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Alunos: Gabriela Farias, André Luiz, Giulia Gabriele, Lavínia de Sousa, Ricardo Alves, Samuel Cerqueira. CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO I EQUIPE 1 – PRIMEIRO ANDAR PACIENTE 1: IDENTIFICAÇÃO: masculino, 30 anos, branco, casado, comerciário, natural e procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: tosse, dor torácica ventilatório-dependente à esquerda e febre HISTÓRIA DE DOENÇA ATUAL: paciente relata que há 5 dias apresentou quadro de “resfriado”, com cefaléia, dor de garganta e coriza. Logo após, apresentou febre de 40ºC com dor ventilatório dependente no hemitórax esquerdo, acompanhada de tosse com expectoração purulenta. REVISÃO DE SISTEMAS: Respiratório: fumante de 20 cigarros por dia há 12 anos. Demais sistemas: nada digno de nota. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Pneumonia há 3 anos, tratada ambulatorialmente, com boa evolução. HISTÓRIA FAMILIAR: nega história de asma, rinite e tuberculose. Nega também história de câncer na família. EXAME FÍSICO: Bom estado geral, lúcido e orientado. Temp. axilar: 38ºC. Boca, nariz, ouvidos e garganta: sem alterações. Aparelho Respiratório: boa expansão torácica. FR: 26 mprm. Ausculta pulmonar com estertores crepitantes na metade superior do hemitórax esquerdo com presença de sopro tubário. Aparelho Cardiovascular: ritmo regular, em 2 tempos. FC: 100 bpm. P.A: 120x 80 mmHg. Abdômen: Ruídos hidroaéreos presentes. Flácido, depressível e indolor à palpação. EXAMES COMPLEMENTARES: Radiograma de tórax (PA + perfil): consolidação alvéolo-ductal em lobo superior esquerdo com broncograma aéreo. Hemograma: 18.000 leucócitos com 1800 bastões. Hemossedimentação: 50 mm. Exame bacteriológico de escarro: Gram: mais de 25 leucócitos por campo e menos de 5 células epiteliais por campo. Presença de cocos Gram positivos aos pares. Cultura de escarro: ainda sem resultado, DISCUSSÃO DA EQUIPE: 1. Quadros típicos e atípicos de pneumonia. R: A pneumonia atípica é aquela causada por agentes etiológicos menos prevalentes, incluindo o Mycoplasma pneumoniae (principal), a Chlamydia pneumoniae e a Legionella pneumophila. Em comparação a pneumonia típica, o quadro clínico é mais brando, sendo i por início subagudo, febre não tão alta, os calafrios são infrequentes e tosse seca como sintoma predominante. 2. Pneumonia adquirida na comunidade / pneumonia hospitalar. Pneumonia adquirida na comunidade é a que acontece no período que precede a internação ou nas primeiras de internação. A adquirida no hospital ocorre 48 horas depois da internação. No caso do paciente desse estudo de caso a pneumonia foi adquirida na comunidade, haja vista que quando ele recorreu a unidade de saúde já estava com sintomas a 5 dias. 3. Agentes etiológicos mais frequentes. Os principais agentes causadores da enfermidade são as bactérias Streptococcus pneumoniae (também conhecida como pneumococo), Mycoplasma pneumoniae e Haemophilus influenzae. A doença também pode ser desencadeada por alguns tipos de fungos e de protozoários. 4. Métodos diagnósticos. R: Raio x, tomografia torácica, exame físico e exame clínico. 5. Critérios de gravidade e de hospitalização. Idade, doenças agravantes, alteração de consciência e sinais vitais. 6. Terapêutica O tratamento deverá ser decidido após classificação do paciente de acordo com os critérios de gravidade. Os tratamentos são: uso de antibiótico, oxigenoterapia. Entre os cuidados de enfermagem estão: manter padrão respiratório, posição 90 graus, monitorar sinais vitais e realizar limpeza das vias aéreas. 7. Procedimentos da equipe no plantão Anamnese, exame físico e clinico, pedido de exames, atenção aos fatores de risco. PACIENTE 2 DADOS IDENTIFICAÇÃO: JBC – 58 – branco, natural de São Sepé, procedente de Porto Alegre, casado, aposentado. QUEIXA PRINCIPAL: Dor no membro inferior esquerdo ao deambular. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Refere que há 1 ano começou a apresentar dor na panturrilha esquerda ao caminhar longas distâncias (± 10 quadras). Dor obrigava a parar de caminhar e cessava após 3-5 minutos permitindo caminhar novamente a mesma distância. Quando a caminhada era morro acima a dor aparecia a distâncias mais curtas (± 600 mts). Vinha assim até uma semana quando de forma súbita a dor começou a aparecer à distância de ± 100 metros, cessando também em ± 3 a 5 mim. Nega dor de repouso, alteração de cor na extremidade ou diminuição da temperatura. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Colicistectomia, revascularização miocárdica há 4 anos. Fumante em tratamento; controle irregular. HISTÓRIA FAMILIAR: Pai falecido aos 61 anos de IAM, era também hipertenso e tinha seqüelas de AVC com 56 anos, mãe viva hipertensa, FILHO ÚNICO. EXAME FÍSICO: Peso 75 kg, altura 1,68, PA 160/95, FC 88 bpm, FR 18 mrpm. Cicatriz de esternotomia e de retirada de safena na coxa direita. Ausculta cardíaca sem alterações, ausculta cervical com sopro sistólico em ambas as carótidas, abdome globoso de difícil palpação, sopro sistólico ++/4 ao nível da cicatriz umbilical. Pulsos femorais palpáveis, com sopro sistólico na direita. Pulsos distais a esquerda impalpáveis. A direita palpável mas fracos (++/4 poplíteo, Tibial anterior e Tibial posterior). Trofismo mantido em ambos os pés com diminuição de pelos no esquerdo. Final de Doppler presente em ambos os pés com ITB 0,7 à esquerda e 0,9 à direita. Processo de discussão: 1. Qual sua hipótese diagnóstica / diagnóstico diferencial. R: arteroscleorose/trombose 2. Discutir a etiologia Excesso de colesterol na corrente sanguínea, o que ocasiona uma reação inflamatória no endotélio, uma capa celular que reveste as paredes internas das artérias. É nesses pontos que começam a nascer os ateromas, as tais placas. Provavelmente como o paciente ainda é fumante e já passou por revascularização miocárdica, esses são fatores que podem estar relacionados com as causas das doenças. 3. Relacionar quadro clínico / achado exame físico. R: abdome globoso de difícil palpação, sopro sistólico ++/4 ao nível da cicatriz umbilical. Pulsos femorais palpáveis, com sopro sistólico na direita. Pulsos distais a esquerda impalpáveis. A direita palpável mas fracos (++/4 poplíteo, Tibial anterior e Tibial posterior). Trofismo mantido em ambos os pés com diminuição de pelos no esquerdo. Final de Doppler presente em ambos os pés com ITB 0,7 à esquerda e 0,9 à direita. Além da pressão arterial elevada, são fatores que podem confirmar a suspeita diagnostica. 4. Qual a seqüência de avaliação complementar. Alguns exames que possam ser solicitados: ● Nível quantitativo de dímero D ● Ultrassonografia duplex ● Ferramenta de possibilidade clínica de Wells Exames a serem considerados: Rastreamento para trombofilia e teste do fluxo venoso por Doppler 5. Como trata o paciente. Clínico? Cirúrgico? O tratamento requer a diminuição de riscos cardiovasculares. Ademais, faz-se necessário a interrupção do tabagismo que também é um fator crítico para uma boa recuperação das plaquetas, para controlar o colesterol, diabetes e pressão arterial apresentada no paciente. Ou seja, deve-se tomas bastante líquido, não fumar e utilizar de dispositivos que massageiam a perna objetivando a melhora da circulação. Podemos utilizar de algumas classes de medicamentos também, como: ● Medicamentos anticoagulantes. ● Medicamentos para dissolução de coagulo. 6. Qual a história natural desta patologia. A história apresentada no estudo de caso relata dor na panturrilha esquerda ao caminhar por longas distâncias, dez quadras. Dores que foram aumentando com o passar dos dias. Quanto à patologia, trombose venosa profunda, se trata de um desenvolvimento de um coágulo sanguíneo em uma grande veia profunda na perna, pelve, coxa ou abdome, ou seja, pode resultar no comprometimento de fluxo sanguíneoe por consequência o edema nos membros inferiores e dor. Vale lembrar que esta patologia acomete também os membros superiores ou até mesmo no cérebro. 7. Procedimentos da equipe no plantão No plantão a equipe deve ficar atenta nos seguintes tópicos: ● Deve-se estar atento a queixas de tosse, dispnéia, hemoptise; ● Observar presença de cianose; ● Avaliar a perfusão do membro afetado; ● Ficar atento a sinais de hemorragia; ● Aplicar pomadas antitrombóticas nos hematomas. ● Medir diariamente a circunferência do membro afetado; ● Acompanhar diariamente os níveis de plaquetas no sangue PACIENTE 3 IDENTIFICAÇÃO: feminina, 22 anos, solteira, branca, natural de S. Maria e procedente de P. Alegre, estudante universitária. QUEIXA PRINCIPAL: Ardência miccional. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL A paciente veio ao Pronto Sus há 3 dias com queixa de ardência para urinar que iniciou há 2 dias. Foram coletados exames “de sangue e de urina”, solicitado ecografia e receitado solução de hioscina e dipirona 30 gotas VO 4 x / dia, se necessário. Melhorou, mas voltou ao ambulatório acompanhada, hoje, referindo febre, sensação de peso na região supra- púbica e vontade de urinar seguidamente desde ontem. Tem também dor dolente lombar direita, sem irradiação, que não modifica com posição adotada pelo corpo. A urina é turva e mal-cheirosa há dias. Nega secreção vaginal. Já apresentou episódios semelhantes no passado, tendo sido mais seguidos ultimamente. Nega calafrios. Refere cansaço e fadiga. A acompanhante solicita ao médico informações sobre a natureza da doença, seu prognóstico e riscos. Paciente tem ferida no membro superior esquerdo , na região braquial. REVISÃO DOS SISTEMAS Geral: “mal- estar” indefinido. Gastro-intestinal: inapetência desde ontem. Refere constipação intestinal crônica. Gênito-urinário: menarca aos 12 anos, menstruações regulares 30/3. Usou anticoncepcional oral até há 2 anos e suspendeu. Desde então usa gel espermicida e diafragma. Normalmente urina 4 a 5 x/ dia e não acorda à noite para urinar. Não tem o hábito de urinar após relações sexuais. Músculo-esquelético: caminhava durante 1 hora diariamente até anteontem. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA Fez todas as vacinas. Nega doenças comuns da infância. Nega cirurgias. Nega infecções urinárias na infância. Nega ingestão habitual de bebidas alcoólicas: uma cerveja eventual no fim- de- semana. Nunca fumou. HISTÓRIA FAMILIAR Pai vivo com 53 anos, com saúde Mãe viva com 47 anos, com saúde Tem 1 irmão com 20 anos, com saúde, que apresentou enurese noturna até 8 anos de idade. Nega HAS, DM, Ca, doenças renais, incluindo urolitíase na família . HISTÓRIA PSICO-SOCIAL Mora com os pais em casa própria. Estuda sociologia. Iniciou vida sexual aos 16 anos. Tem namorado. EXAME FÍSICO: Bom estado geral e de nutrição. Lúcida, coerente e orientada. Corada e hidratada. PA deitada 110/60mmHg FV 100 bpm Tax 37.2oC FR 24 mrpm Altura: 170 cm Peso: 60 kg IMC 20.7 Pele, mucosas, anexos e gânglios: sp Cabeça e pescoço: sp Ap. CV: íctus invisível e impalpável. FV 100, BNF RR 2T s/sopros Pulsos periféricos amplos e simétricos Ap. Resp. MsVs normalmente distribuídos Abdômen- inspeção: ndn. Palpação: discreta dor e desconforto à palpação do hipocôndrio e flanco D, bem como do hipogástrio; sem massas palpáveis, sem sinais de irritação peritoneal. Fígado no rebordo costal direito. Baço impalpável. Ruídos hidro- aéreos presentes, normais. Giordano à D +. Sem edema de MsIs. EXAMES COMPLEMENTARES: hemograma: Htc 39%, Hgb 13.5g, Leucócitos 9000 c/ 30% de bastões. Creatinina sérica 0,9 mg/ dL. EQU: prot. 1+, Nitritos +, Estearases leucocitárias +, sedimento urinário: 40 leucócitos/c, 4 hemácias/c, bacteriúria abundante. Urocultura quantitativa com antibiograma: E. coli > 105 UFC/ mL de urina. Ecografia: Rim D mede 12,0 cm e Rim E também. Não há dilatação de cavidades coletoras. Os rins não apresentam alterações parenquimatosas significativas. Bexiga sp. CONTEÚDO PROPOSTO: Pequenos grupos em cada sala discutirão as questões enumeradas a seguir, tentando elaborar uma justificativa para suas respostas. 1. Neste caso apresentado, temos infecção urinária e comprometimento renal? Não, porque os rins não tiveram comprometimento paraquimentosos significativos. 2. A paciente pertence ao grupo de risco para infecção urinária? Sim, por já ter iniciado a vida sexual. 3. Cistites são causadas apenas por bactérias? Não, outros microorganismos também podem causar. 4. Quais os patógenos mais frequentes causadores de infecção urinária? Os patógenos mais comuns são as bactérias, os agentes etiológicos dominantes, responsáveis por mais de 85% dos casos de infecção das vias urinárias, são os bacilos Gram-negativos, que são habitantes normais do trato intestinal. Sem dúvida alguma, o mais comum é a Escherichia coli, seguida dos gêneros Proteus, Klebsiella e Enterobacter. Entre as bactérias Gram positivas encontram-se o Enterococcus faecalis, e espécies do gênero Staphylococcus 5. Qual os diagnósticos diferenciais possíveis para Pielonefrite Aguda? Dor lombar de causa osteomuscular, psoíte, cólica renal, abscesso peri-renal, entre outras. Outros diagnósticos diferenciais são pneumonia de base, litíase renal, apendicite e colecistite aguda. 6. Qual a atitude do médico quanto à solicitação da acompanhante? O médico precisa conversar com a paciente e avaliar quais informações serão passadas para a acompanhante. 7. A contagem de germes na urocultura desta paciente poderia caracterizar bacteriúria significativa? Sim, pois ela possui uma bacteuria abundante. Atualmente, só se valorizam uroculturas entre 10.000 e 100.000 UFC quando também há piúria no EAS (leucócitos na urina) e sintomas clínicos sugestivos de infecção urinária. Valores abaixo de 10.000 UFC são considerados contaminações por bactérias da região perineal. 8. Qual a importância de investigar enurese na infância da paciente e familiares? Para saber os fatores genético que influenciam o desenvolvimento da doença urinária e assim fornecer o melhor tratamento para a paciente. 9. Há relação entre ITU e sexo ou atividade sexual? A infecção urinária é comum em mulheres devido à anatomia da região: a uretra nelas é mais curta com abertura próxima ao ânus, o que facilita durante o sexo, o contato com a região do clitóris e uretra pode facilitar ainda mais a chegada de bactérias até o canal urinário, aumentando o risco da ITU. 10. Deve-se tratar bacteriúria assintomática? Há pouca evidência de que o tratamento de rotina da bacteriúria assintomática seja necessário, exceto nas seguintes condições: – Gravidez: rastreamento diminui pielonefrite e deve ser oferecido no 1º e 3º trimestre; – Necessidade de cirurgia ou de instrumentação do trato urinário 12. Se repetir estes quadros de infecção urinária a paciente poderá chegar à insuficiência renal terminal e diálise? Sim, pois a destruição generalizada de nefrónios (unidade básica e funcional do rim), que são substituídos por tecido de cicatrização. Isto pode levar a uma insuficiência renal crónica terminal (IRCT) ou dialise. 13. Procedimentos da equipe no plantão A primeira preocupação dos enfermeiros deve ser com a estabilização do indivíduo. O próximo passo é aferir temperatura, pressão arterial, pulso e oxigenação. O artigo reforça a importância de se estar atento para a coloração e o aspecto da pele nas doenças do trato urinário. Durante o período de observação ou internação, deve-se controlar a eliminação urinária, avaliando frequência, consistência, cor, odor e volume. Afinal, esses são os principais indicadores de alterações no quadro clínico. Quando o paciente estiver incapacitado, é função do enfermeiro realizar a higiene íntima.
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