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1 MANOEL MARTINS DO CARMO FILHO, D.SC. Contabilidade Avançada M A R T I N S . M A N O E L @ G M A I L . C O M 2 SUMÁRIO 1.1. AS DIMENSÕES INTERNACIONAIS DA CONTABILIDADE ............................................................................... 3 1.2. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ................................................................ 4 2. FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DA CONTABILIDADE NO BRASIL .................................................................. 6 2.1. ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE BRASILEIRA ...................................................................... 6 2.2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NO BRASIL ........................................................... 11 2.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS ...................................................................................... 39 3.1. VALOR JUSTO ............................................................................................................................................. 51 3.2. VALOR PRESENTE ...................................................................................................................................... 53 3.3. REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS - IMPAIRMENT ............................................................... 54 4. IMOBILIZADO ............................................................................................................................................... 59 4.1. NORMAS GERAIS ........................................................................................................................................ 59 4.2. DEPRECIAÇÃO ............................................................................................................................................ 72 4.3. REPARO E CONSERVAÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO ................................................................... 80 4.4. OPERAÇÃO DESCONTINUADA .................................................................................................................... 81 4.5. AMORTIZAÇÃO ........................................................................................................................................... 82 4.6. EXAUSTÃO .................................................................................................................................................. 83 5. ARRENDAMENTO MERCANTIL ...................................................................................................................... 84 6. AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS .................................................................................................................. 87 7. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA .................................................................................................................. 115 7.1. TRANSFORMAÇÃO ......................................................................................................................................... 115 7.2. INCORPORAÇÃO ............................................................................................................................................ 116 7.3. FUSÃO ........................................................................................................................................................ 118 7.4. CISÃO ......................................................................................................................................................... 119 8. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE LUCRO E REGIMES DE TRIBUTAÇÃO .......................................................... 127 8.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 127 8.2. LUCRO – FATO GERADOR DO IRPJ E DA CSLL .......................................................................................... 127 8.3. REGIMES DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA .................................................................................... 128 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 143 3 1. O AMBIENTE ECONÔMICO E A CONTABILIDADE A Internacionalização dos mercados, no que diz respeito ao desenvolvimento do mercado de capitais, ao crescimento dos investimentos diretos estrangeiros e à formação de blocos econômicos, traz consigo a necessidade de se ter um conjunto de padrões contábeis internacionais que possam viabilizar o processo de comparação de informações entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos. A contabilidade, por meio das demonstrações contábeis e outras formas de evidenciação de informações, torna-se a principal ferramenta de divulgação do desempenho empresarial, viabilizando de forma eficiente a comunicação da empresa com seus diversos usuários de suas informações. 1.1. AS DIMENSÕES INTERNACIONAIS DA CONTABILIDADE No contexto internacional, a contabilidade, por meio das demonstrações contábeis, pode ser entendida como o processo de reporte de informações realizado pela empresa junto aos seus usuários internacionais, que por sua vez, se encontram localizados em países diferentes do seu país de origem. No âmbito do mercado de capitais internacional essas formas de evidenciação de informações são agrupadas em um único relatório, o chamado Relatório Anual, a ser utilizado, principalmente pelas empresas que negociam ações em bolsas de valores. O Relatório Anual é composto por cinco partes e deve ser apresentado pelas companhias abertas que operam em bolsas de valores nacionais ou estrangeiras negociando ações. Os tipos de demonstrações contábeis a serem elaboradas e divulgadas pelas companhias, entretanto, são definidos pela legislação de cada mercado de capitais. As partes que compõe o Relatório Anual são: Quadro 1 – Relatório Anual para companhias abertas 1ª. Parte Relatório da administração Nessa parte são evidenciadas informações gerenciais sobre o desempenho econômico-financeiro da empresa e atividades corporativas. 2ª. Parte Demonstrações Contábeis São relatórios com finalidades específicas que apresentam a situação patrimonial, econômica e financeira. 3ª. Parte Notas Explicativas São notas de elementos das demonstrações contábeis que visam a apresentar um maior detalhamento sobre os mesmos. 4ª. Parte Relatório dos Auditores Independentes Expressa a opinião do auditor independente sobre o exame das demonstrações contábeis. 5ª. Parte Relatório do Conselho Fiscal Expressa a opinião do conselho fiscal sobre os atos sociais e administrativos do conselho de administração. Quadro 2 – Objetivos das Demonstrações Contábeis Balanço Patrimonial Demonstra a situação patrimonial da empresa. Demonstração do resultado Evidencia a situação econômica da companhia através da apuração de seu resultado (lucro ou prejuízo) em um determinado exercício. Demonstração do resultado abrangente Apresenta o resultado do período, bem como possíveis resultados futuros, decorrentes de transações que ainda não se realizaram. Demonstração das mutações do patrimônio líquido Apresenta as variações dos elementos que compõem o patrimônio líquido de um período para o outro. Demonstração dos fluxos de caixa Apresenta a geração de caixa das atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos da entidade. Demonstração do valor adicionado Evidencia o valor agregado gerado e distribuído pela empresa. Balanço social Demonstra o montante investido pela companhia em ações sociais voltadas aos seus colaboradores eà sociedade. 4 1.2. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL As informações contábeis devem possuir alto nível de compreensibilidade para facilitar a sua análise e interpretação por parte dos usuários que a utilizam, a qual está relacionada à sua natureza. A sua utilidade para a tomada de decisões está subordinada à relevância e confiabilidade, bem como à sua comparabilidade e consistência, sem deixar de considerar que seus benefícios devem ser superiores ao custo de sua elaboração e divulgação. A informação poderá propiciar aos seus usuários condições apropriadas para avaliação de situações passadas, presentes e futuras relativas a entidade, quer elas sejam internas ou externas, de acordo com as seguintes características qualitativas da informação (HENDRIKSEN E BREDA, 1999). As características qualitativas são os atributos que tornam as demonstrações financeiras úteis para os usuários. Quadro 3 – Atributos Qualitativos da Informação Contábil Compreensibilidade Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações financeiras é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Relevância Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às necessidades dos usuários na tomada de decisões. A informação é completa quando ela tem condições de fazer diferenças numa decisão, ajudando os usuários a fazer predições sobre eventos passados, presentes e futuros, ou confirmar ou corrigir expectativas anteriores. Confiabilidade Para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se propõe a representar. Quer dizer que a informação contábil é função de fidelidade de representação, verificabilidade e neutralidade. Comparabilidade Permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos, o que depende da uniformidade e da consistência. Os usuários devem poder comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho. Por isso é importante que as demonstrações financeiras apresentem as correspondentes informações de períodos anteriores. Nas informações evidenciadas, as quais poderão ser analisadas por investidores e ajudá-los em sua escolha de investimento, existem alguns pontos que podem ser destacados, dentre os quais: Avaliação da lucratividade e rentabilidade do negócio; Verificação do tempo de retorno do investimento; Análise da geração de caixa operacional; Avaliação da capacidade de pagamento das obrigações assumidas, entre outras. Os atributos de relevância e confiabilidade apresentam as seguintes restrições: Tempestividade Equilíbrio entre custo e benefício Equilíbrio entre características qualitativas Visão verdadeira e apropriada 5 Para que uma informação contábil seja útil e influencie decisões econômicas ela precisa ser compreensível, relevante, comparável e confiável. Vale ressaltar que a relevância envolve a materialidade e a confiabilidade resguarda os seguintes fatores: Quadro 4 – Fatores de Relevância e Confiabilidade das Informações Contábeis Materialidade A relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade. Uma informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas demonstrações financeiras. Primazia da essência sobre a forma Para que a informação represente adequadamente as transações e outros eventos que ela se propõe a representar; é necessário que essas transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a substância e realidade econômica, e não meramente sua forma legal. Representação adequada Para ser confiável, a informação deve representar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar ou que se espera que ela represente. Neutralidade Para ser confiável, a informação contida nas demonstrações financeiras deve ser neutra, isto é, imparcial. Prudência Os preparadores de demonstrações financeiras se deparam com incertezas que inevitavelmente envolvem certos eventos e circunstâncias, tais incertezas são reconhecidas pela divulgação da sua natureza e extensão e pelo exercício de prudência na preparação das demonstrações financeiras. O exercício da prudência está também baseado na confiabilidade da informação. Integridade Para ser confiável, a informação constante das demonstrações financeiras deve ser completa, dentro dos limites da materialidade e custo. 6 2. FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DA CONTABILIDADE NO BRASIL A sigla BR Gaap tem sido utilizada para configurar a estrutura conceitual contábil brasileira. As letras BR representam a palavra Brasil e as letras Gaap correspondem às abreviaturas da expressão norte-americana General Accepted Accounting Principles (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos). No Brasil, alteração radical no ordenamento contábil adveio da Lei 11.638/07 e do acatamento dos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC pelas autoridades reguladoras governamentais, colocando-nos na especialíssima condição de um dos únicos, senão o único, países do mundo a implementar por força legal, as normas internacionais nos balanços individuais das empresas ao invés de apenas nos consolidados. 2.1. ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE BRASILEIRA A estrutura conceitual da contabilidade brasileira para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis é semelhante à estrutura conceitual da contabilidade internacional. Tal estrutura envolve os seguintes conceitos: Objetivos e pressupostos básicos das demonstrações contábeis; Características qualitativas da informação contábil; Reconhecimento, avaliação e mensuração dos elementos das demonstrações contábeis; Capital e manutenção de capital. 2.1.1. Princípios Contábeis no Brasil Os princípios contábeis podem ser considerados a base conceitual de sustentação das teorias contábeis e eventos contemplados pela contabilidade. A contabilidade procura evidenciar as variações estruturais patrimoniais e financeiras ocorridas nas entidades de tal forma que possamos visualizar a realidade econômica na qual essas entidades se encontram. Sendo assim, percebemos que os princípios contábeis estão relacionados de forma estrita com a realidade econômica, devendo sempre observar sua essência. Os Princípios da Contabilidade podem ser observados no exercício da profissão contábil e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Além disso, na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. No Brasil, desde que a lei 6.404/56 o incluiu como matéria legislativa a ser observada pelos agentes do mercado de capitais, os princípios são objeto de regulamentação dos órgãos reguladores oficiais. O Conselho Federal de Contabilidade – CFC emitiu, em 29 de dezembro de 1993, a Resolução do CFC nº 750- 93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, que estão revestidos de universalidade e generalidade, elementos que caracterizam o conhecimento científico, justamente com a certeza, o método e a busca das causas primeiras. Partindo dessa fundamentação, o CFC apresentou os seguintes princípios fundamentais de contabilidade, atualizados pela Resolução CFC no. 1.282/2010: Princípio da Entidade: define a entidade contábil, dando, a esta vida e personalidadeprópria, pois determina que o patrimônio de toda e qualquer unidade econômica que manipula recursos econômicos, independente da finalidade de gerar ou não lucros, de ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, não deve se confundir com a riqueza patrimonial de seus sócios ou acionistas, ou proprietário individual e nem sofrer os reflexos das variações nela verificadas. 7 A Entidade (empresa) não se confunde com a pessoa física do sócio, juridicamente são duas pessoas distintas: a pessoa física e a pessoa jurídica, com obrigações diferentes. Exemplo: a empresa contrai uma dívida, caso não a pague será executada (a empresa é executada não o sócio). A mesma coisa acontece se o sócio contrair dívida, quem é executado é o sócio e não a empresa. Observa-se que este postulado é importante na medida em que ele identifica o campo de atuação da Contabilidade, pois onde existir patrimônio administrável existirá certamente a Contabilidade. Princípio da Continuidade: pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. Como o próprio nome diz a empresa deve ter continuidade, é função da contabilidade primar pela continuidade da empresa. A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações contábeis para que reflitam os eventos subsequentes que evidenciem condições que já existiam na data final do período contábil a que se referem as demonstrações contábeis. A seguir são apresentados exemplos de eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que exigem que a entidade ajuste os valores reconhecidos em suas demonstrações ou reconheça itens que não tenham sido previamente reconhecidos: a) Decisão ou pagamento em processo judicial após o final do período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, confirmando que a entidade já tinha a obrigação presente ao final daquele período contábil. A entidade deve ajustar qualquer provisão relacionada ao processo anteriormente reconhecida; b) Obtenção de informação após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, indicando que um ativo estava desvalorizado ao final daquele período contábil ou que o montante da perda por desvalorização previamente reconhecida em relação àquele ativo precisa ser ajustada. Por exemplo: (i) falência de cliente ocorrida após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis normalmente confirma que já existia um prejuízo na conta a receber ao final daquele período, e que a entidade precisa ajustar o valor contábil da conta a receber; e (ii) venda de estoque após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis pode proporcionar evidência sobre o valor de realização líquido desses estoques ao final daquele período; (c) determinação, após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, do custo de ativos comprados ou do valor de ativos recebidos em troca de ativos vendidos antes do final daquele período; (d) determinação, após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, do valor referente ao pagamento de participação nos lucros ou referente às gratificações, no caso de a entidade ter, ao final do período a que se referem as demonstrações, uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer tais pagamentos em decorrência de eventos ocorridos antes daquela data; e (e) descoberta de fraude ou erros que mostram que as demonstrações contábeis estavam incorretas. A entidade não deve elaborar suas demonstrações contábeis com base no pressuposto de continuidade se sua administração determinar após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que pretende liquidar a entidade, ou deixar de operar ou que não tem alternativa realista senão fazê-lo. 8 A deterioração dos resultados operacionais e da situação financeira após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis pode indicar a necessidade de considerar se o pressuposto da continuidade ainda é apropriado. Se o pressuposto da continuidade não for mais apropriado, o efeito é tão profundo que este Pronunciamento requer uma mudança fundamental nos critérios contábeis adotados, em vez de apenas um ajuste dos valores reconhecidos pelos critérios originais. A seguir, estão relacionados exemplos de eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que não originam ajustes, os quais normalmente resultam em divulgação: (a) combinação de negócios importante após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis ou a alienação de uma subsidiária importante; (b) anúncio de plano para descontinuar uma operação; (c) compras importantes de ativos, classificação de ativos como mantidos para venda, outras alienações de ativos ou desapropriações de ativos importantes pelo governo; (d) destruição por incêndio de instalação de produção importante após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis; (e) anúncio ou início da implementação de reestruturação importante; (f) transações importantes, efetivas e potenciais, envolvendo ações ordinárias subsequentes ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis; (g) alterações extraordinariamente grandes nos preços dos ativos ou nas taxas de câmbio após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis; (h) alterações nas alíquotas de impostos ou na legislação tributária, promulgadas ou anunciadas após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que tenham efeito significativo sobre os ativos e passivos fiscais correntes e diferidos; (i) assunção de compromissos ou de contingência passiva significativa, por exemplo, por meio da concessão de garantias significativas; (j) início de litígio importante, proveniente exclusivamente de eventos que aconteceram após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis. Princípio da Oportunidade: refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. Princípio do Registro pelo Valor Original: determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da 9 obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentesde caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade; d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. São resultantes da adoção da atualização monetária: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. Princípio da Competência: determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. A receita é considerada realizada: No momento em que há a transferência do bem ou serviço para terceiros, efetuando estes o pagamento ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo no futuro (exemplo:venda a prazo); Quando ocorrer a extinção de uma exigibilidade sem o desaparecimento concomitante de um bem ou direito (exemplo: perdão de dívidas ou de juros devidos); 10 Pelo aumento natural dos bens ou direitos (exemplo: juros de aplicações financeiras); No recebimento efetivo de doações e subvenções. A despesa é considerada incorrida quando: Ocorrer o consumo de um bem ou direito (exemplo: desgaste de máquinas); Ocorrer o surgimento de uma obrigação (exigibilidade) sem o correspondente aumento dos bens ou direitos (exemplo: contingências trabalhistas); Deixar de existir o correspondente valor do bem ou direito pela sua transferência de propriedade para um terceiro (exemplo: a baixa de mercadorias do estoque quando da efetivação da venda). Princípio da Prudência: determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. Exemplo: A empresa discute na justiça o reajuste de preço de um produto ou serviço anteriormente por ela fornecido, caso ganhe a ação receberá R$ 100.000,00. Pelo conservadorismo, por se tratar de um possível aumento patrimonial (receita), o Contador deverá ser conservador, lançando esse valor como receita somente quando o juiz sentenciar ganho final. A empresa discute na justiça o reajuste de preço de um produto ou serviço anteriormente comprado, caso ganhe a ação deverá pagar R$ 98.000,00 à outra empresa litigante. Pelo conservadorismo, por se tratar de uma possível perda, o Contador deverá ser conservador, provisionando o valor da ação como despesa no exercício. A Prudência significa cautela, ou seja, os ativos devem ser registrados apenas quando tidos como líquidos e certos e as dívidas provisionadas mesmo quando incerto a obrigação do pagamento. 2.1.2. Convenções Contábeis As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional da Contabilidade. São: convenção da objetividade, da materialidade e da consistência. Convenção da Objetividade: o profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de forma objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou qualquer pessoa que venha a influenciar no seu trabalho e os registros devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência do fato administrativo. Convenção da Materialidade: a informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. 11 Exemplo: Bens do imobilizado de pequeno valor não devem ser contabilizados no Ativo Imobilizado, mas sim em contas de resultado (despesas), devido o custo de controlar contabilmente um bem de pequeno valor. Ex.: um grampeador, que custa R$ 30,00 e cuja vida útil chega a quase 05 anos. O custo de manter um sistema ou planilha de depreciação, bem como os lançamentos contábeis ao longo de sua vida útil inviabilizam o trabalho do contador. É o mesmo tempo que se utiliza para controlar um empréstimo de milhares ou milhões de Reais. Convenção da Consistência: os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários. Exemplo: Ao adotar um critério ou método de avaliação, o Contador deverá mantê-lo consistente (uniforme) dentro de um mesmo período, e quando for alterá-lo somente no início do período seguinte, bem assim, fazer constar nas notas explicativas a utilização de método diverso que o anterior e apresentar os reflexos que a mudança proporcionou. Exemplo: Se utilizar a depreciação para veículos a 15% ao ano deverá fazer no período todo, procurando não alterar nos próximos exercícios, para fins de análise, porém se for necessário a alteração mencionar em notas explicativas (que é parte componente as Demonstrações Financeiras) que a depreciação de veículos no exercício foi alterada de 15% ao ano para 20%. 2.2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NO BRASIL A Lei 11.638, publicada em dezembro de 2007, alterou vários dispositivos contábeis da Lei 6.404/76 que são aplicáveis às companhias abertas e de grande porte. Segundo a citada lei, considera-se de grande porte a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício anterior, ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões.A Lei 11.638/07 determina que as normas expedidas pela CVM deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade (IFRS), além de tornar obrigatória a elaboração e apresentação da demonstração dos fluxos de caixa para todas as empresas abrangidas pela lei e a demonstração do valor adicionado para as companhias abertas. De acordo com a mencionada lei as demonstrações contábeis obrigatórias são: a) Balanço patrimonial; b) Demonstração do resultado; c) Demonstração das mutações do patrimônio líquido; d) Demonstração dos fluxos de caixa (regulamentada pelo CPC 3); e) Demonstração do valor adicionado (se companhia aberta) (regulamentada pelo CPC 9); f) Notas explicativas. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) publicou em 2009 o Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, correlacionadas com a IAS 1, do IASB. Isso significa que essas normas são semelhantes em todos os seus aspectos relevantes. 12 2.2.1. Fundamentos básicos das demonstrações contábeis em BR Gaap Finalidade das demonstrações contábeis A mudança para a contabilidade com base nas normas internacionais é sentida particularmente na ideia de objetivos, ou seja, as informações contábeis devem atender às necessidades de um usuário capaz de tomar decisões utilizando as demonstrações financeiras no seu processo decisório. No bojo dessa afirmação está o impedimento de utilizar regras contábeis que distorçam a informação sobre a essência econômica das transações - casos em que transações foram contabilizadas dentro das regras fiscais, mas com prejuízo da informação divulgada ao mercado, ou seja, respeitando a forma, mas destruindo a essência da informação. Essa nova contabilidade baseada em princípios pretende produzir informações que sirvam a dois propósitos centrais: a medição do desempenho com a consequente prestação de contas e o apoio na avaliação dos papéis das empresas negociados no mercado com base na previsão dos futuros fluxos de caixa (CPC 26.9). Esses propósitos devem são atingidos adotando-se o modelo de princípios e estimativas com base no valor de mercado e valor de uso, o que leva a novas exigências para os administradores na tarefa de comunicar a sua opinião sobre o desempenho do negócio em termos contábeis. Segundo o item 9 do CPC 26, as demonstrações contábeis são: “[...] uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da companhia. O objetivo das demonstrações contábeis é proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas.” Para atender a esse objetivo, as demonstrações contábeis devem fornecer informações acerca: Dos ativos; Dos passivos; Do patrimônio líquido; Das receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; Das alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; Dos fluxos de caixa. Elementos das Demonstrações Contábeis Reconhecimento é o processo que consiste em incorporar ao balanço patrimonial ou à demonstração do resultado um item que se enquadre na definição de ativo ou passivo e deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis se: For provável que algum benefício econômico futuro referente ao item venha a ser recebido ou entregue pela entidade; e Ele tiver um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis. O pronunciamento conceitual básico do CPC considera que os elementos diretamente relacionados com a avaliação e mensuração da posição patrimonial e financeira de uma companhia são: Reconhecimento de Ativos Um ativo é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor pode ser determinado em bases confiáveis. 13 Reconhecimento de Passivos Um passivo é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis. Reconhecimento de Patrimônio Líquido São valores residuais do ativo da companhia depois de deduzidos todos os seus passivos, também tratado como fonte de recursos próprios, ou seja, capital próprio ou ativo líquido. Já o resultado da companhia é normalmente usado como medida de desempenho e envolve: Reconhecimento de Receitas A receita é reconhecida na demonstração do resultado quando resulta em um aumento, determinado em bases confiáveis, nos benefícios econômicos futuros provenientes do aumento de um ativo ou da diminuição de um passivo. Reconhecimento de Despesas As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado, quando surge um decréscimo, que possa ser determinado em bases confiáveis, nos futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição de um ativo ou do aumento de um passivo. Reconhecimento de Ganhos Representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da companhia, representando aumentos nos benefícios econômicos. Reconhecimento de Perdas Representam outros itens se enquadram na definição de despesa e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da companhia, representando decréscimos nos benefícios econômicos. Pressupostos Básicos das Demonstrações Contábeis – CPC 26 Regime de Competência Demonstrações Financeiras são preparadas conforme o regime contábil de competência. Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem e são lançados nos registros contábeis e reportados às demonstrações financeiras dos períodos a que se referem. Continuidade As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de que a entidade continuará em operação no futuro previsível. Ao tomar conhecimento de incertezas relevantes relacionadas a eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da companhia para continuar em operação no futuro previsível, a administração deve divulgar tais incertezas. Informações Comparativas Conforme CPC 26, a menos que uma norma permita ou exija de outra forma, informações comparativas devem ser divulgadas em relação ao período anterior, para todos os valores incluídos nas demonstrações contábeis. 14 Identificação das Demonstrações Contábeis Cada demonstração contábil e suas notas explicativas devem ser identificadas claramente, conforme o CPC 26, considerando: O nome da empresa; Se a demonstração e as notas referem-se a uma empresa individual ou grupo consolidado; A data-base da demonstração e notas explicativas; A moeda de apresentação; O nível de arredondamento utilizado nos valores apresentados em cada demonstração e notas explicativas. Apresentação Apropriada das Demonstrações Contábeis Com o objetivo de preservar a essência sobre a forma, o CPC 26 permite que, nos casos – extremamente raros – em que a administração concluir que a adoção de uma determinada disposição prevista em um pronunciamento resultará em informações não correspondentes à realidade, chegando ao ponto de conflitarem com os objetivos das demonstrações contábeis estabelecidas na estrutura conceitual básica da contabilidade, a companhia poderá vir a deixar de aplicar essadisposição, a não ser que esse procedimento seja terminantemente proibido do ponto de vista legal regulatório. Mensuração Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e na demonstração do resultado. Esse processo envolve a seleção de uma base específica de mensuração. Essas bases incluem o seguinte: Custo histórico ATIVOS Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição, podendo ou não ser atualizados pela variação na capacidade geral de compra da moeda. PASSIVOS Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (por exemplo, imposto de renda), pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações, podendo também, em certas circunstâncias, ser atualizados monetariamente. Custo corrente (Valor em uso) ATIVOS Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que teriam de ser pagos se esses ativos fossem adquiridos na data do balanço. PASSIVOS Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço. Valor realizável (Valor Justo) ATIVOS Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela venda numa forma ordenada. PASSIVOS Os passivos são mantidos pelos seus valores de liquidação, isto é, pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade. 15 Valor presente (Ajuste ao Valor Presente) ATIVOS Os ativos são mantidos pelos seus valores de liquidação, isto é, pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam recebidos para liquidar os correspondentes direitos no curso normal das operações da entidade. PASSIVOS Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado, do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade. Teste de Recuperabilidade A entidade deve aplicar o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao valor recuperável de Ativos, a fim de: Verificar se houve perda por redução ao valor de recuperação (impairment) ao adotar as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; e Medir a eventual perda por redução ao valor de recuperação existente, com o objetivo de complementar ou reverter perdas por redução ao valor de recuperação que possam ter sido constituídas anteriormente Custo Atribuído para o Ativo Imobilizado e Propriedade para Investimento Pode existir ativo com valor contábil substancialmente depreciado, ou mesmo igual a zero, e que continua em operação e gerando benefícios econômicos para a entidade, o que pode acarretar, em certas circunstâncias, que o seu consumo não seja adequadamente confrontado com tais benefícios, o que deformaria os resultados vindouros. Por outro lado, pode ocorrer que o custo de manutenção seja tal que já represente adequadamente o confronto dos custos com os benefícios. Em ambos os casos a entidade pode: Adotar a opção de atribuir um valor justo inicial ao ativo imobilizado e fazer o eventual ajuste nas contas do ativo imobilizado tendo por contrapartida a conta do patrimônio líquido denominada de Ajustes de Avaliação Patrimonial; e Estabelecer a estimativa do prazo de vida útil remanescente quando do ajuste desses saldos de abertura. Subsequentemente, e na medida em que os bens, objeto de atribuição de novo valor, nos termos do disposto no item anterior e na parte inicial deste item, forem depreciados, amortizados ou baixados em contrapartida do resultado, os respectivos valores devem, simultaneamente, ser transferidos da conta Ajustes de Avaliação Patrimonial para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados e, a depender da opção quanto ao regime de tributação da entidade, da conta representativa de Tributos Diferidos Passivos para a conta representativa de Tributos Correntes. As práticas contábeis adotadas no Brasil e por este CPC não admitem o uso de custo atribuído para ativos intangíveis, investimentos em controladas, controladas em conjunto, coligadas ou outros ativos que não os ativos imobilizados e propriedade para investimento. 16 Balanço patrimonial (ou demonstração da posição financeira) A informação a ser apresentada no balanço patrimonial tem uma prática bastante consolidada ao longo do tempo no Brasil, entretanto, é necessário destacar que a lista de itens mínimos determinada pelos pronunciamentos e regulações geralmente não atende aos requisitos de uma boa divulgação, motivo pelo qual os administradores devem avaliar a estrutura das demonstrações (contas e detalhamentos) com referência aos propósitos a serem alcançados nas divulgações. A adequação das contas deve ser julgada com base na (i) natureza e liquidez dos ativos, (ii) na função dos ativos na entidade, e (iii) nos montantes, natureza e prazo dos passivos (CPC 26.58). Os detalhamentos das contas também usam os mesmos critérios, como por exemplo (CPC 26.78): Os itens do ativo imobilizado são segregados em classes de acordo com o CPC 27 – Ativo Imobilizado; As contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes comerciais, contas a receber de partes relacionadas, pagamentos antecipados e outros montantes; Os estoques são subclassificados, de acordo com o CPC 16 – Estoques, em classificações tais como mercadorias para revenda, insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados; As provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens; e O capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital subscrito e integralizado, prêmios na emissão de ações e reservas. Distinção entre ativos e passivos circulantes e não circulantes Nas empresas não financeiras é usual que os ativos não circulantes contenham ativos tangíveis, intangíveis e financeiros de longo prazo. Os ativos circulantes nesse tipo de empresa são identificados como os itens que participam do ciclo operacional, ou seja, do capital de giro. A exceção a este critério é quando a demonstração está baseada no critério de liquidez, geralmente aplicável às instituições financeiras. A distinção entre circulante e não circulante é baseada no ciclo operacional ou de ativos realizados e passivos liquidados dentro deste mesmo ciclo; a norma define o ciclo operacional como o tempo entre a aquisição dos ativos que circulam continuamente (capital de giro) e sua realização em caixa; alternativamente, presume-se um prazo de 12 meses para o ciclo operacional no caso de não ser claramente identificável (CPC 26.60-65); a divulgação da posição financeira em muitas empresas opta por estabelecer o limite de 12 meses como única referência para essa distinção, porém os objetivos de atender a um usuário interessado na elaboração de fluxos de caixa prospectivos são mais bem atendidos se ficar claro para o leitor quais os itens que participam do capital de giro da companhia tendo em vista a existência de outros itens com vencimento para os próximos 12 meses. Demonstrações separadas, individuais e consolidadas. Demonstrações separadassão demonstrações onde o balanço contém, preferencialmente, os investimentos societários em coligadas, controladas e joint ventures avaliados pelo seu valor justo, e onde o resultado é mensurado pelas mutações nos valores justos desses investimentos, e não pelo método da equivalência patrimonial; a equivalência patrimonial, portanto, é incompatível com a figura da demonstração separada e nela não pode ser utilizada. A apresentação das demonstrações separadas, todavia, não exime a entidade da obrigação de apresentação de suas demonstrações individuais e consolidadas, ou da aplicação, nessas demonstrações, da equivalência patrimonial, quando determinados pela legislação vigente. Nesse caso, as demonstrações separadas são consideradas como demonstrações adicionais. 17 Conforme os CPCs 18; 19; 35 e 36, qualquer entidade que possua investimento em coligada, em controlada ou em controlada em conjunto pode, além de suas demonstrações individuais, ou individuais e consolidadas, elaborar e apresentar também as demonstrações separadas. As demonstrações separadas não se confundem com as demonstrações individuais - o item 7 do CPC 35 – Demonstrações Separadas menciona: “as demonstrações de uma entidade que não tenha controladas, coligadas ou participação em uma entidade controlada em conjunto não são demonstrações separadas”. De acordo com as normas internacionais, existem apenas três motivos que levariam à elaboração e divulgação das demonstrações separadas: (a) por opção, ou seja, a entidade opta pela apresentação adicional das demonstrações separadas; (b) por exigência legal local, ou seja, quando por força de lei local se exigir que os investimentos em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto sejam mensurados pelo custo ou pelo valor justo; e (c) por ter sido dispensada da aplicação do método da equivalência patrimonial ou da consolidação (integral ou proporcional), situação em que a entidade deve mensurar os investimentos em coligadas, controladas e controladas em conjunto pelo custo ou pelo valor justo e então publicar as demonstrações separadas. No caso brasileiro, nossa legislação societária não exige que tais investimentos sejam avaliados a custo ou a valor justo, bem como não dispensa a aplicação do método da equivalência patrimonial no balanço individual quando de investimentos em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto. Do ponto de vista conceitual, as demonstrações individuais só deveriam ser divulgadas publicamente para o caso de entidades que não tivessem investimentos em controladas, ou em joint ventures. No caso de existência desses investimentos, as entidades deveriam divulgar somente as demonstrações consolidadas, conforme estabelecido nas normas internacionais de contabilidade. Assim, as demonstrações individuais das entidades que têm investimentos em controladas e joint ventures devem ser divulgadas em conjunto com as demonstrações financeiras consolidadas (integral ou proporcional) conforme requerido pela legislação societária. Todavia, a legislação societária brasileira e alguns órgãos reguladores determinam a divulgação pública das demonstrações contábeis individuais de entidades que contêm investimentos em controladas ou em joint ventures mesmo quando essas entidades divulgam suas demonstrações consolidadas; inclusive, a legislação societária requer que as demonstrações contábeis individuais, no Brasil, sejam a base de diversos cálculos com efeitos societários (determinação dos dividendos mínimos obrigatórios e total, do valor patrimonial da ação etc.). (ICPC 09.4,5,6,7,8). Considera-se, entretanto, de maior utilidade para o usuário investidor a demonstração consolidada, o que implica na maior utilização desse tipo de demonstração para o uso em comentários gerenciais e no relatório de administração. A obrigação de divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas, conforme preconizado pelo art. 249 da Lei das Sociedades Por Ações, não implica, necessariamente, divulgação em colunas lado a lado, podendo ser uma demonstração contábil a seguir da outra. Cumprido o mínimo exigido legalmente em termos de divulgação, a entidade pode divulgar somente suas demonstrações consolidadas como um conjunto próprio, o que é desejável ou até mesmo necessário se existirem práticas contábeis nas demonstrações consolidadas diferentes das utilizadas nas demonstrações individuais por autorização do órgão regulador ou por conterem efeitos de práticas anteriores à introdução das Leis nos. 11.638/07 e 11.941/09. Políticas gerais na apresentação das demonstrações financeiras Algumas orientações podem ser extraídas dos CPCs como “regras de divulgação” aplicáveis às demonstrações: 18 Equilíbrio A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações financeiras que façam parte do conjunto completo de demonstrações financeiras, o que implica em não destacar nenhuma das demonstrações em prejuízo das outras; essas demonstrações são complementares, e o efeito das transações deve ser considerado em todas as peças desse conjunto em lugar de enfatizar a posição financeira sobre a demonstração do resultado ou vice-versa (CPC 26.11); Integridade Políticas contábeis inadequadas não podem ser retificadas por meio da divulgação das políticas contábeis utilizadas ou por notas ou qualquer outra divulgação explicativa (CPC 26.18); Continuidade As demonstrações financeiras devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios, ou ainda não possua uma alternativa realista senão a descontinuação de suas atividades (CPC 26.25); Materialidade Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações financeiras, seja nas notas explicativas; Um item pode não ser suficientemente material para justificar a sua apresentação individualizada nas demonstrações financeiras, mas pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma individualizada nas notas explicativas; Não é necessário fornecer uma divulgação requerida se a informação não for material (CPC 26.30); Compensação de ativos e passivos Ativos e passivos, e receitas e despesas não devem ser compensados como regra geral, exceto quando refletirem a essência da transação; a mensuração de ativos líquidos de provisões relacionadas, por exemplo, a de obsolescência nos estoques ou a de créditos de liquidação duvidosa nas contas a receber de clientes não são consideradas compensação (CPC 26.32,33); Compensação de receitas e despesas As transações não ordinárias que não geram propriamente receitas, mas que são incidentais às atividades principais geradoras de receitas devem ser apresentadas compensando-se quaisquer receitas com as despesas relacionadas resultantes da mesma transação. Por exemplo: (i) ganhos e perdas na alienação de ativos não circulantes, incluindo investimentos e ativos operacionais, devem ser apresentados de forma líquida, deduzindo-se seus valores contábeis dos valores recebidos pela alienação e reconhecendo-se as despesas de venda relacionadas; e (ii) despesas relacionadas com uma provisão reconhecida de acordo com o CPC 25 – Provisões e que tiveram reembolso segundo acordo contratual com terceiros (por exemplo, acordo de garantia do fornecedor) podem ser compensadas com o respectivo reembolso (CPC 26.34); Informações sobre períodos anteriores A informação referente ao período anterior, inclusive a informação narrativa e descritiva, deve ser divulgada para todos os valores apresentados nas demonstrações financeiras do período corrente quando for relevante19 para a compreensão do conjunto das demonstrações do período corrente ou quando continua a ser relevante no período corrente (CPC 26.38,40); Mudanças de políticas contábeis Quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou faz a divulgação retrospectiva de itens de suas demonstrações financeiras, ou, ainda, quando reclassifica itens de suas demonstrações financeiras deve apresentar, como mínimo, 3 (três) balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações financeiras, bem como as respectivas notas explicativas. Os balanços patrimoniais a serem apresentados nesse caso devem ser os relativos: i) ao término do período corrente; (ii) ao término do período anterior (que corresponde ao início do período corrente); e (iii) ao início do mais antigo período comparativo apresentado (CPC 26.39); Mudança na apresentação Quando a apresentação ou a classificação de itens nas demonstrações financeiras forem modificadas, por mudança na natureza das operações, revisão por melhoria na apresentação das demonstrações ou exigência de outro pronunciamento, os montantes apresentados para fins comparativos devem ser reclassificados, a menos que a reclassificação seja impraticável. Quando os montantes apresentados para fins comparativos são reclassificados, a entidade deve divulgar: (i) a natureza da reclassificação; (ii) o montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado; e (iii) a razão para a reclassificação (CPC 26.41,45); Considerando as Leis 11.638/07 e 11.941/09, e o CPC 26, um balanço patrimonial pode ser apresentado a partir do seguinte formato: A T I V O Notas Ano 1 Ano 2 ATIVO CIRCULANTE Caixa e Equivalentes Títulos valores mobiliários Contas a receber de clientes Estoques Outros ativos ATIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Contas a receber de clientes Impostos diferidos Ativos financeiros Depósitos judiciais Outros ativos INVESTIMENTO IMOBILIZADO INTANGÍVEL Total do Ativo 20 P A S S I V O Notas Ano 1 Ano 2 PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores Salários e benefícios Impostos e contribuições Empréstimos e financiamentos Outros passivos PASSIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e financiamentos Impostos diferidos Provisão para contingências Arrendamentos e compromissos contratuais Receitas diferidas líquidas Outros passivos PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL (-) Gastos com emissão de ações RESERVA DE CAPITAL (-) Ações em tesouraria RESERVA DE LUCROS PREJUÍZOS ACUMULADOS OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES Total do Passivo e Patrimônio Líquido Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente Por força da necessidade de atender às disposições societárias, o CPC 26 optou por apresentar a demonstração do resultado abrangente em duas demonstrações. A demonstração do resultado do período com os itens que tradicionalmente já faziam parte do resultado e a demonstração do resultado abrangente contendo, no mínimo (CPC 26.82A): a) Resultado líquido do período; b) Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item (c); c) Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e d) Resultado abrangente do período. O conceito do resultado abrangente pretende explicar todas as variações no patrimônio líquido com exceção das transações entre acionistas e, por esta razão, tem alta importância para o investidor interessado no desempenho da empresa porque reúne todas as transações que afetam o resultado em uma única demonstração. A dificuldade no caso brasileiro é conciliar essa visão, chamada de all inclusive, porque inclui todas as transações que alteram o patrimônio líquido, com a lei societária, em especial nas exigências do cálculo do dividendo mínimo obrigatório. Conforme o item 99 do CPC 26, a companhia deve apresentar análise das despesas utilizando uma classificação baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na função dentro da entidade, devendo eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante, obedecidas as determinações legais. Dessa forma, o CPC 26 ressalta que uma demonstração do resultado do período deve apresentar, no mínimo, as seguintes rubricas: 21 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Notas Ano 1 Ano 2 Receitas Brutas de Vendas (-) Deduções de vendas Impostos sobre vendas Descontos incondicionais concedidos Cancelamentos e devoluções de vendas Receitas Líquidas de Vendas (-) Custos dos produtos vendidos Lucro Bruto (+) Outras Receitas (-) Despesas operacionais (-) Outras Despesas (+/-) Resultado de Participações Societárias Lucro Líquido Antes do Resultado Financeiro 1. (+) Receitas Financeiras 2. (-) Despesas Financeiras 3. (+/-) Variação Cambial Líquida 4. (+/-) Variação Monetária Líquida 5. (+/-) Ganhos e Perdas com Derivativos (=) Resultado Financeiro (1 a 5) Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro (-) Tributos sobre o Lucro (-) Tributos sobre Lucros Diferidos Resultado Líquido das Operações Continuadas (+/-) Resultado Líquido após tributos das operações continuadas Resultado Líquido do Período Resultado Líquido atribuível aos Controladores Resultado Líquido atribuível aos Não controladores Lucro Líquido por ação A demonstração do resultado abrangente objetiva apresentar o resultado líquido do período, bem como possíveis resultados futuros ajustados no patrimônio líquido (outros resultados abrangentes), decorrentes de transações que ainda não se realizaram financeiramente, pois dependem de eventos futuros. Com isso, a demonstração do resultado abrangente pode ser elaborada e apresentada como parte integrante da demonstração das mutações do patrimônio líquido ou a partir do modelo seguinte: Notas Ano 1 Ano 2 Resultado Líquido do Período (+/-) Outros resultados abrangentes da companhia: Variações na Reserva de Reavaliação Ajustes Acumulados de conversão – variação cambial de investimentos societários no exterior Ganhos e perdas com parcela efetiva de hedge de fluxo de caixa Ganhos e perdas com ativos financeiros disponíveis para venda Ganhos e perdas atuariais com plano de pensão com benefício definido Resultado Abrangente do Período Resultado Abrangente atribuível aos Controladores Resultado Abrangente atribuível aos Não Controladores Demonstração das mutações do patrimônio líquido Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo é feita no início e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes: 22 (i) do resultado líquido; (ii) de cada item dos outros resultados abrangentes, apresentando separadamente o montante atribuível aos controladores e à participação dos não controladores; (iii) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos das alterações nas políticas contábeis e as correções de erros reconhecidas de acordo com oNBC TG 23 ; (iv) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes: 1. Do resultado líquido; 2. De cada item de outros resultados abrangentes 3. De transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificaçõesnas participações em controladas que não implicaram perda do controle (CPC 26.106). O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as ações em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos, os lucros acumulados e as demais contas exigidas pelos pronunciamentos emitidos pelo CPC. A seguir apresenta-se o modelo de demonstração das mutações do patrimônio líquido. Demonstração das mutações do patrimônio líquido Capital Social Integralizado Reserva de Capital Reserva de Reaval. Reserva de Lucros Lucros e Prejuízos Acumulados Outros Resultados Abrangentes Pat. Líquido dos acionistas controladores Part. Acionista não controlador Total do Patrimônio Líquido Saldo em 31/12/X1 Variações Saldo em 31/12/X2 Variações Saldo em 31/12/X3 Demonstração dos fluxos de caixa Lucro é diferente de fluxo de caixa. Uma empresa lucrativa não será necessariamente uma empresa com boa situação financeira. O fluxo de caixa é resultado das operações da empresa no curto prazo, mas também é afetado pelas entradas e saídas dos financiamentos obtidos, projetos de investimento em andamento e outros fatores de natureza não operacional. No longo prazo ambas magnitudes do lucro e caixa tenderão a convergir. Assim, a estrutura básica do demonstrativo de Fluxo de Caixa está composta do resultado do aumento ou diminuição líquida das disponibilidades nas atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamento. O conceito de caixa, nessa análise refere-se ao conceito de disponibilidades, ampliado pelos denominados equivalentes de caixa. Por equivalentes de caixa são definidos os investimentos de alta liquidez, prontamente conversíveis em uma quantia de dinheiro e que apresentam risco insignificante de alteração de valor. Neste sentido, inclui: Caixa, dinheiro e cheques em mãos recebidos e ainda não depositados, cujo pagamento seja previsto imediatamente; Depósitos bancários à vista, contas correntes de livre movimentação mantidas pela empresa em bancos; Numerário em trânsito, recursos em trânsito decorrentes de remessas entre filiais, 23 depósitos em cheques e ordens de pagamento; e Aplicações de liquidez imediata, investimentos de curtíssimo prazo, como equivalentes de caixa podem ser considerados as aplicações financeiras no mercado de capitais e financeiro em títulos de renda fixa, públicos ou privados, por um prazo de até 90 dias contados da data de aquisição do título (SANTI Filho, 2004). A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) tem o propósito de esclarecer de forma condensada as entradas e saídas da conta Caixa e equivalente a caixa em determinado período ou exercício gerados por atividades operacionais, de investimento e de financiamentos. Tem-se como base às informações contidas no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Para Campos Filho (1999, p. 25), a estrutura do modelo norte-americano (FAS nº 95) para a Demonstração dos Fluxos de Caixa está se tornando padrão mundial. Ainda esclarece Campos Filho (1999, p. 25) que o referido modelo é resultado de um trabalho que ocorreu entre 1977 e 1987, levado a efeito pelo Financial Accounting Standard Board, que é um comitê de padrões de contabilidade financeira, subordinado à Security and Exchange Comission, culminando que, a partir de 1987, além do balanço patrimonial, da DRE, as empresas americanas deveriam gerar, também, a DFC. Benefícios das Informações dos Fluxos de Caixa A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações financeiras uma base para avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. O CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa define os requisitos para a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações (CPC 26.111). A DFC, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa de diferentes entidades. A demonstração dos fluxos de caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos. Conceitos O conceito de disponibilidades, para Santi Filho (2004, p. 18), está atrelado ao conteúdo intitulado pela Lei no 6.404/76, que considera, além do saldo do caixa, os investimentos denominados equivalentes de caixa. Assim, são consideradas disponibilidades dinheiro e cheques recebidos, mas não depositados, cujo pagamento seja imediato, contas correntes mantidas nos bancos em nome da empresa, numerário em trânsito nas filiais e aplicações altamente líquidas no mercado primário em títulos de renda fixa, públicos ou privados, por um prazo de até 90 dias contados da data de aquisição do título. Assim, as ocorrências que afetaram o fluxo de caixa no período devem ser enquadradas de acordo com as suas atividades específicas, operacionais, de investimentos e de financiamentos. As atividades operacionais, no entendimento de Stickney (2001, p. 173), são aquelas que geram recursos, principalmente por meio das vendas de bens ou prestação de serviços, que são as receitas operacionais e que consomem recursos no pagamento dos gastos indispensáveis para a criação da oportunidade dessa mesma receita operacional, sempre decorrentes das atividades-fim da empresa. Ocorrida a etapa das 24 atividades operacionais e analisado por um lapso de tempo relevante o fluxo de caixa operacional, que é a diferença entre as entradas e saídas desse tipo de atividade, se ocorrer terem sido gerados mais recursos que consumidos, esses recursos gerados podem ser empregados na “aquisição de edifícios e equipamentos, no pagamento de dividendos, no resgate de debêntures e na realização de outras atividades de investimento e financiamento”. Para Campos Filho (1999, p. 27), as atividades operacionais têm um conceito relativamente homogêneo entre os profissionais, nesse caso, provavelmente àqueles afeitos às demonstrações contábeis, ou seja, trata-se basicamente das contas constantes na demonstração de resultado. Ressalva ainda o autor que o detalhamento desse grupo precisa ser adaptado a cada tipo de empresa, para a correta demonstração dos principais pagamentos e recebimentos operacionais (CAMPOS FILHO, 1999, p. 27). Nas atividades operacionais, segundo Santi Filho (2004, p. 19), devem estar incluídas neste conjunto de entradas e saídas de caixa, todas as atividades relativas a eventos ou transações que não fazem parte das atividades de investimentos ou de financiamentos. Quanto às atividades de investimentos, Stickney (2001, p. 174) entende que, nessa parte da demonstração do fluxo de caixa, é evidenciado o valor do fluxo de caixa de investimentos, principalmente na aquisição de ativo não circulante que, normalmente, significa um desencaixe expressivode recursos. Parte dos meios financeiros utilizados nesse tipo de operação é obtida pela venda ocasional ou planejada de parte do permanente imobilizado, dispensável por não utilização ou por necessidade de renovação. No entanto, esta fonte de recursos, em geral, não é suficiente para suportar sozinho o volume necessário para as novas aquisições. As empresas que não se encontram em fase de crescimento rápido, geralmente financiam essas novas aquisições com o fluxo de caixa operacional. Crescimento rápido, entretanto, geralmente exige financiamento por meio de lançamento de novas debêntures ou ações (STICKNEY, 2001, p. 174). No caso do Brasil, pode-se incorporar, nesta descrição, o aporte de capital pelos sócios, que não necessariamente guarda similaridade com a emissão de ações. Para Campos Filho (1999), as atividades de investimentos estão em grande parte descritas nas contas comumente registradas no grupo do ativo não circulante do balanço patrimonial. Quanto às atividades de financiamentos, Santi Filho (2004, p. 24) entende que são aquelas cujos aumentos ou diminuição dos ativos estejam relacionados com concessão e recebimentos de empréstimos, compra e venda de bens do imobilizado e “aquisição e alienação de instrumentos financeiros e patrimoniais a outras entidades”. Já com referência às atividades de financiamentos, Stickney (2001, p. 174) diz que, nesse terceiro componente da demonstração do fluxo de caixa, devem estar demonstradas as operações de ingresso de recursos, oriundas do lançamento de títulos com obrigações de curto ou longo prazo ou, ainda, de ações, sejam ordinárias ou preferenciais, que normalmente são utilizadas para pagar dividendos aos acionistas ou “resgatar títulos de dívida e para recomprar ações ordinárias ou preferenciais anteriormente emitidas”. As atividades de financiamentos, no entender de Campos Filho (1999, p. 27-28), requerem uma atenção realçada, porque seu conceito, para fins da DFC, é diferente daquele que o mercado em geral utiliza, considerando como financiamentos apenas os bens adquiridos e financiados com recursos de terceiros. Para a DFC, é um conceito mais abrangente, pois inclui, além dos recursos dos terceiros, também os recursos aportados pelos sócios, pois há o entendimento de que, quando os mesmos realizam essas operações, de fato estão financiando a empresa. Além disso, é necessário atentar que os dividendos pagos devem ser 25 considerados como conta retificadora dos recursos aportados pelos sócios. Para Santi Filho (2004, p. 25), atividades de financiamentos “referem-se aos empréstimos e financiamentos de credores e investidores à empresa”. Para elaborar a DFC, Kieso; Weygandt (1992) propõe três procedimentos principais. Em primeiro lugar, propõe apurar o valor da alteração do caixa, bastando, para isto, ter acesso a dois balanços consecutivos. Comparando seus itens, obter-se-ão o saldo inicial e o final. Em segundo lugar, o autor propõe apurar o valor total das transações contábeis relacionadas com o caixa pertencente às atividades operacionais. Para obter as informações, será necessário ter acesso e resgatar os dados dos balanços de exercícios consecutivos da demonstração do resultado do exercício e, ainda, selecionar as transações do período. Em terceiro lugar, Kieso; Weygandt (1992) propõe apurar o valor total das transações contábeis relacionadas com o caixa, pertencentes às atividades de investimento e financiamento. Para obter essa informação, será necessário analisar todas as variações das contas do balanço para determinar aquelas que afetaram o saldo do caixa, o que pode ser facilitado pela adoção de quadros auxiliares conforme os que se propõem a seguir: Movimentação do AP em X2 Custo Depreciação Total Saldo em X1 Depreciação do período Ajuste por equivalência patrimonial Aquisição no período Saldo em 31/12/X2 Movimentação do AP em X3 Custo Depreciação Total Saldo em X2 Depreciação do período Ajuste por equivalência patrimonial Aquisição no período Saldo em 31/12/X3 Necessidade de Capital de Giro X3 X2 Clientes Estoques Fornecedores Outros Variação da Necessidade de Capital de Giro Empréstimos bancários a curto prazo X3 X2 Empréstimos Bancários Duplicatas Descontadas Variação de empréstimos bancários a curto prazo Aumento de Capital X3 X2 Capital Atual - Capital Anterior Dividendos pagos X3 X2 LA anterior + LL ano corrente - LA ano corrente 26 Elaboração do fluxo de caixa O demonstrativo de fluxo de caixa pode ser elaborado pelo método direto e pelo método indireto. Pelo método direto, as atividades devem refletir o movimento bruto dos principais recebimentos e pagamentos. Pelo método indireto, faz-se a conciliação entre o resultado contábil e o fluxo de caixa, partindo do lucro líquido trata-se de eliminar o efeito de todos os valores diferidos decorrentes de operações de recebimentos e pagamentos por caixa do período e todas as previsões de expectativas futuras que variaram no período, e o efeito de todos os itens classificados no fluxo de caixa como investimento ou financiamento tais como depreciação, amortização, ganhos e perdas com vendas do ativo imobilizado e operações descontinuadas (relacionadas a investimentos), e ganhos ou perdas com extinção de débitos (os quais são atividades financeiras). Os seguintes tópicos principais devem ser usados em todos os fluxos de caixa: Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade. Atividades de investimento: são as aquisições e vendas de ativos de longo prazo. Atividades de financiamento: são atividades que resultam em mudanças no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos empréstimos da empresa. As somas e subtrações desses itens resultam na mudança do caixa mais equivalentes e compreendem numerário, depósitos bancários e investimentos de curto prazo (com vencimento em três meses ou menos da data da contratação) com alta liquidez e baixíssimo risco. Método Direto De acordo com Campos Filho (1999, p. 41), o FAS recomenda às empresas relatar os fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de recebimentos e pagamentos operacionais (método direto). Para tanto, torna-se necessário classificar os recebimentos e pagamentos de uma empresa utilizando as partidas dobradas. Pelo Método Direto a empresa fará o confronto direto entre as contas da Demonstração de Resultado e as contas do Balanço Patrimonial, detalhando as entradas e saídas de caixa. Agora é só uma questão de ordenamento das entradas e saídas de caixa, conforme a estrutura internacional pelo Método Direto. Para os ingressos de recursos, considerar os valores positivos, para as saídas, negativos. A exemplo do que ocorre com o método indireto, é possível elaborar o método direto da DFC de diferentes maneiras, dependendo das contas contábeis ativadas no período. Da mesma forma, para transmitir exemplos de como elaborar, alguns estudiosos utilizam a técnica de passos. No entender de Iudícibus (1998, p. 232), a referida demonstração deve iniciar por apurar o recebimento das vendas ocorridas no período. Para tanto, utilizam-se os balanços patrimoniais consecutivos e a demonstração do resultado do exercício. Somando-se o valor do saldo do balanço patrimonial mais antigo da
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