijo cottage e ricota, creme de leite, figo, vinho branco e xerez, e muitos outros alimentos, podem causar crises hipertensivas, dores de cabeça e até hemorragias cerebrais. Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 5de 8 Antidepressivos triciclicos (ADT) - Inibem a recaptação das monoaminas: serotonina, noradrenalina e dopamina. Aumentam a meia-vida desses neurotransmissores na fenda sináptica, promovendo maior estímulo dos respectivos receptores. Ex. Amitriptilina, amoxapina, butriptilina, trimipramina, imipramina, Clomipramina, Desipramina, Nortriptilina e Doxepina. Obs. Aumentam fortemente os efeitos do etanol, podendo resultar em morte por parada respiratória. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) - Inibem a recaptação da serotonina. Aumentam a meia-vida desse neurotransmissor na fenda sináptica, promovendo maior estímulo dos respectivos receptores. Ex. fluoxetina, paroxetina, sertralina, dapoxetina, citalopram, escitalopram e fluvoxamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Amitriptilina http://pt.wikipedia.org/wiki/Clomipramina http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Desipramina&action=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Nortriptilina http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Doxepina&action=edit Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 6de 8 Antidepressivos Atípicos - Antidepressivos que não se caracterizam como os anteriores, ou por não possuirem mesma estrutura química, ou por atuarem de forma diferente: • inibidores da recaptação de dopamina (ISRD): (amineptina, fenmetrazina e vanoxerina), • inibidores da recaptação da noradrenalina e da serotonina: (duloxetina, milnaciprano, nefazodona. trazodona), • inibidores da recaptação das monoaminas (IRMA) não tricíclicos: (venlafaxina, bupropiona, maprotilina, mianserina e mirtazapina). • inibidores da recaptação de noradrenalina (ISRN): (reboxetina, atomoxetina). Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 7de 8 Estabilizadores (ou equilibradores) do humor: São substâncias utilizadas no tratamento do transtorno afetivo bipolar e nos episódios de mania. No transtorno bipolar os pacientes alternam períodos de bom humor e euforia com períodos de extrema irritação ou depressão. As "oscilações de humor" entre as fases podem ser muito rápidas e ocorrer com muita frequência de um dia pro outro, ouserem graduais e durarem até 6 meses cada. Durante um episódio de mania, o paciente pode: • ficar vários dias sem sono, • ter capacidades de discernimento e de atenção diminuídas, • ter descontrole no temperamento, agressividade, impulsividade, irritação, agitação, compulsão alimentar, • usar excessivamente drogas, incluindo o álcool, • apresentar promiscuidade e excesso de parceiros sexuais, • cometer gastos excessivos, • apresentar hiperatividade e pensamentos acelerados, • falar excessivamente, • apresentar autoestima muito elevada com aumento irreal na percepção de suas habilidades e de seu valor. Transtorno bipolar do tipo 1: é aquele em que o paciente apresenta episódios de mania e períodos de depressão, por isso, no passado, era chamado de psicose maníaca depressiva. Transtorno bipolar do tipo 2: o paciente não apresenta episódios maníacos, mas períodos de níveis elevados de energia e impulsividade (hipomania), alternados com episódios de depressão. Obs. Existe uma forma mais leve de transtorno bipolar chamada ciclotimia, que envolve oscilações de humor menos severas, com hipomania e depressão leve, o que pode levar a erros de diagnostico. Princípios ativos principais: o Lítio, a Carbamazepina e o Ácido Valpróico. Além desses, novas substâncias têm demonstrado algum efeito estabilizador, tais como o divalproato de sódio, a oxicarbazepina,o topiramato, e a lamotrigina. Com exceção do lítio, todos os outros estabilizadores são anticonvulsivantes (e foram abordados na aula sobre esse tema). Terapêutica Medicamentosa – antidepressivos.doc - Prof. Américo Focesi Pelicioni – 7/5/2019 pág 8de 8 Sais de Lítio - foram Inicialmente classificados como antipsicóticos, mas atualmente são utilizados por seus efeitos reguladores de humor, principalmente no estado maníaco e secundariamente no estado depressivo. Ex. carbonato de lítium (Carbolitium®) O mecanismo de ação do lítio é complexo e não há consenso, mas acredita-se que por ser um íon monovalente positivo, como o sódio e o potássio, ele interfere no potencial de ação e no potencial de repouso dos neurônios, além de interferir na entrada de cálcio intracelular. Seus efeitos levam à redução nos níveis de glutamato e no aumento nos níveis de GABA. Obs. Em níveis elevados o lítio é bastante tóxico e requer atenção clínica imediata, principalmente quando o paciente apresenta náusea, tontura, enjôos, diarréia e tremores nas mãos. É recomendado o monitoramento dos níveis séricos dessa substância, a fim de evitar intoxicação. A administração prolongada de lítio pode causar danos à tireóide e aos rins, exigindo monitoração periódica das funções desses órgãos.
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