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ENSAIO Filosofia e alteridade na Era Cibernética

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ 
MESTRADO PROFISSIONAL EM FILOSOFIA (PROF-FILO) 
 
 
 
 
CASSIO FERNANDO BACHMANN 
 
 
 
ENSAIO 
Filosofia e alteridade na Era Cibernética 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
União da Vitória 
2017 
Este ensaio aponta questões sobre o ensino de Filosofia em meio a Era 
Cibernética. A Filosofia com sua necessária e nem sempre rápida reflexão se vê diante 
de um mundo que é pautado pela velocidade da internet e que altera toda a vida humana, 
seja a comunicação, o trabalho e sim a educação. É evidente o encantamento que provoca 
a era digital, as respostas rápidas, conectar o mundo sem sair de casa. A internet está na 
palma da mão, fácil acessa-la, sites de buscas, de encontros, de bancos, enfim de tudo que 
se almeje. A educação por sua vez não acompanhou a evolução na mesma velocidade e 
defasada desafia professores a repensarem suas aulas e métodos. A internet tenta agregar 
a Rede a educação, com cursos não presenciais e que de fato ainda carecem de uma 
reflexão sobre sua eficácia ou não. Este ensaio se limita a pensar uma dentre inúmeras 
outas possibilidades de ensinar Filosofia, para isso é necessário entender os agentes 
envolvidos, as dificuldades que se apresentam para poder validar nossa ideia de Filosofia 
enquanto Descobrimento. Esta proposta está embasada em dois autores, Bornheim e Han. 
O primeiro sugere a Filosofia como um processo de descobrimento e que historicamente 
é o motor da humanidade, a alteridade é parte fundante da vontade de se encontrar com o 
estranho, com o novo, é o que provoca os grandes feitos da humanidade. Han também 
opera o conceito de alteridade como algo necessário para o homem, porém entende que 
essa alteridade foi sufocada pelo capitalismo que age em todos os aspectos da vida 
transformando numa sociedade cansada, e que prioriza o desempenho, entediada que se 
agarra na falsa positividade transposta pelas mídias como a internet. É nesse contexto que 
pensar a Filosofia e seu ensino se torna uma tarefa desafiadora e árdua, porém cientes das 
limitações até mesmo pela gama de possibilidades que a Era Cibernética revela, propomos 
uma possibilidade com o intuito de agregar a necessária construção filosófica. 
Os pensadores da Filosofia cada qual a seu modo pensou os problemas de seu 
tempo. O filósofo é alguém que está inserido em sua realidade, refletindo as questões 
problemas de suas vivências. Por isso é imprescindível que a Filosofia do século XXI 
também assim o faça. Não se trata de pormenorizar os clássicos, mas sim de reconhecer 
que em cada contexto emergem novos problemas e que é próprio da Filosofia trazê-los à 
tona. 
Uma vez que fazemos a defesa da Filosofia enquanto disciplina é razoável pensar 
que da mesma forma como citado anteriormente é preciso sim que os estudantes tenham 
contato com os clássicos, mas também que possam pôr em debate questões de seu tempo. 
Nesse sentido podemos levantar uma série de questões que possam fundamentar uma aula 
de Filosofia a partir das vivências dos estudantes que, nem sempre são contemplados 
pelos conteúdos curriculares, como a questão da relação dos estudantes com a tecnologia. 
Para o Filósofo norte-coreano Han o séc. XXI se resume a Sociedade do Cansaço, 
que superou as doenças de outrora com antibióticos, mas que no presente desenvolve 
doenças neuronais e é incapaz de cura-las, isso porque essas doenças são sintomas de uma 
sociedade que em meio ao desenvolvimento capitalista está presa ao desempenho, a 
competitividade desleal porque coloca todos os seres com as mesmas potencialidades, 
falácia essa que torna a ideia de ser um vencedor uma obrigação social. 
É importante notar que esse discurso que Han condena é de praxe nas escolas, e 
podemos entender isso de duas maneiras. Primeiro porque uma educação que prioriza 
vestibular, ENEM, (exame nacional do ensino médio) e que se volta todo para o mercado 
de trabalho soaria contraditório um estímulo a reflexão mais precisa do que seja o 
processo de educar. Segundo porque mesmo os professores com históricos de lutas 
sindicais estão amarrados ao projeto de escola burguesa da qual fazemos parte e que 
legitima todo o processo capitalista. 
Para Han o desejo de estar inserido nessa sociedade competitiva cria uma falsa 
positividade que faz com que todos desejem ser iguais, ou seja uma sociedade modelada 
pela falsa expectativa de ser um vencedor, poderíamos avançar nessa questão porque uma 
sociedade que presa pela falsa igualdade, que desconsidera os diferentes é no fundo uma 
sociedade coagida e sem capacidade de movimento para reagir. No entanto, não é esse o 
foco dessa proposta, mas vale salientar que essa sociedade pautada pelo desempenho é 
no fundo a geração da frustração, porque o desempenho nunca se valerá de igualdade, 
sobretudo no capitalismo, exemplo torpe, mas fácil de entender, para cada um milhão de 
meninos que jogam futebol, apenas um será Neymar, os outros serão mais um com crises 
neuronais porque não tem o mesmo desempenho. Nas palavras do próprio autor: 
Também o aceleramento de hoje tem muito a ver com a carência de ser. A 
sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são uma sociedade 
livre. Elas geram novas coerções...a especificidade desse campo de trabalho é 
que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia, vítima e agressor. Assim 
acabamos explorando nós mesmos. (Han,2015, p.46-47) 
A partir dessas reflexões propostas por Han podemos pensar que a escola está em 
meio a tudo isso, seria a Escola uma escola do cansaço? 
É necessário reconhecer que a Escola não acompanhou o desenvolvimento da 
tecnologia, e é justamente esse o desafio do professor, porque em certa medida a escola 
está sempre um passo atrás e desse modo fica distante da realidade dos estudantes que 
estão conectados e têm a tecnologia como parte de suas vidas. Cabe então a seguinte 
reflexão: ficaremos na contramão disso, vendo a tecnologia como um atraso na vida das 
pessoas ou num anacronismo hipócrita de achar que o passado sempre era melhor? Ou 
vamos continuar nossa tarefa de fazer um convite à Filosofia, agora diante dessa nova 
forma de se apropriar do conhecimento. São novos tempos, novos olhares, novas 
reflexões. Verdade seja dita, o que observamos nas escolas é uma relutância muito 
incisiva por parte de alguns professores que insistem na comparação meramente de 
“doxas” que levam muito mais em conta o fato de eles mesmos estarem defasados 
tecnologicamente. 
É claro que podemos apontar diversos fatores do porquê dessa defasagem que vai 
desde as questões salariais, de tempo e até mesmo de formação necessária por parte dos 
governantes, no entanto, ao andar na contramão do desenvolvimento, também não agrega 
nada na educação, e não podemos esquecer que, se somos educadores é porque 
escolhemos estudar cotidianamente e se preparar a cada dia para cada desafio e um deles 
é o desafio da tecnologia como nova configuração do espaço escolar e vivencial do aluno 
já que as tecnologias são capazes de gerar modificações na realidade da vida cotidiana. 
Não se trata de esquecer as lutas históricas e inerentes ao magistério, mas sim de 
entender que a tecnologia está posta no mundo e numa velocidade que ou nos apropriamos 
dela ou ficaremos não somente presos enquanto educadores, mas enquanto um ser 
humano no mundo. Diante desse cenário que aparenta o caos para o professor é preciso 
entender que é esse mesmo cenário que encanta os estudantes, é justamente essa 
velocidade das respostas na ponta do dedo, num aplicativo que resolva coisas complexas 
em minutos que o aluno está integrado. É preciso reconhecer que o aluno está na rede, na 
verdade o mundo está conectado. Reconhecer isso é o primeiro passo para entender que 
não vamos mudar o mundo, que a educação não vai retroagir a uma enciclopédia ou aos 
intermináveis cadernos de caligrafia que até deixavam a letra bonita, mas que tambémnão significava que o aluno aprendeu algo. Da mesma maneira se lia enciclopédias, ato 
esse que se restringia em decorar, mas que em tese não havia uma profundidade de 
análises. 
Reconhecer que o aluno está conectado em outra “vibe” não nos torna menos 
professores, e nem menos importantes, mas é preciso repensar nosso papel de educador. 
Dito isso, após reconhecer que não vamos voltar no tempo nem mesmo as palmatórias é 
preciso pensar como nós professores nos inserimos nesse contexto. A priori o que as 
escolas públicas nos oferecem é quadro negro, livro didático, giz e migalhas tecnológicas 
que se resumem em diários online e projetores. E claro, quando comparamos a realidade 
da escola com a dos estudantes o desafio fica grande, porém o que pensamos é que as 
dificuldades não podem servir de desculpa para a estagnação. 
Entendemos que o professor tem por definição o amor pelo conhecimento, e se 
essa afirmação for verdadeira, estamos numa era do conhecimento, cada geração viveu 
suas inovações - da bússola a internet - logo, é preciso que nós professores enfrentemos 
os desafios de nosso tempo, porque não há outra maneira. Enquanto vermos a tecnologia, 
aplicativos, rede social, sites etc., como inimigos da educação estaremos numa luta insana 
porque é uma batalha perdida, e pior, talvez seja uma luta desnecessária. Portanto 
entendemos que cabe ao professor diante de suas capacidades, limitações, quaisquer que 
sejam, estar atentos as mudanças tecnológicas e principalmente mudar o olhar para a 
tecnologia como algo que pode ser um aliado na educação. 
É preciso salientar que são notórios os discursos de educadores que a escola está 
defasada em todos os sentidos, porém quando chamados ao desafio da tecnologia se veem 
presos ao senso comum que o aluno só usa a internet de modo equivocado, ou que só 
reproduz. É preciso mudar o foco, quando pensamos que a filosofia precisa pensar a 
vivência dos estudantes não podemos esquecer que a internet também faz parte das 
vivências dos professores, afinal estamos no mundo. Então, qual a diferença? Eles 
cresceram com um celular na mão, a comunicação deles é diferente, os estudantes curtem, 
compartilham, fazem prints, respondem sobre suas vidas em aplicativos, fazem vídeos ao 
vivo, fazem login para acessar determinados ambientes virtuais e tantas outras siglas e 
nomes que podíamos se estender aqui. 
Num primeiro olhar os professores mais resistentes podem ver em tudo isso um 
desperdício de tempo, e que a geração anterior viveu melhor. É preciso perceber que cada 
geração foi feliz em seu tempo e a sua maneira com os recursos que tinham a seu dispor, 
é preciso pensar também que o debate desse texto só é válido porque estamos num 
momento de transição onde professores de uma geração enxergam na tecnologia um 
problema para a educação, porém em breve as novas gerações de professores serão 
exatamente as que nasceram e cresceram diante dessa velocidade tecnológica e que 
certamente fará uso dela. Feito a sempre falaciosa profecia, voltamos às indagações 
anteriores que levam em conta que uma vez que estamos no mundo precisamos entender 
esse mundo com suas nuances. Pensando essas questões entendemos que o professor tem 
um papel determinante nesse processo, primeiro por fazer parte dessa tecnologia, ainda 
que resista, segundo porque o professor faz parte da vivência do estudante. Essa relação 
não deve ser desconsiderada, porque a presença do professor, com uso ou não da 
tecnologia está para além disso. Está nas relações interpessoais, de compromissos 
assumidos, de projetos desenvolvidos entre tantas outras possibilidades educacionais. 
Quando pensamos então na vivencia dos estudantes também estamos falando das 
vivências dos professores, porque entendemos que estão conexas e se estão ligadas porque 
não aproveitar desse espaço da tecnologia para mudar a forma de agir enquanto educador? 
Por que não fazer da tecnologia um motivo para se desafiar? Por que não pensar a 
Filosofia pela vivência dos estudantes? 
Mudar enquanto educador é um processo lento porque muitas vezes se prendemos 
ao comodismo dos manuais, das aulas repetidas, de encantamento pelo nosso método, o 
que não significa que isso encanta o outro. É nessa perspectiva que pensamos que é 
preciso olhar para esse estudante presente na sala de aula e com sua vida e perguntar por 
que as tecnologias encantam tanto? Porque o estudante, em tese, prefere um celular às 
aulas. Será que as tecnologias atrapalham mesmo a educação? Entendemos que quanto 
ao professor é preciso desejar conhecer a tecnologia, e talvez ela encante na mesma 
proporção que encanta os estudantes, aliás, pode aprender com os estudantes, até porque 
a educação é sempre uma via de mão dupla. É preciso se desafiar. 
A proposta desse ensaio é que o ensino de filosofia deve levantar como discussão 
filosófica a própria vivência dos estudantes nesta era digital, tecnológica e que de fato são 
problemas de seu tempo. 
É nesse sentido que entendemos que parte importante da vivência dos estudantes 
acontece na rede, é nesse espaço que eles se sentem inseridos, às vezes é nesse espaço 
que se sentem mais à vontade para expor suas opiniões, suas angústias, suas limitações. 
É claro que existem na rede inúmeros problemas que vão desde a degradação de 
conhecimento à pornografia. Assim, se as tecnologias não são nem más nem boas em si 
mesmas, mas depende do uso que se faz delas, é extremamente importante refletir sobre 
as escolhas e os comportamentos das pessoas frente a este cenário tecnológico. Talvez na 
escola seja o único lugar onde os estudantes possam aprender a lidar com essas novas 
ferramentas da melhor maneira possível. 
 E aqui é preciso retornar a Han, porque se a escola é parte dessa sociedade 
cansada, é evidente que ela também reproduza essas mazelas sociais. Estudantes também 
te problemas com a alteridade, mas nesse caso em sentido reverso, porque ao olhar para 
um texto, um livro também tendem a se afastar. O que estamos tentando mostrar é que 
tanto alunos quanto professores, escola tem dificuldade em lidar com o diferente e a priori 
a Filosofia por ser parte disso também se encontra em um espaço intermediário entre a 
tentativa de convencimento das leituras de clássicos e a ânsia dos alunos em entender 
tudo muito rápido. 
 Nesse sentido esse ensaio propõe a Filosofia numa perspectiva de descoberta, tese 
essa pensada pelo Filósofo brasileiro Bornheim, que similar a Han reconhece o papel 
fundamental da presença de alteridade, mas numa perspectiva de descoberta. E para 
embasar essa tese a autor recorre a história demonstrando como a alteridade teve papel 
fundamental para todas as grandes descobertas da história. Essas descobertas não limitam 
ao plano físico, geográfico e econômico, mas até mesmo na elaboração de conceitos, 
como de humanidade no séc. XVIII. Afirma Bornheim: 
O desafio dos grandes e pequenos descobrimentos concentra-se 
plenamente nessa insistência em reconhecer as alvíssaras 
ininterruptamente novidadeiras de realidades que parecem esgotar-se 
numa sociedade a perder-se de fundo-me homem a homem...Por aí, a 
alteridade constitui-se em critério por assim dizer definitivo da 
construção de qualquer possível delineamento de universalidade. 
(Bornheim1998, p.6-7) 
Para Bornheim, o descobrimento está ligado a alteridade, por gerar o espanto, a 
surpresa, o desconhecido, características essas inerentes a filosofia. 
E esse é o ponto chave desse ensaio. Se temos uma sociedade cansada, se a escola 
é um reflexo disso, se os agentes estão inclusos nesse processo como sugere Han, e do 
qual somos a inclinados a concordar, como podemos modificar essas aulas cansadas? 
Entendemos que o conceito de descoberta de Bornheim se aplica a esse contexto 
e que atinge todos seus agentes. Professores porque ao pensar em aulas que de fato sejam 
satisfatórias, descobrem um novo método, alunos porquese reconhecem enquanto 
tecnologia, mas com as aulas perceberão a necessidade dessa alteridade forjada pela falsa 
ideia de aproximação que as redes causam. 
A aula como descoberta é em nosso entendimento a possibilidade de ver o novo, 
porque o estudante pode não ter contato com uma obra física por exemplo, mas se tiver 
em PDF, e se ele tiver contato, continuará sendo Filosofia, mas o conhecimento do aluno 
é novo, aproveitar o que está disponível na Internet é para nossos educadores um processo 
de descoberta, ou seja é preciso se “jogar ao mar em busca de novos horizontes como 
fizeram os grandes descobridores”. 
É importante frisar também que não se trata de mudar toda uma lógica de educação 
e que via de regra é arraigada ao Estado, se espera pensar a Filosofia de um modo diferente 
e que ela atinja onde ainda não conseguiu. 
O estudante por conta da velocidade da rede espera respostas curtas e rápidas, o 
que num primeiro momento pode parecer muito contraditório à Filosofia que tem sua 
complexidade e a necessidade de um tempo de reflexão. Mas como citado anteriormente, 
o estudante é fruto de seu tempo e chega a ser natural que ele não se sinta motivado as 
complexidades inerentes a Filosofia. Por outro lado, a Filosofia é provocação, e nesse 
sentido o estudante pode não ser provocado pelo “Banquete de Platão”, mas certamente 
ele será provocado se o debate levar em conta o “Status do facebook” quando eles 
começam a namorar, a conhecer novas pessoas. Desse modo a rede social é a porta de 
entrada e com um bom trabalho de permanência da Filosofia, a declaração de amor no 
status é Platão entrando na vida do estudante a partir de sua realidade. Não se trata de 
reduzir tudo a rede, nem de simplificar, mas sim de entender que o estudante somente 
será provocado por algo que faça parte de seu contexto, de se cotidiano. Certamente será 
muito complicado ou pelo menos não atrairá a atenção do dele uma leitura de “Ética à 
Nicômaco” ou a compreensão de um imperativo kantiano pra discutir ética, mas pode ser 
que eles exponham suas opiniões se levantada uma questão ética sobre “nuds”, ou sobre 
exposições não autorizadas de sua vida pessoal. Percebe-se que a Filosofia se fará 
presente da mesma maneira, porém com a voz do estudante, que consideramos 
fundamental para uma boa aula de Filosofia. 
Entendemos, assim, que a Filosofia precisa promover essas discussões e, a partir 
delas, incentivar o exercício da racionalidade de nossos estudantes, não somente pra 
levantar problemas, mas em forma de projetos, de fóruns de debates porque é nesse 
espaço que eles se sentem confiantes e justamente porque acreditarem ter total domínio. 
É importante pensar também que esses debates tendem a demonstrar muito mais a 
alteridade do que semelhanças, ou seja, tanto na perspectiva de Han como na Bornheim 
é necessário e podemos afirmar é papel da Filosofia. 
 Seguindo esses passos, a filosofia não perderá sua complexidade necessária, não 
será banal, mas se trata de fazer o que cada filósofo fez ao longo da história, que é 
problematizar seu contexto. Nosso contexto é a tecnologia, portanto soa até contraditório 
lutar contra esses fatores inerentes à vida dos estudantes. Essa é a vida deles, não 
conheceram outra, é nesse espaço que se reconhecem, e se diferem como alteridade. 
 Fizemos essas perguntas ao longo desse ensaio, porque não aproveitar desse 
espaço da tecnologia para mudar a forma de agir enquanto educador? Por que não fazer 
da tecnologia um motivo para se desafiar? Por que não pensar a Filosofia pela vivência 
dos estudantes? 
 Concluímos com a ideia de que todas elas são respondidas com o conceito de 
alteridade, é preciso olhar para o novo sem medo, é preciso olhar o diferente, porque 
entendemos que a grande virtude de todos os grandes Filósofos foi se permitir olhar para 
o novo a partir de sua própria existência. 
 Por fim, se todos os envolvidos nessa complexa tarefa que é a educação 
entenderem que todo processo de conhecimento deve partir da realidade da qual os 
sujeitos estão inseridos, a educação terá melhores resultados. Pensar sobre como se inserir 
nesse meio tecnológico já é um exercício filosófico. Assim, os estudantes têm a 
possiblidade de entender a Filosofia como algo que é inerente e importante a sua vida. 
Terminamos com uma citação de Bornheim. 
E é precisamente o reconhecimento do outro que leva, através 
de tantos percalços históricos, ao segundo nível do 
descobrimento; e é que a alteridade se torna inteiro ao próprio 
homem, como a que tropeçar no desconhecido de seu corpo. 
(Bornheim,1998 p.84) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BORNHEIM,Gerd. O Conceito de Descobrimento. Rio de Janeiro.Eduerj.1998. 
HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Petrópolis :Vozes, 2015.

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