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Resenha do filme Laranja Mecânica

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Resenha do filme “Laranja Mecânica” com o objetivo de identificar técnicas utilizadas na Terapia Cognitivo Comportamental.
O filme “Laranja Mecânica” produzido e dirigido por Stanley Kubrick em 1971, revela cenas denominadas como “ultraviolência”, imagens fortes e perturbadoras de torturas que retratam a psicopatologia de jovens britânicos que formam uma gangue em busca do prazer no horror show.
O foco principal do longa-metragem é a história de um jovem delinquente chamado Alex que lidera as atitudes dos membros da gangue apelidados pelo personagem como “drugues” ou “camaradas” que aterrorizam as ruas Britânicas. A gangue passa noite a fora investindo em atos ilícitos como uso de drogas, invasão de residências, furtos, torturas e estupros.
Com suas atitudes autoritárias e dominantes geram um incomodo aos membros da gangue de Alex que começam a pressioná-lo demonstrando que todos tem os mesmos direitos ao prazer durante as devassas noites de horrores. Portanto, Alex se sente ameaçado a perder a liderança do grupo e agride dois amigos, impondo assim a sua liderança e provocando ainda mais revolta nos membros da gangue que por usa vez preparam uma emboscada para Alex.
Importante ressaltar que o filme demonstra a omissão dos pais de Alex diante do comportamento autoritário do filho. Com medo de serem agredidos, os pais do personagem não questionam as ações de Alex durante as noites, negligenciando as atitudes inadequadas do jovem e reforçando ainda mais seu comportamento impróprio. Nesse contexto identificamos que seus pais não repreendem as práticas libertinas do personagem, aumentando a probabilidade desse comportamento ocorrer novamente. Ainda dentro dessa cena do filme, o personagem finge estar com dor para não ir à escola e seus pais permitem que ele fique na cama sem cumprir seu dever de ir à escola, demonstrando um reforço negativo que aumenta ainda mais a probabilidade do personagem dizer que está com dor para escapar de suas obrigações.
Durante uma noite violenta, Alex invade a casa de uma mulher, tortura e mata a vítima sendo traído por sua gangue e preso pela polícia. Quando o personagem chega à delegacia e toma conhecimento do assassinato que havia cometido, entra em prantos e começa a perceber que seus comportamentos produzem uma consequência desastrosa reprovada pela sociedade. A partir dessa reflexão, encontramos o mecanismo de punição negativa, onde um comportamento inaceitável é enfraquecido através da retirada da liberdade após a consequência do comportamento do personagem Alex.
O personagem é sentenciado a catorze anos de prisão e ao chegar na penitenciária Alex passa a ser obrigado a cumprir rigorosas regras, passando por um processo disciplinar até então não vivenciado por Alex em seu ambiente familiar. 
Ainda no presídio, o personagem é obrigado a ajudar um padre no trabalho de evangelização de detentos, porém, mesmo interagindo com os livros sagrados como a bíblia, Alex não consegue parar de ver imagens de tortura em sua tela mental, reconhecendo que precisa ser curado de sua psicopatologia.
 Quando completa dois anos de sentença, Alex descobre que um tratamento experimental do governo pode reduzir seu tempo de prisão e anseia pelo tratamento denominado como “técnica Ludovico”, que objetiva reabilitar criminosos em poucas semanas, reduzindo o número de presidiários nas penitenciárias britânicas. Acompanhando o raciocínio das técnicas behavioristas identificamos aí um reforço positivo, onde à medida que o presidiário se submete a cumprir com os objetivos do novo tratamento psiquiátrico, consegue ter seu bom comportamento recompensado com menos tempo de detenção.
Escolhido para participar do programa de reabilitação, Alex é encaminhado ao Centro Médico Ludovico e inicia seu tratamento conduzido pelo Dr Brodsky. Antes de iniciar o tratamento, a médica assistente usa da técnica de psicoeducação explicando ao paciente como serão as sessões para que o paciente se envolva de forma ativa. O tratamento funciona como um condicionamento clássico, um processo de aprendizagem que ocorre através de associações entre um estímulo ambiental e um estímulo fisiológico. O experimento consiste na aplicação de uma droga injetada em Alex que após esse procedimento, é levado a uma sala de cinema onde é amarrado a uma cadeira, recebe um receptor sensorial em sua cabeça e grampos são colocados em seus olhos obrigando-o a permanecer de olhos abertos em direção a tela que exibe cenas de violência, tortura e horror. À medida que a droga surte efeito no organismo do paciente, Alex começa a se sentir mal, com náuseas e vontade de vomitar. O método de exposição ao conteúdo violento é um estímulo que busca recondicionar o personagem produzindo sensações desagradáveis provindas da droga utilizada a estímulos que anteriormente geravam prazer.
Durante as semanas de tratamento, Alex condicionou que a violência gera mal estar e que a única maneira de não se sentir mal é repelindo o estímulo que o agride fisiologicamente. O momento mais interessante do condicionamento ocorreu quando Alex se deparou com cenas de violência sendo transcorridas com a 9º sinfonia de Beethoven, gerando maior sofrimento ao paciente que considerava as músicas do compositor prazerosas para ele. A partir desse momento, a presença da música se tornou outro estímulo que causava náuseas e vômitos ao personagem. Após cada sessão do tratamento, a médica assistente do Dr. Brodsky questiona o paciente sobre como se sentiu após a sessão, buscando obter um feedback e avaliar a motivação do paciente em mudar. Dentro dessa reflexão e correlacionando a prática da terapia cognitivo comportamental, observamos que o tratamento do personagem visa a mudança no pensamento e no sistema de crença do paciente, promovendo assim uma mudança emocional e comportamental. Essa abordagem terapêutica entende que as crenças adotadas pelo indivíduo influenciam a visão de uma situação, que por sua vez, influencia o que ele pensa, sente e se comporta. A técnica cognitiva identificada no filme foi a role-play ou dramatização, uma técnica útil quando se percebe que o paciente “sente” que uma crença disfuncional é uma verdade absoluta. Quando Alex senta na cadeira e assiste as cenas vívidas e angustiantes de violentas agressões e precisa enfrentar esses estímulos que condicionados a droga tira o prazer do personagem, é como se houvesse uma troca de papéis, onde o agressor passa a se sentir agredido, mostrando-o sua crença disfuncional que precisa ser trabalhada e gerando uma reestruturação cognitiva. Dentro desse processo, o personagem experimenta uma angústia e por algumas vezes insiste que o médico o retire daquela situação.
Após as semanas de tratamento, Alex passa por um teste de eficácia do tratamento em um palco, onde a técnica de enfrentamento ao estresse é utilizada, uma vez que ele precisa enfrentar um homem que o agride e o humilha, aguçando novamente seu comportamento agressivo e após, Alex enfrenta uma linda mulher nua que aguça seu comportamento violento sexual, porém, mesmo exposto aos elementos causadores de estresse, Alex condicionado ao tratamento, usa a técnica de parada do pensamento ou autoinstrução, onde o paciente é orientado a identificar ideias que o fazem mal e dar um comando de “pare” sempre que elas surgirem, portanto, ele dá o sinal de “pare”, não consegue responder com violência e demonstra que o experimento possui uma determinada eficácia. Observamos assim, que o reforço condicionado fixado durante a técnica apresentada pelo Dr. Brodsky se torna um reforço contínuo, pois todas as vezes que Alex é atentado a usar de violência, sente-se mal e desestruturado para cometer os antigos atos ilícitos, correspondendo de forma satisfatória ao tratamento de reabilitação. 
Ao ser liberado da clínica e da penitenciária, Alex faz uma tentativa de retornar à casa dos pais, porém, ao chegar se depara com um hóspede que toma o seu lugar na família. Os pais do personagem demonstram expressões de medo ao ver que o filho que está livre e havia retornado para casa,tal medo se refere ao antigo comportamento agressivo do filho que se configurava como líder da casa antes de ser preso. Alex, portanto, tenta impedir que o hóspede permaneça na casa, mas ao constatar que o filho já não tem mais atitudes violentas, o pai de Alex determina que ele deixe a casa.
Retirando-se da residência dos pais, Alex encontrou um mendigo que foi uma de suas vítimas que o reconheceu seu antigo agressor, vindo a espancá-lo, gerando um tumulto, que foi apaziguado por dois policiais, que surpreendentemente eram os mesmos jovens vândalos integrantes de sua antiga gangue. 
Os antigos amigos de Alex aproveitam o reencontro e torturam o rapaz, abandonando-o numa região remota da cidade. O personagem, então, ferido consegue caminhar até uma residência onde é acolhido por um escritor que também foi alvo de tortura no passado pela gangue baderneira. Enquanto Alex é socorrido e vai tomar banho, ele começa a cantarolar a mesma canção que cantou no dia em que invadiu a casa do escritor, que por sua vez, reconheceu a canção e se recordou do velho agressor. O velho escritor tinha conhecimento do tratamento ao qual o jovem havia sido submetido e com a intenção de se vingar, trancou Alex em um quarto de sua residência obrigando-o a escutar a nona sinfonia de Beethoven. Posteriormente, Alex se perturba em não conseguir repelir aquele terrível estímulo para seu estado fisiológico e se joga da janela do quarto.
No hospital, Alex é visitado por uma psiquiatra que apresenta um esquema de imagens solicitando que o paciente use a técnica de construção de imagens e faça a continuação do diálogo entre uma figura e outra e Alex responde todos os diálogos de forma áspera e violenta. A técnica de construção de imagens mostra um pensamento automático imaginário e neste momento se comprova a ineficácia do tratamento do Dr Brodsky no personagem, visto que o mesmo havia retornado as suas crenças disfuncionais. 
Ainda observamos que Alex continua com seus pensamentos disfuncionais quando o ministro do interior vai visitá-lo no hospital e ele aceita ser subornado para relatar à imprensa que o tratamento foi eficaz, porém, as imagens construídas em sua tela mental são compostas de cenas tortuosas e violentas.
Concluímos que a intervenção proposta para o personagem ocorreu sem uma avaliação inicial, sem buscar identificar como os comportamentos agressivos foram instalados em sua vida, portanto, compreendemos que o tratamento descrito no filme não apresenta as fases de estruturação da terapia cognitivo comportamental. Caso o tratamento explícito no filme fosse estruturado de acordo com a prática terapêutica da TCC, buscando um conjunto de informações acerca do paciente como história de vida, dados da infância, pensamentos, crenças, significados atribuídos, ensinando esse paciente a se auto educar em seus comportamentos prevenindo a recaída, permitiria assim realizar uma intervenção com mais chances de sucesso.

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