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TCC JUNHO 2 DAMASIO PROVA

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FACULDADE DAMASIO 
CURSO DE POS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CODIGO DE 
PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
MANOELA COSTA DE ARAUJO 
 
 
 
 
 
 
AMICUS CURIE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2018
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 5 
FACULDADE DAMASIO 
CURSO DE POS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
 
 
MANOELA COSTA DE ARAÚJO 
 
AMICUS CURIE 
 
 
 
 
 
 
Monografa apresentada como requisito parcial 
para a obtenção do título de Especialista no curso 
de Direito na área de Direito Processual Civil da 
Faculdade Damásio. 
 
Orientadora: Christtiane Perri Valentim. 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2018 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 6 
 
 
MANOELA COSTA DE ARAUJO 
 
 
 
AMICUS CURIE 
 
 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
Esta monografia apresentada no final do curso 
de Pós-graduação Lato Sensu em Direito 
Processual Civil, na Faculdade Damásio, foi 
considerada suficiente como requisito parcial 
para obtenção do Certificado de Conclusão. O 
examinado foi aprovado com a nota_________. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte, 21 de junho de 2018. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 7 
AGRADECIMENTOS 
 
Sou grata primeiramente a Deus que me proporcionou esta vitória, fazer um curso de especialização. 
Agradeço imensamente ao meu esposo Rodrigo Otavio Peréa Serrano que me deu a oportunidade de 
realizar um curso de especialização além do apoio e incentivo nas horas difíceis de desanimo e 
cansaço. 
Grata aos meus pais, irmãos e demais familiares pela motivação para o termino do curso de 
especialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 8 
Sumário 
RESUMO ................................................................................................................................. 10 
ABSTRACT ............................................................................................................................. 11 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12 
CAPITULO I – BREVE HISTÓRICO DO AMICUS CURIAE. ............................................. 14 
1. AMICUS CURIAE NORTE AMERICANA: ESPELHO DO AMICUS CURIAE 
BRASILEIRO. ................................................................................................................... 14 
2. A AFIRMARÇÃO DO AMICUS CURIE NO DIREITO BRASILEIRO .......................... 15 
3. A PESPECTIVA DO AMICUS CURIAE NO CODIGO DE PROCESSO CIVIL. ............ 16 
3.1. A regulamentação expressa. ....................................................................................... 17 
3.2. A definição do papel do Amicus Curiae no projeto do novo código de processo civil. .. 17 
3.3. Amicus Curiae. .......................................................................................................... 18 
4. A MEDIAÇÃO DO AMICUS CURIAE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.. 22 
5. AMICUS CURIAE NAS ENTIDADES. ............................................................................. 26 
5.1. No Superior Tribunal Federal: Partes envolvidas na ADC 41 e "amici curiae" defendem 
a validade da Lei de Cotas ................................................................................................... 26 
5.2. Na Advocacia Geral da União – AGU ........................................................................ 27 
5.3. Educação e cidadania de afrodescendentes – Educafro .............................................. 27 
5.4. Instituto de advocacia racial e ambiental – IARA ....................................................... 27 
5.5. Procuradoria Geral da República – PGR ................................................................... 28 
CAPITULO II – A LIBERDADE DE ESCOLHA NO DESEMPENHO DO AMICUS CURIAE.
 .................................................................................................................................................. 29 
1. LIBERDADE DE IMPRENSA: NUCLEO DE PRATICA JURIDCA APRESENTA 
AMICUS CURIAE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAAL SOBRE DIREITO DE 
RESPOSTA EM VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ........................................ 36 
2. ADMIRAÇÃO PELA FIGURA DO AMICUS CURIAE ................................................... 37 
CAPITULO III – JUSTIFICATIVA DA PRESENÇA DO AMICUS CURIAE NOS PLEITOS, 
DESCRITOS NO DISPOSITIVO DO CÓDIGO PROCESSO CIVIL. ................................... 40 
1. UM PROBLEMA AINDA PENDENTE – O DIRETO DE INFORMAÇÃO. ................... 40 
1.1. A seguir alguns despachos, sobre o amicus curiae conhecido como colaborador. ....... 41 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 9 
2. A INTERVENÇÃO COMO AMICUS CURIAE EM PROCESSO REPETITIVO. ......... 42 
3. OS REQUISITOS PARA INTERVENÇÃO DO AMICUS CURIAE NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
 ........................................................................................................................................... 44 
4. FALTA DE EFICACIA DA DECISÃO DO PEDIDO DE INTERVENÇÃO DO AMICUS 
CURIAE NO LITIGIO ...................................................................................................... 47 
CAPITULO IV- A ÓTICA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O AMICUS 
CURIAE. .................................................................................................................................. 50 
1. PARTE NÃO É COMPETENTE PARA QUESTIONAR ADMISSÃO DE AMICUS 
CURIAE. ........................................................................................................................... 50 
2. O AMICUS CURIAE NA LEI 9.868/99 ............................................................................ 50 
3. MINISTRA CARMEM LUCIA QUER REDISCUTIR PAPEL DO AMICUS CURIAE NO 
SUPREMO. ....................................................................................................................... 53 
4. AMICUS CURIE - NO ÂMBITO DO DIREITO CONSTITUCIONAL .......................... 55 
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 60 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................................................... 63 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 10 
RESUMO 
 
 
Este trabalho intitulado amicus curiae que atualmente está alavancado no Novo Código de Processo 
Civil não se fez presente no código de processo civil de 1973, no atual e novo código de processo 
civil, o amicus curiae, ainda deixa dúvidas é uma incógnita no código de processo civil brasileiro. 
Trata-se de modalidade de intervenção de uma pessoa natural ou jurídica que nunca havia recebido. 
Esta expressão latina Amicus Curiae, que pode ser traduzida por “amigo da Corte”, designa um 
terceiro que já foi até mesmo chamado de “enigmático” que ingressa no processo para fornecer 
auxilio ao órgão jurisdicional para o julgamento de uma determinada causa. Previsto no aart.138 do 
Código de Processo Civil. Podendo ser pessoa natural ou jurídica, e até mesmo um órgão ou entidade 
sem personalidade jurídica. Deveras, existem dificuldades, considerado o princípio dispositivo que 
delimita o exercício do direito de ação. Agrega-se que o terceiro, de regra, não sendo parte no 
processo, precisa demonstrar interesse jurídico e econômico na solução do litígio, e inclusive, 
considerar que o julgado poderá afetar diretamente seu direito e não das partes. Destarte pode perceber 
a complexibilidade, do envolvimento no litigio entre as partes. Uma terceira pessoa natural ou jurídica
ser intimada apara “ajudar” o juiz a tomar determinada escolha. O amicus curiae Norte Americano 
desde o início do século XX, é adotado na Suprema Corte norte-americana, objetivando proteger 
direitos coletivos (de grupos identificados) ou de proteger direitos difusos (da sociedade em geral). 
Sua função é chamar a atenção dos julgadores para alguma matéria que poderia, de outra forma, 
escapar-lhe ao conhecimento. Recentemente, este instituto passou a ser utilizado no Brasil em 
processos junto ao Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Justiça dos Estados. 
 
 
Palavra-chave: Amicus curiae, Código de Processo Civil, O amigo da corte. 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 11 
 
ABSTRACT 
 
 
This amicus curia work that is currently leveraged in the New Code of Civil Procedure was not present 
in the Civil Procedure Code of 1973, in the current and new Civil Procedure Code, amicus curiae, 
still leaves doubts is an unknown in the process code civil society. It is a form of intervention of a 
natural or legal person who has never received it. This Latin expression Amicus Curiae, which can 
be translated as "friend of the Court", designates a third party who has even been called "enigmatic" 
who enters the process to provide assistance to the court for the trial of a particular cause. Pursuant 
to art. 138 of the Code of Civil Procedure. It may be a natural person or legal entity, and even an 
organ or entity without legal personality. Indeed, there are difficulties, considered the device principle 
that delimits the exercise of the right of action. It adds that the third party, as a rule, not being a party 
to the proceedings, must demonstrate legal and economic interest in the resolution of the litigation, 
and even consider that the court may directly affect its law and not the parties. So you can see the 
complexity of involvement in litigation between the parties. A third natural or legal person is 
summoned to "help" the judge to make a particular choice. The American amicus curiae since the 
early 20th century has been adopted by the US Supreme Court to protect collective rights (of 
identified groups) or to protect diffuse rights (of society in general). Its function is to draw the 
attention of the judges to some matter that might otherwise escape their knowledge. Recently, this 
institute began to be used in Brazil in proceedings before the Federal Supreme Court and in the Courts 
of Justice of the States. 
 
 
Keyword: Amicus curiae. Code of Civil Procedure. The friend of the court. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 12 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 138, trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro a 
figura do amicus curiae. Esta figura, por sua vez, traz consigo justamente a ideia de que um terceiro 
alheio que possa vir a intervir em um processo judicial a fim de que a decisão prolatada ao final do 
mesmo, alcance o direito. 
 
Mas, o código civil brasileiro de 2016 não limita ou esclarece sobre os requisitos necessários para 
que o terceiro que foi intimado pelo juiz seja o amigo da corte. Na legislação brasileira isso se torna 
confuso devido à falta deste detalhe importante. 
 
Por, Adhemar Ferreira Maciel (2002) “no direito norte-americano o 
amicus curiae, que, vez por outra, se traduziria mais num amicus partis 
ou no amicus causae: o terceiro que comparece ao processo alheio 
vem, na realidade, mais com o intuito de ajudar uma das partes do que 
mesmo trazer esclarecimento ao tribunal”. 
 
Digamos que o amicus curiae é um instrumento de participação democrática no processo, fruto de 
uma pluralização e abertura procedimental. 
 
Vejamos que na instância superior, STJ – Supremo Tribunal de Justiça tenha julgado que o do amicus 
curiae no Superior Tribunal de Justiça. Com o amicus curiae. 
 
PET NO RECURSO ESPECIAL Nº 1.563.962 - RN (2015/0264076-9) 
RELATOR: MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA 
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO NORTE RECORRIDO: E A INTERES.: MINISTÉRIO 
PÙBLICO DO ESTADO DE ALAGOAS - "AMICUS CURIAE" 
 
Aqui, estaremos procurando alinhar o objetivo geral argumentar quais requisitos para que alguém 
possa intervir em determinado processo na qualidade de amicus curiae. Tais requisitos como: 
antecedentes criminais, domicilio e residência fixo, amizade com uma das partes, amizade com juiz. 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 13 
 
Tais requisitos não estão expressos no art.138 do código de processo civil. 
 
O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a 
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da 
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a 
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar 
ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou 
entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 
15 (quinze) dias de sua intimação. 
 
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de 
competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a 
oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. 
 
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a 
intervenção, definir os poderes do amicus curiae. 
 
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente 
de resolução de demandas repetitivas. 
 
Portanto, tais observações são de real importância para alguém uma pessoa seja intimada como amigo 
da corte. O artigo 138, no código seco e no código civil esquematizado, não apresentam nada sobre 
o requisito necessário para alguém ser intimado como Amicus Curie. Por isto, este trabalho foi 
elaborado, para que nos meios dos estudos de artigos e doutrinas e demais material fossem 
encontrados algo respectivo ao assunto. 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 14 
CAPITULO I – BREVE HISTÓRICO DO AMICUS CURIAE. 
 
1. AMICUS CURIAE NORTE AMERICANA: ESPELHO DO AMICUS CURIAE 
BRASILEIRO. 
 
Desde do início do século XX, o Amicus Curiae é adotado na Suprema Corte norte-americana, 
objetivando proteger direitos coletivos (de grupos identificados) ou de proteger direitos difusos (da 
sociedade em geral). Sua função é chamar a atenção dos julgadores para alguma matéria que poderia, 
de outra forma, escapar-lhe ao conhecimento. 
 
Um memorial de amicus curiae é produzido, assim, por quem não é parte no processo, com vistas a 
auxiliar a Corte para que esta possa proferir uma decisão acertada, ou com vistas a sustentar 
determinada tese jurídica em defesa de interesses públicos e privados de terceiros, que serão 
indiretamente afetados pelo desfecho da questão. 
 
Os operadores do Direito podem lançar mão do Amicus Curiae, nos seguintes casos: 
 
I. Atos legislativos referentes a leis produzidas apenas pelo Poder Legislativo do Estado e que 
tramitem pelo devido processo legislativo, conforme artigo 59 da Constituição Federal; 
 
II. Medidas provisórias e atos administrativos-normativos que instituam direitos e obrigações, 
ameaçadoras de lesão ou violentadoras dos direitos humanos fundamentais: civis, políticos, 
econômicos, sociais ou culturais, positivados e garantidos pela Constituição Federal ou pelas 
Estaduais, assim como pelos instrumentos internacionais de proteção de direitos humanos. 
 
Atualmente nos EUA, o Amicus Curie se encontra disciplinado pela Regra nº 37 do Regimento 
Interno da Suprema Corte dos Estados Unidos (U. S. Supreme Court). O requerente da condição de 
Amicus Curiae tem o dever de apresentar o consentimento das partes envolvidas no litígio, inclusive 
se pretender fazer sustentação oral de seus argumentos. 
 
Em não havendo o consentimento das partes, o Amicus Curiae deverá
juntar ao seu pedido de 
admissão, as razões da não anuência, pois não é parte formal do processo. Contudo, 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 15 
independentemente do consentimento das partes litigantes, a Suprema Corte poderá admitir o ingresso 
do Amicus Curiae no processo, e ainda determinar uma audiência prévia com as partes para resolver 
a questão. 
 
2. A AFIRMARÇÃO DO AMICUS CURIE NO DIREITO BRASILEIRO 
 
Tem sido bastante comum entre as nossas letras a afirmação de que o amicus curiae é o “amigo da 
Corte” ou o “colaborador da Corte”. Embora não haja razão para discordar dessas afirmações, elas 
são claramente insatisfatórias em todos os sentidos. É que o nosso direito não conhece, pelo menos 
com este nome, um “amigo” ou um “colaborador” da “Corte”, mesmo que se entenda por “Corte” os 
Tribunais ou, de forma ainda mais ampla, o Poder Judiciário. De resto, a atuação de qualquer sujeito 
processual que seja “amigo” do juiz pode comprometer a imparcialidade daquele que presta a 
jurisdição (art. 135, I, do Código de Processo Civil vigente). 
 
Assim, é inócuo, porque vazio de significado para a experiência jurídica brasileira, traduzir a 
expressão amicus curiae para o vernáculo. Ela, mesmo quando traduzida, não tem referencial na nossa 
história jurídica e, por isso, fica carente de verdadeira identificação. 
 
É insuficiente a “tradução vernaculizar” daquela expressão; é mister encontrar o seu referencial e seu 
contexto de análise no direito brasileiro. Ela, mesmo quando traduzida, não tem referencial na nossa 
história jurídica e, por isso, fica carente de verdadeira identificação. É o mesmo que traduzir a palavra 
“table” para o português. Se não se sabe o que é uma “mesa”, para que ela serve, como ela se parece, 
é inócua a tradução. 
 
E mais, quando se faz referência a “table” é bem provável que se pense que está sendo empregada a 
palavra inglesa para referir-se a “mesa”. Mas não necessariamente. “Table” também é palavra que, 
em francês, significa a mesma coisa. E mais: tanto em inglês como em francês, “table” também pode 
ser usado como “quadro sinótico” e, por isso, a busca do “referencial” a que fizemos alusão há pouco 
redunda necessariamente na busca do adequado contexto do uso da palavra. 
 
Em busca desses referenciais, é importante equiparar o amicus curiae, sobretudo em alguma de suas 
manifestações, a uma das funções que, entre nós, o Ministério Público sempre exerceu e continua a 
exercer, a de fiscal da lei (custos legis) e, em menor escala, ao perito ou, mais amplamente, a um 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 16 
mecanismo de prova no sentido de ser uma das variadas formas de levar ao magistrado, assegurada, 
por definição, sua imparcialidade, elementos que, direta ou indiretamente, são relevantes para o 
procedimento de uma decisão. 
 
Nesse sentido, uma verdadeira prova atípica traduzida na atuação de um terceiro interveniente, uma 
intervenção de terceiro cuja finalidade última é a de ampliar, aprimorando-o, o objeto de 
conhecimento do juiz com informações relativas a interesses meta individuais que serão afetados, em 
alguma medida, pela decisão a ser proferida: uma intervenção de terceiros com finalidade instrutória. 
 
3. A PESPECTIVA DO AMICUS CURIAE NO CODIGO DE PROCESSO CIVIL. 
 
O Projeto do Novo Código de Processo Civil (PLS 166/2010) foi construído a partir de postulados 
constitucionais, residindo na adoção da teoria do direito processual constitucional sua principal 
inovação. Consolida-se a teoria segundo a qual as regras de direito processual devem estar 
necessariamente fundamentadas nas normas constitucionais. 
 
A relatora do Projeto do NCPC, a professora Teresa Arruda Alvim Wambier, em artigo intitulado 
“Anotações sobre o Projeto de Lei n. 166/2010, para um novo Código de Processo Civil 
(LGL\1973\5) ” abrevia o enfoque do Projeto: 
 
“Trata-se de um código com uma nova ideologia, no sentido de 
sintonizar as regras legais com os princípios constitucionais, 
aproximando o direito constitucional com o infraconstitucional, a 
partir da adoção da hermenêutica neoconstitucional.” 
 
No âmbito do Senado Federal, o Anteprojeto converteu-se no Projeto de Lei do Senado (PLS) 
166/2010 e o Senador e Professor de Direito Processual Civil Cassio Scarpinella Bueno (2008), 
Membro e Diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro de Direito Processual. Propôs o 
Amicus curiae no Projeto de novo Código de Processo Civil e nomeou uma Comissão Especial não 
só para a revisão do Anteprojeto, mas também para analisar, uma a uma, as centenas e centenas de 
propostas de aperfeiçoamento enviadas àquela Casa, não só pelos próprios Senadores, mas 
principalmente pelos mais diversos segmentos da sociedade brasileira e das instituições nacionais. 
 
https://jus.com.br/tudo/adocao
https://jus.com.br/tudo/teoria-do-direito
https://jus.com.br/tudo/direito-constitucional
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 17 
O Anteprojeto o amicus curiae é citado no art. 322, disciplina expressamente a intervenção do amicus 
curiae e o faz entre as modalidades de intervenção de terceiros já conhecidas pelo direito processual 
civil brasileiro, embora com alterações que, em outra oportunidade, são merecedoras de 
considerações. Eis o texto, tal qual projetado pelo Senado Federal, para o amicus curiae: 
 
 “Art. 322. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, 
a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social 
da controvérsia, poderá, de ofício ou a requerimento das partes, 
solicitar ou admitir a manifestação de pessoa natural ou jurídica, 
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no 
prazo de quinze dias da sua intimação. Parágrafo único. A intervenção 
de que trata o caput não importa alteração de competência, nem 
autoriza a interposição de recursos.”. 
 
3.1. A regulamentação expressa. 
 
O Anteprojeto elaborado pela Comissão de Juristas, já propunha disciplina expressa da intervenção 
do amicus curiae. Trata-se, irrecusavelmente, de uma importante contribuição feita por aquele grupo 
de trabalho, o de explicitar, dando disciplina jurídica no Código de Processo Civil, a uma modalidade 
diferente de intervenção de terceiros. 
 
Até para que ninguém possa negar que, mesmo sem lei expressa, era não só possível, mas necessário, 
admitir aquela intervenção de forma generalizada; não havendo qualquer razão, analisando se o tema, 
como deve ser analisado, da perspectiva do “modelo constitucional do direito processual civil”, para 
limitar aquela modalidade interventiva aos casos de controle concentrado da constitucionalidade. 
 
3.2. A definição do papel do Amicus Curiae no projeto do novo código de processo civil. 
 
O projeto para um novo Código de Processo Civil foi apresentado ao presidente do Senado no dia 08 
de junho de 2010, sob o nº PL 166/2010. Foi, então, constituída uma Comissão no Senado para 
apresentar emendas ao projeto até o dia 27 de agosto de 2010 e, em novembro de 2010, já havia a 
divulgação dos relatórios parciais sobre o projeto. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 18 
O relatório da Comissão do Senado no dia 24 de novembro de 2010, veio com a apresentação de um 
projeto substitutivo, o PLS 166/2010, do Senador Valter Pereira, que foi, após algumas mudanças no 
texto do projeto substitutivo, aprovado no Senado, no dia 15 de dezembro de 2010. 
 
 O projeto foi, então, para a Câmara dos Deputados, sob o nº de PL nº 8.046/2010, seguindo, no dia 
05 de janeiro de 2011 para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, desde essa data tramita na 
Casa Legislativa. A ideia norteadora do texto é a de trazer maior efetividade ao processo, através da 
preocupação com celeridade à prestação dos e da redução
do número de demandas e de recursos que 
tramitam pelo Poder Judiciário (PINHO, 2010, p. 50). Muito se pode questionar sobre a necessidade 
de um novo Código de Processo Civil e até mesmo se o projeto do novo Código de fato trará 
celeridade ao processo (SILVA, 2011b, p. 94-96), mas, de certa forma, tentando sistematizar o tema, 
o código prevê, ainda que de forma tímida, o amicus curiae. 
 
3.3. Amicus Curiae. 
 
A ampliação do instituto do amicus curiae é uma das principais alterações no NCPC, referente ao 
tema intervenção de terceiros. Acerca do amicus curiae Marcos Destefenni nos ensina: 
 
“A expressão completa, amicus curiae, significa, literalmente, amigo 
da corte. No sistema judicial norte-americano, uma pessoa, diferente 
das partes, que possua forte interesse no processo ou opiniões acerca 
de seu objeto, pode postular uma permissão para formular uma peça 
processual, aparentemente no interesse de uma das partes, mas, na 
verdade, para sugerir um posicionamento compatível com suas 
próprias opiniões. Essa peça do amicus curiae, normalmente, traz 
questões de amplo interesse público. Ela pode ser apresentada por 
particulares ou pelo governo. Dessa forma, a função do amicus 
curiae é chamar a atenção da corte para questões que eventualmente 
não tenham sido notadas, fornecendo subsídios para uma decisão 
apropriada” 
 
O amicus curiae é assunto ainda controverso no processo civil brasileiro: não há definição precisa 
quanto à sua natureza jurídica. Contudo, tal tarefa transcende a mera discussão doutrinária, sendo 
relevante para definir sua atuação e seus poderes no processo. Inicialmente, é importante ressaltar 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 19 
que, embora de uso comum na prática judiciária, a expressão amicus curiae é utilizada, até hoje, 
expressamente, uma única vez em todo o ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Sua única previsão está na Resolução nº 390/2004, do Conselho da Justiça Federal, que dispõe sobre 
o Regimento Interno da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência, permitindo eventuais 
interessados ingressarem na função de amicus curiae. Para Athos de Gusmão Carneiro (CARNEIRO, 
2008, p. 199), seria uma modalidade atípica de intervenção de terceiros, com características 
peculiares, por não necessitar de interesse jurídico na solução da demanda exigido como requisito 
para o assistente. 
 
Para Edgard Silveira Bueno Filho, seria uma espécie de assistência. O Supremo Tribunal Federal, 
com o voto do relator Ministro Celso de Mello, na ADI 748 Agr./RS, do dia 18 de novembro de 1994, 
já decidiu que o amicus curiae não intervém como um terceiro, mas sim atua como um colaborador 
informal da Corte. 
 
No mesmo sentido do posicionamento do Ministro Celso de Mello, Fredie Didier Jr. (DIDER JR, 
2003, p. 33-38) afirma que o amicus curiae “é o auxiliar do juízo, com a finalidade de aprimorar ainda 
mais as decisões proferidas pelo Poder Judiciário”, pois “reconhece-se que o magistrado não detém, 
por vezes, conhecimentos necessários e suficientes para a prestação da melhor e mais adequada tutela 
jurisdicional”. 
 
Posteriormente, o próprio Supremo Tribunal Federal, na ADIN Nº 2130-3 SC, julgada em outubro de 
2001, de relatoria do Ministro Celso Mello aprimorou seu posicionamento, afirmando que o amicus 
curiae é instrumento de participação democrática no processo, fruto de uma pluralização e abertura 
procedimental. Destarte, o próprio Supremo Tribunal Federal, em seu “Glossário Jurídico”, 
curiosamente descreve o amicus curiae, como: 
 
Refere-se à intervenção assistencial em processos de controle 
concentrado de constitucionalidade por pessoa natural ou jurídica, 
órgão ou entidade especializada, que tenha representatividade 
adequada para se manifestar nos autos sobre questão de direito 
pertinente à controvérsia constitucional, em casos de relevante 
interesse social ou que envolvam valores essenciais de grupos ou 
classes sociais. Embora não seja parte do processo, atuando apenas 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 20 
como terceiro interessado na causa, o amicus curiae possibilita a 
análise de informações importantes para a solução da controvérsia 
(via depoimentos, pareceres, documentos, experiências, artigos, 
memoriais, entre outros), permitindo que a Corte decida as causas com 
o máximo conhecimento das consequências e repercussões sociais 
decorrentes. Fundamentação Legal: Artigo 138 do CPC/2015. 
 
Como visto, amicus curiae para o Supremo Tribunal Federal é assistente litisconsorcial, ou seja, em 
sentido contrário aos seus julgados. Admiti-lo como um assistente simples, de acordo com as lições 
de teoria geral do processo, significa afirmar que, além de interesse na demanda e da necessidade de 
a causa estar pendente para ser cabível sua intervenção, ele atuará sempre complementando a 
atividade processual do assistido e conforme orientação deste, ou, pelo menos, nunca contra ele, sob 
pena de seu ato ser inválido. 
 
Não pode, assim, o assistente praticar nenhum ato que o assistido não praticaria e não pode se opor a 
qualquer ato do assistido, mas pode complementar tais atos, como, por exemplo, apresentar rol de 
testemunhas, se o assistido não requereu o julgamento antecipado da lide ou recorrer, se o assistido 
não renunciou a tal direito. 
 
O assistente pode até mesmo impedir a revelia e seus efeitos, tornando-se gestor de negócios do 
assistido. Analisando sua função, antes de prosseguir na problemática de seu enquadramento jurídico, 
o amicus curiae não atua em benefício do autor ou do réu. Sua atuação é institucional, objetivando 
auxiliar a própria Corte com informações privilegiadas das quais é titular para auxiliar no julgamento 
do caso. Eventual benefício do autor e do réu é apenas consequência de sua atuação, mas não seu 
fundamento, o que afasta também o seu enquadramento como assistente litisconsorcial, que é 
tipicamente parcial. 
 
Ainda prosseguindo nas diferenças, os requisitos para admissibilidade do chamado “amigo da corte” 
- a relevância da matéria e a representatividade de quem pleiteia seu ingresso – distinguem-se dos 
requisitos para que um assistente seja admitido, que seriam o interesse jurídico e a causa pendente. 
Dessa forma, se o assistente exigia a figura do interesse jurídico, aqui, qualquer interesse que se cogite 
é desvinculado das posições jurídicas assumidas pelas partes litigantes. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 21 
O amicus curiae ingressa no processo a qualquer momento antes do julgamento para que a decisão a 
ser proferida pelo magistrado leve em consideração as informações disponíveis sobre os impactos e 
os contornos que foram apresentados na discussão, servindo como fonte de conhecimento em 
assuntos inusitados, inéditos, difíceis ou controversos, ampliando a discussão antes da decisão dos 
juízes da corte. 
 
A função do amicus curiae é basicamente, chamar a atenção da corte para fatos ou circunstâncias que 
poderiam não ser notados, tornando-se um portador de vozes da sociedade e do próprio Estado, 
aprimorando a decisão jurisdicional a ser proferida, por ele desempenhar todo e qualquer ato 
processual que seja correlato a atingir tal finalidade. 
 
Como consequência, melhor nos parece admitir como mais adequado para as funções do amicus 
curiae o entendimento do Ministro do STF Celso de Mello, de que ele seria um colaborador da corte, 
trazendo a participação democrática para o processo. 
 
Contudo, será uma nova forma de intervenção de terceiros, não se confundindo com nenhuma das 
formas de intervenção de terceiros atualmente existentes e nem mesmo com as demais formas de 
intervenção de terceiros previstas no projeto do novo código. 
 
De fato, o amicus curiae tem como papel fundamental legitimar as decisões judiciais, através de
uma 
fiscalização abstrata acerca do enquadramento de determinadas normas aos preceitos constitucionais 
ou mediante fornecimento de elementos informativos – inclusive dados técnicos – sobre temas 
imprescindíveis a resolução de determinadas controvérsias. No Brasil, as intervenções na qualidade 
de amicus curiae começarem a ser autorizadas por lei para certas entidades reguladoras e 
fiscalizadoras. 
 
Entretanto, somente com a edição da Lei nº. 9.868/99, que cuida da ação direta de 
inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade, é que a figura do amicus curiae 
ganhou relevância no direito brasileiro. 
 
O § 2º do art. 7º da lei 9.868/99, preceitua que: 
 
Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação 
direta de inconstitucionalidade. 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 22 
§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a 
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, 
admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a 
manifestação de outros órgãos ou entidades. 
 
Pois, assim considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator 
poderá, por despacho irrecorrível, admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades. Assim, o 
amicus curiae passou a viabilizar a democratização do debate acerca da Constituição. Aliás, o próprio 
STF considera o amicus curiae como fator de legitimação das suas decisões, à medida que pluraliza 
o debate constitucional e fornece todos os elementos informativos necessários à resolução da 
controvérsia. Apesar de a Lei nº. 9.898/99 só prever a participação do amicus curiae para a ADI, por 
analogia, também se admite intervenção do amicus curiae na ADC e ADPF. 
 
4. A MEDIAÇÃO DO AMICUS CURIAE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 
 
A intervenção do amicus curiae. Trata-se de modalidade de intervenção que nunca havia recebido, 
antes do novo código de processo civil, regulamentação adequada (embora já houvesse previsão de 
sua participação no processo em controle de constitucionalidade, por exemplo). Esta expressão latina, 
que pode ser traduzida por “amigo da Corte”, designa um terceiro que já foi até mesmo chamado de 
“enigmático”. 
 
O que o distingue do assistente (que também intervém por ter interesse em que uma das partes obtenha 
sentença favorável) é a natureza do interesse que legitima a intervenção. Como cediço, o assistente é 
titular da própria relação jurídica deduzida no processo ou de uma relação jurídica a ela vinculada. O 
amicus curiae não é sujeito de qualquer dessas relações jurídicas. 
 
O amicus curiae é um terceiro que ingressa no processo para fornecer subsídios ao órgão jurisdicional 
para o julgamento da causa. Pode ser pessoa natural ou jurídica, e até mesmo um órgão ou entidade 
sem personalidade jurídica (art. 138). Exige a lei, para que se possa intervir como amicus curiae, que 
esteja presente a representatividade adequada, isto é, deve o amicus curiae ser alguém capaz de 
representar, de forma adequada, o interesse que busca ver protegido no processo. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 23 
Portanto, um ponto relevante: o amicus curiae não é um “terceiro imparcial”, como é o Ministério 
Público que intervém como fiscal da ordem jurídica. O amicus curiae é um sujeito parcial, que tem 
por objetivo ver um interesse (que sustenta) tutelado. Dito de outro modo, ao amicus curiae interessa 
que uma das partes saia vencedora na causa, e fornecerá ao órgão jurisdicional elementos que 
evidentemente se destinam a ver essa parte obter resultado favorável. 
 
O que legitima a intervenção do amicus curiae é um interesse que se pode qualificar como 
institucional. Explique-se: há pessoas e entidades que defendem institucionalmente certos interesses. 
Por exemplo o caso da Ordem dos Advogados do Brasil, da Associação dos Magistrados Brasileiros 
das Igrejas, de entidades científicas como: a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, 
que defende os avanços científicos e tecnológicos e o desenvolvimento social e cultural, ou o Instituto 
Brasileiro de Direito Processual, IBDP, que tem entre suas finalidades promover o aprimoramento do 
direito processual em todo o país. Pode-se pensar ainda em cientistas, professores, pesquisadores, 
sacerdotes, entre outras pessoas naturais que se dedicam à defesa de certos interesses institucionais. 
 
O amicus curiae não estaria legitimada a intervir como assistente – têm muito a contribuir para o 
debate que se trava no processo. Devem, então, ser admitidos como amici curiae. Pense-se, por 
exemplo, em um processo em que são partes um advogado e um excelente empresário, no qual se 
discuta a legitimidade de uma cláusula contratual na qual se tenham fixado honorários advocatícios 
de êxito em um percentual daquilo que o cliente teria a receber. Este, porém, sustenta que a cláusula 
é abusiva por que o percentual seria exageradamente alto. 
 
Pois em um caso assim é de todo recomendável admitir-se a intervenção, no processo, de uma 
entidade como a OAB (e não só ela, evidentemente), que pode ser capaz de fornecer elementos de 
grande relevância para a formação da decisão judicial. Pode-se recordar, ainda, o conhecido caso da 
ação direta de inconstitucionalidade em que se discutiu, no STF, a constitucionalidade da realização 
de pesquisas científicas com o emprego de células-tronco embrionárias (ADI 3510). Pois nesse 
processo foram admitidos como amici curiae, entre outros, a Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB), o ANIS – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero e o MOVITAE – 
Movimento em prol da Vida. 
 
Muito já se discutiu acerca do amicus curiae e de sua intervenção. Seria mesmo seu ingresso no 
processo uma intervenção de terceiro? Ou seria o amicus curiae um auxiliar da justiça? O CPC trata 
de seu ingresso no processo como intervenção de terceiro, e isto se justifica em razão do perfil que o 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 24 
amicus curiae veio, ao longo do tempo, passando a ter no direito brasileiro. Trata-se de uma 
intervenção que pode ser voluntária (já que, nos termos do art. 138 do novo CPC, aquele que pretenda 
manifestar-se como amicus curiae pode requerer seu ingresso no processo) ou forçada (já que pode 
se dar por requerimento das partes, podendo também ser determinada de ofício pelo juiz ou relator). 
Isto, por si só, já é suficiente para diferenciá-la de todas as demais modalidades de intervenção de 
terceiros. 
 
A intervenção do amicus curiae não implica alteração de competência (o que significa dizer, por 
exemplo, que a intervenção da União como amicus curiae em um processo que tramite perante a 
Justiça Estadual não o transfere para a Justiça Federal) nem autoriza a interposição, pelo amicus 
curiae, de recursos (ressalvados os embargos de declaração e o recurso contra a decisão que julga o 
incidente de resolução de demandas repetitivas, nos termos do art. 138, §§ 1º e 3º, do novo CPC). 
 
Incumbe ao juiz ou relator, na decisão que admitir ou determinar a intervenção do amicus curiae, 
definir quais serão seus poderes processuais. Cabe ao magistrado, então, a decisão acerca da 
possibilidade de o amicus curiae ir além da mera apresentação de uma petição com os elementos que 
possa oferecer ao juízo (que, na tradição do direito norte-americano, onde o amicus curiae é há muito 
admitido, se chama amicus curiae brief). 
 
É possível, por exemplo, o magistrado estabelecer que o amicus curiae poderá juntar documentos, 
elaborar quesitos para serem respondidos por peritos, fazer sustentação oral perante o tribunal, 
participar de audiências públicas etc. Veem-se, então, duas grandes diferenças entre a atuação do 
assistente e a do amicus curiae: enquanto o assistente pode recorrer
de todas as decisões judiciais, o 
amicus curiae tem severas limitações recursais. 
 
Além disso, o assistente tem os mesmos poderes processuais que o assistido, enquanto o amicus curiae 
só tem os poderes que a decisão que admite sua intervenção lhe outorgar. Não se pode deixar de 
destacar a relevância da intervenção do amicus curiae para a ampliação do contraditório, o que é 
especialmente relevante naqueles processos em que são apreciadas demandas massificadas, 
repetitivas, ou em qualquer outro caso de que possa provir uma decisão que tenha eficácia de 
precedente vinculante. Pois é exatamente por isso que o próprio CPC prevê a atuação de amici curiae 
no incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 947 do novo CPC), no incidente de resolução 
de demandas repetitivas (art. 980 do novo CPC) e nos recursos especiais e extraordinários repetitivos 
(art. 1.035, § 2º do novo CPC). 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 25 
 
É que em todos esses casos a decisão a ser proferida terá eficácia vinculante, o 23/08/2017 A 
intervenção do amicus curiae no Novo CPC GEN Jurídico http://genjuridico.com.br/2015/10/23/a-
intervencao-do-amicus-curiae-no-novo-cpc/ ¾ que exige – como requisito da legitimação 
constitucional de tais decisões e de sua eficácia – um contraditório ampliado, fruto da possível 
participação de todos os setores da sociedade e do Estado que podem vir a ser alcançados. Pois o 
instrumento capaz de viabilizar essa ampliação do contraditório é, precisamente, o amicus curiae. 
 
Augura-se, assim, que a intervenção do amicus curiae seja mais um dentre os diversos instrumentos 
regulados pelo novo CPC para a democratização do processo judicial. Afinal, não se pode mais 
conviver com um processo civil autoritário, conduzido pelo magistrado como se só a este interessasse 
seu resultado. É preciso que juiz e partes, de forma cooperativa, com participativa, trabalhem para 
construir, juntos, o Resultado final do processo, o qual deve ser capaz de atuar o ordenamento 
jurídico, revelando-se assim um mecanismo de realização e preservação dos direitos assegurados pela 
Constituição da República. 
 
Frise-se que a intervenção do amicus curiae não acarreta alteração da competência (art. 138, § 1º, 1ª 
parte), ou seja, a regra é que esse interveniente, ao ser admitido nos autos, irá se submeter à 
competência já fixada para o processo. 
 
Após admissão do amicus curiae, caberá ao relator ou juiz definir os seus poderes (art. 138, § 2º). Em 
que pese a generalidade da redação, é preciso levar em consideração que a atuação do amicus curiae 
há de ser capaz de influenciar o julgamento da lide, aprimorando a decisão jurisdicional. Para tanto, 
deve o amicus curiae desempenhar todo e qualquer ato processual que seja correlato para se 
atingir essa finalidade, como, por exemplo, requerer a produção de provas e manifestar-se oralmente. 
 
O CPC/2015 não estabelece o momento para a intervenção do amicus curiae. Entretanto, em sede de 
controle de constitucionalidade, o STF entende que o seu ingresso somente é possível até a inclusão 
do processo na pauta de julgamento. 
 
A manifestação do amicus curiae é realizada por meio de petição simples. Quando a intervenção se 
der de forma espontânea, a petição deve conter as razões pelas quais a pessoa, o órgão ou a entidade 
pretende intervir no processo, bem como as suas considerações relativas ao mérito da causa. Frise-se 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 26 
que as informações apresentadas pelo interveniente não vinculam o juízo, razão pela qual a sua 
admissão não importa prejuízo para os litigantes. 
 
Diante desse entendimento e levando-se em consideração a importância da atuação do amicus curiae 
para a instrução processual, acredito que a sua intervenção deve ser admitida a qualquer tempo, desde 
que antes de conclusos os autos para julgamento (nos processos de primeiro grau), ou até a data da 
remessa dos autos pelo Relator à mesa para julgamento (nos processos perante os 
tribunais). 
 
5. AMICUS CURIAE NAS ENTIDADES. 
 
5.1. No Superior Tribunal Federal: Partes envolvidas na ADC 41 e "amici curiae" 
defendem a validade da Lei de Cotas 
 
No início do julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 41, que tem por objeto 
a Lei 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas, que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos 
concursos públicos da administração federal, representantes do Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB) – autor da ação – da União, das entidades admitidas como amici 
curiae (amigos da Corte) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentaram seus argumentos 
na tribuna do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
O representante da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho, salientou a legitimidade da Lei de Cotas, 
que foi aprovada por unanimidade no Senado Federal e com 90% dos votos na Câmara dos 
Deputados. Lembrou, ainda, o precedente da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
(ADPF) 186, de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, que considerou constitucional a política 
de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). 
 
Como demonstração da efetividade do sistema de cotas nas universidades, ele afirmou que, de 2012 
a 2016, mais de 88 mil novos advogados negros foram aprovados no exame da OAB. Salientou, 
também, o caráter transitório da lei, que é válida por 10 anos, e funcionará como uma política de 
compensação e de inclusão no serviço público nesse período para que se possa ter um acerto com um 
passado de injustiça e discriminação. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 27 
5.2. Na Advocacia Geral da União – AGU 
 
A advogada-geral da União, Grace Maria Fernandes, ao se pronunciar pela procedência da ação, que 
busca a declaração de constitucionalidade da norma, observou que a Lei de Cotas é uma ação 
afirmativa com o objetivo de reduzir o estado de exclusão de parcela da população. A ministra 
ressaltou que a participação acanhada da população negra no serviço público ocorre porque 
historicamente ela ficou à margem das políticas públicas. 
 
5.3. Educação e cidadania de afrodescendentes – Educafro 
 
A Educafro tem a missão de promover a inclusão da população negra (em especial) e pobre (em 
geral), nas universidades públicas e particulares com bolsa de estudos, através do serviço de seus 
voluntários/as nos núcleos de pré-vestibular comunitários e setores da sua Sede Nacional, em forma 
de mutirão. 
 
Sendo assim, o advogado Daniel Sarmento, representante do Educação e Cidadania de 
Afrodescendentes e Carentes (Educafro), que figura na ADC 41 como amicus curiae, frisou a 
necessidade de se promover a igualdade material, no acesso a cargos públicos. Em seu entendimento, 
os princípios da igualdade – em suas múltiplas dimensões – e do Estado Democrático de Direito 
apontam para a necessidade de reconhecimento da validade da política pública afirmativa instituída 
por meio da Lei de Cotas. Ele ressaltou o benefício à sociedade oriundo de iniciativas que promovam 
o pluralismo, pois a atuação das instituições públicas se aperfeiçoa e se toma mais legítima ao mostrar 
mais sensível aos interesses e direitos de todas as camadas da população, inclusive daquelas 
historicamente discriminadas. 
 
5.4. Instituto de advocacia racial e ambiental – IARA 
 
O representante do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), Humberto Adami Santos (1980) 
Júnior, afirmou que, embora o STF tenha declarado a constitucionalidade no sistema de cotas nas 
universidades, a discriminação ainda é observada no serviço público, tanto por meio de decisões 
judiciais que suspendem concursos estaduais e municipais nos quais há a previsão de cotas, quanto 
pela elaboração de editais com pequeno número de
vagas de forma a se eliminar a necessidade de 
cota. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 28 
5.5. Procuradoria Geral da República – PGR 
 
O vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, também se pronunciou pela 
procedência da ADC 41. Segundo ele, a lei é uma política de ação afirmativa compatível com 
princípios e valores da Constituição Federal, especialmente com a garantia constitucional da isonomia 
material e com os objetivos gerais do Estado Democrático de Direito e os fundamentais da República 
Federativa do Brasil, voltados à construção de sociedade solidária, fraterna e pluralista, à redução das 
desigualdades sociais e à promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, idade e 
outras formas de discriminação. 
 
O vice procurador observou que, em diversos eixos e indicadores, persiste forte desigualdade na 
sociedade brasileira, associada ao gênero e à cor da pele. “Esse quadro mostra que o país ainda precisa 
de políticas que auxiliem a promoção da igualdade material entre pessoas de pele negra e branca. 
Cotas em instituições públicas são mecanismo (temporário) de enorme relevância para atingir tal 
desiderato”, afirmou. 
 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 29 
CAPITULO II – A LIBERDADE DE ESCOLHA NO DESEMPENHO DO 
AMICUS CURIAE. 
 
O amicus curiae, expressão latina que significa “amigo da corte” ou “amigo do tribunal”, é a pessoa 
ou entidade estranha à causa, que vem auxiliar o tribunal, provocada ou voluntariamente, oferecendo 
esclarecimentos sobre questões essenciais ao processo. Deve demonstrar interesse na causa, em 
virtude da relevância da matéria e de sua representatividade quanto à questão discutida, requerendo 
ao tribunal permissão para ingressar no feito. 
 
O objetivo dessa figura processual, tradicionalmente, é proteger direitos sociais lato sensu, 
sustentando teses fáticas ou jurídicas em defesa de interesses públicos ou privados, que serão 
reflexamente atingidos com o desfecho do processo. 
 
No direito italiano, a título de ilustração, é expressamente admitida a intervenção do amicus curiae no 
processo. O art. 68 do Código de Processo Civil italiano atribui ao magistrado a liberdade para valer-
se de auxiliares para a realização de seu convencimento. 
 
Por fim, pode-se afirmar que o direito brasileiro, há tempos, “importou” o amicus curiae do sistema 
norte-americano, e várias leis passaram a regular essa figura em diversas situações. A título de 
ilustração: 
 
a) Art. 35 da Lei 6.385/76 (lei que, regularmente, se admite como marco da instituição da figura 
no Brasil); 
b) art. 7º, § 2º, da Lei 9.868/99, que regula a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e a 
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no processo de controle de 
constitucionalidade; 
c) art. 14, § 7º, da Lei 10.259/2001 (Lei dos Juizados Especiais Federais), no que concerne ao 
incidente de uniformização de Jurisprudência; 
d) art. 3º, § 2º, da Lei 11.417/2006, que trata da edição, revisão e cancelamento das súmulas 
vinculantes do Supremo Tribunal Federal. 
e) Todas essas normas, além de serem leis específicas, tratam de participação do amicus 
curiae em determinados processos. Não havia, até o CPC/15, uma regulamentação genérica 
da figura. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 30 
No novo Código, por outro lado, houve previsão expressa da figura do amicus curiae, algo inovador 
no direito brasileiro. O art. 138 do código tem a seguinte redação: 
 
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto 
da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a 
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a manifestação de 
pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no 
prazo de quinze dias da sua intimação. 
 
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a 
interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. 
 
§ 2º Caberá ao juiz ou relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes 
do amicus curiae. 
 
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas 
repetitivas. 
 
Verifica-se, de pronto, uma substancial modificação no tratamento desse sujeito processual, que 
aproxima o direito brasileiro, possibilitando a intervenção do amicus curiae já em primeiro grau, em 
qualquer tipo de processo e não apenas naqueles de caráter objetivo ou em determinados 
procedimentos. 
 
Jorge Amaury Maia Nunes há tempos afirmava que: 
 
“O amicus curiae deve ser admitido, inclusive, nos processos 
subjetivos, pois se vale o exemplo do direito comparado, respeitadas as 
notórias diferenças entre os sistemas de civil e common law, não custa 
lembrar que, na origem, o amicus curiae atuava justamente nos 
processos individuais, de parte”. 
 
Além disso, o diploma processual também deixa claro que a intervenção pode se dar de ofício ou a 
requerimento da parte, dinâmica essa que já era autorizada pelo Supremo Tribunal Federal ao se 
utilizar dessa figura processual”. 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 31 
 
Outra novidade é a especificação dos sujeitos passíveis de ingressar no processo como amigo da corte. 
Diferentemente do modelo anterior, que não esclarecia quem podia requerer a admissão, o CPC/15 
dispõe que podem pleitear o ingresso a “pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada”. 
Nesse ponto, a norma ainda faz uma ressalva, afirmando que deve haver “representatividade 
adequada” dos órgãos ou entidades especializadas. Em outras palavras, tal representatividade é 
entendida como uma qualidade do sujeito aferida pela capacidade de defender de forma eficiente os 
interesses em jogo da sociedade ou do grupo específico que ele representa. 
 
O novo CPC, ainda, acolheu entendimento jurisprudencial pacificado do STF, afirmando que a 
intervenção do amicus curiae não autoriza a interposição de recursos, ressalvados os embargos 
declaratórios. 
 
A propósito do tema, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, na vigência do CPC/15: 
“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Insurgência oposta pelo amicus curiae 
admitido nos autos. Inadmissibilidade. Posição processual que não lhe permite interpor recursos 
contra as decisões proferidas no respectivo processo: 
 
1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o amicus curiae, conquanto 
regularmente admitido nos autos, carece de legitimidade para a interposição de recursos nas 
ações de controle concentrado de constitucionalidade. 
2. Agravo regimental a que se nega provimento. De outra banda, trouxe uma hipótese de recurso, 
ao regulamentar que, da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas, 
o amicus curiae pode recorrer. 
 
Por fim, a novel legislação processual trouxe norma intrigante, que possibilita ao juiz ou relator, na 
decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amigo da corte. 
 
Expostas as principais características do amicus curiae no novo CPC, cabem algumas observações 
sobre determinados aspectos inseridos no art. 138 do Código. 
 
O art. 68 do Código de Processo Civil italiano atribui ao magistrado a liberdade para valer-se de 
auxiliares para a realização de seu convencimento. O dispositivo é genérico, e não há referência a um 
rol de figuras as quais o juiz pode valer-se, o que acaba por legitimar a figura do amicus curiae, entre 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 32 
os “outros auxiliares”, como denomina
a lei. Tampouco há na lei italiana restrição ao grau de 
jurisdição ou tipo de processo no qual é admitido o ingresso do amigo da corte. 
 
Além disso, na dicção do art. 138, cabe ao juiz ou relator decidir sobre o ingresso do amigo da corte. 
Essa decisão deve analisar a utilidade dessa participação, a partir dos critérios dispostos na lei: 
relevância da matéria, especificidade do tema ou repercussão social da controvérsia. 
 
Portanto, há uma discricionariedade do magistrado na admissão, que deve, por certo, fundamentar 
sua decisão a partir de elementos objetivos, mas sem deixar de examinar questões subjetivas como 
relevância da matéria e a repercussão social. 
 
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido, ainda, que o amicus curiae não tem direito subjetivo a 
ingressar na demanda, e que o relator pode analisar a necessidade de ingresso a partir da utilidade do 
requerente no processo: 
 
“O amicus curiae é um colaborador da Justiça que, embora possa 
deter algum interesse no desfecho da demanda, não se vincula 
processualmente ao resultado do seu julgamento. É que sua 
participação no processo ocorre e se justifica, não como defensor de 
interesses próprios, mas como agente habilitado a agregar subsídios 
que possam contribuir para a qualificação da decisão a ser tomada 
pelo Tribunal. A presença de amicus curiae no processo se dá, 
portanto, em benefício da jurisdição, não configurando, 
consequentemente, um direito subjetivo processual do interessado”. 
 
(ADI 3460 ED, Relator (a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 12/02/2015, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 11-03-2015 PUBLIC 12-03-2015) 3. Por um lado, 
a ora embargante, que se manifestou nos autos extemporaneamente, não trouxe em seu arrazoado 
argumentação relevante nova, e sustentou a mesma tese defendida por 2 das 3 entidades que ostentam 
a qualidade de amicus curiae. Por outro lado, não há direito subjetivo a ingresso no feito como amicus 
curiae, dependendo a admissão do exame ponderado caso a caso, inclusive para, v.g., assegurar um 
certo equilíbrio no debate a envolver a tese afetada. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 33 
Sobre a discricionariedade na análise da admissão dessa figura e a importância da sua participação, 
valem as palavras do Ministro Edson Fachin: 
 
1. A interação dialogal entre o STF e pessoas naturais ou jurídicas, órgãos ou entidades 
especializadas, que se apresentem como amigos da Corte, tem um potencial epistêmico de 
apresentar diferentes pontos de vista, interesses, aspectos e elementos nem sempre alcançados, 
vistos ou ouvidos pelo Tribunal diretamente da controvérsia entre as partes em sentido formal, 
possibilitando, assim, decisões melhores e também mais legítimas do ponto de vista do Estado 
Democrático de Direito. 
2. Conforme os arts. 7º, §2º, da Lei 9.868/1999 e 138 do CPC/15, os critérios para admissão de 
entidades como amicus curiae são a relevância da matéria, especificidade do tema ou 
repercussão social da controvérsia, assim como a representatividade adequada do pretendente. 
 
Há que se atentar, contudo, para o problema disposto no § 2º do art. 138 do CPC/15, que possibilita 
ao juiz ou relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amigo da 
corte. 
 
Ora, o art. 138 já trouxe regulamentação ampla para as hipóteses de cabimento, definindo que 
o amicus curiae pode se manifestar no processo, e ainda que não pode recorrer (exceto opor embargos 
declaratórios e recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas), o 
que mais poderia o juiz deliberar acerca da sua participação? Pode o magistrado determinar que o 
amigo da corte produza provas, participe de audiências, e se manifeste oralmente durante tais 
audiências? Parece que sim. 
 
Ademais, manifestação por escrito é certo que o amicus curiae pode, e de outro lado, recorrer, exceto 
nas hipóteses expressamente autorizadoras, é certo que ele não pode. Considerando que ele não é 
parte, o que sobrou? Muito pouco. 
 
Veja-se que o amicus curiae está regulamentado no título do novo CPC referente à intervenção de 
terceiros. E, para todas as demais intervenções, não há diferenciação de tratamento de acordo com a 
vontade do juiz. De outra banda, para o amigo da corte há. Certamente essa subjetividade judicial no 
tratamento trará descompassos inexplicáveis, possibilitando, por exemplo, que em determinado 
processo um amicus curiae participe da audiência, enquanto em outro não, tudo a depender da boa 
vontade do juiz. 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 34 
 
Talvez fosse muito melhor que o CPC tivesse disciplinado todos os poderes do amigo da corte, sem 
discricionariedade judicial, para que não houvesse insegurança daquele que pede o ingresso, nem 
diferença de tratamento dessa figura, de processo para processo. 
 
Há que se analisar, ainda, a seguinte expressão constante do art. 138 do Código: “o juiz (…) por 
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, 
solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica”. 
 
Dela decorre a dúvida se é irrecorrível apenas a decisão que solicita ou inadmite o amicus curiae, ou 
qualquer decisão acerca do ingresso dessa figura, não seria passível de recurso. No âmbito do STF, 
havia divergência interna, acerca do cabimento de recursos contra a decisão que indefere a 
intervenção de amicus curiae em processo de controle concentrado de constitucionalidade. 
 
Vale, no ponto, transcrever a ementa do RE 590415: 
 
“Há dois entendimentos possíveis sobre o cabimento de recurso contra 
decisão que aprecia pedido de ingresso como amicus curiae: i) o 
primeiro, no sentido da irrecorribilidade de tal decisão, em razão do 
teor literal do art. 7º, §2º, da Lei 9.868/1999 e do art. 21, XVIII, do 
RI/STF; ii) o segundo, na linha capitaneada pelo Ministro Celso de 
Mello, admitindo a interposição de recurso contra a decisão que 
indefere o ingresso como o amicus curiae, pelo próprio requerente que 
teve o pedido rejeitado (cf. RE 597.165 AgR, rel. Min. Celso de 
Mello).” 
 
Não se desconhece que a divergência imperava porque, na égide do CPC/73, não havia norma 
expressa como há, atualmente, no art. 138 do CPC/15. Todavia, a redação do referido artigo não foi 
clara quanto ao cabimento do recurso nos casos de indeferimento da participação do amicus curiae. 
 
Numa leitura a contrario sensu parece que o legislador quis impedir o recurso apenas da decisão que 
admite o ingresso, e não contra a decisão que indefere o ingresso do amigo da corte. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 35 
Por outro lado, partindo-se da premissa legal de que o amicus curiae é espécie do gênero terceiro (até 
porque está incluído no capítulo da intervenção de terceiros), seria admissível o agravo de 
instrumento, na medida em que o rol de hipóteses legais do art. 1.015, do CPC/15, contempla no 
inciso IX, o cabimento desse recurso contra a decisão que defere ou indefere o ingresso de terceiro. 
 
Se cabe nos dois sentidos, e tem norma específica vedando em um deles (admissão do ingresso), resta 
possível o agravo de instrumento contra o outro sentido da decisão (indeferimento do ingresso). 
 
Já nos Tribunais Estaduais, TRFs e Tribunais Superiores, a questão muda de figura porque o recurso 
cabível seria o agravo de interno. Nesse sentido, devemos aguardar a orientação do Superior Tribunal 
de Justiça, responsável pela interpretação das normas infraconstitucionais, para saber se será admitido 
ou não recurso contra o indeferimento do ingresso do amicus curiae. 
 
Quanto ao nosso posicionamento, entendemos que a lei vedou expressamente o recurso contra a 
decisão que admite ou solicita, nada dizendo sobre a decisão que nega a admissão,
daí porque, não 
havendo vedação legal, é cabível a interposição de agravo interno para impugna-la. 
 
Um último aspecto a ser abordado é o momento em que o amicus curiae pode requerer seu ingresso 
no processo. 
 
Nesse ponto, a jurisprudência da Suprema Corte está sedimentada, já sob a égide do CPC/15, no 
sentido de que “o amicus curiae somente pode demandar sua intervenção até a data em que o Relator 
liberar o processo para pauta”. 
 
Numa interpretação analógica, em primeira instância, seria admitida a intervenção do amigo da corte, 
até a conclusão do processo para sentença. 
 
Por fim, vale aplaudir a inserção da figura do amicus curiae no novo CPC, ressaltando que essa 
possibilidade decorre do princípio do pluralismo jurídico, desenvolvido por Peter Haberle: 
 
“O pluralismo jurídico é composto pela diversidade de normas que 
vigem em uma determinada sociedade de forma simultânea, sendo 
considerada como questão social e em partes como antagonismo ao 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 36 
monismo jurídico, que é o monopólio das normas jurídicas exercidas 
pelo Estado.” 
 
Em que se defende a participação, no meio jurídico, das potências públicas, grupos sociais e cidadãos 
que, direta ou indiretamente, sofram os efeitos da prerrogativa exercida pelos intérpretes lídimos na 
letra da lei. 
 
Conforme, previsto no artigo 138 do código do processo civil, a redação não limita, ou não há 
requisitos para ser preenchidos para ser uma amicus curiae. 
 
Previsto no artigo 138 do código de processo civil, expressa: 
 
“O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a 
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da 
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a 
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar 
ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou 
entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 
15 (quinze) dias de sua intimação. ” 
 
Assim fez no caso do núcleo da pratica jurídica da universidade Fundação Getúlio Vargas que subiu 
os autos para o Supremo Tribunal Federal, neste contexto é uma Ação Constitucional. E recorre o 
amicus curiae com a participação de pessoa jurídica. 
 
1. LIBERDADE DE IMPRENSA: NUCLEO DE PRATICA JURIDCA APRESENTA 
AMICUS CURIAE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAAL SOBRE DIREITO DE 
RESPOSTA EM VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
 
O Núcleo de Prática Jurídica da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas, 
protocolou, no último dia 28 de setembro, memorial de amicus curiae perante o Supremo Tribunal 
Federal (STF) nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.415, que trata do direito 
de resposta em veículos de comunicação social. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 37 
A ADI discute a inconstitucionalidade do artigo 10 da Lei 13.188/2015, que exige a manifestação de 
“juízo colegiado prévio” para suspender o direito de resposta em grau de recurso. A ação tramita sob 
a relatoria do Ministro Dias Toffoli e foi proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados 
do Brasil (CFOAB). 
 
Supervisionada pelo professor Ivar Hartmann, a Clínica que deu origem ao trabalho contou com a 
participação de seis alunos da graduação. 
 
O professor André Mendes, Coordenador do NPJ, ressalta a importância da representação judicial da 
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. “A Abraji desempenha um papel relevantíssimo 
em prol da liberdade de imprensa. Com um trabalho qualificado, contribui para o bom jornalismo e 
serve à nossa democracia”, afirma o professor. 
 
Segundo Luiz Filippe Esteves Cunha, um dos alunos que participaram da elaboração da peça, "poder 
participar ativamente da construção de entendimentos judiciais, especialmente por se tratar de um 
tema tão relevante a ser julgado pelo STF, foi uma excelente experiência proporcionada pela FGV 
Direito Rio. A clínica nos deu a oportunidade de não só estudar o que diz o Tribunal, mas efetivamente 
pensar e contribuir com a formação do direito". 
 
Portanto, estes são os casos que admitiram o amicus curiae, apesar de ser um assunto complexo e 
ainda existir magistrados e partes que não entendam e aceitam um amigo da corte que facilitaria e 
concluiria o processo rapidamente. 
 
2. ADMIRAÇÃO PELA FIGURA DO AMICUS CURIAE 
 
Admitida a figura do amicus curiae, e diante da chance de influir sobre o processo de 
interpretação constitucional na Suprema Corte, percebeu-se um entusiasmo em torno da novidade no 
processo abstrato e concreto, como pode ser retratado, sob uma perspectiva descritiva de ordem 
quantitativa, pelos números relacionados com o amicus curiae em processos de competência do STF 
entre 1990 e 2015. 
 
Procedendo-se à pesquisa dos processos disponíveis no site do Supremo Tribunal 
Federal, no período fixado, verificou-se que existem 64024 processos que possuem amici curiae entre 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 38 
os participantes do processo. Dentre estes, 398 são Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), 7 
são Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), 48 são Arguições de Descumprimento de 
Preceitos Fundamentais (ADPFs), 146 são Recursos Extraordinários, distribuindo-se o resto entre as 
demais espécies processuais, como Agravos em Recurso Extraordinário (ARE), Propostas de Súmula 
Vinculante (PSV), Reclamações (Rcl), Mandados de Segurança (MS) e Agravos de Instrumento (AI). 
 
As teorias que defendem a abertura interpretativa da Constituição tomam como 
pressuposto que não há como definir o âmbito de proteção dos direitos fundamentais de forma 
adequada em uma sociedade pluralista sem que se tenha acesso ao estoque de informações detido 
pelos titulares desses direitos e pelos demais envolvidos na controvérsia constitucional. 
 
O poder de decisão das Cortes Constitucionais em sistemas democráticos repousa no 
equilíbrio entre a proteção dos direitos fundamentais e o autogoverno do povo. Da sua função 
garantidora das pré-condições da democracia, decorre a legitimidade da jurisdição 
constitucional6, consubstanciada pela consistente fundamentação judicial. 
 
Como, já visto anteriormente o Amicus Curiae é uma figura já conhecida no direito Constitucional, 
por isso já é um assunto conhecimento na área constitucional. O Direito Constitucional brasileiro é 
permanentemente moldado pelas interpretações que as diversas instituições e atores sociais dão às 
normas constitucionais. Sendo o Supremo Tribunal Federal intérprete privilegiado da Constituição, é 
relevante investigar em que medida os mecanismos de abertura procedimental da Suprema Corte – 
no caso, o amicus curiae – efetivamente influenciam na construção da base interpretativa do Direito 
Constitucional, no contexto da dualidade da democracia e do constitucionalismo. 
 
A acolhida do amicus curiae no processo abstrato, vencendo antiga aversão da Corte à ingerência de 
terceiros no procedimento, configuraria o meio para que argumentos oxigenados pela origem direta 
na sociedade civil viessem a ampliar expressivamente a cognição do processo. A figura do amicus 
curiae, portanto, operaria em benefício da formação de decisões mais seguras, porquanto mais atenta 
à multiplicidade de matizes das circunstâncias relevantes. Nesse sentido, o voto sintetiza que o 
instituto tem o papel de: 
 
“(...) pluralizar o debate constitucional, permitindo, desse modo, que o 
Supremo Tribunal Federal venha a dispor de todos os elementos 
informativos possíveis e necessários à resolução da controvérsia, 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 39 
visando-se, ainda, com tal abertura 
procedimental, superar a grave questão pertinente à legitimidade 
democrática das decisões emanadas desta Suprema
Corte, quando no 
desempenho de seu extraordinário poder de efetuar, em abstrato, o 
controle concentrado de constitucionalidade. (Relator o Ministro Celso 
de Mello). 
 
O nome do partícipe do processo, amigo da corte desde logo não gerou a expectativa de 
que seria ele um assistente neutro da Corte. Toda uma série de estudos sobre a atuação do amicus 
curiae tornam patente o seu pendor para a aberta e parcial defesa de um dos interesses em litígio. 
Esse matiz de participante interessado é esperado quando o amigo da Corte se apresenta ao debate 
judicial. 
 
Por fim, em alguns casos paradigmáticos, que mais intensamente galvanizaram a atenção 
da opinião pública, mostrou-se a figura do amicus curiae essencial para subsidiar as decisões da 
Suprema Corte com informações técnicas, jurídicas, econômicas e sociais. Há que se investigar, 
ainda, se essa efetividade no fornecimento e consideração de novos argumentos também ocorre nos 
demais processos com participação de amici curiae, cuja relevância não atrai tanta atenção da opinião 
pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 40 
 
 
 
CAPITULO III – JUSTIFICATIVA DA PRESENÇA DO 
AMICUS CURIAE NOS PLEITOS, DESCRITOS NO 
DISPOSITIVO DO CÓDIGO PROCESSO CIVIL. 
 
O Código de Processo Civil de 2015 regulou a participação do amicus curiae no processo individual. 
E, ao fazê-lo, tornou possível, de maneira ainda mais concreta, a utilização dessa figura no processo 
coletivo, uma vez que as normas do CPC são aplicáveis subsidiariamente. A possibilidade de 
participação de um amicus curiae contribui sobremaneira para que o processo jurisdicional seja 
plural, democrático e global. Aliada ao dever de motivação das decisões judiciais, essa novidade tem 
a potencialidade de incrementar a qualidade das decisões judiciais. 
 
De acordo com o artigo 138 do CPC, a intervenção do amicus curiae poderá ocorrer tanto em primeiro 
grau de jurisdição quanto em instância recursal. O juiz ou o relator, de ofício, poderão solicitar a 
participação de pessoa natural, pessoa jurídica, órgão ou entidade, desde que dotados de 
representatividade. Não importa, pois, a sua natureza jurídica, mas a sua aptidão para veicular, em 
juízo os anseios do grupo. 
 
Obviamente, a admissão do amicus curiae poderá ser feita também a requerimento das partes ou de 
quem pretenda ser admitido nos autos para manifestar-se. A intervenção de indivíduos ao lado do 
legitimado coletivo, quando se controverte acerca de direitos costuma ser vedada tanto por razões 
dogmáticas quanto pragmáticas. 
 
1. UM PROBLEMA AINDA PENDENTE – O DIRETO DE INFORMAÇÃO. 
 
Um dos maiores obstáculos à efetividade da tutela no Brasil, atualmente, é a ausência de adequada 
informação à coletividade sobre o ajuizamento e a procedência das ações coletivas. Em razão da falta 
de publicidade, são comuns as situações em que uma mesma ação é proposta repetidamente por 
legitimados diferentes, bem como as hipóteses de sentenças e liminares favoráveis ao grupo que não 
atingem seus objetivos porque os membros da classe simplesmente as desconhecem. 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 41 
Quando as partes são interessadas estão bem informadas sobre o desenvolvimento do processo, ela 
tem melhores condições de controlar a atuação do representante e, portanto, a sua adequação. Muito 
embora o processo seja de natureza pública, se ele for mantido escondido nos escaninhos dos 
cartórios, dificilmente os interessados saberão o que está acontecendo e o processo perderá assim a 
sua legitimidade. 
 
A notificação, tem como o objetivo de proteger os direitos individuais assegurando o exercício 
do right to opt out (direito de recusar), como acontece no direito americano. No ordenamento 
brasileiro, a notificação deve ter o objetivo de aprimorar e controlar a atuação do legitimado. Trata-
se, pois, de uma garantia social, e não individual, como no sistema das class actions (ações de classe). 
 
Mas, realmente qual a justificativa para a intervenção do amicus curiae no processo judicial, como 
analisado todo o artigo 138 do código de processo civil o amicus curiae não é um terceiro nem em 
tão pouco um assessor do juiz para analisar cada caso. O amicus curiae é uma pessoa física ou jurídica 
que será intimado pelo juiz que se comprometa no prazo de 15 dias está presente em uma audiência 
de grande repercussão para junto com o juiz analisar o caso em questão. 
 
Por discussão o amicus curiae é uma presença marcante desde conforme o art. 138 ressalta: 
“considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou repercussão 
social da controvérsia ...”. Desta forma, o amicus curiae terá uma participação especial neste sentido. 
Não será necessariamente um terceiro envolvido, até porque o amigo da corte se faz presente somente 
nos requisitos necessários no caso que se pede. 
 
Portanto, o amicus curiae é uma figura importante é um “colaborador” pois este terá uma visão para 
solucionar o problema de modo diferente do juiz, este o juiz está livre para catar ou não um 
entendimento ou não do amicus curiae. 
 
O Supremo Tribunal Federal – STF – usa o amicus curiae como colaborador, um codinome que faz 
haver com a situação do amicus curiae, ou seja, colaborador que colabora com algo nesse caso está 
colaborando com o meio jurídico com a corte. 
 
1.1. A seguir alguns despachos, sobre o amicus curiae conhecido como colaborador. 
 
Despacho: Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, 
 
 
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Código de Processo Civil – DAMASIO 42 
proposta pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino - CONFENEN contra o § 1º 
do art. 28 e art. 30, caput, da Lei 13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 
 
A Federação Nacional das Apaes - FENAPAES - requereu sua admissão no feito na condição de 
amicus curiae (eDOC25) em peça subscrita por advogada regularmente constituída para atuar no 
presente feito. 
 
A FENAPAES alega que “se trata de representante legítima de movimento social existente há mais 
de 60 (sessenta) anos, quando a primeira APAE existente foi criada na cidade do Rio de Janeiro – RJ 
para atender pessoas com deficiência que viviam às margens da sociedade. ” Sustenta que a Federação 
tem entre seus fins atuar na definição da política nacional de atendimento à pessoa com deficiência e 
articular, junto aos poderes públicos e entidades privadas políticas, que assegurem o pleno exercício 
dos direitos da pessoa com deficiência. Ao final, requereu, também, sua participação em eventual 
audiência pública. 
 
 
2. A INTERVENÇÃO COMO AMICUS CURIAE EM PROCESSO REPETITIVO. 
 
O art. 1.036 do Código de Processo Civil-CPC/2015 dispõe que, quando houver multiplicidade de 
recursos especiais com fundamento em idêntica controvérsia, a análise do mérito recursal pode 
ocorrer por amostragem, mediante a seleção de recursos que representem de maneira adequada, a 
controvérsia. O Recurso repetitivo, portanto, é aquele que representa um grupo de recursos especiais 
que tenham teses idênticas, ou seja, que possuam fundamento em idêntica questão de direito. 
 
Em decisão inusitada, o ministro Og Fernandes, da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 
admitiu o ingresso da Associação Brasileira das Loterias Estaduais (ABLE), como amicus curiae, em 
recurso especial que não tramita como repetitivo. O ministro citou o artigo 138 do novo Código de 
Processo Civil que não restringe a intervenção do amicus curiae a ações judiciais e incidentes 
processuais específicos. O recurso especial (Resp 1.674.145) trata de a possibilidade dos estados 
explorarem a atividade de loterias. Parte das receitas delas financia a seguridade

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