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AS REVOLTAS POPULARES DO PERÍODO REGENCIAL

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AS REVOLTAS POPULARES DO PERÍODO REGENCIAL 
 
1. Os Governos Regenciais 
A abdicação de D. Pedro I provocou um vazio político no país, acirrando a 
disputa pelo poder entre as duas principais correntes do Império: liberais exaltados e 
liberais moderados. O grupo dos exaltados era formado, principalmente, pelas camadas 
médias urbanas, enquanto que os moderados eram constituídos pelos representantes da 
aristocracia rural. 
Essas duas correntes políticas compunham o chamado Partido Brasileiro, 
e tinham-se aliado para derrubar D. Pedro do poder e, com ele, os absolutistas do 
Partido Português, seus aliados. A abdicação pode ser considerada como a derrota desse 
grupo e a vitória da oposição, que era constituída por diferentes grupos sociais, cada um 
deles com seus próprios objetivos. 
Conseguindo o seu intento, a aliança se desfez, 
e cada grupo passou a lutar para conseguir se instalar no 
poder. Os liberais moderados redigiram, no dia seguinte à 
abdicação, um documento intitulado Proclamação em 
nome da Assembleia Geral aos povos do Brasil, no qual 
informavam sobre os acontecimentos, afirmavam seu apoio 
aos regentes nomeados e aconselhavam prudência e 
moderação à população, e que observasse a Constituição e 
respeitasse os novos governantes. 
Em uma de suas passagens o documento dizia: 
"um acontecimento extraordinário veio surpreender todos os cálculos da 
humana prudência; uma revolução gloriosa foi operada pelos esforços e 
patriótica união do povo e tropa do Rio de Janeiro, sem que fosse derramada 
uma só gota de sangue; sucesso ainda não visto até hoje, e que deve honrar a 
vossa moderação, energia e o estado a que haveis chegado. (...) Brasileiros! 
Um Príncipe mal aconselhado, trazido ao precipício por paixões violentas e 
desgraçados prejuízos anti-racionais, cedeu à força da opinião pública, tão 
briosamente declarada, e reconheceu que não podia ser mais o Imperador dos 
Brasileiros." 
Já o grupo dos liberais exaltados via esse momento como a possibilidade de 
transformações mais radicais, maior liberalização do regime e de mais participação nos 
destinos do Império. Entendia que afastados do Governo, junto com D. Pedro, os 
portugueses identificados com o absolutismo, haveria condições de aqui se 
desenvolverem os ideais liberais, revestidos de um caráter nacionalista. No entanto, os 
portugueses tinham se reorganizado e lutavam, agora, pela volta de D. Pedro ao trono 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/abdicacao_dpedro.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/liberais_exaltados.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/liberais_moderados.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/partido_brasileiro.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/corte_rj.html
brasileiro, sendo por isso chamados de restauradores. E, ao mesmo tempo, o Governo 
era dominado pelo grupo dos moderados. 
Desta forma, o movimento da abdicação transformou-se, para os exaltados, 
conforme comentou na época o político Teófilo Ottoni, numa verdadeira "Journée des 
Dupes" (Jornada ou Dia dos Logrados), pois não conseguiram chegar ao poder, além de 
verem suas propostas esquecidas, apesar de terem participado ativamente para a 
deposição de D. Pedro I. Perceberam, portanto, que tinham lutado pelos outros. Assim, 
são três as tendências políticas em jogo no cenário político brasileiro a partir de 1831: 
os restauradores, ou caramurus; os liberais moderados, ou chimangos; e os liberais 
exaltados, ou farroupilhas ou, ainda, jurujubas. 
Em meio a esse quadro de agitações políticas era necessário organizar o 
novo Governo, já que a Constituição do Império estabelecia que, no caso de abdicação 
do imperador, o Governo brasileiro seria exercido por um conselho de três regentes, 
eleitos pelo Legislativo, enquanto Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, não atingisse 
a maioridade. Desse modo, cumprindo o preceito constitucional, teve início o Governo 
das Regências, que passou por três etapas: 
 Regência Trina Provisória - de 07 de abril a 17 de junho de 1831; 
 Regência Trina Permanente - de 17 de junho de 1831 a 12 de outubro de 1835; 
 Regência Una - de 12 de outubro de 1835 a 23 de julho de 1840. 
O agravamento da situação econômica e o anseio das camadas popular e 
média, por uma maior participação política, vão gerar revoltas em vários pontos do país, 
sempre esmagadas com rigor pelas forças governistas. Segundo Feijó, era preciso conter 
"o vulcão da anarquia que ameaçava devorar o império". 
 
2. A Revolta dos Malês 
Durante as primeiras décadas do século XIX 
várias rebeliões de escravos explodiram na província da 
Bahia. A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião 
de caráter racial, contra a escravidão e a imposição da 
religião e da cultura européia, que ocorreu em Salvador, em 
janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de Salvador tinha 
cerca de metade de sua população composta por negros 
escravos ou libertos, das mais variadas culturas e 
procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/gov_regenciais.html#caramuru
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/gov_regenciais.html#chimango
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_provisoria.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_perm.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_una.html
haussas e os nagôs. 
Foram eles que protagonizaram a rebelião, conhecida como dos "malê", pois 
este termo designava os negros muçulmanos, que sabiam ler e escrever o árabe. Sendo a 
maioria deles composta por "negros de ganho", tinham mais liberdade que os negros 
das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados 
com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte dos ganhos que seus 
donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria. 
Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos 
muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma 
conspiração com o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e 
mulatos considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês. 
Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas 
foram denunciados por uma negra ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o quartel 
que controlava a cidade, mas, devido à inferioridade numérica e de armamentos, 
acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis 
armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra. 
 
No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado 
dos negros. Duzentos escravos foram levados aos tribunais. Suas condenações variaram 
entre a pena de morte, os trabalhos forçados, o degredo e os açoites, mas todos foram 
barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais de quinhentos africanos foram 
expulsos do Brasil e levados de volta à África. 
Apesar de massacrada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às 
autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção 
do regime escravocrata, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período 
Regencial e se estendeu pelo Governo de D. Pedro II. 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html#negros_de_ganho
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/guarda_nac.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html#f5031_amp.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html#f5031_amp.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/periodo_reg.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/periodo_reg.html
 
3. A CABANAGEM 
A Cabanagem, movimento que ocorreu na província do Grão-Pará, entre 
os anos de 1835 e 1840, pode ser vista como 
um prosseguimento da Guerra da 
Independência na região. Desde a 
emancipação política, em 1822,a Província do 
Grão-Pará, vivia um clima agitado. Isolada do 
resto do país, era a parte mais ligada a 
Portugal. Declarada a Independência, a 
Província só foi reconhecê-la em agosto de 1823. A adesão ao governo de D. Pedro I foi 
penosa e violentamente imposta. 
Administrada por Juntas governativas que se apoiavam nas Cortes de 
Lisboa, os habitantes da Província já estavam acostumados a ver todos os cargos 
públicos e recursos econômicos nas mãos dos portugueses. 
A Independência não provocara mudanças na estrutura econômica nem 
modificara as péssimas condições em que vivia a maior parte da população da região, 
formada por índios destribalizados, chamados de tapuios, índios aldeados, negros forros 
e escravos e mestiços. Dispersos pelo interior e nos arredores de Belém, viviam 
marginalizados em condições miseráveis, amontoados em cabanas à beira dos rios e 
igarapés e nas inúmeras ilhas do estuário do rio Amazonas. Essa população conhecida 
como "cabanos", era usada como mão-de-obra, em regime de semi-escravidão, pela 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema63.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/guerra_independencia.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/em_politica.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema29.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema27.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#negros_forros
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#estuario
economia da Província, baseada na exploração das "drogas do sertão"( cravo, pimenta, 
plantas medicinais, baunilha), na extração de madeiras, e na pesca. 
Desde a Guerra da Independência, quando mercenários, comandados pelo 
Lord Almirante Grenfell, destituíram a Junta que governava a Província, o povo exigia a 
formação de um governo popular chefiado pelo cônego João Batista Gonçalves 
Campos. No entanto, Grenfell, que recebera ordens para entregar o Governo a homens 
da confiança do Imperador, desencadeou violenta repressão, fuzilando e prendendo 
muitas pessoas. O episódio ocorrido a bordo do brigue Palhaço, quando cerca de 300 
prisioneiros foram sufocados com cal, não conseguiu implantar a normalidade. Ao 
contrário os ânimos ficaram ainda mais exaltados. 
A própria Junta que assumiu o governo da Província, em agosto de 1823 
confessava: "Sentimos não poder afirmar que a tranquilidade está inteiramente 
restabelecida porque ainda temos a temer, principalmente a gente de cor, pois que 
muitos negros e mulatos foram vistos no saque de envolta com os soldados, e os 
infelizes que se mataram a bordo do navio, entre outras vozes sediciosas deram vivas ao 
Rei Congo, o que faz supor alguma 
combinação de soldados e negros". 
A situação da Província do 
Grão-Pará era, portanto, favorável ao 
surgimento de movimentos que expressavam 
a luta de uma maioria de índios, mestiços e 
escravos, contra uma minoria branca 
formada, principalmente, por comerciantes 
portugueses. Essa minoria concentrava-se em Belém, cidade que na época abrigava 
cerca de 12 mil moradores dos quase 100 mil que habitaram o Grão-Pará. Entre 1822 e 
1835 a Província passou por momentos de intranquilidade. No interior e na capital 
ocorreu uma série de levantes populares, que contaram com a adesão dos soldados da 
tropa, descontentes com o baixo soldo, com o poder central e com as autoridades locais. 
 
4. A REVOLTA DOS CABANOS 
A abdicação de D. Pedro I teve reflexos violentos no Grão - Pará. Sob a 
liderança do cônego Batista Campos, os cabanos depuseram uma série de governantes 
nomeados pelo Rio de Janeiro para a Província. Além disso, exigiam melhores 
condições materiais e a expulsão dos portugueses, vistos como os responsáveis pela 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#mercenario
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/abdicacao_dpedro.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/corte_rj.html
miséria em que viviam. Em dezembro de 1833, o Governo da Regência Trina 
Permanente conseguiu retomar o controle da situação, e Bernardo Lobo de Sousa 
assumiu o governo da Província. 
Segundo o historiador Caio Prado Júnior, "é neste governo que 
propriamente se inicia a revolta dos cabanos." Logo após ser empossado, Lobo de Sousa 
iniciou uma violenta política repressiva. Perseguiu, efetuou prisões arbitrárias e 
deportações em massa. No entanto, foi o recrutamento para o Exército e a Armada 
imperiais, medida extremamente impopular, que precipitou uma rebelião generalizada. 
O recrutamento permitiu que fossem afastados os elementos considerados 
"incômodos" ao governo da Província. Para Domingos Antonio Raiol, contemporâneo 
dos acontecimentos, a política de Lobo de Sousa conseguiu eliminar aqueles que "eram 
conhecidos por suas doutrinas subversivas, que pregavam e inoculavam no seio da 
população e que ameaçavam a ordem pública pela influência perigosa que exerciam 
entre as massas." 
As atitudes de Lobo de Sousa aumentaram a agitação e o 
descontentamento da população. A revolta se alastrou pelo interior da Província. Os 
cabanos receberam o apoio dos irmãos Antônio e Francisco Vinagre, lavradores do rio 
Itapicuru do seringueiro Eduardo Nogueira Angelim, e do jornalista do Maranhão 
Vicente Ferreira Lavor, que, através do periódico A Sentinela, propagava as idéias 
revolucionárias. À medida que o movimento avançava, os revoltosos se dividiam: a 
ameaça de radicalização fez com que muitos se retirassem temendo a violência das 
massas populares, enquanto outros, como o cônego Batista Campos, esperavam obter as 
reformas que defendiam na recém-criada Assembleia Legislativa Provincial. A partir 
daí a elite que liderara a revolta recuou e os cabanos assumiram o controle. 
Em janeiro de 1835, dominaram Belém, executando o governador Lobo de 
Sousa e outras autoridades. O primeiro governo cabano foi entregue ao fazendeiro Félix 
Antonio Malcher, que, com medo da violência das camadas mais pobres da população, 
entrou em choque com os outros líderes perseguindo os elementos mais radicais. 
Chegou a mandar prender e deportar Angelim e Francisco Vinagre. Além disso, 
manifestou a intenção de manter a Província ligada ao Império, ao jurar fidelidade ao 
Imperador, afirmando que só ficaria no poder até à maioridade. Esse juramento ia de 
encontro ao único ponto que unia os revoltosos: a rejeição à política centralizadora do 
Rio de Janeiro, vista como preservadora dos privilégios dos portugueses. Malcher 
acabou sendo deposto e executado. 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_perm.html
Francisco Vinagre foi escolhido para o segundo governo cabano. No 
entanto não foi capaz de resolver as divergências entre os revoltosos, e foi acusado de 
traição por ter feito um acordo com as tropas legalistas enviadas pelo Rio de Janeiro. 
Vinagre ajudou as tropas e navios sob o comando do Almirante inglês 
Taylor, e prometeu entregar a presidência da Província a quem fosse indicado pelo 
Governo Regencial. As forças regenciais retomaram Belém. 
Os cabanos vencidos na capital, retiraram-se para o interior. Aos poucos 
foram tomando conta da Província. Profundos conhecedores da terra e dos rios 
infiltraram-se nas vilas e povoados, conseguindo a adesão das camadas mais humildes 
da população. Liderados por Vinagre e Angelim, reforçaram suas tropas e retomaram 
Belém, após nove dias de lutas violentas. Com a morte de Antônio, Eduardo Angelim 
foi escolhido para o terceiro governo cabano que durou dez meses. Angelim era um 
cearense de apenas 21 anos que migrara para o Grão- Pará após uma grande seca 
ocorrida no Ceará, em 1827. 
 
No entanto, os cabanos, 
durante todo o longo período de lutas, não 
souberam organizar-se com eficiência. 
Abalados por dissidências internas, pela 
indefinição de um programa de governo, 
sofreram ainda uma epidemia de varíola,que assolou por longo tempo a capital. 
 
5. A REPRESSÃO DA REGÊNCIA 
O regente Feijó decidiu restabelecer a ordem na Província. Em abril de 
1836 mandou ao Grão-Pará uma poderosa esquadra comandada pelo brigadeiro 
Francisco José Soares de Andréia, que conseguiu retomar a capital. Havia na cidade 
quase unicamente mulheres. No dizer de Raiol, "a cidade despovoada apresentava por 
toda parte um aspecto sombrio e contestador". 
Os cabanos abandonaram outra vez Belém e retiraram-se para o interior, 
onde resistiram por mais três anos. A situação da Província só foi controlada pelas 
tropas do Governo Central em 1840. A repressão foi violenta e brutal. Incapazes de 
oferecer resistência, os rebeldes foram esmagados. Ao findar o movimento, dos quase 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/gov_regenciais.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema62.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_feijo.html
100 mil habitantes do Grão-Pará, cerca de 30mil, 30% da população, haviam morrido 
em incidentes criminosos e promovidos por mercenários e pelas tropas governamentais. 
Chegava ao fim a Cabanagem que, segundo o historiador Caio Prado 
Júnior, "foi o mais notável movimento popular do Brasil... o único em que as camadas 
mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com 
certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, da falta de continuidade que o 
caracteriza, fica-lhe, contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que 
passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder." 
 
Mas a Cabanagem não foi um fato isolado. Vários outros movimentos 
ocorreram durante o Período Regencial, levando Feijó a chamá-los de "o vulcão da 
anarquia". 
 
6. A BALAIADA 
 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema9.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#f5040_amp.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#f5040_amp.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/periodo_reg.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#f5041_amp.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html#f5041_amp.html
Entre os anos de 1838 e 1841, a Província do Maranhão foi abalada por 
vários levantes que atingiram também a vizinha Província do Piauí. Esses levantes 
receberam o nome geral de Balaiada porque um dos seus líderes, Manuel Francisco dos 
Anjos, fabricante e vendedor de balaios, era conhecido pelo apelido de "Balaio ". 
Na época, a população total do Maranhão era de aproximadamente 200 mil 
habitantes, dos quais 90 mil eram escravos, além de uma grande massa de trabalhadores 
formada por sertanejos ligados à atividade pastoril e à lavoura. Nesse momento, o 
Maranhão enfrentava a crise da economia algodoeira. Após a Guerra da Independência 
dos Estados Unidos da América, o algodão, principal produto de exportação da 
Província, passou a sofrer a concorrência do algodão norte-americano que voltara a 
dominar o mercado internacional. 
Na Província do Maranhão, como na do Grão-Pará, o reconhecimento da 
Independência não se fizera de modo pacífico. Ao contrário, provocara conflitos entre 
colonos e portugueses, possibilitando que a massa de trabalhadores, formada pelas 
camadas mais pobres da população, pegasse em armas nas lutas então travadas. No 
entanto, apesar da Independência, a realidade dessas massas não se modificara. 
Continuavam marginalizadas e afastadas do poder político e econômico. 
 
5.7. A REVOLTA DOS BALAIOS 
Durante o Período Regencial a situação continuou tensa. A política da 
Província era marcada por disputas entre os bem-te-vis, que se opunham aos 
governistas, chamados pejorativamente de cabanos. A Balaiada começou a partir dos 
choques entre esses dois grupos, mas em pouco tempo ganhou autonomia, tornando-se 
um movimento das massas sertanejas. 
Segundo Caio Prado Júnior, "na origem deste levante, vamos encontrar as 
mesmas causas que indicamos para as demais insurreições da época: a luta das classes 
médias, especialmente urbana, contra a política aristocrática e oligárquica das classes 
abastadas, grandes proprietários rurais, senhores de engenho e fazendeiros, que se 
implantara no país." 
O grupo bem-te-vi, nome tirado do jornal O Bem-te-vi, representava a 
população urbana que se opunha aos abusos dos proprietários de terras e aos 
comerciantes portugueses. Os conflitos entre bem-te-vis e cabanos agravaram-se após a 
votação da chamada "lei dos prefeitos", .pela qual os governantes locais, os prefeitos, 
passaram a ter poderes imensos, inclusive o de autoridade policial. Os cabanos, que 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema63.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema64.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/guerra_independencia.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema18.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/periodo_reg.html
estavam no poder, conseguiram maior controle da Província, nomeando seus partidários 
para o cargo de prefeitos, o que redundou em perseguição aberta aos bem-te-vis. 
No Maranhão a insatisfação social era grande. 
Negros e mestiços constituíam a maior parte da população. 
Como aponta o historiador Arthur César Ferreira Reis, 
"Milhares de negros que fugiam aos maltratos dos senhores 
aquilombavam-se nas matas, de onde saíam para surtidas 
rápidas e violentas sobre propriedades agrárias." O 
movimento logo escapou do controle das camadas 
dominantes, transformando-se num levante dos setores mais 
humildes da Província. 
O fato que costuma marcar o início da revolta ocorreu em dezembro de 
1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes, um mestiço, conhecido como Cara Preta, 
passava pela Vila da Manga, levando uma boiada de seu patrão para vender em outro 
local. Na ocasião muitos dos homens que o acompanhavam foram recrutados e seu 
irmão aprisionado sob a acusação de assassinato. O recrutamento obrigatório, uma das 
armas de que o Governo dispunha para controlar a população, sempre foi muito 
impopular, visto que recaía basicamente sobre os menos favorecidos, obrigados a 
qualquer momento a servir nas forças policiais ou militares. Raimundo invadiu a cadeia 
libertando não só seu irmão como os outros presos. A guarda não reagiu. Ao contrário, 
aderiu. 
A partir daí o movimento 
ampliou-se. A luta generalizou-se por toda 
a Província. Por onde passava, Raimundo 
ia conseguindo que mais gente o seguisse, 
inclusive os escravos negros, que 
formaram quilombos, dos quais o mais 
importante foi o comandado pelo negro 
Cosme. À frente de 3 mil escravos 
rebelados, Cosme, um antigo escravo, que se intitulava "Imperador, Tutor e Defensor 
das Liberdades Bem-te-vis", vendia títulos e honrarias a seus seguidores. 
Em 1839, os balaios tomaram a Vila de Caxias, "a segunda cidade da 
Província em importância". Pelas ruas da Vila ouvia-se: 
 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_reg.html
"O Balaio chegou! 
O Balaio chegou. 
Cadê branco! 
Não há mais branco! 
Não há mais sinhô!" 
Os rebeldes organizaram-se em um Conselho Militar e formaram uma 
Junta Provisória, com a participação de elementos bem-te-vis da cidade. Uma delegação 
foi enviada à capital, São Luís, para entregar ao presidente da Província as propostas 
para a pacificação: anistia para os revoltosos, revogação da "lei dos prefeitos", 
pagamento das forças rebeldes, expulsão dos portugueses natos e diminuição de direitos 
aos naturalizados e instauração de processo regular para os presos existentes nas 
cadeias. 
No entanto, o movimento, apesar de ter atingido a parte mais importante da 
Província, chegando mesmo a ameaçar São Luís, entrou em rápido declínio. Sem 
unidade, com muitas divergências entre seus chefes, sofreu aindao afastamento dos 
bem-te-vis, que após tentarem tirar vantagens do movimento, dele se afastaram, 
aderindo à reação, com medo da radicalização das camadas mais pobres da população, 
que assumiram a liderança da revolta. 
Não aceitando as exigências dos balaios, o Governo provincial solicitou 
ajuda ao Rio de Janeiro. Em 1840, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro Barão 
de Caxias, é nomeado para a presidência da Província, acumulando o comando das 
armas. À frente de 8 mil homens, e aproveitando-se habilmente das rivalidades entre os 
líderes balaios, Caxias em pouco tempo sufocou o movimento. No ano seguinte, em 
1841, um decreto imperial concedeu anistia aos revoltosos sobreviventes. Ao entregar o 
Governo do Maranhão a seu substituto, em 13 de maio de 1841, Caxias dizia: "Não 
existe hoje um só grupo de rebeldes armados, todos os chefes foram mortos, presos ou 
enviados para fora da Província" 
A repressão à Balaiada marcou o início da chamada "política da 
pacificação", pela qual Caxias sufocou as agitações que ocorreram durante o Império. 
5.8. A SABINADA 
Entre 1831 e 1833, movimentos de caráter federalista eclodiram em alguns 
pontos da Província da Bahia. Esses movimentos expressavam o descontentamento não 
só em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro, mas também um forte 
sentimento antilusitano, originado do fato de os portugueses controlarem quase que 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/corte_rj.html
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totalmente o comércio varejista, ocupando ainda cargos políticos, militares e 
administrativos. 
Nos primeiros meses de 1831 
manifestações contra os portugueses, 
considerados "inimigos" do povo, 
reivindicavam que fossem tomadas contra 
eles medidas que iam desde a deportação, 
até a proibição de andar armados, a 
demissão dos que exercessem emprego 
civil ou militar, e a extinção das pensões concedidas por D. João VI ou D. Pedro I. 
A notícia da abdicação, em 7 de abril, fez com que os ânimos se 
acalmassem. Segundo o historiador Wanderley Pinho, "o Governo promoveu festas e 
proclamou ao povo (23 de abril), procurando esfriar o ardor antiportuguês da massa 
popular, ao lembrar ser o novo Imperador príncipe brasileiro de nascimento." 
Mas logo novas manifestações ocorreram. Além dos pronunciamentos que 
pregavam o antilusitanismo, a indisciplina militar, a destituição de oficiais portugueses, 
a partir de outubro de 1831 passava-se a aclamar "a Federação". Iniciava-se a crise 
federalista. 
Em 1833, o descontentamento em relação à política centralizadora do Rio de 
Janeiro podia ser percebido no ódio que os federalistas, defensores da autonomia 
provincial, devotavam a D. Pedro I e aos portugueses. No dizer de Wanderley Pinho, o 
sentimento contra os portugueses, a principiar por D. Pedro I, estava presente nos 
pronunciamentos e nos programas dos federalistas: "O ex-imperador, tirano do Brasil, 
será fuzilado em qualquer parte desta Província se acaso aparecer, e a mesma pena terão 
os que o pretenderem defender e admitir (...) todo cidadão brasileiro fica autorizado a 
matar o tirano ex-imperador D. Pedro I, como maior inimigo do Povo Brasileiro..." 
Em 1837, com a renúncia do Regente Feijó, considerado incapaz de conter 
os movimentos contra o Governo Central, a insatisfação recrudesceu principalmente 
entre os militares e maçons da Província baiana. Todo o processo de instabilidade por 
que passava a Bahia, culminou com o início da Sabinada, revolta liderada pelo médico 
Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Ao contrário de outros movimentos do 
Período Regencial, não mobilizou as camadas menos favorecidas e nem conseguiu a 
adesão das elites da Província, sobretudo os grandes proprietários de escravos e de 
terras do Recôncavo. 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/morte_djoao.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/abdicacao_dpedro.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_feijo.html
A Sabinada contou com a participação dos representantes das camadas 
médias da população, que desejavam manter a autonomia provincial conseguida com o 
Ato Adicional de 1834, e que, sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada 
pela Lei Interpretativa que retirava as liberdades concedidas anteriormente aos governos 
provinciais. A revolta foi precedida por uma campanha desencadeada através de artigos 
publicados na imprensa, de panfletos distribuídos nas ruas, e de reuniões em 
associações secretas como a maçonaria. 
O estopim da rebelião foi a fuga de Bento Gonçalves, chefe da 
Farroupilha, do Forte do Mar, atual Forte São Marcelo em Salvador, onde estava preso. 
Em novembro de 1837, os militares do Forte de São Pedro rebelaram-se, conseguindo a 
adesão de outros batalhões das tropas do Governo. Sob a liderança de Francisco Sabino 
e de João Carneiro da Silva Rego, os sabinos, como ficaram conhecidos os revoltosos 
por causa do nome de seu líder principal, conseguiram controlar a cidade de Salvador, 
por quase quatro meses. O presidente da Província e outras autoridades, ao perceberem 
que não possuíam mais poder sobre as tropas, fugiram. Os sabinos proclamaram uma 
República, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, 
assumisse o trono brasileiro. 
No entanto, a Sabinada ficou isolada em Salvador. Os revoltosos não 
conseguiram expandir o movimento, pois não possuíam o apoio de outras camadas da 
população. A repressão veio logo: no início 
de 1838, tropas regenciais chegaram à Bahia. 
Após o bloqueio terrestre e marítimo de 
Salvador, as forças do Governo invadiram e 
incendiaram a cidade, obrigando os rebeldes 
a saírem de seus esconderijos. Ajudadas 
pelos proprietários do Recôncavo, as tropas 
massacraram os Sabinos. Os que escaparam foram severamente punidos por um tribunal 
que, por sua grande crueldade, ficou conhecido como "júri de sangue". 
 
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reforma_const.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_una.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/reg_araujo.html
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_sul.html

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