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1 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary TRABALHOS PEQUENOS ANIMAIS PEQUENOS ANIMAIS - 180 TRABALHOS APROVADOS ANESTESIOLOGIA 3 BEM ESTAR ANIMAL 7 CARDIOLOGIA 7 CIRURGIA 25 CLÍNICA GERAL 23 COMPORTAMENTO ANIMAL 2 DERMATOLOGIA 5 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 3 ENDOCRINOLOGIA 3 FISIOTERAPIA E REABILITAÇÃO 2 GASTROENTEROLOGIA 1 INFECTOLOGIA 5 MEDICINA FELINA 7 NEFROLOGIA 3 ODONTOLOGIA 5 OFTALMOLOGIA 9 ONCOLOGIA 32 ORTOPEDIA 6 PARASITOLOGIA 12 PATOLOGIA CLÍNICA 13 REPRODUÇÃO 7 2 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary 1. ADENOCARCINOMA DE GLÂNDULA BRONQUIOLAR EM UM GATO JULIANA SOUSA TERADA NASCIMENTO1, ARTHUR ANTUNES NASCIMENTO COSTA1, SANDRO DE VARGAS SCHONS1,TALITA OLIVEIRA MENDONÇA1,ÉLIDA HENLE RODRIGUES1, THIAGO VAZ LOPES2 1Universidade Federal de Rondônia (UNIR), 2Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA) RESUMO: Este trabalho relata um caso de adenocarcinoma de glândulas bronquiolar em um gato macho, da raça Bengal, com quatro meses (04) de idade. O diagnóstico foi realizado através dos achados macroscópicos e histopatológicos caracterizados por proliferação nodular de células neoplásicas, organizadas em estruturas acinar ou em ninhos, envolvidos por um delicado estroma fibrovascular, lembrando a estrutura das glândulas bronquiolares. INTRODUÇÃO: As neoplasias pulmonares primárias são incomuns na espécie canina, e de ocorrência ainda menor nos felinos (Fox et al., 2004). Atualmente, nota-se um aumento em sua incidência, possivelmente devido a fatores como a maior longevidade dos animais, aumento da exposição à carcinógenos ambientais, ou a disponibilidade de ferramentas diagnósticas mais sensíveis (Risseto et al., 2008). Em gatos, tais neoplasias tem uma prevalência baixa, em torno de 0,5% dos tumores diagnósticados, entretanto os pulmões são os principais locais de metástases (Morris et al., 2007). Clinicamente, estas neoplasias causam sinais clínicos discretos como, secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta, espirros, dispneia, secreção ocular, mudança de comportamento e ataxia, e com a disseminação do tumor os sinais ficam mais intensos, levando a morte (Meuten, 2002). Em humanos, as neoplasias pulmonares são as mais comuns, e também a principal causa de morte por neoplasias malignas, sendo que sua ocorrência está intrinsecamente relacionada ao uso de tabaco (Parkin et al., 2001). Este trabalho tem por objetivo relatar um caso de adenocarcinoma de glândulas bronquiolar em um gato com quatro meses (04) de idade. DESCRIÇÃO DO RELATO: Fragmentos de vísceras, coletados durante o procedimento de necropsia foram encaminhados ao laboratório de histopatologia. De acordo com histórico clínico, um gato de 4 meses de idade, macho, da raça Bengal, 3 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary apresentou diarreia, tosse, dificuldade respiratória severa, estertores pulmonares, respiração abdominal, dor, secreção nasal sanguinolenta, aumento do volume abdominal e morte. De acordo com o veterinário, os principais achados de necropsia estavam relacionados ao sistema respiratório e hepático. Os pulmões apresentavam congestos e edematosos com grande quantidade de secreção sanguinolenta na traquéia. Múltiplos nódulos de coloração acinzentada, de diversos tamanhos foram observados na periferia do pulmão, próximo a pleura visceral. No fígado foram observada dilatação dos ductos biliares extra- hepáticos próximos a vesícula biliar. Os fragmentos de vísceras foram fixadas em formalina tamponada a 10% por 72 horas e posteriormente cortados com tamanho de 1 cm2 por 0,5 cm de espessura, posteriormente, desidratados, microtomizados em 5 µm de espessura e corados com hematoxilina e eosina. No exame histopatológico dos pulmões, observou- se múltiplos áreas de proliferação nodular de células neoplásicas, organizadas em estruturas acinar ou em ninhos, envolvidos por um delicado estroma fibrovascular, lembrando a estrutura das glândulas bronquiolares. As células neoplásicas eram predominantemente prismáticas a colunares alta, com moderado polimorfismo, núcleo pouco corado e nucléolo central. O diagnóstico de adenocarcinoma de glândulas bronquiais foi realizado através do histórico clínico e dos achados macroscópicos e histológicos. DISCUSSÃO: Clinicamente, as neoplasias primárias de origem pulmonar são assintomáticas, em aproximadamente 25% dos cães e o diagnóstico somente é realizado em exames radiográficos de rotina ou na investigação de outras enfermidades (Sales et al.,2005; Carothers e Alvarez, 2006). Entretanto, neste caso os sinais clínicos tiveram aparecimento repentino e grave, com um curso clínico de poucos dias e morte. Os Adenocarcinomas pulmonares pode ser simples ou múltiplos e de vários tamanhos. De acordo com os padrões macroscópicos e radiográficos os adenocarcinomas podem ser classificados em cinco distintos padrões: periférico, central ou endobronquial, difuso, pleural (Carcinoma pseudomesotheliomatous) e localizado na porção apical do pulmão (Travis et al., 2004). A partir das lesões macroscópicas observadas na periferia dos pulmões e os achados histologicos, caracterizados por células neoplásicas arranjadas em acinos na submucosa dos brônquios foi diagnosticado como adenocarcinoma de glândulas bronquiais. Em felinos, o adenocarcinoma de glândula bronquiolar são raros, além de ocorrer em 4 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary animais jovens (Moulton, 1990). Não foi possível estabelecer a causa da neoplasia, bem como se a origem foi embrionária. CONCLUSÃO: O prognóstico de neoplasias pulmonares é extremamente desfavóravel, por ser um órgão vital e de caráter invasivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FOX, L.E.; KING, R.R.; Cancers of the Respiratory System. in Morrison WB, editor. Cancer in dogs and cats. Baltimore: Williams and Wilkins, 2004. p.497-512. RISSETTO, K.C.; LUCAS, P.; FAN. T.M. An update on diagnosing and treating primary lung tumors. Veterinary Medicine, março,, 2008. p.154-169. MORRIS, J.; DOBSON, J. Oncologia em Pequenos Animais. São Paulo, Roca, 2007. MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. in John Wiley Professio, editor. 2002. p. 368. MOULTON, J.E. Tumors of Bone and Cartilage. Tumors in domestic animals. 3.ed. London,1990. p. 157-201. PARKIN, D.M.; BRAY, F.; FERLAY, J.; PISANI, P. Estimating the world cancer burden: Globocan 2000. Int J Cancer. 2001 Oct 15;94(2):153-6. TRAVIS, W.D.; BRAMBILLA, E.; HERMELINK,H.K.; HARRIS,C.C. Pathology and genetics of tumours of the Lung, Pleura,thymus and heart.World Health Organization Classification of Tumours. 2004. 2. ADENOMA HEPATOCELULAR EM CÃO – RELATO DE CASO GESSIANE PEREIRA DA SILVA¹, ADRIANA MACIEL DE CASTRO CARDOSO¹, BRENO COSTA DE MACEDO¹, LAURA JAMILLE ARGOLO PAREDES¹, PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO¹, WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA¹ ¹Universidade Federal Rural da Amazônia RESUMO: As neoplasias hepáticas primárias são infrequentes em cães sendo o adenoma hepatocelular uma das neoplasias mais raras observadas neste órgão. Considerando a baixa incidência desta neoplasia em cães, o presente trabalho visa relatar um caso de adenoma hepatocelular em uma cadela da raça Shar Pei, encaminhado ao laboratório de patologia animal com diagnostico de massa intra-abdominal. O exame necroscópico revelou massa de origem hepática ocupandoaproximadamente 33% da cavidade abdominal e uma segunda massa menor no lobo medial direito 5 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary do fígado. O exame histopatológico revelou neoformação constituída por hepatócitos morfologicamente isomórficos, formando densos aglomerados trabeculares e alguns pequenos ninhos com perda do padrão lobular do parênquima e tratos portais raros. Com base nos achados macro e microscópicos estabeleceu-se o diagnóstico de adenoma hepatocelular. INTRODUÇÃO: Os tumores hepáticos primários são raros em cães representando entre 0.6 e 1.3 % de todas as neoplasias que ocorrem nesta espécie (Buritica et al., 2009). Estes podem ter origem epitelial nos hepatócitos e células dos ductos biliares ou nas células mesenquimais de sustentação (Ledur et al., 2014). Devido aos inúmeros processos que envolvem este órgão, diversas anormalidades clínicas e laboratoriais podem ser associadas a patologias hepáticas, tais como processos neoplásicos (Velasque, 2010). O diagnóstico destes se dá através de exames bioquímicos, de imagem e biópsia, no entanto, a confirmação ocorre geralmente na necropsia devido aos sintomas inespecíficos (Ledur et al., 2014). O adenoma hepatocelular (hepatoma) é um tumor raro em cães de origem epitelial formado a partir de hepatócitos, em geral caracterizado como uma massa esférica, única ou múltipla, não encapsuladas medindo entre 2 e 8 cm de diâmetro (Meuten, 2002). É caracterizado histologicamente por hepatócitos bem diferenciados, os quais formam placas uniformes, que podem ter de duas a três células de espessura com tratos portais raros ou ausentes (McGavin e Zachary, 2013). Tendo em vista a crescente importância das neoplasias na medicina veterinária, assim como a baixa ocorrência de neoplasias hepáticas primarias em cães, o presente trabalho objetiva relatar um caso de adenoma hepatocelular em um canino. RELATO DO CASO: O corpo de uma cadela da raça Shar Pei foi enviado ao laboratório de patologia animal para realização de exame necroscópico com diagnóstico de massa intra-abdominal. O exame necroscópico do animal revelou massa de origem hepática, ocupando a maior parte do antímero abdominal esquerdo, deslocando as demais vísceras. A massa apresentava superfície irregular e áreas de aderência ao omento. O exame do fígado revelou no lobo lateral esquerdo notável processo de neoformação, com grande irregularidade devido múltiplas depressões e nodulações, algumas fasciculares medindo 21 cm de comprimento por 16 cm em sua maior 6 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary largura. Áreas nodulares mais claras foram observadas sobre a massa, descrevendo ainda no bordo lateral do lobo neoplásico área cística medindo 8,8 x 2,7 cm. Um segundo nódulo de coloração esbranquiçada, mal delimitado, sobressaindo a superfície do órgão, de superfície irregular e medindo 4,5 x 3,0 cm foi observado no lobo medial direito. Histologicamente a amostra de fígado apresentou neoformação formada por hepatócitos morfologicamente isomórficos, formando densos aglomerados trabeculares e alguns pequenos ninhos, com presença de vacúolos únicos, bem regulares no citoplasma de numerosos hepatócitos. Observou-se ainda perda do padrão lobular do parênquima com tratos portais raros e áreas com tecido conjuntivo bem desenvolvido substituindo o tecido neoplásico. Com base nas alterações microscópicas estabeleceu-se o diagnóstico de adenoma hepático. DISCUSSÃO: Paya (2010) em um estudo retrospectivo analisou a prevalência de neoplasias hepáticas em cães na Colômbia em um período de 32 anos totalizando 71 casos de neoplasias, sendo destas apenas 36,6% (26) primarias de fígado, com um único caso de adenoma hepatocelular em um São Bernardo, macho e idoso. MacGavin e Zachary (2013) atribuem como um dos fatores para a baixa incidência desta neoplasia em cães a dificuldade do diagnostico preciso devido as similaridades entre esta neoplasia e a hiperplasia hepatocelular nodular sendo o principal diferencial histológico entre estas enfermidades a perda da arquitetura lobular com raros tratos portais observada no adenoma hepatocelular, corroborando com o observado no presente caso. Macroscopicamente os adenomas hepatocelulares são caracterizados como massas esféricas não encapsuladas únicas ou múltiplas medindo geralmente de 2 a 8 cm de diâmetro (Meuten, 2002), no entanto há relato de que possa atingir até 15 cm de diâmetro (Kelly, 1993). No presente caso identificou-se duas massas, a maior destas substituindo o lobo lateral esquerdo medindo 21 cm de comprimento por 16 cm de largura não havendo relatos na literatura de adenomas hepáticos em cães com tais proporções. CONCLUSÃO: Com base no exame anatomopatológico estabeleceu-se o diagnostico de um adenoma hepático de proporções atípicas constituindo este um achado raro em cães. 7 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary REFERÊNCIAS: BURITICA, E. G., BARBOSA, X. S.; ECHEVERRY, D. B. carcinoma hepatocelular canino: reporte de un caso. Rev.MVZ Cordoba. 2009, vol.14, n.2, pp. 1756-1761. 2009. KELLY, W.R. The liver and biliary system. In: JUBB, K.F.V.; KENNEDY,P.C.; PALMER, N. Pathology of domestic animals. 4ed. San Diego: Academic, 1993 v. p. 319-406. LEDUR, G. R.; MATESCO, V. C.; COSTA, F. V. A.; et al. Carcinoma colangiocelular em gato. Acta Scientiae Veterinariae, n. 1, v. 42, p. 57, 2014. McGAVIN, M. D.; ZACHARY, J. F. Bases da patologia em veterinária. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier. p. 498-503, 2013. Meuten, D. J. Tumors in domestic animals. 4 ed. Ames : Iowa State, 2002. p. 483-508. PAYA, G.L. Estudio retrospectivo de las neoplasias hepáticas en caninos en el laboratorio de patología veterinaria de la Universidad Nacional de Colombia entre los años 1975 y 2007. 2010, Bogota, 68f. Monografia. (Especialidad en anatomopatología veterinária), Universidad Nacional de Colombia. SILVA, F. A. Hepatocarcinoma canino: relato de caso. 2008. Recife, 38f. Monografia (Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais). Universidade Federal Rural do Semi-Árido. VELASQUE, A. G. Colangiocarcinoma hepático em cães 2010. Porto Alegre, 41f. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3.ADENOMA ORBITAL DE ORIGEM DA GLÂNDULA LACRIMAL EM UM CANINO – RELATO DE CASO LIANNA GHISI GOMES1, THAÍS RUIZ1, GABRIELA MORAIS MADRUGA1, PAULO ROBERTO SPILLER1, SAMARA ROSOLEM LIMA1, ALEXANDRE PINTO RIBEIRO2 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias; Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ); Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) 2 Departamento de Clínica Veterinária; FAMEVZ - UFMT 8 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary RESUMO: Este relato objetivou reportar um caso de adenoma orbital de origem da glândula lacrimal, em uma cadela, sem raça definida. Após exenteração, a massa tinha aspecto multilobular, friável. Na histologia, acínos distendidos, sem ductos, pouca mitose. Apesar da alta taxa de recorrência, a paciente até os 270 dias pós-operatório não apresentou recidiva. INTRODUÇÃO: Em cães, as neoplasias orbitais são incomuns, e geralmente primárias e malignas (Labelle e Labelle, 2013). Headrick et al. (2004) descreveram casos de adenoma orbital lobular, um tumor multilobuladooriginário das glândulas lacrimais ou salivares, porém com ausência de ductos. Apesar de benigna, o prognóstico para essa neoplasia é reservado pela alta taxa de recidiva, e a exenteração é indicada. Este relato objetivou descrever um caso de adenoma retrobulbar de suposta origem da glândula lacrimal em uma cadela sem raça definida. DESCRIÇÃO DO RELATO: Uma cadela, 14 anos, sem raça definida, foi atendida sob queixa de exoftalmia progressiva do bulbo ocular esquerdo. Na avaliação oftálmica, constatou-se pressão intraocular normal, hiperemia conjuntival leve, esclerose nuclear, ausência de edema corneal. Na ultrassonografia, evidenciou-se massa ecogênica em região retrobulbar ventro-temporal, sem alterações intraoculares. Optou-se então, pela exenteração. 9 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Macroscopicamente, a massa apresentava 3x2x1,3 cm, friável, coloração amarelada, multilobulada. Microscopicamente, observou-se células neoplásicas com núcleo hipercorado, oval, concêntrico e cromatina puntiforme, nucléolo pequeno. Baixa taxa de mitose. Citoplasma basofílico, abundante, arredondado e com bordos poucos definidos. Pleomorfismo evidente. Notou-se também proliferação de células que se organizam formando ductos entremeados por abundante estroma conjuntivo. Observa-se ainda múltiplos acínos levemente distendidos e preenchidos com material eosinofílico. Sendo o diagnóstico de adenoma de suposta origem da glândula lacrimal. A paciente teve acompanhamento pós-operatório de 270 dias, sem sinais de recidiva. DISCUSSÃO: Os achados clínicos e histopatológicos corroboram com a síndrome descrita por Headrick et al. (2004). Pela apresentação ventro-temporal da massa neste caso, colorações específicas e/ou imunihistoquímica permitiriam uma diferenciação entre glândula lacrimal e salivar (Hirayama et al., 2000), entretanto, a glândula zigomática não se apresentava aumentada. Em função do prognóstico reservado a ruim desse tipo neoplásico, a exenteração foi importante para minimizar recidivas, como reportado por Headrick et al. (2004). CONCLUSÃO: Portanto, neoplasias de origem da glândula lacrimal devem ser incluídas no diagnóstico diferencial de massa orbitais. A ultrassonografia auxiliou na localização da lesão. E, a exenteração foi eficaz no tratamento e prevenção de recidivas, neste caso. REFERÊNCIAS: Headrick, J.F.; Bentley, E.; Dubielzig, R.R. Canine lobular orbital adenoma: a report of 15 cases with distinctive features. Veterinary Ophthalmology, v.7, p.47–51, 2004. 10 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Hirayama K, Kagawa Y, Tsuzuki K et al. A pleomorphic adenoma of the lacrimal gland in a dog. Veterinary Pathology, v. 37, p. 353–356, 2000. Labelle, A.L. and Labelle, P. Canine ocular neoplasia: a review. Veterinary Ophthalmology, v.16, p. 3–14, 2013. 4. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS EM CÃES INFECTADOS POR Leptospira spp. – Relato De Caso RAPHAEL DE OLIVEIRA MENDONÇA1, DOUGLAS LUÍS VIEIRA1, LUCIANA LAITANO DIAS DE CASTRO1, SÂMEA FERNANDES JOAQUIM2, GIULIA SOARES LATOSINSKI2, MARCELO BELTRÃO MOLENTO1 1 Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Doenças Parasitárias 2 Universidade Estadual Paulista, Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública RESUMO: A leptospirose é uma importante zoonose, sendo o cão uma das principais fontes de transmissão dessa enfermidade para o homem. O objetivo desse trabalho foi relatar alterações hematológicas e bioquímicas em cães naturalmente infectados com Leptospira spp. Três cães foram diagnosticados positivos através de sorologia para os sorovares Icterohaemorrhagiae, Cynopteri e um deles com reação cruzada para Icterohaemorrhagiae e Copenhageni. As alterações mais relevantes encontradas foram a leucocitose por neutrofilia, anemia e trombocitopenia, além de alterações bioquímicas hepáticas e renais. As alterações encontradas em hemograma e bioquímica sérica não são específicas para leptospirose, mas podem auxiliar o clínico na suspeita da doença e no prognóstico do paciente. INTRODUÇÃO: Em áreas urbanas, os cães são uma importante fonte de transmissão da leptospirose aos humanos (Batista et al., 2004). Além de atuarem como sentinelas, os cães podem indicar contaminação ambiental por novos sorovares de Leptospira (Ghneim et. al., 2007). O objetivo do presente trabalho foi relatar alterações hematológicas e bioquímicas em cães soro reagentes para Leptospira. DESCRIÇÃO DO CASO: Três cães foram atendidos com suspeita de leptospirose durante o ano de 2014 em uma clínica veterinária particular na cidade de Curitiba, Paraná. 11 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Todos os cães são machos, sem raça definida, com idade entre 1 e 8 anos e histórico de contato com roedores. No exame clínico os animais apresentavam mucosas ictéricas, vômito, desidratação, prostração e inapetência. Um dos animais apresentava hematoquesia e uma extensa área de necrose na região anterior da língua. Foram coletadas amostras de sangue e soro dos três animais para realização de hemograma e bioquímico além da técnica de soroaglutinação microscópica (SAM) para pesquisa de anticorpos contra Leptospira spp. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os três cães foram positivos para Leptospira na SAM, o animal 1 apresentou título de 1:200 para o sorovar Icterohaemorrhagiae, o animal 2 apresentou de 1:100 para Cynopteri; e na amostra do animal 3 ocorreu reação cruzada com os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni com título de 1:400. Todos os animais apresentaram alterações hematológicas e bioquímicas (Tabela 1), especialmente o quadro de leucocitose com neutrofilia, indicativo de infecção aguda apresentado nos três casos. Os animais 1 e 2 apresentaram anemia evidenciada pela redução do número de eritrócitos e hematócrito, além disso o animal 2 apresentou trombocitopenia. Cães severamente acometidos por leptospirose podem apresentar trombocitopenia devido à lesão vascular e aumento no consumo de plaquetas nas hemorragias (Garcia-Navaro; Pachaly, 1994). As alterações hematológicas comumente observadas na leptospirose são leucocitose intensa, neutrofilia e graus variados de anemia (Greene et al., 2006). Em relação as alterações bioquímicas, observou-se grande aumento dos níveis séricos da enzima fosfatase alcalina e ureia, sugerindo comprometimento hepático e renal que é achado frequente nos casos de leptospirose canina aguda (Freire et al., 2008; Lomar et al., 2000). Neste estudo não foi observada alteração em creatinina em nenhum dos casos. CONCLUSÃO: As alterações hematológicas e bioquímicas encontradas em cães com leptospirose não são específicas, mas são de grande importância para auxiliar o clínico na suspeita da enfermidade, juntamente com histórico e fatores de risco. Além disso, auxiliam na avaliação do estado do paciente, na definição do prognóstico e na escolha do melhor tratamento. REFERÊNCIAS: 12 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary BATISTA, C. S. A.; AZEVEDO, S. S.; ALVES, C. J. et al. Soroprevalência de leptospirose em cães errantes da cidade de Patos, Estado da Paraíba, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.41, p.131-136, 2004. FREIRE, I.M.A.; VARGES, R.; LILENBAUM, W. Alterações na bioquímica hepáticaem cães com leptospirose aguda determinada por amostras do sorogrupo Icterohaemorrhagiae. Ciência Rural, v.38, n.9, p.2630-2632, 2008. GARCIA-NAVARRO, C. E. K.; PACHALY, J. R. Manual de Hematologia Veterinária. São Paulo: Livraria Voub, 1994. 169 p. GREENE, C. E.; SYKES, J. E.; BROWN, C. A.; HARTMANN, K. Leptospirosis. In: GRENNE, C. E. (Ed.) Infectious diseases the dog and cat. 3th ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2006. p. 402-417. GHNEIM, G. S.; VIERS, J. H.; CHOMEL, B. B. et al. Use of a case-control study and geographic information systems to determine environmental and demographic risk factors for canine leptospirosis. Veterinary Research, v. 38, n. 1, p. 37-50, 2007. LOMAR, A.V.; DIAMENT, D.; TORRES, J.R. Leptospirosis in Latin America. Infectious Disease Clinicas of North America, v. 14, n. 1, p. 23-39, 2000. MEYER, D.J.; HARVEY, J.W. Veterinary laboratory medicine: interpretation & diagnosis, 2.ed. Philadelphia: Saunders, 2004. 5. ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE CDH1 EM CARCINOMAS MAMÁRIOS MARCELA BENEVENTE [1], LUCIANA MOURA CAMPOS PARDINI [2], ADRIANA CAMARGO FERRASI [1,3], MARIA INES DE MOURA CAMPOS PARDINI [3], ALINE FARIA GALVANI [3], JOSE JOAQUIM TITTON RANZANI [2] 1. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Paulista - UNIP, Campus Bauru 2. Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus Botucatu 3. Hemocentro de Botucatu, Laboratório de Biologia Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus Botucatu RESUMO: 13 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary A incidência de câncer em cães vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, tornando essa espécie a mais acometida por esta doença do que qualquer outra. Destes, pelo menos a metade é maligna e em sua maioria, irão metastatizar, tendo como principal fator predisponente a influência hormonal. A identificação de marcadores moleculares tumorais clinicamente relevantes pode auxiliar na determinação do tratamento e prognóstico da doença. A E-caderina, uma proteína de adesão transmembranosa codificada pelo gene Cdh1, parece ser uma das mais confiáveis indicadoras de prognóstico nas neoplasias mamárias. Vários mecanismos que levam a alterações estruturais no gene Cdh1 e baixa expressão ou inativação de E-caderina podem estar presentes. Em humanos, mutações podem ocorrer ao longo do gene Cdh1 mas, principalmente mecanismos epigenéticos, como a metilação, por exemplo, pode causar baixa expressão dessa proteína, o que pode facilitar a disseminação das células tumorais. Considerando a elevada incidência de metástase de câncer de mama em cadelas e a escassez de informações a respeito do nível de expressão de Cdh1, os objetivos do presente estudo foram analisar o nível de expressão do gene Cdh1 em amostras de tecido tumoral de cães fêmeas acometidos por carcinoma mamário. INTRODUÇÃO: A incidência de câncer em cães vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, tornando essa espécie a mais acometida por esta doença do que qualquer outra (Withrow e Vail, 2007). Os tumores mamários caninos (TMCs), depois dos cutâneos, são as neoplasias mais frequentes em fêmeas caninas (Wang et al., 2009; Zhang et al., 2009) e representam aproximadamente 52% de todas as neoplasias femininas (Rutteman et al., 2001). Destes, pelo menos a metade é maligna e em sua maioria, irão 14 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary metastatizar, tendo como principal fator predisponente a influência hormonal (Cassali et al., 2000; Bell et al., 2002). A identificação de marcadores moleculares tumorais clinicamente relevantes pode auxiliar na determinação do tratamento e prognóstico da doença. A E-caderina, uma proteína de adesão transmembranosa codificada pelo gene Cdh1, parece ser uma das mais confiáveis indicadoras de prognóstico nas neoplasias mamárias MATERIAIS E MÉTODOS: Para o presente estudo, foram utilizadas 24 cadelas não castradas, com idade superior a seis anos e com até 20 kg de peso corporal, com diagnóstico prévio de carcinoma mamário por exame citopatológico, Os métodos utilizado foram, nesta ordem: mastectomia radical unilateral, análise do padrão de expressão do gene Cdh1 por PCR com detecção em tempo real (qPCR). A expressão relativa (RQ) foi calculada pela razão entre expressão do tecido tumoral pela expressão do tecido normal no mesmo animal. RESULTADOS: O estudo da expressão relativa de Cdh1 entre o tecido tumoral (T) e o normal (N), foi realizado para 24 casos. Os resultados foram individualmente analisados quanto à eficiência da amplificação do gene normalizador β-actina. Das 24 amostras analisadas 2 (8,3%) apresentaram aumento da expressão do Cdh1 nos tumores, quando comparado ao tecido normal. 22 (91,6%) das amostras apresentaram QR abaixo de 1, isto é, o Cdh1 esteve menos expresso no tumor do que no tecido normal. 15 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary DISCUSSÃO E CONCLUSÕES FINAIS: A redução da expressão gênica da E-caderina tem sido relatada como fator importante na ocorrência de metástases em vários tipos de tumores, tanto em cães como em humanos. Os resultados do presente estudo evidenciaram que a redução da expressão gênica estava presente em 91,6% das amostras, corroborando para a importância desse gene no câncer de mama. A proteína E-caderina é responsável junção celular foram descritas como potenciais marcadores e parecem ser as mais confiáveis indicadoras de prognóstico nas neoplasias mamárias. COMITÊ DE ÉTICA: O presente projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu, sob protocolo nº 49/2011 – CEUA REFERÊNCIAS: RUTTEMAN, G.R.; WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Tumors of the mammary gland. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small Animal Clinical Oncology. 3.ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, p.455-477, 2001. WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. Tumors of the skin and subcutaneous tissues. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small animal clinical oncology. 4.ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, p.512-534, 2007. CASSALI GD. Estudo morfológico, imuno-histoquímico e citométrico de tumores mamários da cadela – Aspectos comparativos com neoplasias da mama humana. 2000. Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Escola de Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais. 16 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary 6. ANÁLISE DE CK E CKMB EM CÃES COM DIFERENTES GRAUS DE ANEMIAS NATURALMENTE ADQUIRIDAS P.M. Pereira1, W.G. Suhett2, L. F Sargi3 1-Professora Associada do curso de medicina veterinária da Universidade Estadual de Londrina 2-Doutorando do programa de Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina 3- Graduanda de medicina veterinária da Universidade Estadual de Londrina RESUMO: A mensuração de biomarcadores tem sido empregada a fim de avaliar hipóxia e isquemia. Este trabalho objetiva estabelecer a relação dos diferentes graus de severidade da anemia com a lesão cardíaca, através da avaliação de creatina fosfoquinase e creatina fosfoquinase MB. Foram avaliados 108 cães anêmicos divididos em quatro grupos de acordo com os graus de intensidade da anemiae grupo controle. Os resultados mostraram a creatina fosfoquinase apresentou diferença significativa entre os grupos, enquanto que a creatina fosfoquinase MB não demonstrou. Conclui-se que apesar da significância estatística, a CK total sérica não apresentou validade clínica uma vez que os seus valores mantiveram-se dentro dos níveis de referência para a espécie. INTRODUÇÃO: A anemia corresponde à diminuição da quantidade de hemácias, resultando em menor oxigenação tecidual (THRALL, 2006). A lesão cardíaca por hipóxia pode causar alterações a nível celular, desta forma, o uso de uma avaliação mais precisa e precoce na detecção dos danos cardíacos é realizada hoje pelos biomarcadores cardíacos (ADANS et al., 1993). A creatina fosfoquinase (CK) e sua fração MB (CKMB) são amplamente utilizadas na avaliação do infarto agudo do miocárdio em seres humanos (CAVALCANTI et al., 1998). No cão, a CK está presente principalmente na musculatura esquelética, miocárdio, cérebro e intestino (AKTAS et al., 1993). Os diferentes biomarcadores tem gerado perspectiva de evolução na conduta clínica de pacientes com lesão cardíaca, trazendo informações complementares para o tratamento (ADANS et al., 1993) MATERIAL E MÉTODOS: O estudo avaliou 108 animais que foram divididos em cinco grupos (G) de acordo com a seguinte composição e severidade da anemia : G1 (n=41) cães com VG entre 21,1 e 36% (anemia leve), G2 (n=24) cães com VG entre 16,1 e 21% (anemia moderada), G3 (n=23) - cães com VG entre 10,1 e 16% (anemia grave), G4 (n=20)- cães com VG igual ou abaixo de 10% 17 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary (anemia muito grave) e Gc (n=30) - cães hígidos (grupo controle) entre dois e dez anos, peso superior ou igual a cinco quilogramas. Os animais foram submetidos à avaliação clínica e à avaliação laboratorial que realizou hemograma, dosagem de CK, CKMB, todos por metodologia padronizada, sendo quando necessário a utilização dekits comerciais para a quantificação das concentrações ou atividades séricas por meio do equipamento automático Dimension® clinical chemistry system (Siemens, Alemanha). Os resultados foram submetidos à análise estatística pelo programa estatístico R. Foram realizadas comparações Kruskal Wallis e Correlação de Spearman e os resultados paramétricos foram submetidos ao teste Exato de Fisher. Adotado o nível de significância de 5%. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética pelo processo nº 8393201305. RESULTADOS: A mediana de CK nos grupos controle, anemia leve, anemia moderada, anemia grave e anemia muito grave foram respectivamente 96 UI/L, 172 UI/L, 146 UI/L, 198 UI/L e 215 UI/L, onde 31,7%, 33,33%, 34,78% e 45% apresentaram valores superiores aos níveis de referência para a espécie de 50 a 250 UI/L segundo Thrall et al. (2006). Já a CKMB a mediana em UI/L apresentada respectivamente por cada grupo foi Gc=111,5, G1=155,5, G2= 126,0, G3=172,0, G4= 179,0, sendo que 16,66%, 26,82%, 29,16%, 26,08% e 25% são as porcentagens de animais em cada grupo que apresentaram resultados acima do valor de referência de 11 a 38,8 UI/L segundo Thrall et al. (2006). DISCUSSÃO: A CK apresentou diferença significativa entre os grupos anêmicos e o grupo controle demonstrando o aumento da atividade enzimática nos quadros anêmicos, entretanto não possibilitou distinção entre os graus de severidade da anemia. Mesmo assim, salienta-se que o grupo de anemia muito grave apresentou valores muito superiores ao grupo controle com um aumento de 123,96% dos níveis de CK. Fatores que podem interferir nas atividades enzimáticas de CK e sua isoforma CKMB são presença de hemoglobina podendo aumentar em 21% os resultados, lipemia que aumenta em 15% a atividade de CK e presença de diversas substâncias químicas presentes em alguns medicamentos como metotrexato (THOMAS et al., 2005). Assim não descartamos essas influências nos resultados apresentados como um ponto de restrição às interpretações. A avaliação da CKMB no presente estudo não evidenciou diferenças estatísticas nos diferentes grupos, ao contrário de Franco et al. (2009) que 18 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary sugeriram que uma diminuição no fornecimento de oxigênio do miocárdio é suficiente para induzir um aumento da atividade de CKMB sérica em cães. CONCLUSÃO: Conclui-se que apesar da significância estatística, a CK total sérica não apresentou validade clínica uma vez que os seus valores mantiveram-se dentro dos níveis de referência para a espécie. REFERÊNCIAS: ADAMS, J.E.I.; BODOR, G.S.; DÁVILA-ROMAN, V.G.; DELMEZ, J.A.; APPLE, F.S.; LADENSON, J.H.; JAFFE, A.S. Cardiac troponin I. A marker with high specificity for cardiac injury. Circulation v.88, n.1, p. 101-106, 1993. AKTAS, D. M.; AUGUSTE,D.; LEFEBVRE, H.P.; TOUTAIN, P.L.; BRAUM, J.P. Creatine kinase in the dogs: a review. Veterinary Research Communications, v. 17, n.5, p.353-369, 1993. FRANCO, L.G.; FIORAVANTI, M.C.S.; DAMASCENO, A.D.; BORGES, A.C.; SOARES, L.K.; RABELO, R.E.; SILVA, L.A.F. Assessment of serum enzymatic markers of cardiomyocytes injury in female dogs submitted to ketamine S(+), atropin and xylazine association. Acta Cirúrgica Brasileira, v.24, n.1, p.36-42, Fev/2009. THOMAS, L.; MÜLLER, M.; SCHUMANN, G.; WEIDEMANN, G.; LUNAU, S.; PICK, K.H.; SONNTAG, O. Consensus of DGKL and VDGH for interim reference intervals on enzymes in serum. J. Lab. Med. v.29, p.301–308, 2005. THRALL, M.A.; BAKER, D.C.; CAMPEBELL, T.W.; DENICOLA, D.; FETTMAN, M.J.; LASSEN, E.D.; REBAR, A.; WEISER, G.; Hematologia e bioquímica clínica veterinária. 1 ed., São Paulo: Roca, 2006. 582p. 7. ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNOMEDIADA EM CÃES - REVISÃO Autores: LETÍCIA CLAUDIA CHIODI1; CARLA RODRIGUES BAHIENSE; MICHELLY KHEIDY BORGES BATTISTI; ANDRÉA CHRISTINA FERREIRA MEIRELLES. 1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ RESUMO: A anemia hemolítica caracteriza-se pela destruição eritrocitária intra ou extravascular, considerada descompensada quando a medula não é capaz de manter os índices eritrocitários dentro da normalidade. A anemia hemolítica imunomediada ocorre devido à ação de anticorpos ou deposição de imunocomplexos, que pode ser desencadeada por fatores 19 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary diversos, por vezes incapazes de serem identificados. Os achados laboratoriais e sinais clínicos são dependentes da velocidade e do grau de instalação quadro. A terapêutica é baseada na corticoterapia, possuindo a afecção mortalidade de 25-50%, geralmente atribuída ao tromboembolismo. INTRODUÇÃO: A anemia hemolítica imunomediada (AHI) caracteriza-se pela destruição eritrocitária decorrente da adesão de complexos imunes ou ação de anticorpos. Algumas raças como Poodle, Collie e Cocker Spaniel são mais susceptíveis, sendo as fêmeas mais acometidas (Thrall et al., 2012). Na maioria dos casos a causa desencadeante da AHI não pode ser identificada, mas esta é frequentemente associada a quadros infecciosos, vacinação com vírus vivo, neoplasias linfóides, intoxicação por zinco, picada de abelha (Thrall et al., 2012; Fighera et al., 2007) e uso de medicações (penicilina, cefalosporina, sulfa, levamisol, amiodarona) (Thrall et al., 2012). A anemia é geralmente regenerativa, sendo rara a arregenerativa, fruto da formação de anticorpos contra os precursores eritróides, único caso no qual é indicado o aspirado medular (Thrall et al., 2012). Os eritrócitos sinalizados são removidos pelo sistema mononuclear fagocitário.A eritrofagocitose parcial resulta na formação de esferócitos, que são células de mesmo volume, porém com maior densidade o que lhes confere a perda da palidez central e redução de sua capacidade de deformação de membrana favorecendo a lise (Thrall et al., 2012). Deve-se atentar para os casos de transfusão sanguínea recente, nos quais a presença de esferócitos é corriqueira (Cowel et al., 2009). Havendo fixação de complemento na membrana dos eritrócitos há a formação das células fantasmas (Thrall et al., 2012), sendo tal imagem resultado da presença de uma membrana residual das células lisadas (Reagen, Denicofa, 2011). A aglutinação eritrocitária ocorre quando há envolvimento da IgM (Vaden, et al., 2009) e pode gerar um falso positivo no teste de compatibilidade sanguínea (Vaden, et al., 2009). A trombocitopenia é associada a destruição eritrocitária ou devido a coagulação intravascular disseminada. O leucograma é inflamatório, com neutrofilia e possíveis desvio a esquerda (Vaden, et al., 2009). Alterações bioquímicas séricas incluem elevação da globulina (Kaneko et al., 1997), da transferrina sérica, haptoglobina e fosforilase, enquanto que a ceruloplasmina demonstrou diminuição (Pereira, et al., 2010). A azotemia pré-renal não é infrequente devido ao dano direto ocasionado pela hemoglobina nos túbulos renais. 20 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Os sinais clínicos incluem letargia, febre, icterícia, esplenomegalia, palidez de mucosa, dispneia, taquicardia e sopro sistólico. Tais sinais são mais evidentes quando a instalação é aguda, já que em casos crônicos os animais se privilegiam dos mecanismos compensatórios fisiológicos. A mortalidade dos animais com AHI varia de 25-50%, sendo a o tromboembolismo a principal causa (Thrall et al., 2012), porém não foi possível correlacionar a trombocitopenia com o prognóstico do paciente (Orkutt, Bianco, 2010). Dentre as diversas terapêuticas a mais indicada é a corticoterapia (Thrall et al., 2012). O uso de diclorometileno difosfalato ocasiona depleção de macrófagos e diminuição da retirada de células opsonizadas (Matheus et al., 2006). Animais tromboembólicos se beneficiam com a terapêutica que inclui heparina, aspirina e clopidrogel (Kidd; Mackman, 2013). A esplenectomia pode ser utilizada como abordagem cirúrgica. A escassez de dados literários específicos não permite padronizar a terapêutica (Swan; Skelly, 2013). CONCLUSÃO: A severidade da anemia hemolítica imunomediada é relacionada à velocidade de sua instalação, estado imunológico do paciente e presença de patologias concomitantes. Os sinais clínicos estão relacionados com o grau de anemia, assim como a características pertinentes ao tempo decorrido para sua instalação e incluem: palidez de mucosas, febre, letargia, intolerância ao exercício, taquicardia, icterícia e dispneia. O diagnóstico de anemia hemolítica imunomediada é obtido através da junção de achados laboratoriais específicos como aglutinação eritrocitária, presença de células fantasma, esferocitose e achados inespecíficos como anemia, leucocitose neutrofílica e trombocitopenia. A confecção e interpretação correta dos exames laboratoriais solicitados são imprescindíveis na orientação diagnóstica do paciente, ficando o clínico muitas vezes sujeito à experiência do patologista clínico. Apesar da remissão completa da sintomatologia clínicas os animais devem ser monitorados constantemente devido ao risco de recidivas e, principalmente devido a possibilidade real de ocorrer lesão renal causada por dano direto da hemoglobina nos túbulos renais. BIBLIOGRAFIAS: COWELL, R. L.; TYLER, R. D.; MEINKOTH, J. H.; DENICOLA, D. B. Diagnostic Cytology and Hematology of the Dog and Cat. Mosby Elsevier, 2009. 21 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary FIGHERA, R.A.; SOUZA, T.M.; BARROS, S.S.L. Acidente provocado por picada de abelha como causa de morte em cães. Ciência Rural, Santa Maria, v37, n2, p 590-3, 2007. JAIN, N. C. Essentials of Veterinary Hematology. Lea & Febinger: Philadelphia. 1993, 417p. KANEKO,J.J ; HARVEY,J.W. & BRUSS,M.L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. e Ed. Academic Press. 1997 KIDD, L.; MACKMAN, N. Prothrombotic Mechanism and Anticoagulant Therapy in Dogs with Immune-mediated Hemolytic Anemia. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, v23, n1, p3-13, 2013. MATHEUS, M.; JORDAN, M. DOW, S. Evaluation of Liposomal Clodronate in experimental spontaneous autoimmune hemolytic anemia in dogs. Experimental Hematology, v34, p1393-1402, 2006. ORKUTT, E.S.; LEE, J.A.; BIANCO, D. Immune-mediated Hemolytic Anemia and Thrombocytopenia in dogs: 12 cases. Journal of Veterinary and Emergencial Care, v20, n3, p338-45, 2010. PEREIRA, P. M.; ABREU, D.K.; PINCELLI, V.A. et al. Quadro Seroproteico como Auxílio Diagnóstico na Anemia Hemolítica Imunomediada em Cães. Ciência Rural, Santa Maria, v40, n4, p880-7, 2010. REAGEN, W.G.; DENICOFA, T.G.S.D.B.. Hematología Veterinaria: Atlas de espécies domesticas communes, 2 ed, 2011. SWAN, J.W.; SKELLY, B.J. Systematic Review of Evidence Relating to the Treatment of Immune-mediated Hemolytic Anemia in Dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v27, p1-9, 2013. THRALL, M. A.; WEISER, G.; ALLISON, R.W.; CAMPBELL, T.W. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. ROCA: São Paulo, 2012. VADEN, S.L.; KNOLL, J.S.; SMITH, F.W.K.; TILLEY, Jr.L.P. Balckwell’s Five Minute Veterinary Consult: Laboratory Tests and Diagnostic Procedures Canine& Feline. Wiley Blackwell: Iowa, 2009, 742 p. 8. ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNOMEDIADA SECUNDÁRIA A PIOMETRA EM CADELA – RELATO DE CASO KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA BASTOS¹, NERYSSA ALENCAR DE OLIVEIRA², MÁRIO HENRIQUE THEODORO DE SOUZA², DAIANE GONÇALVES VIEIRA², THAISSA VAZ LOBO², TATHYANE ALBUQUERQUE OLIVEIRA² ¹Universidade Federal de Goiás; ²Veterinário autônomo; RESUMO: 22 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Este trabalho tem como objetivo relatar caso de anemia hemolítica imunomediada (AHIM) secundária a piometra em cadela. Durante a laparotomia exploratória foi constatado peritonite e ruptura uterina, quatro dias após a intervenção cirúrgica foi observado sinais de hemólise e a AHIM foi confirmada por teste de Coombs. Animal foi submetido a tratamento com antibioticoterapia e corticoterapia imunossupressora e respondeu bem. INTRODUÇÃO: A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é um dos distúrbios hemolíticos mais comuns dos cães (Panek et al. 2015). É caracterizada pela destruição de eritrócitos revestidos por imunoglobulinas, componentes do sistema complemento, ou ambos. Portanto, ocorre destruição direta ou fagocitose dessas células, que resulta na remoção das mesmas da circulação sanguínea (Nassiri et al., 2005). A hemólise pode ser intravascular e/ou extravascular. A intravascular consiste na destruição dos eritrócitos por igM e/ou pelo sistema complemento no interior dos vasos. Em contrapartida, a extravascular ocorre quando eritrócitos revestidos de igG são fagocitados por macrófagos no baço (Horgan et al., 2009). Há duas formas da AHIM: primária e secundária. A primária (ou idiopática) é a forma mais comum. São produzidos auto-anticorpos que combatem antígenos de membrana dos eritrócitos. Por sua vez, a secundária pode ser causada por infecções bacterianas, parasitárias, virais, rikettsia, protozoários e neoplasias (Balch e Mackin, 2007). Essa forma ocorre devido à resposta imunológica pela presençade antígenos estranhos que associaram-se ou modificaram a membrana do eritrócito saudável, o que induz a formação de anticorpos que combatem essas células alteradas (Miller et al., 2004). DESCRIÇÃO DO CASO: Fêmea, Lhasa Apso, 6 anos, com hiporexia e êmese há dois dias. Segundo tutores, há uma semana apresentou-se no cio. Em exame clínico, notou-se se prostração, abdominalgia, ausência de secreção vaginal e desidratação de 7%. Diante disso, suspeitou-se de piometra. Solicitou-se exames complementares: ultrassonografia, hemograma e dosagem sérica de creatinina e Alanina Amino Transferase (ALT). As concentrações de creatinina e ALT, encontravam-se normais, bem como o eritrograma. Contudo, o leucograma revelou severa leucopenia, impossibilitando a contagem diferencial de leucócitos. Na ultrassonografia 23 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary havia evidências de piometra/hemometra e efusão peritoneal por possível ruptura uterina. Diante disso, optou-se pela laparotomia exploratória e ovariohisterectomia (OSH). Durante o procedimento cirúrgico observou-se hiperemia e petéquias nos órgãos da cavidade abdominal, peritônio e omento, sugerindo peritonite, além de líquido livre de característica purulenta oriundo de pequena ruptura uterina. Após OSH foi realizado lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica 0,9%.O animal permaneceu internado. Prescreveu- se metronidazol, ceftriaxona, omeprazol, dipirona, tramadol e ondansetrona. Nos dois primeiros dias de pós operatório, observou-se melhora do apetite e controle dos vômitos. Contudo, no terceiro dia o animal prostrou-se e as mucosas tornaram-se ictéricas. Com isso, realizaram-se exames que evidenciaram anemia arregenerativa normocítica hipocrômica, trombocitopenia e leucograma apresentando neutrofilia, eosinopenia, monocitopenia relativa e alterações no proteinograma, fosfatase alcalina e bilirrubinas. Portanto, suspeitou-se de hemólise. Deste modo, realizou-se teste de Coombs, em que obteve-se resultado positivo e concluiu-se quadro de anemia hemolítica imunomediada. À vista disso, administrou-se dexametasona IV, em dose única e manteve- se o tratamento com ceftriaxona, metronidazol, omeprazol e dipirona. Realizou-se terapia com prednisolona na dose de 2 mg/kg, BID e fez-se hemogramas semanais para acompanhamento. Quatro dias após início do uso da prednisolona, observou-se melhora clínica e da icterícia, porém hemograma evidenciou piora da anemia e leucocitose. Optou-se por trocar a ceftriaxona por amoxicilina com clavulanato de potássio por mais 15 dias e aumentou-se a dose da prednisolona para 4 mg/kg. Uma semana após, o eritrograma apresentava-se normal e os leucócitos totais dentro dos valores de referência, porém observou-se neutrofilia, eosinopenia e monocitopenia relativa. Manteve-se a corticoterapia com prednisolona por 30 dias. Completado esse período repetiu-se o hemograma que constatou discreta neutrofilia e monocitopenia relativa, enquanto todos os outros parâmetros encontravam-se dentro da normalidade. Sendo assim, realizou-se o desmame da corticoterapia. Por fim, o animal não apresentou nenhuma alteração clínica. DISCUSSÃO: No relato, a AHIM foi secundária ao quadro de sepse devido a piometra. Os sinais clínicos da AHIM descritos por Nassiri et al., (2005) são: anorexia, 24 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary letargia, fraqueza, febre, icterícia, desconforto abdominal e mudança na cor da urina, os quais foram observados no caso relatado. Os achados laboratoriais característicos da AHIM geralmente são de anemia regenerativa, porém há casos, como o descrito, que apresentam anemia sem eritrorregeneração (Brandão et al., 2004). Outros achados característicos n AHIM é leucocitose (Mcmanus e Craig, 2001), trombocitopenia e bilirrubinemia (Horgan, et al. 2009), como relatado no presente caso. O diagnóstico da doença pode ser feito por meio da presença de esferócitos, aglutinação de células vermelhas ou resultado positivo do teste de Coombs, como no caso em questão (Balch e Mackin, 2007). O tratamento inicial preconizado no relato foi baseado em antibioticoterapia devido à sepse secundária a piometra. A amoxicilina com clavulanato de potássio se mostrou eficaz em mais de 80% de cadelas com piometra em trabalho realizado por Kalenski et al., (2012). A terapia da AHIM descrita na literatura é imunossupressora, com prednisona, dexametasona associado a drogas citotóxicas como azatioprina ou ciclofosfamida (Grundy e Barton, 2001). Optou-se no caso descrito pelo uso da prednisolona que se mostrou eficaz. CONCLUSÃO: A piometra é uma condição grave e rotineira na clínica e suas complicações podem ser letais. O presente relato é um alerta para os possíveis casos de AHIM secundária a piometra, além de ressaltar a importância do diagnóstico precoce para instituir o tratamento eficaz. REFERÊNCIAS: BALCH, A.; MACKIN, A. Canine immune-mediated hemolytic anemia: pathophysiology, clinical signs, and diagnosis. Compend Contin Educ Vet, v. 29, n. 4, p. 217-25, Apr 2007. BRANDÃO, L. P. et al. Anemia hemolítica imunomediada não regenerativa em um cão. Ciência Rural, v. 34, p. 557-561, 2004. GRUNDY, S. A.; BARTON, C. Influence of drug treatment on survival of dogs with immune-mediated hemolytic anemia: 88 cases (1989-1999). J Am Vet Med Assoc, v. 218, n. 4, p. 543-6, Feb 15 2001. HORGAN, J. E.; ROBERTS, B. K.; SCHERMERHORN, T. 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O tratamento deve ser instituído logo que se chegue ao diagnóstico da doença e feito de forma agressiva. O CockerSpaniel é a raça mais predisposta à ocorrência desta enfermidade, 26 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary porém, no presente estudo, o cão atendido foi um Labrador de três anos de idade, cujo exame apresentou sinais condizentes com anemia hemolítica imunomediada. O diagnóstico foi fechado com o teste de aglutinação em salina, seguido por PCR positivo para Ehrlichiose como causa base da doença, e por isso é fundamental que seja feito o tratamento da causa primária juntamente com o tratamento imunossupressor. O prognóstico foi reservado devido ao estado geral do paciente. INTRODUÇÃO: A AHIM é uma doença caracterizada pela destruição de hemácias com ação do próprio organismo, devido à atividade de anticorpos antieritrocitários, levando à hemólise intra ou extravascular. Acomete animais de todas as idades, sexo e raça. Os sinais mais comuns são: apatia, anorexia, hepatoesplenomegalia, mucosas hipocoradas ou ictéricas, intolerância ao exercício. O prognóstico geralmente é reservado. DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO: No dia 05 de Agosto de 2015, foi atendido no Hospital Veterinário um canino da raça Labrador de três anos de idade, macho, não castrado proveniente de ambiente rural, com histórico de apatia, anorexia, emagrecimento, fezes escurecidas e cansaço fácil há 4 dias; icterícia e urina de coloração alaranjada há 3 dias. Ao exame físico, foi constatada desidratação moderada, TPC de três segundos, linfonodos submandibulares reativos, icterícia em mucosas oculares, oral, região abdominal, axilar e pênis. Presença de crepitações em auscultação pulmonar. 27 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Foram solicitados exames laboratoriais como hemograma completo, que apresentou anemia regenerativa (25% de volume globular), aumento de proteína total (12 mg/dl), trombocitopenia (74.000/mm³) e leucocitose por neutrofilia e monocitose. Ao perfil bioquímico, foi observado discreto aumento de uréia, ALT (1863 U/L) e FA (314,5 U/L), hiperproteinemia com hiperglobulinemia, e também aumento de bilirrubina total (direta e indireta). Na urinálise foi detectado aumento da densidade (1,060), proteinúria (três cruzes), bilirrubinúria (três cruzes), sangue oculto (quatro cruzes). Também foram solicitados exames complementares, como teste de aglutinação em salina cujo resultado foi positivo, sorologia para leptospirose que não apresentou reação, e campo escuro negativo. Foram feitos PCR para Babesia spp e Ehrlichia canis, sendo o resultado negativo e positivo, respectivamente. O animal foi mantido sob internação, e o protocolo adotado para o paciente foi: Doxiciclina 15 mg/kg SID, Omeprazol 1 mg/kg SID, Prednisolona 2 mg/kg BID, Ceftiofur 7,5 mg/kg SID, Silimarina 50mg/kg e Bromexina 0,5mg/kg; além de fluidoterapia com Ringer com Lactato suplementado com complexo B e vitamina C. Mesmo com o tratamento adotado, a anemia permanecia progredindo, e por isso foi dobrada a dose de Prednisolona (4 mg/kg, BID). Após permanecer dez dias internado, o paciente recebeu alta hospitalar para dar continuidade ao tratamento para Ehrlichiose e AHIM em casa, com adição de Micofenolato Mofetil (15 mg/kg, SID, durante 7 dias). Após sete dias o animal retornou ao Hospital Veterinário, porém os proprietários alegaram problemas financeiros e não permitiram a realização de exames para controle. Ao exame clínico, o animal apresentava melhora significativa com mucosas discretamente ictéricas e comportamento ativo. DISCUSSÃO: Conforme citado por Moraes e Takahira (2013), os achados de exame físico associados aos exames laboratoriais eram condizentes à AHIM e Ehrlichiose, que foram confirmadas com teste de aglutinação em solução salina e PCR, respectivamente. A hiperbilirrubinemia, segundo SCOTT- MONCRIEFF et al (2001), é um fator comum em casos onde há hemólise 28 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary intravascular excessiva, em que o fígado fica sobrecarregado ao tentar sintetizar uma carga alta de bilirrubina e esta permanece na corrente sanguinea, justificando também a icterícia. O tratamento de AHIM é baseado em imunossupressão e imunomodulação, conforme descrito por Swann e Skelly (2011), o que foi realizado inicialmente com Prednisolona, e por não ter apresentado o resultado esperado, optou-se por dobrar a dose e posteriormente associar o Micofenolato Mofetil. É fundamental que seja realizado o tratamento da causa base, e nesse caso, a Ehrlichiose foi tratada com Doxiciclina conforme descrito anteriormente. Após o reajuste no tratamento imunossupressor, foi notado melhora clínica do paciente com o estacionamento da anemia, o que ressalta a importância de acompanhamento hematológico e associação entre drogas para o tratamento do distúrbio imunomediado. Neste caso, o prognóstico era reservado baseando-se no sistema de escore proposto por Whelan et al (2006) devido às altas taxas de bilirrubina, baixa taxa de albumina e também a presença de auto- aglutinação. CONCLUSÃO: Baseando-se nos exames complementares, o diagnóstico de uma doença infecciosa primária desencadeando uma doença autoimune foi feito com precisão, e isto releva a importância de se investigar a fundo a causa tanto primária quanto secundária da doença, e fazer o acompanhamento hematológico visando a necessidade de reajustes no tratamento, com associação entre drogas que juntas podem obter melhores resultados. REFERÊNCIA: MORAIS, L. F; TAKAHIRA, R. K. Avaliação dos distúrbios hemostáticos e dos diferentes marcadores de prognóstico clínico-laboratoriais em cães com anemia hemolítica imuno-mediada. Veterinária e Zootecnia, p. 10-19. 2013. 29 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary SCOTT-MONCRIEFF, J. C. Distúrbios imunimediados. In: NELSON, R, W; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Ed: Elsevier Brasil, 4ª edição, 2010. SWANN, J. W; SKELLY, B. J. Evaluation of imunossupressive regimens for immune-mediated haemolytic anaemia: a retrospective study of 42 dogs. Journal of Small Animal Practice, v. 52, p. 353-358. 2011. WHELAN, M. F, ROZANSKI, E. A, O’TOOLE, T. E, CRAWFORD, S. L, HOLM, J, COTTER, S. M. Use of the canine hemolytic anemia objective score (CHAOS) to predict survival in dogs with immune- mediated hemolytic anemia. Research Abstract Program of the 24th Annual ACVIM Forum; Louisville. Louisville – KY: ACVIM; 2006. 10. ANISOCORIA E SUAS VIAS NEUROANATÔMICAS: REVISÃO. EDISON LUIZ PRISCO FARIAS1, ALTINA B. BARBOSA2 E RODRIGO LIMA2 1Docente do Departamento de Anatomia, UFPR 2Discentes do Curso de Medicina Veterinária, UFPR RESUMO: Anisocoria carcteriza-se pelo diâmetro assimétrico ou desigual das pupilas. Esta condição pode ser causada por lesões das vias aferentes e eferentes no sistema nervoso que respondem pelo controle do diâmetro pupilar. Esta revisão descreve as vias neuroanatômicas dos reflexos pupilares e as principais doenças neurológicas que podem originar anisocoria em cães e gatos INTRODUÇÃO: Anisocoria caracteriza-se pelo diâmetro assimétrico ou desigual das pupilas. Esta condição pode ser causada por lesões das vias aferentes e eferentes no sistema nervoso que respondem pelo controle do diâmetro pupilar. Estruturas oculares como a íris e a lente além da elevaçãoda 30 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary pressão intra-ocular podem ser responsáveis pela anisocoria. Quando associada somente ao sistema nervoso a anisocoria pode ter origem por lesões na divisão central ou periférica. No sistema nervoso central os segmentos cervicais e cervicotorácicos da medula espinhal, áreas mesencefálicas e vestibulares do tronco do encéfalo e estruturas cerebrais ( telencéfalo e diencéfalo) podem responder pela assimetria pupilar. No sistema nervoso periférico as alterações no nervo oculomotor (III par craniano), das fibras simpáticas presentes no tronco vagossimpático e no gânglio cervical cranial são as principais responsáveis pela anisocoria. Objetivos: Descrever as vias neuroanatômicas e indicar as lesões mais frequentes no sistema nervoso ocasionando a assimetria pupilar em cães e gatos. DESENVOLVIMENTO: O conhecimento das vias neuroanatômicas centrais ou periféricas são imprescindíveis para a compreensão do diâmetro pupilar e sua resposta à luz e às alterações comportamentais. O diâmetro pupilar é mediado pelas vias simpáticas e parassimpáticas. A inervação parassimpática do olho por ação do nervo oculomotor, III par craniano, responde como via aferente à luz, enquanto a inervação simpática é estimulada pela excitação, medo ou agressividade. A anisocoria pode ser encontrada nas lesões do nervo óptico, II par craniano, ou no trato óptico, no mesencéfalo (parte rostral do colículo rostral, área pré-tectal e trato tegmentotecto-espinhal), nos componentes parassimpáticos do nervo oculomotor (núcleo de Edgar- Westphal próximo a linha mediana ventral da parte rostral do aqueduto do mesencéfalo) ou nos neurônios simpáticos para o músculo dilatador da Íris. Nas lesões com envolvimento dos segmentos cervicais (C1-C5) ou cervicotorácicos (C6-T2) poderá ser observada a síndrome de Claude- Bernard-Horner (SCBH) pela denervação simpática ocasionando miose, enoftalmia, protrusão da terceira pálpebra e ptose palpebral superior. As protrusões de disco, avulsões do plexo braquial, processos inflamatórios da orelha média, neurofibromas e embolia fibrocartilaginosa estão entre as causas mais frequentes. No envolvimento unilateral do corpo branco medular do cerebelo afetando os núcleos interposital e fastigial ou com 31 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary lesões assimétricas podem ser observadas dilatação pupilar e anisocoria, respectivamente. A anisocoria devido a lesões vestibulares pode cursar com sinais de paralisia facial e SCBH tendo como causa primária processos inflamatórios das orelhas média e interna. No equino as fibras simpáticas não passam pela parte petrosa do osso temporal e, portanto, não causam anisocoria nas otites médias. No cavalo as fibras simpáticas para a pupila podem sofrer dano devido ao seu trajeto próximo a bolsa medial do divertículo da tuba auditiva. No cérebro o adenoma da hipófise, o adenocarcinoma nasal, as massas granulomatosas devido à toxoplasmose e micoses, hidrocefalia, tumores cerebrais (tanto no telencéfalo quanto no diencéfalo) e, além destes, a encefalopatia isquêmica dos felinos são as causa mais frequentes de anisocoria. Se os tratos ópticos e o quiasma óptico estiverem envolvidos poderá ser observada a anisocoria. O quiasma óptico apresenta decussação parcial das fibras que difere entre as espécies domésticas. Nos carnívoros a decussação se dá com aproximadamente 75% enquanto que no equino e bovino a decussação ocorre atingindo 90% das fibras. CONCLUSÃO: O conhecimento das vias neuroantômicas responsáveis pelo diâmetro pupilar é fundamental para a interpretação dos sinais clínicos dos animais com anisocoria, durante o exame neurológico, para a elaboração de diagnóstico anatômico e de provável evolução das lesões no sistema nervoso. REFERENCIAS: BRAUND, K.G. Anisocoria: its relationship to neurologic syndromes. Vet Med, v.82, p. 997-1010, 1987. 32 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary DE LAHUNTA, A.; CUMMINGS, J.F. Neuro-ophthalmologic lesions as a cause of visual deficit in dogs and horses. J. Am. vet. med. Ass. n.150, p- 994-1011, 1967. JENKINS, T.W. Functional Mammalian Neuroanatomy, 2 ed. Philadelphia: Lea and Febiger, 1978, 480p. MAYHEW, I.G. Neuro-ophtalmology: A Review. Equine Vet J. v.37, p-80-88, 2010. OLIVER, J.E.; HOERLEIN, B.F.; MAYHEW, I.G. Veterinary Neurology, Philadelphia: W.B. Saunders, p-7-56,1987. 11. ARTRITE REUMATOIDE CANINA – RELATO DE CASO REBECA BACCHI-VILLANOVA1, GUILHERME FERNANDO DE CAMPOS2; POLIANA FREITAS2; SABRINA MARIN RODIGHERI3; PATRÍCIA MOSKO1; ALYNE ARIELA2 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – PUCPR 2 Médico Veterinário Autônomo 3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária – FCAV-UNESP/Jaboticabal RESUMO: A artrite reumatoide é uma artropatia erosiva imunomediada de etiologia desconhecida, rara em cães. Foi atendido um paciente da espécie canina com histórico de deformidade nas articulações rádio-ulnar-carpianas com evolução de 3 anos. Apresentava apatia, perde de peso, rigidez após repouso, edema articular e claudicação de apoio. O diagnóstico foi de artrite reumatoide, sendo tratado com prednisolona, tramadol e amitriptilina. Cerca de 90 dias após o diagnóstico, a paciente permaneceu estável e parcialmente ativa, porém com progressão das alterações morfológicas da doença nas articulações referidas. INTRODUÇÃO: Artrites são afecções articulares inflamatórias separadas em diferentes classificações, sendo infecciosas e não infecciosas, que por sua vez são divididas em erosivas e não erosivas (Brenol et al., 2007). A artrite reumatoide é um artropatia autoimune, não-infecciosa, caracterizada pela destruição crônica, bilateralmente e erosiva das articulações (Brenol et al., 2007). Os antígenos são imunoglobulinas alteradas do hospedeiro (IgG e 33 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary IgM), conhecidas como fatores reumatoides. É uma condição incomum, que ocorre em cerca de 2 para cada 25000 cães (Bennet, 2004), causando lesões irreversíveis e muito dolorosas, afetando drasticamente a qualidade de vida dos pacientes acometidos. Poucos pesquisadores dedicam-se a este tema, o que distancia da cura desta doença (Goeldner et al., 2011). Este trabalho tem como propósito apresentar um caso de artrite reumatoide canina discutindo seus principais aspectos. RELATO DE CASO: Um cão, sem raça definida, fêmea, de 5 anos de idade, foi atendido em um hospital veterinário com um histórico de deformidade no carpo com evolução de 3 anos. Há um mês apresentava apatia, hiporexia, emagrecimento progressivo, rigidez após repouso das articulações referidas e grande dificuldade de locomoção. Alopecia em face medial de região társica esquerda também foi relatada pelo responsável, devido a lambedura constante deste local. No exame ortopédico foi observado edema, efusão articular, crepitação e instabilidade em região de carpo bilateralmente com severa deformidade valga. A radiografia da articulação rádio-ulnar-carpiana revelou edema e espessamento de tecidos periarticulares bilateralmente, subluxação dos ossos do carpo, áreas de erosão subcondral de rádio, ulna e metacarpos com discreta reação periosteal. Já na articulação társicaesquerda, foi detectado edema e dor à manipulação, sem alterações radiográficas significativas. O exame ultrassonográfico abdominal, hemograma, exames bioquímicos (alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), creatinina e uréia) e urinálise não revelaram alterações. Foi realizada artrocentese da articulação cárpica direita, na qual o líquido sinovial apresentou-se turvo com valores de proteína e neutrófilos acima do valor de referência, e coloração eosinofílica ao fundo indicando presença de mucina. Foi prescrito prednisolona (3 mg/kg/SID/30 dias), cloridrato de tramadol (3 mg/kg/TID/15 dias) e amitriptilina (2,14 mg/kg/BID por tempo indeterminado). Após 30 dias de tratamento, o paciente apresentava-se mais ativo e com redução do edema articular. Foi recomendada a redução gradual da dose diária de prednisolona para 1,4 mg/kg. Após nove dias, o paciente manteve-se estável e a dose da prednisolona foi mantida, passando o intervalo de administração para 48 horas. Três meses após o diagnóstico e início do tratamento, o paciente permaneceu estável e ativo, com discreta progressão das alterações morfológicas da doença. DISCUSSÃO: 34 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary A artrite reumatoide pode acometer cães de qualquer raça, sendo mais observada em adultos (Goeldner et al., 2011), conforme observado no caso referido. A maioria dos cães afetados apresenta histórico de rigidez após períodos de repouso, apatia, anorexia, febre, claudicação ou dificuldade de locomoção (Goeldner et al., 2011). Normalmente a destruição crônica e erosiva é bilateralmente simétrica (Renberg, 2005). O paciente do presente relato apesentou todos os sinais clínicos descritos, com exceção da febre. Conforme a doença progride, o exame clínico revela crepitação, frouxidão, luxação e deformidade nas articulações (Goeldner et al., 2011), assim como observado nas articulações de membros torácicos do paciente, nas quais a doença se mostrou mais avançada. As articulações do carpo deste paciente apresentavam deformidades angulares óbvias, provocando a claudicação, sendo isso relatado por diversos autores (Pedersen et al., 2005; Renberg, 2005). Os sinais radiográficos concordam com a literatura (Brenol et al., 2007). Na avaliação do líquido sinovial é esperada uma elevada contagem de neutrófilos (Renberg, 2005), presença de precipitado de mucina, aspecto turvo da amostra e ausência de microrganismos (Renberg, 2005), o que indica uma sinovite inflamatória (Pedersen et al., 2005). No hemograma podem ser detectadas alterações relacionadas ao processo inflamatório, como leucocitose por neutrofilia (Pedersen et al., 2005), embora o paciente não apresentasse estes achados hematológicos. Lúpus eritematoso sistêmico (LES) deve ser descartado (Renberg, 2005). O paciente possuía apenas dois sinais que estão presentes no LES: poliartrite e lesões cutâneas, no entanto as lesões cutâneas eram causadas por lambedura, sugerindo dor devido ao comprometimento articular. A urinálise da paciente não possuía alterações, descartando, a glomerulonefrite, uma das complicações mais comuns do LES. Além disso, a artrite por LES se apresenta não erosiva na radiografia (Colopy et al., 2010). No paciente descrito, apesar de não ter sido possível dosar o fator reumatoide, o diagnóstico foi baseado no histórico, sinais clínicos, achados radiográficos, pela presença do precipitado de mucina no líquido sinovial e pela exclusão de outras doenças que causam esse tipo alteração articular. O tratamento da artrite reumatoide canina baseia-se na imunossupressão. (Goeldner et al., 2005). O objetivo principal do tratamento é a remissão dos sinais clínicos e retorno razoável da função dos membros (Goeldner et al., 2005) objetivos alcançados no paciente descrito. Como o uso de corticosteroides pode trazer muitos efeitos colaterais a procura por novas drogas tem sido realizada. Dentre estas drogas está a leflunomida, que tem se mostrado eficaz do tratamento 35 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary desta afecção (Colopy et al., 2010). Campos et al. (2014) demonstraram resultados satisfatórios com o emprego dessa droga. A monoterapia com a prednisolona foi suficiente para recuperar a qualidade de vida da paciente do presente relato, porém não foi possível avaliar seus efeitos colaterais a longo prazo. CONCLUSÃO: A artrite reumatoide é uma doença incomum na medicina veterinária e de difícil manejo, uma vez que seu tratamento, na maioria das vezes, é baseado no uso de corticoides e estes possuem muitos efeitos colaterais. Embora se consiga um razoável controle da dor e remissão dos sinais clínicos com a imunossupressão, as lesões previamente instaladas possuem caráter irreversível. O diagnóstico é feito pela dosagem do fator reumatoide, porém o histórico, sinais clínicos e radiográficos são fortes sinalizadores da doença. REFERÊNCIAS: 1. BRENOL, C.V.; MONTICIELO, O.A.; XAVIER, R. M. et al. Artrite reumatóide e aterosclerose. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 53, n. 5, p. 465-470, 2007. 2. BENNET, D. Immune-mediated and infective arthrits. IN: ETTINGER S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – doenças do cão e do gato. São Paulo, Ed: Guanabara, 2004, p. 1958-1965. 3. GOELDNER, I.; SKARE, T.L.; REASON, I.T.M. et. al. Artrite reumatoide: uma visão atual. Jornal Brasileiro de Patolologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro , v. 47, n. 5, p. 495-503, 2011. 4. RENBERG, W. C. Pathophysiology and Management of Arthritis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 35, 1073- 1091, 2005. 5. PEDERSEN, N. C.; MORGAN, J. P.; VASSEUR, P. B. Doenças articulares de cães e gatos. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5 ed. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan S.A., 2004. v. 2, p. 1962-1988. 6. COLOPY, S.A.; BAKER, T.A.; MUIR, P. Efficacy of leflunomide for treatment of immune-mediated polyarthritis in dogs: 14 cases (2006- 2008). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 236, p. 312–318, 2010. 7. CAMPOS, G. F.; BEHNE, N.; CASAGRANDE, A. J. et al. Uso da leflunomida na artrite eroerosive um cão – relato de caso. Anais do XI 36 Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary Congresso Brasileiro De Cirurgia do CBCAV e I Congresso Internacional de Cirurgia do CBCAV, p. 370-373, 2014. 12. ARTRODESE TEMPORARIA BILATERAL PARA A CORREÇÃO DE LUXAÇÃO DE COTOVELO - RELATO DE CASO ORLANDO MARCELO MARIANI¹, LEONARDO LAMARCA DE CARVALHO¹, ELAINE CRISTINA STUPAK¹, DANIEL KAN HONSHO¹, CRISTIANE DOS SANTOS HONSHO¹ Universidade de Franca – UNIFRAN RESUMO: Uma cadela da raça Cocker Spaniel com dois meses de idade foi diagnosticada com luxação congênita do cotovelo bilateralmente. Foi instituído tratamento cirúrgico para redução e estabilização da articulação úmero-radio-ulnar, obtendo-se retorno da função de ambos os membros torácicos. INTRODUÇÃO: A luxação congênita do cotovelo pode ser considerada como uma das principais causas não traumáticas de claudicação de membro anterior que afeta cães recém-nascidos (Valastro et al., 2005; Piermattei, 2009; Mcdonell, 2004). Ao nascimento, ou logo após este, é observada a deformidade do membro torácico, o diagnóstico pode ser feito com base nos achados de exame ortopédico e radiográfico. O exame de imagem radiográfico é imprescindível para confirmar a moléstia e diferencia-la de outras doenças do desenvolvimento
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