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Tecido Conjuntivo Giovanna Gabriele Introdução • Os tecidos conjuntivos são responsáveis pelo estabelecimento e pela manutenção da forma do corpo. Este papel mecânico é determinado por um conjunto de moléculas matriz extracelular (MEC) que– – conecta as células e os órgãos, dando, dessa maneira, suporte aos tecidos, órgãos e ao corpo todo. • O principal componente do tecido conjuntivo é a MEC. Ela consiste em diferentes combinações de proteínas fibrosas e em um conjunto de macromoléculas hidrofílicas e adesivas, as quais constituem a substância fundamental. • A notável variedade de tipos de tecidos conjuntivos no organismo se deve à grande diversidade na composição e à proporção relativa de seus componentes (células, fibras e substância fundamental) nos vários locais do organismo. Essas variáveis têm como consequência uma grande diversidade estrutural, funcional e de doenças que afetam esses tecidos. Mesoderma • Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima (ectomesênquima), que é um tecido embrionário formado por células alongadas, as células mesenquimais. O mesênquima origina-se principalmente a partir do folheto embrionário intermediário, o mesoderma. As células mesenquimais, além de originarem todos os tipos de células do tecido conjuntivo (exceção: tecidos conjuntivos da cabeça e pescoço → origem das cristas neurais), dão origem também às células do sangue, dos vasos sanguíneos e dos tecidos musculares. Células do Tecido Conjuntivo Os tecidos conjuntivos apresentam diversos tipos de células com diferentes origens e funções. Algumas células desse tecido, como os fibroblastos, têm origem localmente a partir de células mesenquimais indiferenciadas e permanecem toda a sua vida no tecido conjuntivo; outras como os mastócitos, macrófagos e plasmócitos, originam-se de células-tronco hemocitopoéticas da medula óssea, circulam no sangue e se movem para o tecido conjuntivo, no qual executam suas funções. Os leucócitos também se originam na medula óssea e, em geral, migram para o tecido conjuntivo, onde residem por poucos dias. Fibroblastos • Os fibroblastos sintetizam macromoléculas - a proteína colágeno e a elastina, além de glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas multiadesivas que farão parte da MEC. Essas células também produzem os fatores de crescimento, que controlam a proliferação e a diferenciação celular. Os fibroblastos são as células mais comuns do tecido conjuntivo e são capazes de modular sua capacidade metabólica, a qual se refletirá na sua morfologia. As células com intensa atividade de síntese são denominadas fibroblastos, enquanto as metabolicamente quiescentes (em repouso) são conhecidas como fibrócitos. • Os fibroblastos contêm citoplasma abundante, com muitos prolongamentos. Seu núcleo é ovoide, grande e fracamente corado, com cromatina fina e nucléolo proeminente. O citoplasma é basófilo graças a riqueza em RE granuloso, e o complexo de Golgi é muito desenvolvido / > qte mitocôndrias e gotículas de lipídeos. • Os fibrócitos são menores e mais delgados do que os fibroblastos e tendem a um aspecto fusiforme. Apresentam poucos prolongamentos citoplasmáticos, e o núcleo é menor, mais escuro e mais alongado do que o dos fibroblastos. Seu citoplasma tem pouca quantidade de RE granuloso, e o complexo de Golgi também é menos desenvolvido. Macrófagos e sistema fagocitário mononuclear • Ao microscópio eletrônico os macrófagos são caracterizados por apresentarem uma superfície irregular com protrusões e reentrâncias que caracterizam sua grande atividade de pinocitose e fagocitose. • Geralmente, contêm um complexo de Golgi bem desenvolvido, muitos lisossomos e um retículo endoplasmático granuloso proeminente (Figuras 5.6 e 5.7). • Os macrófagos derivam de células precursoras da medula óssea que se dividem, produzindo os monócitos , os quais circulam no sangue. Em uma segunda etapa, os monócitos cruzam as paredes de vênulas pericíticas e capilares (ver Capítulo 11), e penetram o tecido conjuntivo, no qual amadurecem e adquirem as características morfológicas e funcionais de macrófagos , Dessa maneira, monócitos e macrófagos são a mesma célula em diferentes estágios de maturação. Os macrófagos dos tecidos podem proliferar localmente, produzindo novas células. • Os macrófagos estão distribuídos na maioria dos órgãos e constituem o sistema fagocitário mononuclear (Tabela 5.2). São células de vida longa e podem sobreviver por meses nos tecidos. Em algumas regiões, os macrófagos recebem nomes especiais, por exemplo, células de Kupffer no fígado, micróglia no sistema nervoso central, células de Langerhans na pele, e osteoclastos no tecido ósseo. • Macrófago alveolar: Pulmão / Célula de Hofbauer: Placenta / Célula dendrítica: órgãos linfoides. • O processo de transformação de monócito-macrófago resulta em aumento no tamanho da célula e em aumento na síntese de proteína. Durante o processo, aumentam o complexo de Golgi, bem como o número de lisossomos, microtúbulos e microfilamentos. Mastócitos • Os mastócitos são amplamente distribuídos pelo corpo, porém são particularmente abundantes na derme e nos tratos digestivo e respiratório. • O mastócito maduro é uma célula globosa, grande e com citoplasma repleto de grânulos que se coram intensamente. O núcleo é pequeno, esférico e central e de difícil observação por estar frequentemente encoberto pelos grânulos citoplasmáticos. • A principal função dos mastócitos é estocar mediadores químicos da resposta inflamatória (como a histamina, que promove aumento da permeabilidade vascular, e os glicosaminoglicanos sulfatados, como a heparina) em seus grânulos secretores. Os mastócitos também colaboram com as reações imunes e têm um papel fundamental na inflamação, nas reações alérgicas e nas infestações parasitárias. • Os grânulos dos mastócitos são metacromáticos devido à alta concentração de radicais ácidos presentes nos glicosaminoglicanos (heparina ou sulfato de condroitina) (Figura 5.9). Metacromasia é a propriedade que certas moléculas têm de mudar a cor de alguns corantes básicos (p. ex., azul de toluidina). Neste caso, a estrutura contendo a molécula metacromática se cora com uma cor diferente (púrpura-vermeU10) da do corante utilizado (azul). • Embora sejam morfologicamente semelhantes, existem no tecido conjuntivo pelo menos duas populações de mastócitos. Um tipo é denominado mastócito do tecido conjuntivo, encontrado na pele e na cavidade peritoneal, e cujos grânulos contêm uma substância anticoagulante, a heparina. O segundo tipo é denominado mastócito da mucosa, é encontrado na mucosa intestinal e nos pulmões, e seus grânulos contêm sulfato de condroitina em vez de heparina. • Os mastócitos se originam de células precursoras hematopoéticas (produtoras de sangue) situadas na medula óssea. Esses mastócitos imaturos circulam no sangue, cruzam a parede de vênulas e capilares e penetram os tecidos, onde vão proliferar e se diferenciar. Embora sejam, em muitos aspectos, semelhantes aos leucócitos basófilos, os mastócitos se originam de tuna célula-tronco diferente. • A superfície dos mastócitos contém receptores específicos para imunoglobulina E (IgE), produzida pelos plasmócitos. A maior parte das moléculas de IgE fixa-se na superfície dos mastócitos e dos granulócitos basófilos; muito pouco permanece no plasma. Plasmócitos • Os plasmócitos são células grandes e ovoides que contêm um citoplasma basófilo que reflete sua riqueza em retículo endoplasmático granuloso (Figuras 5.11 a 5.14). • O complexo de Golgi e os centríolos se localizam em uma região próxima do núcleo, a qual aparece pouco corada nas preparações histológicas rotineiras. • O núcleo dosplasmócitos é esférico e excêntrico e contém grumos de cromatina que se alternam regularmente com áreas claras em um arranjo que lembra raios de uma roda de carroça. Os plasmócitos são pouco numerosos no tecido conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à penetração de bactérias e proteínas estranhas, como a mucosa intestinal. São abundantes nas inflamações crônicas (em que predominam plasmócitos, linfócitos e macrófagos). Leucócitos • Mesmo em situação normal, os tecidos conjuntivos contêm leucócitos (glóbulos brancos), que migram através da parede de capilares e vênulas pós-capilares, do sangue para os tecidos conjuntivos, por um processo chamado diapedese (Figura 5.14). Esse processo aumenta muito durante as invasões locais de microrganismos, uma vez que os leucócitos são células especializadas na defesa contra microrganismos agressores. • A inflamação é uma reação celular e vascular contra substâncias estranhas, na maioria dos casos bactérias patogênicas ou substâncias químicas irritantes. Os sinais clássicos da inflamação foram descritos inicialmente por Celso (primeiro século após Cristo) como vermelhidão, edema, calor e dor. Muito tempo depois, a alteração da função foi adicionada como um quinto sinal da inflamação. • A inflamação se inicia com uma liberação local de mediadores químicos da inflamação, substâncias de diferentes origens (principalmente de células e proteínas do plasma sanguíneo) que induzem alguns dos eventos característicos da inflamação, como, por exemplo, aumento do fluxo sanguíneo e permeabilidade vascular, quimiotaxia e fagocitose. • Os leucócitos não retornam ao sangue depois de terem residido no tecido conjuntivo, com exceção dos linfócitos que circulam continuamente em vários compartimentos do corpo (sangue, linfa, tecidos conjuntivos, órgãos linfáticos). O Capítulo 12 apresenta uma análise detalhada da estrutura e das funções dos leucócitos. Fibras • As fibras de tecido conjuntivo são formadas por proteínas que se polimerizam formando estruturas muito alongadas. • Os três tipos principais de fibras do tecido conjuntivo são as colágenas, as reticulares e as elásticas . • As fibras colágenas e as fibras reticulares são formadas pela proteína colágeno e as fibras elásticas são compostas principalmente pela proteína elastina . • A distribuição desses três tipos de fibras varia em diferentes tipos de tecidos conjuntivos. Na realidade existem apenas dois sistemas de fibras: o sistema colágeno, constituído por fibras colágenas e reticulares, e o sistema elástico, formado pelas fibras elásticas, elaunínicas e oxitalânicas. Em muitos casos, as características morfológicas e funcionais dos tecidos são dadas pelo tipo predominante de fibra neles presentes, que confere as propriedades específicas ao tecido. Um exemplo é o caso do tecido elástico, variedade de tecido conjuntivo dotado de grande elasticidade, graças à sua riqueza em fibras elásticas. Fibras colágenas • Durante o processo de evolução dos organismos, a família de um grupo de proteínas estruturais, influenciada pelo meio ambiente e pelas necessidades funcionais do organismo dos animais, modificou-se e adquiriu variáveis graus de rigidez, elasticidade e força de tensão. Essas proteínas são conhecidas coletivamente como colágeno, e os principais exemplos dos vários tipos de colágeno são encontrados na pele, no osso, na cartilagem, no músculo liso e na lâmina basal. • O colágeno é o tipo mais abundante de proteína do organismo, representando 30% do seu peso seco. Os colágenos dos vertebrados constituem tuna família de proteínas produzidas por diferentes tipos de células e se distinguem pela sua composição química, características morfológicas, distribuição, funções e patologias. • Localização: Tendões / Aponeuroses / Cápsula de órgãos / Meninges / Trabéculas (ex: linfonodos, baço, etc) / Estroma. • De acordo com sua estrutura e função, os colágenos são classificados nos seguintes grupos: ◦ Colágenos que formam longas fibrilas: moléculas de colágeno dos tipos 1, II, III, V ou XI se agregam para formar fibrilas longas de colágeno que são claramente visíveis ao microscópio eletrônico (Figura 5.15). ◦ O colágeno do tipo 1 é o mais abundante, sendo amplamente distribuído no organismo. Ele ocorre como estruturas classicamente denominadas de fibrilas de colágeno e que formam ossos, dentina, tendões, cápsulas de órgãos, derme etc. ◦ Colágenos associados a fibrilas: são estruturas curtas que ligam as fibrilas de colágeno umas às outras e a outros componentes da matriz extracelular. Pertencem a este grupo os colágenos dos tipos IX, XII e XIV. ◦ Colágeno que forma rede: o colágeno cujas moléculas se associam para formar uma rede é o colágeno do tipo IV; um dos principais componentes estruturais das lâminas basais, nas quais tem o papel de aderência e de filtração ◦ Colágeno de ancoragem: é do tipo VIIl e é encontrado nas fibrilas que ancoran1 as fibras de colágeno tipo 1 à lâmina basal (ver Figura 4.IA). • A síntese de colágeno era antigamente considerada como ocorrendo em um grupo restrito de células do conjuntivo como os fibroblastos, condroblastos e osteoblastos. Atualmente, entretanto, existem suficientes evidências que mostram que vários outros tipos de células produzem esta proteína (Tabela 5.3). Os principais aminoácidos que constituem o colágeno são a glicina (33,5%). a prolina (12%) e a hidroxiprolina (10%). • Alguns aminoácidos, como a hidroxiprolina e a hidroxilisina, são característicos do colágeno. • As fibrilas de colágeno são formadas pela polimerização de unidades moleculares alongadas denominadas tropocolágeno , que medem 280 nm de comprimento e 1,5 nm de espessura. • O tropocolágeno consiste em três subunidades (cadeias polipeptídicas) arranjadas em tríplice hélice (Figura 5.16). A sequência de aminoácidos de todos os colágenos é caracteristicamente reconhecida por conter o aminoácido glicina repelido a cada terceira posição da sequência. Os vários tipos de colágeno resultam de diferenças na estrutura química dessas cadeias polipeptídicas. • Nos colágenos tipos 1, II e III as moléculas de tropocolágeno se agregam em subunidades (microfibrilas) que se juntam para formar fibrilas. Pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas são importantes para a união dessas moléculas. Posteriormente, esta união é reforçada pela formação de ligações covalentes, catalisadas pela atividade da enzima lisil oxidase, que oxida moléculas do aminoácido lisina, estabelecendo pontes entre elas. • Nos colágenos do tipo I e do tipo III, essas fibrilas se associam para formar fibras (Figura 5.17). O colágeno do tipo II, observado na cartilagem, forma fibrilas, mas não forma fibras (Figura 5.18). O colágeno do tipo IV, encontrado nas lâminas basais, não forma fibrilas nem fibras. Neste tipo de colágeno as moléculas de tropocolágeno se associam de um modo peculiar, formando uma trama complexa que lembra a estrutura de uma "tela de galinheiro''. Fibras de colágeno tipo 1 • As fibras colágenas feitas de colágeno tipo I são as fibras mais numerosas no tecido conjuntivo. No estado fresco estas fibras têm cor branca, conferindo esta cor aos tecidos nos quais predominam como as aponeuroses e os tendões. • Estas fibras são birrefringentes, pois são constituídas por moléculas alongadas arranjadas paralelamente umas às outras. Desse modo, quando examinadas ao microscópio de polarização, entre filtros polaroides, as fibras colágenas aparecem brilhantes contra um fundo escuro. Alguns corantes ácidos compostos por moléculas alongadas como, por exemplo, o sirius red, são capazes de se ligar paralelamente a moléculas de colágeno, intensificando consideravelmentea sua birrefringência normal, produzindo uma cor amarela intensa. Em razão desta propriedade, o sirius red é utilizado como método específico para a detecção do colágeno. • Em alguns locais do organismo, as fibras de colágeno se organizam paralelamente umas às outras, formando feixes de colágeno . • Ao microscópio de luz as fibras colágenas são acidófilas e se coram em rosa pela eosina, em azul pelo tricrômico de Mallory, em verde pelo tricrômico de Masson e em vermelho pelo sirius red. Fibras reticulares • As fibras reticulares são formadas predominantemente por colágeno do tipo III. • Estudos imunocitoquímicos e histoquímicos mostraram que as fibras reticulares são compostas principalmente de colágeno do tipo III associado a elevado teor de glicoproteínas e proteoglicanos. Ao microscópio eletrônico exibem estriação transversal típica das fibras colágenas. São formadas por finas fibrilas (diâmetro médio de 35 nm) frouxamente arranjadas (Figura 5.23), unidas por pontes provavelmente compostas de proteoglicanos e glicoproteínas. Devido ao seu pequeno diâmetro, as fibras reticulares se coram em verde pelo sirius red quando observadas ao microscópio de polarização. • Função: Sustentação celular • As fibras reticulares são particularmente abundantes em músculo liso, endoneuro e em órgãos hematopoéticos como baço, nódulos linfáticos, medula óssea vermelha. As finas fibras reticulares constituem uma delicada rede ao redor de células de órgãos parenquimatosos (nos quais predominam as células) como as glândulas endócrinas. O pequeno diâmetro e a disposição frouxa das fibras reticulares criam uma rede flexível em órgãos que são sujeitos a mudanças fisiológicas de forma ou volume, como as artérias, baço, fígado, útero e camadas musculares do intestino. • Constitui estroma de vários órgãos: Linfonodo / Baço / Glândula adrenal / Fígado. Sistema elástico • Função: Resistência / Elasticidade tecidual • O sistema elástico é composto por três tipos de fibras: oxitalânica, elaunínica e elástica. • As fibras oxitalânicas não têm elasticidade, mas são altamente resistentes a forças de tração, enquanto as fibras elásticas, ricas em proteína elastina, distendem-se facilmente quando tracionadas. As fibras oxitalânicas podem ser encontradas nas fibras da zônula do olho e em determinados locais da derme, onde conecta o sistema elástico com a lâmina basal. • Fibras elauínicas são encontradas ao redor das glândulas sudoríparas e na derme. • A estrutura do sistema de fibras elásticas se desenvolve por meio de três estágios sucessivos: ◦ No primeiro estágio as fibras oxitalânicas consistem em feixes de microfibrilas de 10 nm de diâmetro compostas de diversas glicoproteínas, entre as quais uma molécula muito grande, denominada fibrilina . As fibrilinas formam o arcabouço necessário para a deposição da elastina. Fibrilinas defeituosas resultam na formação de fibras elásticas fragmentadas. ◦ No segundo estágio de desenvolvimento ocorre deposição irregular de proteína elastina entre as microfibrilas oxitalânicas, formando as fibras elaunínicas . ◦ No terceiro estágio, a elastina continua a acumular-se gradualmente até ocupar todo o centro do feixe de microfibrilas, as quais permanecem livres apenas na região periférica. Estas são as fibras elásticas , o componente mais numeroso do sistema elástico. • As principais células produtoras de elastina são os fibroblastos e o músculo liso dos vasos sanguíneos. Antes da elastina madura forma-se a proelastina, uma molécula globular de 70 kDa de massa, que, no espaço extracelular, polimeriza-se para formar a elastina, uma glicoproteína com consistência de borracha que predomina nas fibras elásticas maduras. A elastina é resistente à fervura, à extração com álcalis e com ácido e à digestão com proteases usuais, mas é facilmente hidrolisada pela elastase pancreática.. • Como a proteína colágeno, a elastina é rica em glicina e em prolina. Além destes, a elastina contém dois aminoácidos incomuns, a desmosina e a isodesmosina, formados por ligações covalentes entre quatro resíduos de lisina. Estas ligações cruzadas parecem ser responsáveis pela consistência elástica da elastina, que é cinco vezes mais extensível do que a borracha. A Figura 5.26 mostra um modelo que ilustra a elasticidade da elastina. • A elastina também ocorre na forma não fibrilar, formando as membranas fenestradas (lâminas elásticas) encontradas nas paredes de alguns vasos sanguíneos Substância fundamental • A substância intercelular fundamental é uma mistura complexa altamente hidratada de: ◦ moléculas aniônicas (glicosaminoglicanos e proteoglicanos) e glicoproteínas multiadesivas (laminina e fibronectina). ◦ Esta complexa mistura molecular é incolor e transparente. Ela preenche os espaços entre as células e fibras do tecido conjuntivo e, como é viscosa, atua ao mesmo tempo como lubrificante e como barreira à penetração de microrganismos invasores. Tipos de tecido conjuntivos Tecido Conjuntivo Embrionário • O mesênquima embrionário dá origem aos vários tecidos conjuntivos do corpo. • Células não especializadas. • A maturação e a proliferação do mesênquima dão origem não apenas aos vários tecidos conjuntivos do adulto, mas também aos sistemas muscular, vascular e urogenital e às membranas serosas que revestem as cavidades corporais. A maneira pela qual as células mesenquimatosas proliferam e se organizam estabelece o tipo de tecido conjuntivo maduro que será formado em locais específicos do corpo. • Capazes de se diferenciar em todos os tipos de células de tecido de suporte. • Algumas células mesenquimais permanecem como células-tronco. • O tecido conjuntivo embrionário está presente no embrião e no interior do cordão umbilical. • O tecido conjuntivo embrionário é classificado em dois subtipos: ◦ O mesênquima, encontrado principalmente no embrião, contém células pequenas com formato irregular estrelada ou– fusiformes, cujo aspecto é relativamente uniforme (Figura 6.2 A). As células do mesênquima (células mesenquimais) caracterizam-se por apresentar finos prolongamentos citoplasmáticos que entram em contato com prolongamentos semelhantes das células vizinhas. Formam, dessa maneira, uma rede celular tridimensional. Observa-se a existência de junções comunicantes nos locais onde os prolongamentos fazem contato. O espaço extracelular é ocupado por uma substância fundamental viscosa, na qual se observam fibras colágenas e reticulares, ambas muito delgadas e relativamente esparsas. A escassez das fibras colágenas é condizente com o limitado estresse físico sobre o feto em crescimento. / Apresentam núcleos com cromatina dispersa nucléolos visíveis.→ Tecido Mucoso • O tecido conjuntivo mucoso é característico do cordão umbilical e pode ser encontrado também na polpa dental jovem. • Consiste em MEC especializada, semelhante a uma gelatina, composta principalmente de ácido hialurônico (também conhecido como hialuronam). • A sua substância fundamental é frequentemente designada como geleia de Wharton. As células fusiformes estão afastadas umas das outras e assemelham-se muito a fibroblastos no cordão umbilical do feto a termo (p. ex., os prolongamentos citoplasmáticos são finos, e a sua identificação é difícil em preparações de rotina coradas pela hematoxilina e eosina. A geleia de Wharton ocupa grandes espaços intercelulares localizados entre fibras colágenas delgadas e delicadas (Figura 6.2 B). Algumas das células isoladas da geleia de Wharton expressam quantidades significativas de marcadores de células-tronco mesenquimatosas e têm a capacidade, em condições adequadas, de se diferenciar em osteócitos, condrócitos, adipócitos e alguns tiposde célula neural. Essas células são denominadas células-tronco mesenquimatosas da geleia de Wharton e, no futuro, poderão ter aplicação terapêutica. Tecido Conjuntivo Frouxo • O tecido conjuntivo frouxo suporta estruturas normalmente sujeitas a pressão e atritos pequenos. É um tecido conjuntivo muito comum que preenche espaços entre grupos de células musculares, suporta células epiteliais e forma camadas em tomo dos vasos sanguíneos. • É também encontrado nas papilas da derme, na hipoderme, nas membranas serosas que revestem as cavidades peritoneais e pleurais e nas glândulas. O tecido conjuntivo frouxo (Figura 5.38A) contém todos os elementos estruturais típicos do tecido conjuntivo propriamente dito, não havendo, entretanto, nenhuma predominância de qualquer dos componentes. As células mais numerosas são os fibroblastos e macrófagos, mas todos os outros tipos celulares do tecido conjuntivo também estão presentes, além de fibras dos sistemas colágeno e elástico. O tecido conjuntivo frouxo tem uma consistência delicada, é flexível, bem vascularizado e não muito resistente a trações. Tecido Conjuntivo Denso • Tecido conjuntivo denso é adaptado para oferecer resistência e proteção aos tecidos. É formado pelos mesmos componentes encontrados no tecido conjuntivo frouxo, entretanto, existem menos células e uma clara predominância de fibras colágenas (Figura 5.38B). O tecido conjuntivo denso é menos flexível e mais resistente à tensão que o tecido conjuntivo frouxo. • Dois tipos: Modelado e não modelado • Quando as fibras colágenas são organizadas em feixes sem uma orientação definida, o tecido chama-se denso não modelado. Neste tecido, as fibras formam uma trama tridimensional, o que lhes confere certa resistência às trações exercidas em qualquer direção. Este tipo de tecido é encontrado, por exemplo, na derme profunda da pele. • O tecido denso modelado apresenta feixes de colágeno paralelos uns aos outros e alinhados com os fi.broblastos. Trata-se de um conjuntivo que formou suas fibras colágenas em resposta às forças de tração exercidas em um determinado sentido. Neste caso, os fi.broblastos, em resposta a forças que normalmente atuam sobre os tecidos, orientam as fibras que produzem de modo a oferecer o máximo de resistência a estas forças (Figura 5.39). • Localização tecido conjuntivo denso túnica albugínea dos ovários /→ adventícia vaginal / tendão Interstício • Água • 50% - intracelular • 15% - coração, vasos sanguíneos e linfáticos e gânglios • 35% - interstício Correlação clínica papel dos miofibroblastos no reparo das feridas– Os miofibroblastos desempenham importante papel no processo de cicatrização de feridas. Uma incisão cutânea cirúrgica limpa começa o processo de cicatrização quando um coágulo sanguíneo contendo fibrina e células sanguíneas preenche o espaço estreito entre as bordas da incisão. O processo inflamatório, que já se inicia dentro de 24h após a lesão, restringe o dano a uma pequena área, auxilia na remoção dos tecidos lesados e mortos e inicia o depósito de novas proteínas da MEC. Durante as fases iniciais da inflamação, os neutrófilos e os monócitos infiltram a lesão (a infiltração máxima por neutrófilos ocorre nos primeiros 1 a 2 dias após a lesão). Os monócitos transformam-se em macrófagos (em geral, substituem os neutrófilos no terceiro dia após a lesão). Ao mesmo tempo, em resposta a fatores de crescimento locais, os fibroblastos e as células endoteliais vasculares começam a proliferar e migram para a delicada matriz de fibrina do coágulo sanguíneo, formando o tecido de granulação, um tipo especializado de tecido característico do processo de reparo. Em geral, por volta do quinto dia após a lesão, o tecido de granulação totalmente desenvolvido preenche o espaço da incisão. O tecido de granulação é composto principalmente de grande número de pequenos vasos, fibroblastos e miofibroblastos e número variável de outras células inflamatórias. Os fibroblastos que migram exercem forças de tração sobre a MEC, reorganizando-a ao longo das linhas de estresse. Sob a influência de fatores do crescimento, como o TGF- 1 e forças mecânicas, os fibroblastos sofremβ diferenciação em miofibroblastos. Esse processo pode ser identificado pelo monitoramento da síntese de -SMA. Esse tipo de actina está presente noα citoplasma dos fibroblastos (Figura B.6.3.1). Os miofibroblastos geram e mantêm uma força contrátil constante (semelhante àquela das células musculares lisas), que provoca encurtamento das fibras do tecido conjuntivo e fechamento da ferida. Ao mesmo tempo, os miofibroblastos sintetizam e depositam fibras colágenas e outros componentes da MEC, que são responsáveis pela remodelação do tecido. Durante a segunda semana de cicatrização da ferida, a quantidade de células no tecido em processo de reparo diminui; a maioria dos miofibroblastos sofre apoptose e desaparece. O resultado é uma cicatriz de tecido conjuntivo, que apresenta um número muito pequeno de elementos celulares. Em algumas condições patológicas, os miofibroblastos persistem, e o processo de remodelação continua. Essa remodelação continuada provoca a formação de cicatriz hipertrófica, resultando em contratura excessiva do tecido conjuntivo..
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