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ESTRUTURAS METÁLICAS AULA 02 – PROPRIEDADES MECÂNICAS Engenharia Mecânica Prof.: Ma. Engª. Civil Raquel Hellu Macedo raquel.macedo@unialfa.com.br Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Para melhor se compreender o comportamento das estruturas de aço, se faz necessário conhecer, de forma satisfatória, as principais propriedades dos aços estruturais. O primeiro ponto a ser analisado deve ser o diagrama de tensão- deformação, para se analisar e entender o comportamento estrutural. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo A Figura apresenta o diagrama Tensão x Deformação para alguns aços. Para obtenção deste diagrama, ensaia-se em laboratório uma haste metálica (corpo de prova), devidamente presa a uma prensa hidráulica, e aplica-se nesta haste esforços de tração, medindo-se as deformações do aço. O aparelho responsável pela medição das deformações na haste é conhecido como extensômetro. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Caso o corpo de prova seja descarregado e imediatamente recarregado, durante o período elástico, a peça não apresenta nenhuma deformação residual e o caminho a ser percorrido será igual ao inicial. Caso esse alívio de tensões ocorra após o escoamento, a peça apresentará deformações residuais representadas no gráfico abaixo por 0,002%, onde a reta tracejada é paralela à reta inicial do ensaio. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo As tensões fy e fu, são denominadas, respectivamente como tensão de escoamento e tensão de ruptura, que serão usadas no dimensionamento dos elementos estruturais, de acordo com as propriedades mecânicas do aço ensaiado. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo As primeiras propriedades mecânicas que devem ser salientadas são: fy: Tensão limite de resistência à tração (variável para os tipos de aço) fu: Tensão última de resistência à tração (variável para os tipos de aço) E: Módulo de Elasticidade = 205 GPa ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Dentre os diferentes ensaios mecânicos, sem dúvida, o mais importante para o projeto de estruturas metálicas é o ensaio de tração, visto que fornece valiosas informações sobre as propriedades mecânicas mais importantes dos aços estruturais. Ensaios de tração são feitos com corpos de prova cilíndricos ou prismáticos, com a parte central possuindo dimensões menores a fim de evitar ruptura na região das garras da máquina de ensaio. Além disto, devem ser feitos à temperatura atmosférica e na ausência de tensões residuais. Cabe salientar que, para os aços estruturais, o mesmo comportamento é obtido para cargas de compressão, desde que seja evitada a possibilidade de ocorrência de flambagem. raquel.macedo@unialfa.com.br ENSAIO DE TRAÇÃO Um dos ensaios mecânicos de tensão-deformação mais comuns é conduzidos sob tração. Pode ser empregado para caracterizar várias propriedades dos aços que são importantes para projetos. Uma amostra é deformada até sua fratura, por uma carga de tração que é aumentada gradativamente e é aplicada uniaxialmente ao longo do eixo de um corpo de provas. 12,8 mm raquel.macedo@unialfa.com.br Ensaio de tração ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo As curvas tensão-deformação são determinadas utilizando a tensão σ que é obtida através da divisão da carga F aplicada pela área de seção transversal original A0 do corpo de prova e a deformação ε, determinada como a variação de comprimento Δl dividida pelo comprimento original l0 do corpo de prova. Por esse motivo, estas curvas são conhecidas como diagramas tensão-deformação de engenharia, enquanto que no diagrama tensão-deformação verdadeiro a tensão é obtida através da divisão da carga aplicada pela seção transversal instantânea do corpo de prova (após a aplicação da carga anterior), mesmo após iniciar a estricção (redução brusca da seção transversal). Na prática, entretanto, é utilizado o diagrama tensão-deformação de engenharia, pois os projetos são realizados com base nas dimensões iniciais. ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo A Fase Elástica é o trecho compreendido entre a origem O e o ponto A, ou seja, quando atinge-se a tensão fp (tensão limite de proporcionalidade) que representa o ponto limite de proporcionalidade. Este ponto coincide com o início de escoamento, ou com a tensão de escoamento fy, para a grande parte dos aços estruturais (aços com fy < 450 MPa). Nesta região o material obedece a Lei de Hooke, ou seja, existe uma relação linear entre tensões e deformações: ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Em que a constante E é chamada Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young, sendo obtida como a tangente do ângulo α, ou seja, é uma medida de inclinação da reta OA. A inclinação é a mesma para todos os aços estruturais e, por consequência, o módulo de elasticidade também. Nessa região, caso ocorra um descarregamento, o diagrama percorre o mesmo caminho, apenas com sentido inverso, voltando para a origem, ou seja, a deformação desaparece totalmente. ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo A Fase Plástica inicia no ponto A. Logo após, a tensão alterna entre um valor máximo e um valor mínimo para, na seqüência, se estabilizar no valor da tensão de escoamento fy, mantendo-se praticamente constante, ao passo que a deformação aumenta consideravelmente (até cerca de 2% para o aço A36). Os valores máximos e mínimos de escoamento tem pouca importância prática, sendo fortemente influenciados pela forma do ensaio (velocidade, corpo de prova, etc). Em contrapartida, a tensão de escoamento fy é uma característica bastante estável. Este trecho com tensão igual a tensão de escoamento recebe o nome de patamar de escoamento. Nesta fase, se o corpo de prova for descarregado, o caminho será uma reta paralela ao trecho OA, partindo do ponto de descarga, resultando em uma deformação permanente. ENSAIOS MECÂNICOS Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo A Fase de Encruamento inicia para deformações superiores a 15 a 20 vezes do que a deformação elástica máxima. Nesta etapa, chamada Encruamento, a tensão volta a aumentar, mas com uma inclinação bem inferior àquela apresentada na fase elástica. De fato, a relação tensão- deformação não é linear e a inclinação da curva varia a cada ponto. A região de encruamento não tem importância prática para projeto, a não ser identificar qual o valor da tensão que leva o material a ruptura, chamada fu. Após esse valor, uma rápida redução da seção transversal do corpo passa a ser observada, em um fenômeno conhecido como Estricção, provocando uma queda na força de tração aplicada, até o rompimento do material. No diagrama, a estricção pode ser observada pela queda no valor da tensão após atingir o seu ponto máximo. Na verdade, este fato tem apenas significado matemático, ocorrendo porque a tensão é calculada dividindo-se a força pela área original do corpo de prova. Caso fosse utilizada a área reduzida pela estricção, as tensões seriam sempre crescentes. raquel.macedo@unialfa.com.br TENSÃO X DEFORMAÇÃO VERDADEIRA 𝜎𝑣 = F 𝐴𝑖 𝜖𝑣 = ln( 𝑙𝑖 𝑙0 ) Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo É o coeficiente de proporcionalidade entre as deformações longitudinal e transversal de uma peça. Quando se realiza estudos das deformações ao longo do eixo longitudinal de uma peça, observa-se uma propriedadeem todos os sólidos relativas às deformações consequentes transversais. Por exemplo, uma tração, que conduz ao aumento do comprimento, corresponderá a uma contração transversal; enquanto que uma compressão, que conduz à redução do comprimento, corresponderá a uma expansão transversal. Portanto, o coeficiente de Poisson equivale o mesmo que coeficiente de deformação transversal. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo É a capacidade que alguns materiais possuem de se deformarem antes da ruptura, quando sujeitos a tensões elevadas. Quanto mais dúctil o aço, maior a redução de área ou alongamento antes da ruptura. A ductilidade pode ser medida a partir da deformação (e) ou da estricção. Este comportamento fornece avisos de ocorrência de tensões elevadas em pontos da estrutura. Em outras palavras é a capacidade do material de deformar-se sob a ação de cargas sem que haja colapso imediato. raquel.macedo@unialfa.com.br Pode ser expressa quantitativamente tanto como um alongamento percentual quanto uma redução percentual na área. %AL = 𝒍𝒇−𝒍𝟎 𝒍𝟎 𝒙 𝟏𝟎𝟎 %RA = 𝑨𝟎−𝑨𝒇 𝑨𝟎 𝒙 𝟏𝟎𝟎 𝑙𝑓 = comprimento no momento da fratura; 𝑙0 = comprimento útil original; 𝐴0 = área da seção transversal original; 𝐴𝑓 = área da seção no ponto de fratura; Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Diante de algumas combinações adversas como, por exemplo, temperatura, estado de tensões, ou descontinuidades, o aço tem um comportamento basicamente dúctil, pode tornar-se suscetível a fratura frágil. A fratura frágil é um tipo de falha que ocorre por clivagem com pouca ou nenhuma deformação plástica anterior, de forma extremamente rápida. A propensão de um aço resistir à fratura frágil deve ser determinada por uma medida de tenacidade, que é a energia total (elástica mais plástica), por unidade de volume, que o material pode absorver até a sua ruptura. A tenacidade pode ser entendida como a habilidade do material em resistir a fratura. Para estados uniaxiais de tensão, como os ensaios a tração, a tenacidade é calculada como a área total do digrama tensão vs deformação. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Em elevadas temperaturas, o aço estrutural apresenta uma alteração de comportamento, levando a uma redução do limite de escoamento, do limite de ruptura e do módulo de elasticidade. Em contrapartida, o coeficiente de Poisson permanece com o mesmo valor. A ductilidade dos aços estruturais inicialmente diminui com o aumento de temperatura até atingir um valor mínimo para, então, começar a subir até um valor muito mais elevado do que o aço possuía a temperatura ambiente. Sob carregamentos longos em temperaturas elevadas, os efeitos da fluência devem ser considerados. Quando uma carga é aplicada em um elemento exposto a temperatura elevada, ocorre uma parcela de deformação instantânea que cessa imediatamente e outra que segue aumentando com o tempo a uma taxa muito mais baixa, fenômeno conhecido como fluência. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Quando se eleva ou se abaixa a temperatura de um corpo, o material se dilata ou se contrai, a não ser que seja impedido por circunstâncias locais e, havendo a mudança de temperatura de uma barra livre, o Coeficiente de Dilatação Térmica do material é a variação por unidade de comprimento e por grau de temperatura Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo O fenômeno responsável pela ruptura de uma peça de aço, quando submetida a um carregamento cíclico de longa duração, sob um esforço inferior a sua capacidade de resistência é chamado de Fadiga. A maneira mais utilizada para se avaliar a resistência de um aço estrutural fadiga é através de ensaios de laboratório, que tem como premissa submeter um elemento a uma oscilação de tensão de um valor mínimo para um valor máximo até que ocorra a ruptura. Fazendo-se este procedimento para diferentes valores de variação de tensão, pode-se traçar um diagrama chamado de curva s-N. Uma peça submetida a concentração de tensões torna-se muito mais suscetível a ocorrência de fadiga. Na prática, o efeito da fadiga não pode ser desprezado no dimensionamento de peças submetidas a carregamentos móveis. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo É definida como a capacidade que o material possui de retornar ao seu estado inicial após o descarregamento, não apresentando deformações residuais. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo A deformação plástica é uma deformação provocada por tensão igual ou superior ao limite de escoamento. Neste tipo de deformação, ocorre uma mudança na estrutura interna do metal, resultando em um deslocamento relativo entre os seus átomos (ao contrário da deformação elástica), resultando em deformações residuais. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo É a resistência ao risco ou abrasão e pode ser medida pela resistência com que a superfície do material se opõe à introdução de uma peça de maior dureza. Os ensaios de dureza são bastante utilizados para verificar a homogeneidade do material. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo É a resistência ao risco ou abrasão e pode ser medida pela resistência com que a superfície do material se opõe à introdução de uma peça de maior dureza. Os ensaios de dureza são bastante utilizados para verificar a homogeneidade do material. Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Estruturas Metálicas – Engenharia Civil Prof: Msc. Engª. Raquel Hellu Macedo Uma peça de aço estrutural originalmente com 305 mm de comprimento é puxada em tração com uma tensão de 276 MPa. Se a deformação é inteiramente elástica, qual será o alongamento resultante? Dados: Módulo de Elasticidade 200 GPa 𝝈=𝑬.𝝐 𝜖 = ∆𝑙 𝑙0 𝝈=𝑬. ∆𝑙 𝑙0 ∆𝑙 = 𝜎 . 𝑙0 𝐸 ∆𝒍 = 276. 305/ 200.10³ = 0,4209mm Uma peça de aço estrutural foi submetida ao ensaio de tração e seu alongamento resultante foi de 0,20 mm de comprimento. O ensaio utilizou uma tensão de 550 MPa. Se a deformação é inteiramente elástica, qual era o comprimento inicial desta peça? Dados: Módulo de Elasticidade 200 GPa 𝝈=𝑬.𝝐 𝜖 = ∆𝑙 𝑙0 𝑙0= 72,7 mm Um corpo de provas cilíndrico feito em aço e com diâmetro original de 12,8mm é testado sobre tração até sua fratura, sendo determinado que ele possui uma resistência à fratura, expressa em tensão de engenharia 𝝈f = 460 MPa. Se o diâmetro de sua seção transversal no momento da fratura é de 10,7 mm, determine: a) A ductilidade em termos da redução percentual de área. b) A tensão verdadeira na fratura FIM!!! Engenharia Mecânica Prof.: Ma. Engª. Civil Raquel Hellu Macedo raquel.macedo@unialfa.com.br
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