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2 RESÍDUOS NO BRASIL: UM GRANDE MERCADO EMERGENTE Referências: ZERIO, John M.; CONEJERO, Marco A. Resíduos no Brasil: Um grande mercado emergente. Thunderbird School of Global Management, 22 de outubro de 2010. A partir de 2005, o Brasil iniciou seu crescimento econômico sólido, com balanças comerciais positivas, trazendo expectativas mais altas e menores diferenças entre classes, regiões e comunidades. Um dos problemas mais difíceis enfrentados por países emergentes. como o Brasil, é a criação e a manutenção de infraestruturas de saneamento básico. Uma infraestrutura ineficiente tinha impacto negativo na capacidade econômica refletidas na produção e distribuição de mercadorias e serviços. Contudo, os serviços relacionados as necessidades básicas do ser humano eram as mais debilitadas. Após passagem de vários chefes de estado no poder político brasileiro. A elite dominante deste cenário reconheceu que era o momento de tratar as necessidades humanas básicas com novas diretrizes, elevados investimentos monetários e nova mentalidade. A gestão de resíduos sólidos teve maior prioridade no período presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (popularmente conhecido por Lula). Com o constate crescimento demográfico das cidades brasileiras, concorrência econômica, maior consumo e urbanização elevaram a geração de resíduos sólidos. O problema surgiu pelo fato de que a capacidade de processamento de resíduos atual não suportava a geração das áreas urbanas brasileiras, e praticamente não existia em grandes áreas do país. Além disso, as práticas de processamento utilizadas contribuíram para a liberação de grandes quantidades de gás metano, um gás do efeito estufa – GEE1 na atmosfera, poluíram o solo e a água em uma grande porcentagem de municípios brasileiros. Um estudo feito pelo Banco Mundial, demostrou que países em desenvolvimento, era característico que municípios gastassem entre 20% a 50% de seu orçamento na gestão de resíduos sólidos (depósito em campo aberto, com queima a céu aberto). Outra informação era de que 30% a 60% de dos resíduos sólidos urbanos gerados não eram recolhidos e menos de 1 Gases do Efeito Estufa (GEE, em inglês, GHG – GreenHouse Gases): São substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida principalmente pela superfície terrestre, e dificultam seu escape para o espaço. 3 50% da população era atendida por esse serviço público. Em contraste, o custo observado na gestão de resíduos sólidos nos países desenvolvidos representava menos de 10% do orçamento nacional.2 O Brasil em 2004, tinha uma população de 180 milhões, e seu produto interno bruto era o décimo do mundo. Além disso, é o país mais industrializado da América Latina, e São Paulo é a terceira maior cidade no mundo. Contudo, neste mesmo ano, aproximadamente 25% da população brasileira vivia abaixo da linha da pobreza. Esse grupo, tinham acesso limitado aos serviços públicos básicos e fonte de renda. O Brasil tinha uma das mais elevadas taxas de desigualdade de renda, com a diferença entre a renda dos 20% mais ricos igual a 33 vezes a renda dos 20% mais pobres. O coeficiente Gini3 do país, era 0,55 em 2002, colocando-o em igualdade com países como a África do Sul, Bolívia e Haiti. Embora chamado de “salvador” pelas classes de renda baixo e como um bom administrador pelas classes industriais, Lula e sua administração foram incapazes de mudar a falta de eficiência da máquina pública brasileira. Mas, em contra partida, sua administração tinha o compromisso de retirar da pobreza os de renda mais baixa, apoiar novas políticas, maior investimento em serviços básicos, e renovado interesse em criar um ambiente positivo para parcerias público privado (PPP). Esta dificuldade dos países emergentes, como o Brasil, em fazer uma gestão dos resíduos sólidos gerados, tem contribuído para o aumento na emissão dos gases de efeito estufa. Embora o efeito estufa seja necessário para a vida na terra, sua intensificação pode causar danos ambientais e econômicos enormes. Esta intensificação é o resultado das emissões adicionais de GEE’s que a atividade humana gera na produção agrícola, industrial, bovina, lixões municipais ou clandestinos, assim como hábitos de consumo das pessoas. O efeito estufa começou a alarmar a comunidade científica nas últimas décadas do século XX por causa de um rápido aumento nas concentrações de GEE na atmosfera, devido a emissões derivadas das atividades do homem. A principal preocupação foi o gás carbônico (CO2), porque os níveis tinham aumentado de um volume de 280 partes por milhão, no período que antecederam a Revolução Industrial, a quase 360 partes por milhão em 2010. Além disso, 2 Developing Integrated Solid Waste Management Plan, 2006, United Nations Environmental Programme, p. 4. 3 Coeficiente de Gini, Índice de Gini ou Razão de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità", em 1912. 4 novos gases com os mesmos propriedades, mas resultantes apenas de atividades antropogênicas4, especialmente industriais, começaram a acentuar o efeito estufa. Os gases mais relevantes para este efeito são o gás carbônico (CO2), vapor d'água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3), e óxido nitroso (N2O). Já para, as atividades antopogênicas, podemos citar os hidrofluorocarbonetos (HFCs), perfluorcarbonetos (PFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6), clorofluorcarbonetos (CFCs), e hidroclorocarbonetos (HCFCs). O gás carbônico é responsável por mais de 60% do efeito estufa antropogênico e permanece por pelo menos 100 anos na atmosfera. A presença do CO2 na atmosfera é esperada, mas a queima de combustíveis fosseis elevam o nível de emissão a escala elevadas. Ao mesmo tempo, que utilizamos os combustíveis fosseis nas atividades industriais e no cotidiano, desflorestamos e fazemos queimadas nas florestas, liberando o carbono destes organismos. Acentuando ainda mais sua emissão. O gás metano contribui com 20% do aumento no efeito estufa. As fontes principais antropogênicas de GEE são a agricultura, plantações de arroz, criação de gado, aterros e drenagem de resíduos de mineração de carvão e produção de gás natural. Cientista do IPCC5, preveem como resultado do aquecimento global, as seguintes mudanças climáticas: Escassez de alimentos e outras mercadorias; Preços mais altos; Perda de renda; Níveis mais altos de desemprego; Aumento da pobreza; Aumento da desigualdade na distribuição de renda e bem-estar social; Aumento dos conflitos e violência em geral; Perda de direitos de gerações futuras (ambiente menos saudável). Apesar de desanimador, ainda podemos diminuir os impactos da ação do homem através do modelo de gestão integrada de resíduos. Em 1997, a Comissão Mundial para Meio- 4 Efeitos, processos, objetos ou materiais antropogênicos são aqueles derivados de atividades humanas. 5 O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). uma organização científico-política criada em 1988 no âmbito das Nações Unidas pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial 5 Ambiente e Desenvolvimento promoveu o conceito de desenvolvimento sustentável, e com ele, a ideia da reciclagem como forma de reduzir resíduos. Há duas escolas de pensamento sobre gestão integrada de resíduos sólidos. Uma escola propõe que os resíduos devem ser tratados dentro de uma cadeia de impactos, conhecidos como o Princípio de Hierarquia. Neste princípio, devemos tratar o lixo de acordo com o valor energético de seus principais componentes. Assim, alguns devem ser reutilizados, alguns reciclados ou compostados, alguns incinerados, e o lixo restante deve ser enterrado. A outra escola defende uma interpretação mais livre.Ela sugere que a gestão integrada de resíduos consista de um menu de opções, e que tecnologias específicas devem ser empregadas conforme as dadas situações econômicas, sociais e ambientais. Com o avanço das tecnologias, ao longo dos tempos, novos meios de processamento de resíduos foram apresentados modernizando todo a cadeia de gestão dos resíduos. Da coleta, transporte, processos térmicos avançados a aterros. Atualmente temos disponíveis no mercado a soluções de gestão de resíduos na forma de Aterro com Recuperação de Gás, Incineração, Tratamento Biológico, Tratamento Biológico Mecânico (MBT). O Aterro com Recuperação de Gás, como o próprio nome sugere, os gases gerados pela decomposição do material orgânico, são canalizados e podem ser usador com combustíveis para processos industriais. A Incineração, consiste na queima do lixo a uma temperatura média de 900° Celsius, a redução de volume de lixo é significativa, mas o alto investimento e manutenção desmotivam sua implementação em países em desenvolvimento. O Tratamento Biológico, fazem parte a compostagem, digestão anaeróbica e tratamento mecânico-biológico (MBT). Compostagem reduz os resíduos orgânicos entre 30% à 50% do volume. Digestão anaeróbica é um processo bioquímico que se realiza em tanques vedados, sem oxigênio, em que tipos particulares de bactérias digerem a biomassa e como resultando produzem biogás e o material restante, conhecido como digestato. O Biogás pode ser usado para geração de energia em forma de calor ou eletricidade, já o digestato, dependendo da sua qualidade pode ser utilizado como fertilizante ou recuperado de solo. O Tratamento Biológico Mecânico consiste de várias tecnologias que podem ser combinadas para otimizar o tratamento de resíduos sólidos municipais variados. Materiais que podem ser reciclados, como vidro, plástico, alumínio e papel, são separados e transferidos para uma unidade de reciclagem e os materiais biológicos são levados a uma unidade de compostagem ou a um digestor anaeróbico. 6 Como anda a gestão de resíduos no Brasil? De acordo com os dados do censo publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000, 228.413 toneladas métricas foram coletadas diariamente no Brasil, ou aproximadamente 99% do total produzido. Adicionalmente, o censo mostrou que dentre os 5.507 municípios brasileiros, 63,6% descartaram os resíduos sólidos coletados em campo aberto, 18,4% em aterros controlados e apenas 13,8% levaram os resíduos a aterros sanitários. Segundo a Agência Ambiental do estado de São Paulo (CETESB), sinaliza que 84% das emissões de metano (CH4) geradas por resíduos sólidos ocorreram em campo aberto. Os aterros são o destino primário de resíduos sólidos municipais no Brasil. Os aterros variam no nível de tecnologia, abordagens da seleção e reciclagem e gestão geral. Os três principais tipos são Campo Aberto (lixão), Aterro Controlado e Aterro Sanitário. Aterro de Campo Aberto, e a solução inadequada para gestão do resíduo solido. Há poucos ou nenhum controle ambiental e nenhuma atenção é dada a liberação de gás de metano, captura de chorume, ou seu impacto no solo, água e ar. alta porcentagem de materiais orgânicos combinado com muito plástico contribui para o aumento de gases, e incêndios frequentes. Aterros Controlados, parece ser uma opção ambientalmente eficiente, mas na é bem assim. Se denomina controlado, porque, no passado era um lixão que sofreram um processo de recuperação parcial e limitado esforço de engenharia. O chorume é capturado e impedido de atingir rios e correntes d'água, o metano e outros gases são liberados e às vezes queimados, as células de coleta são compactadas e cobertas adequadamente com plástico. Este tipo de aterro não atende normas ambientais e continuam sendo um risco de poluição ao solo. O Aterro Sanitário, são locais construídos segundos normas solidas de engenharia ambiental. Este tipo de aterro é projetado para produzir decomposição anaeróbica de resíduos. Os resíduos não são expostos ao tempo, e não são uma fonte de contaminação, odores, moscas ou incêndios. O Brasil tem um mercado em potencial a ser explorado. Visto que, a implementação de politicas ambientais seria voltada a gestão dos resíduos sólidos abrem oportunidades de emprego e renda para famílias de catadores – Conforme estudo de 2003 patrocinado pelo governo brasileiro (Forum Lixo e Cidadania, 2003) previu que 500.000 pessoas, inclusive adultos e crianças, trabalham em locais abertos. De um lado, eles representam um problema 7 social difícil para governos locais, do outro lado, eles são um link produtivo no sistema de reciclagem de resíduos. E, enquanto o sistema econômico brasileiro não for capaz de integrá- los, eles continuarão a receber sua magra renda, US$ 250,00 dólares mês, com a procura de resíduos negociáveis. Conforme Protocolo de Quioto de 1997, um acordo feito entre 184 nações, nações desenvolvidas podem emitir certa quantidade de gás carbônico ou seu equivalente anualmente. Essa foi a base para montagem do sistema de comercio de credito de carbono. O Protocolo criou dois mecanismos com base em projetos para reduzir emissões, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) e Implementação Conjunta (JI). Estes mecanismos permitem que os governos conduzam projetos de redução da emissão no exterior e medir os resultados alcançados em comparação com as suas metas de Quioto. O Brasil, entra nestes mecanismos pela implementação de projeto de CDM, com aterros sanitário, através deles o mercado financeiro permitiu que países em desenvolvimento vendessem reduções de emissão certificadas (CERs), a nações desenvolvidas para que eles possam então depositar para atender seus próprios requisitos de redução. Com essas inciativas, o Brasil tem a oportunidade de se desenvolver economicamente ao passo que gera CER’s para vender a nações desenvolvidas. O que pode alavancar a continuidade e o desenvolvimento sustentável do Brasil, passa pelo governo federal, através das PPP (Parceria Público Privado). O interesse de investidores do setor privados se concentra em mega cidades. Contudo, a motivação central do governo é estender serviços de infraestrutura às cidades pequenas e médias, as quais apresentam o maior déficit de serviços básicos.
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